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RECURSOS INTANGÍVEIS E A RELAÇÃO ENTRE DESEMPENHO SOCIAL E DESEMPENHO FINANCEIRO EM EMPRESAS BRASILEIRAS
Simone Barakat; Keysa Manuela Cunha de Mascena; Greici Sarturi;
Simone Barakat; Keysa Manuela Cunha de Mascena; Greici Sarturi; Pedro Takenouchi
RECURSOS INTANGÍVEIS E A RELAÇÃO ENTRE DESEMPENHO SOCIAL E DESEMPENHO FINANCEIRO EM EMPRESAS BRASILEIRAS
INTANGIBLE RESOURCES AND THE RELATIONSHIP BETWEEN SOCIAL PERFORMANCE AND FINANCIAL PERFORMANCE IN BRAZILIAN COMPANIES
RECURSOS INTANGIBLES Y LA RELACIÓN ENTRE EL DESEMPEÑO SOCIAL Y EL DESEMPEÑO FINANCIERO EN EMPRESAS BRASILEÑAS
Contextus – Revista Contemporânea de Economia e Gestão, vol. 17, núm. 3, pp. 40-65, 2019
Universidade Federal do Ceará
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Resumo: A relação entre o desempenho social corporativo e o desempenho financeiro corporativo (CSP-CFP) é estudada como uma relação direta, e pouco se conhece sobre as variáveis que podem ser mediadoras desta relação. Diante desse contexto, o objetivo desta pesquisa é testar se os recursos intangíveis são mediadores da relação CSP-CFP em empresas no Brasil. Analisou-se uma amostra de 230 empresas listadas em 2013 na Bolsa, Brasil, Balcão (B3). As hipóteses foram testadas por meio de regressões múltiplas pelo Método dos Quadrados Mínimos (MQO). Os resultados confirmam a hipótese de que há uma relação positiva entre CSP e CFP e que os recursos intangíveis são mediadores dessa relação. O estudo contribui para constatar, na amostra analisada no contexto brasileiro, que as empresas com desempenho social superior, que levou ao desenvolvimento de recursos intangíveis, obtiveram desempenho financeiro superior.

Palavras-chave:desempenho social corporativodesempenho social corporativo,desempenho financeiro corporativodesempenho financeiro corporativo,recursos intangíveisrecursos intangíveis,stakeholdersstakeholders,índice de sustentabilidade empresarialíndice de sustentabilidade empresarial.

Abstract: The relationship between corporate social performance and corporate financial performance (CSP-CFP) is studied as a direct relationship, and little is known about the variables that may mediate this relationship. Given this context, the objective of this research is to test whether intangible resources mediate the CSP-CFP relationship in companies in Brazil. A sample of 230 companies listed in 2013 on the Bolsa, Brasil, Balcão (B3) was analyzed. The hypotheses were tested by multiple regressions using the Least Squares Method (OLS). The results confirm the hypothesis that there is a positive relationship between CSP and CFP and that intangible resources mediate this relationship. The study contributes the finding, in the sample analyzed in the Brazilian context, that companies that presented superior social performance, which led to the development of intangible resources, obtained superior financial performance.

Keywords: corporate social performance, corporate financial performance, intangible resources, stakeholders, corporate sustainability index.

Resumen: La relación entre el desempeño social corporativo y el desempeño financiero corporativo (CSP-CFP) se estudia como una relación directa, y se sabe poco acerca de las variables que pueden mediar en esta relación. Dado este contexto, el objetivo de esta investigación es probar si los recursos intangibles median la relación CSP-CFP en las empresas de Brasil. Se analizó una muestra de 230 empresas que cotizaban en 2013 en la Bolsa, Brasil, Balcão (B3). Las hipótesis se probaron utilizando regresiones múltiples y el Método de Mínimos Cuadrados (OLS). Los resultados confirman la hipótesis de que existe una relación positiva entre CSP y CFP y que los recursos intangibles median esta relación. El estudio contribuye al encontrar, en la muestra analizada en el contexto brasileño, que las empresas que presentaron un desempeño social superior, lo que llevó al desarrollo de recursos intangibles, obtuvieron un desempeño financiero superior.

Palabras clave: desempeño social corporativo, desempeño financiero corporativo, recursos intangibles, stakeholders, índice de sostenibilidad corporativa.

Carátula del artículo

RECURSOS INTANGÍVEIS E A RELAÇÃO ENTRE DESEMPENHO SOCIAL E DESEMPENHO FINANCEIRO EM EMPRESAS BRASILEIRAS

INTANGIBLE RESOURCES AND THE RELATIONSHIP BETWEEN SOCIAL PERFORMANCE AND FINANCIAL PERFORMANCE IN BRAZILIAN COMPANIES

RECURSOS INTANGIBLES Y LA RELACIÓN ENTRE EL DESEMPEÑO SOCIAL Y EL DESEMPEÑO FINANCIERO EN EMPRESAS BRASILEÑAS

Simone Barakat
Universidade Anhembi Morumbi, Brasil
Keysa Manuela Cunha de Mascena
Universidade de Fortaleza, Brasil
Greici Sarturi
Universidade Federal de Santa Maria, Brasil
Pedro Takenouchi
Universidade de São Paulo, Brasil
Contextus – Revista Contemporânea de Economia e Gestão, vol. 17, núm. 3, pp. 40-65, 2019
Universidade Federal do Ceará

Recepção: 01 Agosto 2019

Aprovação: 25 Setembro 2019

1 INTRODUÇÃO

As questões sociais e ambientais tornaram-se assuntos presentes nas agendas dos gestores e nas discussões teóricas no campo da administração (AGUINIS; GLAVAS, 2012; CHENG; IOANNOU; SERAFEIM, 2014; DE BENEDICTO et al., 2013; MELO et al. 2018). Sua importância está tanto na valorização da empresa frente ao mercado e seus diversos stakeholders, quanto na possível relação entre essas questões e o desempenho financeiro (HILLMAN; KEIM, 2001; MAZZIONI et al., 2013; HUSTED; ALLEN; KOCK, 2015; RIBEIRO, 2016).

Nas três últimas décadas, ampliou-se o volume de pesquisas que buscam analisar a relação entre o desempenho social corporativo (corporate social performance – CSP) e o desempenho financeiro corporativo (corporate financial performance – CFP). A CSP pode ser interpretada como o amplo conjunto de estratégias e práticas que a empresa desenvolve para lidar e criar relacionamentos com os seus inúmeros stakeholders e com o meio ambiente (WADDOCK, 2004).

A relação positiva entre CSP e CFP tem argumentos teóricos favoráveis e contrários. Alguns autores consideram que adotar práticas socialmente responsáveis melhora o desempenho financeiro da empresa (AGUINIS; GLAVAS, 2012; MCWILLIAMS; SIEGEL, 2011), uma vez que o bom relacionamento com os múltiplos stakeholders gera vantagens competitivas (RUSSO; FOUTS, 1997; RUF et al., 2001; HUSTED; ALLEN; KOCK, 2015). Outros autores defendem como negativa a relação entre CSP e CFP, pois consideram que ações de responsabilidade social sejam fontes de altos custos (FRIEDMAN, 1970; LAZONICK; O’SULLIVAN, 2000) e que os custos gerados por essas práticas nunca serão recuperados pela empresa (KARNANI, 2011). Na literatura, há também argumentos de que a relação não exista ou não possa ser detectada, devido ao grande número de variáveis intervenientes (MADORRAN; GARCIA, 2016; NELLING; WEBB, 2009; ULLMANN, 1985). Em meio a argumentos divergentes, pesquisas que realizaram meta-análises sobre os resultados de estudos empíricos mostraram predomínio de estudos que encontraram uma relação positiva entre CSP e CFP (MARGOLIS; WALSH, 2003; ORLITZKY; SCHMIDT; RYNES, 2003).

Algumas pesquisas buscaram compreender outros aspectos dessa relação, como a direção da causalidade (WADDOCK; GRAVES, 1997) ou a linearidade da relação (BARNETT e SALOMON, 2012). Porém, falham em não considerar variáveis que possam mediar a relação (MCWILLIAMS; SIEGEL, 2000; SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010). Além disso, os trabalhos publicados são focados, quase exclusivamente, em empresas norte-americanas e europeias (SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010).

Poucos estudos encontrados buscaram testar a relação CSP-CFP em empresas do Brasil. Registram-se os trabalhos de Abreu et al. (2009); Beato, Souza e Parisotto (2009); Machado, Machado e Corrar (2009); Crisóstomo, Freire e Vasconcellos (2011); Orellano e Quiota (2011), Souza-Cunha e Samanez (2013), Freguete, Nossa e Funchal (2015) e Grecco, Geron e Grecco (2017). Esses estudos têm encontrado resultados pouco conclusivos. Além de encontrar resultados divergentes, as pesquisas não consideraram o efeito de variáveis mediadoras.

A relação CSP-CFP não se configura como clara e direta (LUO et al., 2015; MADORRAN; GARCIA, 2016), conforme vem sendo tratada nos estudos em amostras brasileiras. A CSP poderá ter efeito positivo no desempenho financeiro da empresa na medida em que possibilite o desenvolvimento de recursos intangíveis, caso contrário poderá ter efeitos neutros e até mesmo negativos (HILLMAN; KEIM, 2001; SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010; TURRA et al., 2015). Esses recursos intangíveis podem incluir inovação, capital humano, reputação e cultura organizacional, que para esses autores são variáveis mediadoras entre CSP e CFP. Ou seja, a CSP primeiramente tem um efeito positivo no desenvolvimento de recursos intangíveis, que por sua vez têm um desenvolvimento positivo no desempenho financeiro (SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010).

Diante desse contexto, o objetivo desta pesquisa é testar se os recursos intangíveis são mediadores da relação CSP-CFP em empresas no Brasil. Para isso, utilizaram-se dados secundários de 230 empresas listadas em 2013 na bolsa de valores, mercadorias e futuros de São Paulo – Bolsa, Brasil, Balcão (B3). Para investigação da CSP, foram consideradas as empresas que participam do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).

O presente trabalho apresenta uma contribuição empírica ao investigar no contexto brasileiro um tema amplamente investigado em estudos que utilizam bases internacionais para verificar a CSP. A análise em diferentes contextos é importante uma vez que estudos anteriores encontraram efeitos significantes do contexto do país nos achados sobre CSP (ABREU; CUNHA; BARLOW, 2015; FRÍAS-ACEITUNO; RODRÍGUEZ-ARIZA; GARCÍA-SÁNCHEZ, 2013). Este estudo também reforça a literatura sobre a relação CSP-CFP ao considerar uma variável capaz de mediar a relação, pois críticas à literatura alegam que os modelos analisados têm variáveis omitidas (LUO et al., 2015; MCWILLIAMS; SIEGEL, 2011) e apresentam relações de causalidade que podem ser espúrias (RUF et al., 2001; SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010).

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Desempenho Social Corporativo (CSP)

A CSP é um construto que, segundo Carroll (1979), inclui as dimensões de responsabilidade social, as questões sociais e a responsividade social. A CSP envolve uma definição básica do conceito e dos tipos de responsabilidade social, um entendimento e enumeração das questões de responsabilidade social, e uma especificação da filosofia (ou estratégia) para responder a essas questões. Ressalta-se que, para Carroll (1979), a filantropia está incluída em uma das quatro perspectivas da responsabilidade social: econômica, legal, ética e filantrópica. Ou seja, interpreta-se que a filantropia não é o núcleo central da CSP. Ullmann (1985) define CSP como a resposta às demandas sociais, definição que se assemelha à responsividade social de Carroll (1979).

Waddock e Graves (1997) consideram a CSP um construto multidimensional com comportamentos que variam por meio de entradas, processos e saídas. As entradas podem incluir investimentos em equipamentos de controle de poluição; como processos pode-se considerar tratamento de minorias, relacionamento com consumidores, produtos produzidos; e as saídas podem incluir o impacto na comunidade, entre outros.

Em obra posterior, Carroll (2000) reforça que CSP pode ser entendida como uma avaliação abrangente do desempenho social e não uma avaliação isolada do desempenho da empresa em relação uma questão social específica ou a um stakeholder. Para o autor, ao estudar a CSP deve-se considerar a relação da empresa com pelo menos quatro grupos de stakeholders principais: empregados, clientes, acionistas e comunidade.

A CSP é considerada por Griffin (2000) como uma interação contínua entre a organização e seus stakeholders, e vice-versa. Se esse conceito pudesse ser substituído por outro que o represente, seria definido pela expectativa da sociedade e pelo processo iterativo de respostas das empresas para essas expectativas. Por sua vez, Barnett (2007) descreve a CSP como um retrato do desempenho social geral de uma empresa em um determinado ponto no tempo; um resumo da postura social agregada da empresa.

Muitos outros autores tentaram definir e mensurar CSP, o que por vezes é objetivo de crítica. Para posicionar o presente estudo, considera-se o conceito de CSP de Waddock (2004), definido como o amplo conjunto de estratégias e práticas que a empresa desenvolve para lidar e criar relacionamentos com os seus inúmeros stakeholders e com o meio ambiente.

2.2 Relação entre CSP e CFP

A maioria dos estudos empíricos sobre CSP concentra-se na análise da relação entre CSP e CFP (AGUINIS; GLAVAS, 2012). Devido à grande quantidade de estudos que analisaram essa relação, alguns pesquisadores consolidaram os resultados dos estudos, como Orlitzky, Schmidt e Rynes (2003) que fizeram uma meta-análise de 52 estudos; Margolis e Walsh (2003), que revisaram 127 estudos entre 1972 e 2002; e Boaventura, Silva e Bandeira de Mello (2012), que revisaram 58 artigos no período de 1996 a 2010.

Orlitzky, Schmidt e Rynes (2003) chegaram à conclusão de que há uma relação positiva entre ambos os desempenhos. A meta-análise dos autores sugere que a CSP e CFP são mutuamente reforçadas, e que uma pode prever a outro e vice-versa. Os autores sugerem que as empresas podem desenvolver relações benéficas com os diversos grupos de stakeholders e serem financeiramente recompensadas.

Margolis e Walsh (2003) classificaram os estudos em quatro categorias: relação positiva, relação negativa, relação não significante ou relações mistas. Além disso, agruparam os estudos que consideraram a CSP como variável independente (explicativa) ou como dependente. Os autores encontraram que a maioria dos estudos utiliza a CSP como variável independente, e que a relação CSP-CFP é predominantemente positiva. Boaventura, Silva e Bandeira de Mello (2012) apresentaram em seu estudo que 39 artigos publicados usaram a CSP como variável independente, 14 artigos usaram como variável dependente e 5 analisaram das duas formas. Quanto à relação entre CSP e CFP, verificaram que 38 artigos encontraram uma relação positiva; 11 artigos uma relação negativa e 18 artigos uma relação neutra ou não relacionada.

Com relação aos fatores que levam ao uso da CSP ou CFP como variável dependente, Waddock e Graves (1997) apresentam argumentos teóricos que denominam como slack resource theory e good management theory. De acordo com a slack resource theory, quando há uma folga de recursos financeiros a empresa passa a investir em responsabilidade social, ou seja, primeiro há um bom desempenho financeiro para consequentemente ocorrer o bom desempenho social, então a variável CSP é considerada como dependente, e a CFP como variável explicativa. De acordo com a good management theory, primeiro ocorre um bom desempenho social que reflete numa boa gestão de stakeholders. O bom relacionamento com os stakeholders resultaria em funcionários mais satisfeitos, clientes mais fiéis, fornecedores parceiros, comunidade engajada, boa imagem da empresa, entre outros aspectos que causariam um bom desempenho financeiro. Nesta perspectiva, primeiro há uma boa CSP para consequentemente ocorrer uma boa CFP, ou seja, a CSP é considerada variável explicativa e a CFP é variável dependente. Nas revisões de Margolis e Walsh (2003), Orlitzky, Schmidt e Rynes (2003) e Boaventura, Silva e Bandeira de Mello (2012), a maioria dos estudos apoia-se na good management theory.

Esta pesquisa também se apoia na good management theory ao defender que a adoção de práticas socialmente responsáveis melhora o desempenho financeiro da empresa (CHENG, IOANNOU; SERAFEIM, 2014; MCWILLIAMS; SIEGEL, 2011), ou seja, o aumento do desempenho social pode ser entendido como um aumento da satisfação dos stakeholders, o que gera vantagens competitivas e ganhos financeiros para empresa. Em função disso, sugere-se testar em empresas brasileiras a seguinte hipótese:

H1: A CSP tem um impacto positivo na CFP.

2.3 Recursos intangíveis como mediadores da relação CSP-CFP

Apesar de haver na literatura um predomínio de estudos que encontraram que a CSP gera valor financeiro a empresa por meio de aumento do valor da ação, diminuição do risco e de custos, maior atratividade de investidores e outros (MARGOLIS; WALSH, 2003; ORLITZKY; SCHMIDT; RYNES, 2003), é muito difícil provar uma relação causal direta entre CSP e CFP (LUO et al., 2015; MADORRAN; GARCIA, 2016). Muitos fatores endógenos podem influenciar a adoção de práticas de CSP, por exemplo, relacionados a recursos intangíveis. Esses fatores influenciam tanto a CSP como a CFP, o que poderia confundir os resultados. Além disso, a própria CFP pode influenciar a adoção de práticas de CSP, invertendo-se a direção da relação causal (NELLING; WEBB, 2009; WADDOCK; GRAVES, 1997). Por esse motivo, o presente trabalho buscou testar se existe uma correlação entre CSP e CFP com a mediação dos recursos intangíveis da empresa.

Os recursos intangíveis da empresa, incluindo inovação, capital humano, reputação e cultura organizacional são variáveis mediadoras entre CSP e CFP (SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010). Ou seja, a CSP terá um efeito positivo no desempenho financeiro da empresa à medida que possibilite o desenvolvimento de recursos intangíveis, caso contrário poderá ter efeitos neutros e até mesmo negativos (HILLMAN; KEIM, 2001; SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010).

A CSP pode levar ao desenvolvimento de ativos intangíveis por meio de diversos mecanismos. Por exemplo, as políticas ambientais e de responsabilidade social podem aumentar a capacidade de a empresa inovar, tanto em termos de produtos como de processos. Essa inovação aumentaria a qualidade e atratividade de seus produtos resultando numa melhor CFP (SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010). Isso ocorre, pois empresas dispostas a promover relações com stakeholders que vão além das exigências legais conseguem estimular novas percepções sobre atividades, processos e desenvolvimento de novos produtos (HART; DOWELL, 2011; ORSATO et al., 2015). A empresa pode interagir com múltiplos stakeholders para identificar novas abordagens que proporcionam benefícios tanto para o negócio quanto para sociedade (MARTINUZZI; KRUMAY, 2013).

A CSP também melhora a acumulação de capital humano uma vez que as empresas percebidas como responsáveis tendem a atrair e reter melhores candidatos a emprego e influenciar positivamente na motivação dos funcionários. Estudos como de Backhaus, Stone e Heiner (2002) exploraram a relação entre CSP e atratividade de funcionários e mostraram que pessoas que procuram emprego analisam as atividades da empresa relacionadas a meio ambiente, relação com a comunidade, relação com trabalhadores e diversidade, para escolherem onde trabalhar. Além disso, empresas com práticas e políticas de responsabilidade social desenvolvidas possuem maiores chances de conseguir um bom clima organizacional (BRANCO; RODRIGUES, 2006) e de reter os melhores talentos (BARRENA-MARTÍNEZ et al., 2015). A acumulação de capital humano reduziria custos e pode ser uma fonte de vantagem competitiva (SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010).

A CSP pode ser, também, um indicativo de que a empresa adota práticas aderentes com as expectativas dos stakeholders, o que consequentemente aumenta a reputação da empresa. A reputação faz parte dos ativos intangíveis da empresa e é construída e mantida pela capacidade da empresa em atender as expectativas dos múltiplos stakeholders (MAHON; WARTICK, 2012). Além disso, estudos empíricos demonstraram que existe uma relação positiva entre reputação e desempenho financeiro (e. g. RAITHEL; SCHWAIGER, 2015; ROBERTS; DOWLING, 2002) e que ações ligadas à CSP melhoram a reputação da empresa (e. g. GODFREY, 2005; TURBAN; GREENING, 1997). Neste sentido, a construção de uma reputação positiva assegura a participação dos stakeholders ​​em continuar contribuindo com as atividades corporativas, que é fundamental para a sobrevivência e lucratividade contínua da empresa. Por fim, a adoção de práticas de responsabilidade social contribui para mudanças na cultura organizacional. Os stakeholders internos da empresa podem perceber as iniciativas voltadas a stakeholders externos – como proteção ao meio ambiente, investimento em comunidades locais e filantropia- como sinais de justiça e equidade organizacional (AGUILERA et al., 2007). A percepção de justiça e equidade decorrente da CSP pode afetar a identificação do stakeholder interno com os valores e a imagem organizacional (ONKILA; 2015), podendo levar a uma identificação favorável com todas as outras atividades da empresa (BRUNTON; EWEJE; TASKIN, 2015). Como resultado, promove-se maior comprometimento dos stakeholders internos (COLLIER; ESTEBAN, 2007), impactando positivamente no desempenho financeiro (HUSELID, 1995).

Em função do exposto, sugere-se testar em empresas brasileiras, a seguinte hipótese:

H2: Recursos intangíveis são mediadores da relação entre CSP e CFP.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa tem como objetivo testar se os recursos intangíveis são mediadores da relação entre CSP e CFP. Para isso, foram testadas duas hipóteses em uma amostra de empresas brasileiras. A Figura 1 apresenta o modelo testado nesta pesquisa.


Figura 1
Modelo da pesquisa
Fonte: elaboração própria.

As equações testadas, referentes a cada hipótese discutida no referencial teórico, são:

CFP = β0 + CSPβ1+ tamanhoβ2 + setorβ3 (Modelo 1)

CFP = β0 + CSPβ1 + intangíveisβ2 + tamanhoβ3 + setorβ4 (Modelo 2)

3.1 Universo e amostra

O universo da pesquisa compreende 368 empresas listadas na bolsa de valores, mercadorias e futuros de São Paulo – Bolsa, Brasil, Balcão (B3). Para seleção da amostra, procedeu-se a organização e tratamento da base de dados. A base Economatica lista ações ordinárias e preferenciais, apresentando, portanto, mais de uma observação por empresa. Mitigando ruídos na análise de dados, retirou-se as duplicidades, considerando-se apenas uma observação por empresa sob o critério de liquidez por ativo de negociação. Retirou-se também, do banco de dados desta pesquisa, as empresas que apresentavam missing value em pelo menos uma das variáveis de interesse ou de controle. A amostra total analisada foi de 230 empresas com ações negociadas na Bolsa, Brasil, Balcão (B3) em 2013. Os dados sobre o desempenho financeiro das empresas, assim como dados referentes às características das empresas – tamanho e setor – foram coletados do banco de dados da Economatica.

3.2 Mensuração das variáveis
3.2.1 Mensuração da CSP – Variável explicativa

Para mensurar a CSP, Waddock e Graves (1997) afirmam que as pesquisas sobre o tema usam medidas de percepção e comportamento / survey; índices reputacionais; estudos de caso; análise de conteúdo de documentos e social disclosure. De forma semelhante, Orlitzky, Schmidt e Rynes (2003) destacam quatro estratégias de mensuração do constructo CSP: disclosure; avaliações reputacionais; auditorias sociais, processos e resultados observáveis; e princípios e valores gerenciais.

Nesta pesquisa, a variável CSP é decorrente da participação ou não da empresa no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). O ISE é considerado uma ferramenta para análise comparativa do desempenho das empresas listadas na bolsa de valores, mercadorias e futuros de São Paulo – Bolsa, Brasil, Balcão (B3) sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa (GVces, 2014). O ISE foi criado com o objetivo de criar uma carteira de ações que fosse um referencial para os investimentos socialmente responsáveis e estimular a responsabilidade ética das empresas (GVces, 2014). O questionário que avalia se as atividades das empresas são consideradas sustentáveis é composto por sete dimensões: ambiental, econômico-financeira, geral, governança corporativa, mudanças climáticas, natureza do produto e social (GVces, 2014).

O índice tem sido utilizado em diversas pesquisas para mensurar o desempenho social das empresas. Pesquisas anteriores utilizaram o ISE como uma variável binária (e. g. GOLDNER NUNES et al., 2010; MELO; ALMEIDA; SANTANA, 2012; TEIXEIRA; NOSSA; FUNCHAL, 2011). No contexto internacional, também se observa o uso de variáveis binárias para análise da CSP, como no estudo de Chan, Chou e Lo (2017). Em consistência com esses estudos anteriores, caso a empresa estivesse listada no índice atribuiu-se 1 e caso não estivesse atribuiu-se 0. Na amostra analisada nesta pesquisa, 26 empresas receberam valor “1” para a CSP e as demais empresas listadas receberam valor “0”. Esse resultado é após a retirada dos missing values.

3.2.2 Mensuração de recursos intangíveis – Variável mediadora

O grau de intangibilidade dos recursos da empresa, ou intangibilidade dos recursos, refere-se ao valor dos ativos intangíveis da empresa com relação a seus recursos tangíveis. O valor dos ativos tangíveis da empresa é o custo de substituição desses ativos (custo atual de compra de um ativo com capacidade produtiva equivalente) e pode ser estimado apropriadamente ajustando dados contábeis. O valor dos recursos intangíveis da empresa pode ser estimado como a diferença entre o valor de mercado da empresa e os custos de substituição de seus ativos tangíveis (ANDERSEN, 1992).

Seguindo o mesmo procedimento de pesquisas anteriores, no presente estudo, foi utilizado o Market-to-book para medir a intangibilidade dos recursos (JOIA, 2000; KAYO et al., 2006). O Market-to-book é obtido pela razão entre o valor de mercado e o valor contábil da empresa. Os ativos tangíveis são capitalizados, ou seja, reconhecidos como ativos e informados no balanço das empresas. Porém, os intangíveis são debitados da demonstração de resultados juntamente com as despesas regulares, como salários, aluguéis e juros. Como resultado, o valor contábil dos ativos não reflete o estoque de ativos intangíveis que resulta de investimento acumulado, mas o valor de mercado sim. Joia (2000) baseia-se em diversos autores ao considerar que o valor de mercado é formado pelo book value (valor contábil) e pelo capital intelectual (intangíveis). Portanto, o autor considera que o Market-to-book é uma proxy para recursos intangíveis.

3.2.3 Mensuração da CFP – Variável dependente

Para mensurar a CFP, foi utilizada a variável ROA (Return on Assets) com o objetivo de aferir comparabilidade ao estudo (BRITO; BRITO, 2012). Segundo Boaventura, Silva e Bandeira de Mello (2012), que analisaram a publicação acadêmica sobre a relação CSP-CFP no período de 1996 a 2010, o indicador ROA é a variável mais utilizada nos estudos para mensuração da CFP, pois é uma proxy que visa medir o retorno sobre o investimento realizado pela empresa. A variável ROA, extraída da Economatica para cada empresa no período analisado, pode ser obtido através da razão entre o resultado líquido e o ativo total (ASSAF NETO, 2002).

3.2.4 Mensuração das variáveis de controle

Uma vez que outras variáveis podem influenciar o desempenho da empresa, utilizou-se como variáveis de controle: 1) tamanho da empresa, medido pelo logaritmo natural do ativo total (KAYO, 2015); 2) setor de atuação, classificado pelo critério utilizado na Economatica. Essas duas variáveis de controle foram escolhidas, pois são amplamente aceitas e utilizadas nos estudos de CSP-CFP ( BOAVENTURA; SILVA; BANDEIRA DE MELLO, 2012; MCWILLIAMS; SIEGEL, 2000).

3.4 Análise de dados

A Hipótese 1 foi estimada por meio de regressão múltipla pelo Método dos Quadrados Mínimos (MQO). Para evitar viés nos estimadores, a técnica de regressão por MQO exige o atendimento de algumas premissas. Uma das premissas da técnica refere-se a homocedasticidade dos resíduos, a qual foi testada por meio do teste de Breusch-Pagan. Os modelos que não atenderam a essa premissa foram estimados com erros robustos para heterocedasticidade.

A técnica de regressão também é sensível à presença de multicolinearidade e de outliers. A multicolinearidade foi verificada por meio do fator de inflação de variação (variance inflation factor – VIF), que não deve ultrapassar o valor de 10 (HAIR et al., 2009). Para análise de outliers influentes foi empregada a técnica DFITS que é um indicador global que avalia a influência de outlier nos coeficientes de regressão como um todo (AGUINIS; GOTTFREDSON; JOO, 2013). Como critério para identificar se há ou não a presença de outliers influentes, utilizou-se como ponto de corte valores Dfits maiores que 1. Aguinis, Gottfredson e Joo (2013) sugerem que, quando identificada a presença de outliers influentes, os pesquisadores apresentem os resultados da regressão com a amostra completa e com a exclusão das observações influentes. Em função disso, os resultados são apresentados considerando a amostra completa e a amostra com a exclusão dos outliers.

A Hipótese 1 deste estudo foi testada por meio da seguinte equação:

CFP = β0 + CSPβ1 + tamanhoβ2 + setorβ3 (Modelo 1)

Para testar a Hipótese 2, de mediação, empregou-se o método descrito por Baron e Kenny (1986), o qual consiste na estimação de três modelos de regressão.

Regressões:

a = CSP como regressor de Market-to-book

b = Market-to-book como regressor de CFP

c = CSR como regressor de CFP

c’= CSR como variável independente e Market-to-book como variável mediadora sobre CFP

Os modelos foram testados segundo as seguintes equações:

Quadro 1
Modelos da pesquisa

Fonte: elaboração própria.

Segundo Baron e Kenny (1986), uma variável funciona como um mediador quando são atendidas três condições: (a) a variável independente está significativamente associada com o mediador (b) o mediador afeta significativamente a variável dependente e (c) a variável independente não mais apresenta uma relação significativa na presença do mediador. Para testar a significância do efeito da variável independente sobre a variável dependente por meio do mediador foi utilizado o teste de Sobel (BARON; KENNY, 1986). Complementou-se as análises com o teste RESET de Ramsey (1969) que verifica a presença de variáveis omitidas no modelo. A hipótese nula do teste foi rejeitada, o que indica a presença de variáveis omitidas ou questões de especificação no modelo. No entanto, considera-se que a relação estudada é complexa e envolve diferentes tipos de variáveis, que não estão no foco deste estudo. Portanto, indica-se que é uma limitação do método que ocorre em diferentes estudos da área de gestão (e. g. BRITO; OLIVEIRA, 2016; VIEIRA; KREUTZ, 2018).

4 RESULTADOS

A amostra total analisada foi de 230 empresas listadas em 2013 com ações negociadas na bolsa de valores, mercadorias e futuros de São Paulo – Bolsa, Brasil, Balcão (B3). Destas 230 empresas, 37 empresas participaram da carteira ISE no a. A Tabela 1 mostra a distribuição das empresas pelos 21 setores, segundo o critério de classificação fornecido pela base Economatica.

Tabela 1
Relação de empresas por setor de atuação

Fonte: elaboração própria.

A maior concentração de empresas está no setor de energia com 30 empresas, equivalente a 13,04% do total da amostra. A segunda maior frequência foi dos setores de construção e siderurgia, com 19 empresas cada (8,26%), seguidos do setor têxtil com 18 empresas. Os setores com menor número de empresas na amostra foram os setores de petróleo e água e esgoto, com 3 empresas cada. Apesar de o setor de energia apresentar a maior frequência, destaca-se que a amostra é composta por setores diversificados, sem que haja a predominância de um setor.

A Tabela 2 apresenta as estatísticas descritivas para todas as variáveis métricas utilizadas neste estudo.

Tabela 2
Estatísticas descritivas

Fonte: elaboração própria.

O ROA médio foi de 1,85 com um desvio-padrão de 10,02. O tamanho médio das empresas foi de 14,69 com desvio-padrão de 1,91. O Market-to-book médio foi de 742,2 com desvio-padrão de 945,93. Estes resultados indicam alta variabilidade no ROA, Market-to-book e tamanho das empresas da amostra.

A Tabela 3 apresenta a matriz de correlação entre as variáveis.

Tabela 3
Matriz de correlação

Fonte: elaboração própria. ***Significante a p < 0.01; **Significante a p < 0.05; *Significante a < 0.10.

As variáveis CSP e Market-to-book apresentaram uma relação positiva e significante com a variável dependente ROA. A variável tamanho, embora positiva, não foi significante com ROA. Por outro lado, está positiva e significantemente correlacionada com CSP, indicando que quanto maior a empresa, maior é o desempenho social. Esses resultados são normalmente encontrados em pesquisas da área, porém devem ser observados com cuidado uma vez que as correlações não consideram a influência de outras variáveis.

4.1 Teste da Hipótese 1

Nas Tabelas 4 e 5, são apresentados os resultados decorrentes das regressões que testaram as hipóteses propostas neste estudo. Ressalta-se que as tabelas apresentam os modelos estimados com e sem a presença de outliers influentes, conforme sugerido por Aguinis, Gottfredson e Joo (2013). Os modelos que apresentaram resíduos homocedásticos foram estimados com erros robustos para heterocedasticidade. Quanto ao VIF, nenhum dos modelos apresentou evidências de multicolinearidade uma vez que o VIF máximo foi igual a 2,98.

O Modelo 1, apresentado na Tabela 4, testa a relação entre CSP e CFP na presença das variáveis de controle tamanho e setor, porém sem a presença da variável mediadora Market-to-book. Devido à grande quantidade de variáveis dummy para controle do setor, estas foram suprimidas das tabelas.

Tabela 4
Resultados da análise de regressão

Fonte: elaboração própria. Nota: os valores apresentados na primeira linha de cada variável são os coeficientes. Na segunda linha, entre parênteses, está o erro padrão. ***Significante a p < 0.01; **Significante a p < 0.05; *Significante a < 0.10.

Observa-se que a CSP apresenta uma relação positiva e significante com CFP, ao nível de 10%, nas duas amostras. O beta da amostra completa foi igual a 3,048 e da amostra sem a presença de observações influentes foi de 2,715. A estatística F indica que os modelos, como um todo, foram estatisticamente significantes a 5% para explicar a variação de ROA, sendo R² igual a 12,59% para a amostra completa e 12,78% para a amostra sem outliers. Esse resultado suporta a Hipótese 1, de que a CSP está positivamente associada à CFP.

4.2 Teste da Hipótese 2

A Tabela 5 apresenta as regressões utilizadas para análise da relação de mediação da variável Market-to-book, utilizada como proxy para recursos intangíveis. Conforme descrito na seção de metodologia, o método de Baron e Kenny (1986) prevê a estimação de três modelos de regressão: (a) CSP como regressor de Market-to-book; (b) Market-to-book como regressor de CFP, (c) CSP como regressor de CFP e (c’) CSP como variável independente e Market-to-book como variável mediadora sobre CFP. Uma vez que a regressão “c” foi utilizada para testar a Hipótese 1, conforme apresentado na Tabela 4 (Modelo 1), a Tabela 5 apresenta apenas as regressões a (Modelo 2), b (Modelo 3) e c’ (Modelo 4).

Tabela 5
Resultados da análise de mediação

Fonte: elaboração própria. Nota: os valores apresentados na primeira linha de cada variável são os coeficientes. Na segunda linha, entre parênteses, está o erro padrão. ***Significante a p < 0.01; **Significante a p < 0.05; *Significante a < 0.10

No modelo 2a, foi testada a relação entre CSP e Market-to-book. Neste modelo, obteve-se uma relação positiva e significante entre CSP e Market-to-book (β = 453,39; p <0,10). Na amostra com a retirada dos outliers influentes, a CSP apresenta beta igual a 380,47, porém com maior significância estatística (p<0,05). O Modelo 2b testa a relação entre a variável mediadora e ROA. Observa-se que o Market-to-book afeta de forma positiva e significante o ROA (β = 0.004; p <0,01). Neste modelo, a exclusão dos outliers não altera a relação positiva e significante (β = 0.005; p <0,01).

No Modelo 2c’, as variáveis CSP e Market-to-book são incluídas como regressores no mesmo modelo. Com a inclusão de Market-to-book, observa-se que a relação positiva e significante de CSP e CFP, apresentada na Tabela 4 – Modelo 1, perde significância estatística de β = 3,048 e p<0,10 para β = 1,387 e p>0,10, na amostra completa e β = 2,715 e p<0,10 para β = 1,792 e p>0,10 na amostra sem outliers. Essa mudança indica que há uma relação de mediação total nas duas amostras. Em termos de explicação da variação de ROA, o Modelo 2c’ é o modelo com maior R², 23,10% para a amostra completa e 35,14 para a amostra sem observações influentes.

Por fim, os resultados do teste de Sobel para a amostra sem outliers foram diferentes de zero (Z = 2,32; p < 0,05), indicando que o efeito indireto foi estatisticamente significante. Assim, estes resultados indicam que os recursos intangíveis mediam a relação entre CSP e CFP, fornecendo suporte para a Hipótese 2.

5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

O presente estudo teve como objetivo testar a relação entre CSP e CFP em empresas brasileiras, assim como a mediação dos recursos intangíveis nessa relação. A hipótese de que há uma correlação positiva e significante entre CSP e CFP foi confirmada. Este resultado corrobora com os achados de outros pesquisadores, tanto em pesquisas com amostras de empresas de países desenvolvidos (GRIFFIN; MAHON, 1997; MARGOLIS; WALSH, 2003; ORLITZKY; SCHMIDT; RYNES, 2003), quanto em pesquisas que consideraram o contexto brasileiro, a exemplo dos estudos de Abreu et al. (2009), Beato, Souza e Parisotto (2009) e Orellano e Quiota (2011). Embora a relação direta entre CSP e CFP seja positiva e significante, os resultados indicam uma fraca associação entre as variáveis, uma vez que a significância estatística de CSP se deu apenas a 10% e o R² do modelo apresentou uma baixa explicação da variação de ROA, apenas 12%. Este resultado reforça a ideia defendida pelo presente estudo de que os modelos que testam a relação direta entre CSP e CFP apresentam relações espúrias de causalidade (RUF et al., 2001; SURROCA; TRIBÓ; WADDOCK, 2010; LUO et al., 2015).

Contribuindo com esta questão, a segunda hipótese deste estudo considera que a relação CSP-CFP não é uma relação direta, sendo mediada pelos recursos intangíveis. Os resultados confirmaram esta hipótese, indicando que CSP afeta os recursos intangíveis da organização, tais como inovação, capital humano, reputação e cultura, os quais, por sua vez, afetam a CFP. O resultado encontrado na amostra brasileira está alinhado aos resultados de Surroca, Tribó e Waddock (2010), que testaram esta relação com dados de 599 empresas da base Sustainalytics.

A mediação dos recursos intangíveis na relação CSP-CFP evidencia que o investimento em ações e práticas de responsabilidade social não garante à empresa ganhos financeiros e vantagem competitiva. A CSP deve promover o desenvolvimento de recursos intangíveis, os quais são valiosos, raros e difíceis de serem adquiridos e copiados (BARNEY, 1991; DIERICKX; COOL, 1989; WERNERFELT, 1984) e, por meio deles, obter maior CFP e vantagem competitiva. Dessa forma, torna-se importante que os estudos em CSP busquem analisar não somente se a CSP leva a CFP, mas sim entender quais as condições que levam a CSP a criar valor para empresa. Essas condições podem estar relacionadas, por exemplo, a projetos sociais desenhados estrategicamente com o objetivo de gerar vantagem competitiva (HUSTED; ALLEN; KOCK, 2015) ou a ações sociais que sejam relacionadas a stakeholders primários, como funcionários, clientes, fornecedores e comunidade (HILLMAN; KEIM, 2001).

O presente estudo contribui com a literatura de CSP testando empiricamente a mediação dos recursos intangíveis na relação CSP-CFP em empresas brasileiras, uma vez que a maioria dos estudos existentes sobre esta relação está concentrada em empresas norte-americanas e europeias. No Brasil, existem estudos que buscaram testar essa relação, porém, estão claramente em defasagem com relação à quantidade de evidências empíricas e, principalmente, com relação aos procedimentos metodológicos empregados, quando comparados aos estudos internacionais.

Neste sentido, embora muitos estudos tenham tratado deste tema, o avanço na área ainda enfrenta desafios. No presente estudo, apesar de suas contribuições, essas limitações também estão presentes. A primeira delas refere-se à mensuração da CSP, a qual foi feita por meio de uma variável binária. Estudos futuros podem buscar diferentes variáveis ou proxies para captar a CSP das empresas. A segunda limitação refere-se à endogeneidade existente na relação entre CSP-CFP. A endogeneidade existe quando a variável preditora influência na predita e vice-versa, ou seja, há evidências de que a CSP influencie a CFP, porém a CFP também pode influenciar a CSP, uma vez que um maior desempenho financeiro resulta em mais recursos financeiros disponíveis para serem investidos em ações de responsabilidade social.

Futuras pesquisas podem investigar a mediação dos recursos intangíveis na relação CSP-CFP em outros contextos e em outros recortes temporais. Além disso, a investigação de outras variáveis que possam afetar a relação CSP-CFP, tanto em termos de mediação quanto de moderação, são estudos importantes para a evolução desta teoria.

Material suplementar
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Notas

Figura 1
Modelo da pesquisa
Fonte: elaboração própria.
Quadro 1
Modelos da pesquisa

Fonte: elaboração própria.
Tabela 1
Relação de empresas por setor de atuação

Fonte: elaboração própria.
Tabela 2
Estatísticas descritivas

Fonte: elaboração própria.
Tabela 3
Matriz de correlação

Fonte: elaboração própria. ***Significante a p < 0.01; **Significante a p < 0.05; *Significante a < 0.10.
Tabela 4
Resultados da análise de regressão

Fonte: elaboração própria. Nota: os valores apresentados na primeira linha de cada variável são os coeficientes. Na segunda linha, entre parênteses, está o erro padrão. ***Significante a p < 0.01; **Significante a p < 0.05; *Significante a < 0.10.
Tabela 5
Resultados da análise de mediação

Fonte: elaboração própria. Nota: os valores apresentados na primeira linha de cada variável são os coeficientes. Na segunda linha, entre parênteses, está o erro padrão. ***Significante a p < 0.01; **Significante a p < 0.05; *Significante a < 0.10
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