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A remuneração dos executivos mitiga os accruals discricionários? Uma análise em bancos brasileiros de capital aberto
Does CEO’s compensation mitigate discretionary accruals? An analysis of publicly traded Brazilian banks
¿La compensación de los ejecutivos mitiga los accruals discrecionales? Análisis en bancos de capital abierto brasileño
Contextus – Revista Contemporânea de Economia e Gestão, vol. 18, pp. 25-38, 2020
Universidade Federal do Ceará

Copyright (c) 2020 Revista: apenas para a 1a. publicação.

Recepção: 17 Outubro 2019

Aprovação: 18 Fevereiro 2020

Publicado: 13 Abril 2020

DOI: https://doi.org//10.19094/contextus.2020.42452

Resumo: Esta pesquisa objetiva analisar a influência da remuneração dos executivos no gerenciamento de resultados nos bancos brasileiros de capital aberto. Para tanto, analisou-se 17 empresas do setor bancário que negociaram ações na B3, entre 2010 e 2018. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva e da análise multivariada, com uso da regressão quantílica. Os achados revelam que não houve diferença dos níveis de gerenciamento de resultados e da remuneração dos executivos ao longo dos anos, mesmo em períodos de recessão econômica (2015 e 2016). As evidências indicam que as empresas com os maiores níveis de gerenciamento de resultados são sensíveis à diminuição das práticas de manipulação dos accruals discricionários, quando há o aumento da remuneração dos executivos.

Palavras-chave: accruals discricionários, bancos, gerenciamento de resultados, qualidade da informação contábil, remuneração de executivos.

Abstract: This study objective to analyze the influence of CEO’s compensation on earnings management in Brazilian banking companies. We analyzed 17 banking companies that traded shares in B3 between 2010 and 2018. Data were analyzed using descriptive statistics and multivariate analysis using quantile regression. The results show that there was no difference in earnings management levels and executive compensation over the years, even in periods of economic recession (2015 and 2016). Moreover, evidence shows that companies with the highest levels of earnings management are sensitive to reduced manipulation practices through discretionary accruals when executive compensation is increased.

Keywords: discretionary accruals, banks, earnings management, quality of accounting information, CEO’s com, CEO’s compensation.

Resumen: Esta investigación tiene como objetivo analizar la influencia de la compensación ejecutiva en la gestión de ganancias en los bancos brasileños que cotizan en bolsa. Con este fin, se analizaron 17 empresas bancarias que negociaron acciones en B3 entre 2010-2018. Los datos se analizaron mediante estadísticas descriptivas y análisis multivariados mediante regresión cuantil. Los resultados revelan que no hubo diferencias en los niveles de gestión de ganancias y la compensación ejecutiva a lo largo de los años, incluso en períodos de recesión económica (2015 y 2016). La evidencia muestra que las empresas con los niveles más altos de gestión de ganancias son sensibles a las prácticas de manipulación reducida a través de acumulaciones discrecionales cuando se aumenta la compensación ejecutiva.

Palabras clave: accruals discrecionales, bancos, gestión de ganancias, calidad de la información contable, compensación ejecutiva.

1 INTRODUÇÃO

As empresas realizam diferentes estratégias com o propósito de atingir suas metas, geralmente estipuladas com antecedência, para um determinado período. Uma dessas metas refere-se ao desempenho econômico-financeiro do período, mas para isso, as companhias podem adotar diferentes estratégias para incentivar os colaboradores. Destaca-se que um desses incentivos, de acordo com Garen (1994) e Harris (2009), baseia-se no aumento da remuneração, especialmente, dos gestores de alto escalão das empresas. Esse tipo de incentivo é oferecido para os gestores de alto escalão com a finalidade de que estes profissionais possam optar por alternativas em seu processo decisório que estejam atreladas a maiores níveis de risco (Haugen & Senbet, 1981; Smith & Watts, 1982; Smith & Stulz, 1985; Eisenhardt, 1989).

A partir dessa lógica, pesquisadores realizaram investigações com o propósito de analisar a influência da remuneração dos executivos em índices de desempenho econômico-financeiro das empresas, como por exemplo, os de Core, Holthausen e Larker (1999), Shaw e Zhang (2009), Fahlenbrach e Stulz (2011), Fernandes, Mazzioni (2015), Aguiar e Pimentel (2017), Li e Singal (2019). Os achados dessas investigações indicam que quando as empresas recorrem ao incentivo por meio da remuneração dos executivos faz com que haja implicações no desempenho econômico-financeiro do período. Isso ocorre, pois, conforme Duru, Iyengar e Zampelli (2012), a remuneração dos executivos é calculada a partir de alguns parâmetros, dentre eles, índices de rentabilidade econômico-financeira da companhia. Contudo, entende-se que para atingir maiores índices de rentabilidade, geralmente, os gestores podem tomar decisões que tem como consequência a escolha de operações associadas a maiores níveis de risco.

Diante disso, outras investigações se atentaram em verificar as implicações da remuneração dos executivos em diferentes comportamentos que afetam a saúde econômico-financeira da empresa, como aumento de dívidas e financiamentos (Papa & Speciale, 2011), operações de risco (Chen, Steiner & Whyte, 2006; Hagendorff & Vallascas, 2011; Freund; Latif & Phan, 2017; Kolasinski & Yang, 2018) e endividamento (Ozdemir, Kizildag & Upneja, 2013; De Sousa, Monteiro, Rengel & Lunkes, 2019; Lopes, Kaveski, Beuren & Theiss, 2019). Embora o incentivo por meio da remuneração dos executivos implique nesses componentes que compreendem a saúde econômico-financeira das empresas, Murphy (1999) menciona que essa forma de incentivo pode fazer com que os gestores também optem por gerenciar os resultados com o propósito de aumentar o desempenho da empresa a curto prazo. Desse modo, compreende-se que os gestores podem não somente interferir em índices da saúde econômico-financeira da empresa para atingir maior desempenho econômico-financeiro, mas, também, utilizar de técnicas de manipulação dos resultados para conseguir esse propósito.

Nesse sentido, Shuto (2007) discorre que o gerenciamento de resultados, com a finalidade de aumentar o desempenho, tem consequências no aumento do valor referente a bonificação dos executivos, o que se reflete no aumento da remuneração desses profissionais no curto prazo. Dessa forma, esta lógica suscitou estudos sobre o tema, os quais atestaram que o incentivo por meio da remuneração está relacionado com o aumento de práticas ligadas ao gerenciamento de resultados (Healy, 1985; Holthausen, Larcker & Sloan, 1995; Balsam, 1998; Guidry, Leone & Rock, 1999; Cheng & Warfield, 2005; Bergstresser & Philippon, 2006).

No entanto, Almadi e Lazic (2016) apontam que existem características institucionais que interferem na relação entre a remuneração dos executivos e o gerenciamento de resultados. Segundo os autores, uma destas características compreende a governança corporativa, pois, as empresas com os maiores níveis de governança fazem com que o incentivo por meio da remuneração mitigue o uso dos accruals discricionários que são utilizados para gerenciar resultados. Outros trabalhos, também corroboram com essa vertente, os quais apontam que as características institucionais interferem na relação entre o gerenciamento de resultados e a remuneração dos executivos, como os de Acharya e Volpin (2009) e Baker, Collins e Reitenga (2003).

Ainda como característica institucional, destaca-se a figura da regulação, em que as evidências que constam no trabalho de Burgstahler, Hail e Leuz (2006), elucidam que o gerenciamento de resultados é menor em países que possuem regulação mais rigorosa. Um exemplo disso consiste em países que têm seus sistemas jurídicos fundamentados no code law, os quais realizam práticas contábeis mais conservadoras (Ding, Hope, Jeanjean & Stolowy, 2007).

Entre os países que historicamente se baseiam no code law, estão a maioria dos países da Europa continental e a maior parte dos países da América Latina. Um destes compreende o Brasil, o qual alterou as suas práticas contábeis no momento em que convergiu ao padrão contábil internacional da International Financial Reporting Standards (IFRS) por meio da Lei 11.638/2007 e 11.941/2009, as quais alteraram a Lei 6.404/1976. Essa legislação foi implementada em 2010 para todas as empresas de capital aberto, exceto para os bancos, devido a alteração da legislação pelo Banco Central do Brasil (Bacen). Desse modo, as instituições bancárias, ainda, estão subjugadas a normas fundamentadas no sistema jurídico code law.

De Farias, Ponte, Oliveira e De Luca (2014) discorrem que é provável que as demonstrações contábeis das empresas do setor bancário apresentam diferenças significativas das demonstrações das companhias de outros setores que aderiram ao padrão internacional. Além disso, o setor bancário viabiliza o uso de investimentos do âmbito privado, além de ser necessário para estabilizar a política monetária (Zha, Liang, Wu & Bian, 2016). De forma complementar, houve aumento na regulação das empresas deste setor em diversos países (Hawkins & Mihaljek, 2001). Com isso, destaca-se que o setor bancário brasileiro é altamente regulado e com forte governança corporativa.

Diante disso, as práticas contábeis dos bancos brasileiros são fundamentadas no code law, além de ser um setor em que é altamente regulado pelo Bacen e tem forte governança corporativa, uma vez que essas empresas são importantes para a economia brasileira. Assim, a partir dessas características e das evidências apresentadas nas investigações de Baker et al. (2003) e Almadi e Lazic (2016), entende-se que o incentivo por meio da remuneração dos executivos pode mitigar os accruals (passíveis de serem utilizados para o gerenciamento de resultados) nos bancos do Brasil. Destaca-se, ainda, a divergência da legislação no Brasil entre as empresas bancárias e as dos demais setores, o que implica em poucas investigações que retratam os bancos no Brasil (De Farias et al., 2014) e, dessa forma, faz com que haja a necessidade de mais pesquisas com essas empresas, em particular, sobre este tema no Brasil (Beuren, Moura & Theiss, 2016). A partir das discussões acerca do tema, esta pesquisa objetiva analisar a influência da remuneração dos executivos no gerenciamento de resultados nos bancos brasileiros de capital aberto.

Esta pesquisa se justifica ao tratar a respeito das consequências maléficas do incentivo por meio da remuneração dos gestores na qualidade dos relatórios financeiros. Isso, porque, esses profissionais podem gerenciar os resultados para atingir as metas de desempenho e, por sua vez, podem prejudicar os usuários externos, dado que esses fundamentam seu processo decisório nas informações que constam nos relatórios financeiros. Nesse âmbito, o presente trabalho se justifica ao discutir sobre as consequências da remuneração dos executivos no Brasil que, conforme Beuren et al. (2016), carece de evidências teórico-empíricas. Além disso, as instituições bancárias, estão submetidas a um padrão contábil diferenciado, como mencionado por De Francis et al. (2014), além de ser um setor vital para a economia de um país, como destacado por Zha et al. (2016).

Ademais, esta pesquisa apresenta duas contribuições centrais, a primeira que, apenas, as empresas que mais gerenciam os resultados e as que têm níveis medianos de accruals discricionários, são sensíveis a diminuição desse tipo de manipulação quando há o aumento do incentivo por meio da remuneração dos executivos. Essa evidência contribui com a literatura, especialmente, com os trabalhos de Baker et al. (2003), Ding et al. (2007), Acharya e Volpin (2010) que tratam sobre o tema. Ainda, tem-se implicações práticas aos usuários externos, em particular, aos investidores, haja vista que esses usuários externos podem prever o nível de qualidade dos relatórios financeiros dos bancos que mais gerenciam os resultados a partir da remuneração dos executivos no período.

A segunda contribuição compreende a diminuição da manipulação dos resultados por meio dos accruals das empresas que mais gerenciam os resultados quando há o aumento do seu porte. Nesse sentido, apresenta uma contribuição sobre a relação do gerenciamento de resultados e tamanho, como explicitado por Watts e Zimmerman (1986) e Doyle, Ge e McVay. (2007). Ainda mais, destaca-se que isso tem uma contribuição prática, dado que quando as empresas, que mais gerenciam e com maior porte, estão em maior evidência para os investidores e órgãos reguladores.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Remuneração dos Executivos

A remuneração consiste em uma ferramenta que é utilizada para incentivar os gestores a fazer com que as empresas obtenham melhor desempenho (Garen, 1994; Kyriacou & Mase, 2006). Essa é uma alternativa utilizada em empresas que passaram pelo processo de ruptura quanto a separação entre o proprietário e o controle da organização, a qual implica na contratação de um agente externo para realizar os serviços de gestão (Jensen & Meckling, 1976). Contudo, os autores discorrem que esta ferramenta (remuneração dos executivos) compreende a uma alternativa utilizada pela empresa para diminuir os problemas de agência que ocorrem em momento posterior a essa ruptura.

De modo complementar, Ross (1973) menciona que esses problemas de agência ocorrem a partir do desalinhamento de interesses entre as duas partes envolvidas, isto é, o proprietário e o agente. Por esse motivo, entende-se que a remuneração dos executivos seja um instrumento com o propósito de alinhar os interesses dessas duas partes. Esse alinhamento ocorre no momento em que os executivos tomam decisões com objetivo de aumentar o desempenho econômico-financeiro da empresa (Haugen & Sebet, 1981; Smith & Watts, 1982; Smith & Stulz, 1985; Eisenhardt, 1989).

Com o aumento do desempenho econômico-financeiro da empresa, os sócios da companhia obterão maiores valores decorrentes da distribuição dos lucros e dividendos. Mesmo assim, para que o aumento do desempenho se mantenha nos próximos períodos, as empresas podem alavancar a remuneração dos gestores a partir de bônus e valor variável quando as metas são alcançadas. Devido a isso, muitas empresas constituem parâmetros para mensurar a remuneração dos executivos, em que a maior parte está ligada ao desempenho econômico da empresa em determinado lapso de tempo (Duru et al., 2012). Nesse sentido, o maior desempenho econômico-financeiro implica no aumento do valor da remuneração dos gestores, pode-se garantir o alinhamento dos interesses no longo prazo e fazer com que não haja conflito de interesses entre as duas partes, ou seja, os gestores e os sócios [ver Jensen e Meckling (1976)].

A partir dessa lógica, foram desenvolvidas pesquisas teórico-empíricas sobre a relação da remuneração dos executivos e o desempenho econômico-financeiro das empresas. Umas destas pesquisas confere a realizada por Jackson, Lopez e Reitenga (2008), a qual evidenciou que o desempenho econômico-financeiro e a remuneração dos executivos estão relacionados, em especial, quando os lucros são baixos. Já Beuren et al. (2016) e Lopes et al. (2017) destacam que a remuneração dos executivos está relacionada, também, com índices de desempenho econômico-financeiro, isto é, quanto maior o esse desempenho no período, maior será o valor de remuneração que será recebida pelos gestores de alto escalão. De igual forma, Shaw e Zhang (2009) discorrem que a remuneração dos executivos está relacionada com o desempenho das empresas nos EUA, em que tem maior predominância quando os lucros são altos. Em uma vertente complementar, Duru et al. (2012) destacam que os executivos são remunerados também por meio de índices de desempenho econômico-financeiros específicos, como o retorno dos ativos. Em complemento a essa ótica, Li e Singal (2019) encontraram que o incentivo por meio da remuneração dos executivos faz com que as empresas tenham no final do período aumento no retorno do ativo.

Dessa forma, entende-se que a partir dessas evidências a remuneração é utilizada para aumentar o desempenho econômico-financeiro da empresa, porém isto pode ocorrer no momento em que os gestores tomam decisões atreladas a operações com maiores níveis de risco. Smith e Stluz (1985) discorrem que o incentivo por meio da remuneração dos executivos faz com que os gestores sejam incentivados a optarem por decisões vinculadas a maior risco associado. Nesse contexto, um trabalho empírico em empresas bancárias, realizado por Chen et al. (2006), encontrou que o aumento da remuneração dos executivos induz a escolhas de operações associadas a maior risco. Resultado semelhante foi evidenciado ao considerar o risco de operações referentes a fusões e incorporações (Hagendorff & Vallascas, 2011).

Cabe ressaltar que as escolhas realizadas pelos gestores por alternativas que tem maiores níveis de risco associado não implicam apenas em aspectos relacionados as operações da empresa, mas também pode interferir na estrutura de endividamento das companhias. Nesse âmbito, trabalhos foram desenvolvidos com o propósito de verificar essa relação. Um desses trabalhos, desenvolvido por Papa e Speciale (2011), elucida que o aumento da remuneração dos executivos, fundamentada no aumento do desempenho econômico-financeiro do período, está relacionado com o aumento do nível de endividamento das empresas do Reino Unido. Ao avançar nessa perspectiva, o estudo de Chemmanur, Cheng e Zhang (2013) constatou que o aumento do endividamento no período anterior está relacionado com o aumento da remuneração dos executivos no exercício atual. Contudo, a remuneração dos executivos pode ter como consequência a diminuição do nível de endividamento das empresas, e essa relação foi constatada por de Sousa et al. (2019), ao considerar em sua amostra instituições bancárias de capital aberto, que compete a um setor altamente regulado, no mercado brasileiro.

2.2 Gerenciamento de Resultados e desenvolvimento da hipótese

A partir das evidências acerca da remuneração dos executivos, entende-se que este instrumento de incentivo faz com que os executivos realizem decisões que tenham reflexos em componentes de risco e endividamento da empresa para implicar no aumento do desempenho da empresa. A partir disso, para atingir esse objetivo, os executivos podem manipular os resultados para atingir esse desempenho econômico-financeiro da empresa, ao considerar o curto prazo, com o propósito de propiciar o aumento do valor de suas remunerações (Murphy, 1999).

Ao gerenciarem os resultados, os gestores podem atingir os seus objetivos particulares, que neste caso, confere ao aumento de sua própria remuneração. Contudo, essa estratégia de manipulação faz com que os relatórios financeiros tenham diminuição em seu grau de qualidade e, de acordo com Scott (2009), pode prejudicar o processo decisório dos usuários externos. Isso, porque, quando os relatórios financeiros apresentam informações que são gerenciadas, os eventos econômicos não são refletidos adequadamente (Rodrigues, Melo & Paulo, 2019) e, dessa forma, pode prejudicar a comunicação entre a empresa e os usuários externos, haja vista, que de acordo com Ge (2009) esses usuários utilizam as informações que estão presentes nos relatórios financeiros para entender a saúde econômico-financeira da empresa.

Com isso, pode-se compreender que os gestores podem utilizar da estratégia de gerenciamento de resultados com o propósito de aumentar o desempenho econômico-financeiro da empresa no período e, por sua vez, propicia o aumento no valor de suas remunerações. Isso ocorre, pois, em geral, as empresas calculam a remuneração dos executivos a partir de índices que estão ligados ao desempenho econômico-financeiro da entidade no período. Nesse contexto, investigações abordam a relação da remuneração dos executivos e práticas de gerenciamento de resultados. Uma dessas investigações de Shuto (2007), menciona que os executivos podem gerenciar os resultados por meio dos itens discricionários com o propósito de aumentar os valores dos seus bônus. Desse modo, os autores enfatizam que com o aumento do valor dos bônus os executivos terão aumento no valor total de seus proventos totais no período (o que caracteriza o ganho de rendimentos ao considerar o curto prazo). Essa lógica também foi utilizada por outras investigações, as quais se concentraram, principalmente, no mercado acionário estadunidense, haja vista o tamanho desse mercado e a característica de pagamento de bônus atrelados ao desempenho do período.

Uma dessas investigações foi a de Healy (1985), que foi uma das precursoras sobre o tema, e demonstrou que os executivos gerenciam os resultados para alcançarem maiores valores de remuneração no período. Outra investigação desenvolvida por Balsan (1998), evidenciou que a remuneração dos executivos induz o aumento do uso dos accruals que são passíveis de serem gerenciados. Pesquisas similares analisaram esta relação com objetivo de aprofundar o entendimento da academia a respeito do tema, as quais também constataram que a remuneração dos executivos está relacionada com o aumento de práticas de gerenciamento de resultados (Guidry et al., 1999; Bergstresser & Philippon, 2006).

O trabalho de Baker et al. (2003), complementa essa lógica ao demonstrar que o incentivo por meio de opções de ações, uma forma de remuneração dos executivos, atrai os gestores a gerenciar os resultados com o propósito de diminuírem o desempenho econômico-financeiro das empresas para que haja diminuição no preço das ações. Com esse cenário, os autores relatam que nos próximos períodos os executivos podem gerenciar os resultados com a finalidade de aumentar o resultado deste desempenho e, por sua vez, induzir o aumento do preço das ações quando os próprios gestores irão exercer as opções de ações adquiridas. Desse modo, entende-se que esta estratégia utilizada pelos gestores de gerenciar os resultados para baixo e, em momento futuro, gerenciar os resultados para cima é uma forma de ludibriar o mercado acionário com a finalidade de obter maior amplitude entre o valor do recebimento das opções de ações e a sua execução. Isso pode ocasionar aumento no valor a ser recebido, em caso de venda destas opções, assim que as opções por ações forem executadas.

No entanto, em companhias que apresentam nível alto de práticas de governança corporativa pode fazer com que a remuneração dos executivos tenha um comportamento diferente sobre a volatilidade do desempenho econômico-financeiro, em que o torna menos volátil (Acharya & Volpin, 2009). A menor volatilidade do desempenho pode fazer com que o incentivo por meio da remuneração dos executivos induza a administração a realizar práticas que impliquem no menor uso de estratégias relacionadas ao gerenciamento de resultados. Com isso, pode-se entender que a relação entre a remuneração dos executivos e o nível de gerenciamento de resultados pode ter interferências do ambiente institucional, a qual pode ser negativa quando há altos níveis de governança corporativa.

Mesmo com essas evidências sobre o tema, essas pesquisas, ainda, se restringem em analisar as empresas que compõem o mercado acionário estadunidense e, devido a este fato, Almadi e Lazic (2016) apontaram a necessidade de estudos sobre o tema em outros países. Isso, porque, os autores mencionam que em outros países existem características institucionais diferentes das empresas que negociam suas ações nas bolsas de valores dos EUA. Essas diferenças institucionais se referem a diferentes aspectos como, por exemplo, a governança corporativa, pois, pode fazer com que haja uma relação diferente entre a remuneração e uso dos accruals para fins de gerenciamento de resultados (Almadim & Lazic, 2016). Dessa forma, os autores destacam que em ambientes com alto nível de governança corporativa, o incentivo por meio da remuneração dos executivos pode mitigar a estratégia de gerenciamento de resultados por meio de accruals discricionários.

Entendimento que é complementado a partir da discussão apresentada por Burgstahler, Hail e Leuz (2006), dado que os autores mencionam que em países com regulação mais rigorosa há menor incidência de práticas ligadas ao gerenciamento de resultados. Desse modo, entende-se que a remuneração dos executivos tem efeito contrário, isto é, pode mitigar o uso de itens discricionários que são passíveis de serem gerenciados em países com alta regulação. Esses países, devido ao alto nível de regulação podem induzir no uso de práticas contábeis mais conservadoras. Um exemplo de países com essa característica corresponde aos que adotam o code law (Ding et al., 2007).

Com base nas discussões que constam nos trabalhos similares, assim como, a lógica do reflexo do incentivo por meio da remuneração dos executivos nos accruals discricionários, em particular, em países que têm como fundamento o uso de padrões contábeis fundamentados no code law e que possuem alto nível de governança corporativa. Nesse âmbito, destaca-se o setor bancário de capital aberto do Brasil, o qual compreende ao único setor que não realizou a adoção das normas internacionais no padrão IFRS. Ressalta-se, ainda, que as empresas deste setor estão sob as normativas do Bacen e com alto nível de práticas de governança corporativa. Diante desse cenário, desenvolveu-se a seguinte hipótese que foi utilizada como apoio.

H1: Existe uma relação negativa entre a remuneração dos executivos e os accruals discricionários.

Nesse contexto, a presente pesquisa tem posicionamento complementar as evidências apresentadas sobre o tema, além de contribuir com a discussão que consta, sobretudo, nos trabalhos de Baker et al. (2003), Ding et al. (2007), Acharya e Volpin (2010).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Amostra e coleta de dados

A presente pesquisa pode ser classificada como analítica e com abordagem quantitativa. Os dados utilizados são secundários, uma vez que as informações econômico-financeiras são provenientes da base de dados Economatica® e as informações sobre a remuneração dos executivos são oriundas do website da CVM.

A população foi composta por todas as empresas que foram classificadas como pertencentes ao setor de Bancos de acordo com a classificação da North American Classification System (NAICS) em nível 3 e que negociaram ações na B3 entre 2010 e 2018. Escolheu-se por essa classificação setorial, haja vista que reflete de melhor forma as atividades operacionais das empresas, além de ser uma das classificações mais utilizadas para classificar as atividades operacionais das empresas em âmbito mundial. Com isso, a população foi composta por 21 empresas.

Em momento posterior, foram analisadas a disponibilidade de informações necessárias para cumprir o objetivo desta pesquisa ao verificar a base de dados Economatica® e website da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Dado isso, verificou-se que quatro empresas não tinham informações disponíveis para serem analisadas referentes aos dados econômico-financeiros e/ou da remuneração dos executivos. Diante dessas restrições, a amostra foi composta por 17 empresas.

O intervalo de análise corresponde a períodos anuais de 2010 a 2018. Escolheu-se por esse período, haja vista que corresponde aos dados disponíveis acerca da remuneração dos executivos disponíveis na CVM. Além disso, pode-se comparar com os resultados referentes às empresas dos demais setores que utilizam o padrão internacional do Internacional Financial Reporting Standard (IFRS), que foi adotado no Brasil a partir de 2010. Vale lembrar, ainda, que foram utilizados períodos anuais, pois se tem informações disponíveis sobre a remuneração dos executivos apenas ao fim de cada ano.

3.2 Modelo de base do estudo

Para o cálculo do gerenciamento de resultados por accruals discricionários dos bancos, recorreu-se ao modelo desenvolvido por Jones (1991). Esse modelo foi utilizado devido às características das atividades operacionais e as informações apresentadas nas demonstrações contábeis apresentadas pelos bancos (que não seguem o padrão internacional da IFRS no Brasil como as demais empresas listadas na B3). Para isso, o primeiro passo consistiu no cálculo dos itens discricionários (diferença entre o valor do lucro líquido e o fluxo de caixa operacional do período). Na Equação 1, apresenta-se o cálculo dos accruals totais das empresas bancárias.

Equação (1)

Onde: TAit = Accruals Totais do período; FCOit = Fluxos de Caixa Operacionais do período, e; LLit = Lucro Líquido do período.

Com o cálculo dos accruals totais, pode-se realizar o próximo passo, que é mensurar os accruals discricionários (AD) por meio do modelo que consta no trabalho de Jones (1991). Os accruals discricionários foram calculados ao considerar a regressão Ordinary Least Squares (OLS) ao considerar o modelo original de Jones (1991), o qual consta na Equação 2.

Equação (2)

Onde: TAit = Accruals Totais anual do fim do exercício da empresa i no período t; Ait-1 = Ativos Totais do fim do exercício da empresa i no período t-1; ΔRLit = Variação das receitas líquidas de venda da empresa i do período t-1 para o período t; PPEit = Ativo imobilizado do fim do exercício da empresa i no período, e; ε = erro dos termos da regressão (resíduos).

A partir do modelo apresentado pela Equação 2, utilizou-se os termos de erro da regressão, pois, de acordo com Jones (1991) os termos de erro correspondem aos itens que podem ser discricionários pelos gestores das companhias. A autora discorre que devido a discricionariedade desses itens, esses gestores podem utilizá-los para gerenciar os resultados que são apresentados aos usuários externos e, com isso, prejudicar à qualidade das demonstrações publicadas a estes usuários.

Posteriormente, com objetivo de não ter inferências distorcidas sobre os termos de erros (uma vez que quanto maior a distância do resíduo, maior é o gerenciamento de resultados pelos gestores das instituições bancárias) os resíduos da regressão (accruals discricionários) foram submetidos ao módulo. Essa lógica foi empregada para demonstrar que quanto mais distante de zero, maior o nível de gerenciamento de resultados.

3.3 Variáveis, modelos empíricos e análise dos resultados

A análise dos dados foi realizada por meio da abordagem quantitativa, uma vez que foi utilizada a regressão quantílica. A variável dependente corresponde ao AD (accruals discricionários), a qual foi extraída a partir do modelo de Jones (1991). As informações sobre as variáveis dependentes e independentes do modelo são apresentadas na Tabela 1.

O modelo multivariado compreende a variável de interesse Remuneração de Executivos (REMUN), justificadas a partir das investigações sobre o tema como as de Laux e Laux (2009), Shuto (2007) e Leon e Kuo (2017).

Complementarmente, recorreu-se a três variáveis de controle, em que a primeira corresponde ao Crescimento da Receita (CRESC), analisada em trabalhos como os de Hochberg (2012) e Sincerre, Sampaio, Famá e Santos (2016). A segunda variável de controle analisada foi a Rentabilidade do Ativo (ROA), utilizada nas pesquisas de Sincerre et al. (2016). Ressalta-se que a terceira variável corresponde ao Tamanho (TAM), em que Watts e Zimmerman (1986) e Doyle et al. (2007) destacam que o porte da empresa interfere na qualidade dos relatórios financeiros.

Vale lembrar que a análise multivariada contou com a variável ANO, com a finalidade de controlar os períodos anuais conforme Lopes (2011) e Carvalho e Salotti (2013), pois, as características operacionais das empresas, assim como, o ambiente macroeconômico em que as empresas estão não se mantém igual ao longo do tempo.

Tabela 1
Variáveis da pesquisa

Fonte: elaboração própria.

Fonte: elaboração própria.

Com isso, utilizou-se o modelo multivariado apresentado por intermédio da Equação 3 para mensurar os fatores que influenciam os accruals discricionários das empresas do setor bancário. Este modelo é apresentado por meio da equação a seguir.

Equação (3)

Onde: AD = Accruals discricionários do exercício da empresa i no período t; REMUN = Remuneração média dos executivos do exercício da empresa i no período t; CRESC = Crescimento da receita do exercício da empresa i no período t; ROA = Rentabilidade do ativo do exercício da empresa i no período t; TAM = Tamanho da empresa no fim do exercício da da empresa i no período t, ANO = Períodos anuais de 2010 a 2018.

No que corresponde a análise de dados, recorreu-se a regressão quantílica que foi analisada com base na Equação 3. Vale elencar que, recorreu-se a esta ferramenta para analisar os dados, pois, é provável que a influência da remuneração dos executivos seja distinta ao longo da distribuição do nível de gerenciamento de resultados dos bancos brasileiros, isto é, desde as instituições que apresentam os menores até os maiores níveis de uso desta estratégia de manipulação dos relatórios financeiros. Vale ressaltar que esta técnica não paramétrica foi realizada em cinco quantis, isto é, quantil 0,10; 0,25; 0,50; 0,75 e 0,90 ao considerar 20 replicações por meio do software estatístico STATA. 13. A partir deste método, pôde-se identificar como a remuneração dos executivos pode mitigar o uso de accruals discricionários que são passíveis de gerenciamento de resultados pelos gestores em diferentes níveis, desde os menores até os maiores, de accruals discricionários.

Canay (2011) menciona que a regressão quantílica faz com que seja considerada a heterogeneidade da distribuição que não é observada pelos pesquisadores. Além disso, Li, Yang e Yu (2015) e Duarte, Girão e Paulo (2017) destacam que esta ferramenta de análise pode ser uma opção para pesquisas que tratam sobre a qualidade dos relatórios financeiros, bem como, pode aprofundar análises na área de contabilidade e finanças. Destaca-se que a regressão quantílica, de acordo com Cameron e Triverdi (2009), consiste em uma análise não paramétrica que não é fundamentada na média como, por exemplo, a regressão linear múltipla. Por este motivo, existem diferenças, especificamente, quanto aos pressupostos em comparação com ferramentas baseadas na média, em que Greene (2000) menciona que os testes de normalidade dos resíduos, heterocedasticidade, autocorrelação serial e multicolinearidade não são necessários para o teste de regressão quantílica, uma vez que esta análise é fundamentada no método de Minimização dos Erros Absolutos (MEA).

No que se refere às observações, destaca-se que o número total possível, caso todas as informações se mantivessem disponíveis ao longo do tempo para todas as empresas, corresponde a 153, das quais 2 (duas) não estavam disponíveis, isso fez com que o número total de observações da amostra fosse de 151 observações. Destaca-se que em momento anterior ao teste multivariado dos accruals discricionários, as observações foram submetidas ao teste de detecção e tratamento de dados discrepantes (outliers) que consta no trabalho de Hadi (1992), o qual identificou 28 outliers. Devido a possibilidade de distorcer os resultados, optou-se pela exclusão das observações identificadas como outliers. Assim, a amostra final contou com 123 observações.

Vale ressaltar que em momento anterior a análise dos dados por meio do modelo multivariado, os dados foram submetidos a estatística descritiva e, também, ao teste de diferenças de médias com o propósito de verificar se houve mudanças no nível dos accruals discricionários e da remuneração dos executivos do ano atual em comparação com com o ano anterior. Para isso, verificou-se por meio do teste de normalidade de Skewness e Kurtosis (ao nível de 5% de significância) para estas duas variáveis com a finalidade de saber qual o teste mais adequado, paramétrico (T de Student) e não paramétrico (Wilcoxon). Além disso, os dados, também, foram submetidos, mesmo não sendo um pressuposto da regressão quantílica, ao teste de correlação de Pearson e de Variance Inflation Factor (VIF). Esses testes foram realizados com objetivo de demonstrar que as variáveis de controle, exceto a variável ANO, não apresentam correlação entre si e fazem sentido, de acordo com a literatura, como variáveis de controle dos níveis de accruals discricionários.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Na Tabela 2 são apresentadas as informações da análise descritiva das variáveis utilizadas. No que se refere ao desvio-padrão, percebe-se que a remuneração dos executivos, rentabilidade do ativo e tamanho apresentam predominância da variação between .cross-section). Com isso, essas variáveis apresentam maior variação entre as diferentes empresas do que entre a mesma companhia ao longo do tempo. Por outro lado, os accruals discricionários e crescimento da receita tem predominância da variação within. Assim, estas variáveis apresentam maior variação entre a mesma empresa ao longo dos períodos em comparação com os demais bancos.

Tabela 2
Variáveis da pesquisa

Fonte: elaboração própria.Legenda P25 = Percentil 25; P50 = Percentil 50/Mediana; P75 = Percentil 75; O = Overall; B = Between; W = Within; Min. = Mínimo; Max. = Máximo; Obs = Observações.

Os resultados apresentados na Tabela 2 demonstram que a remuneração média de cada executivo que trabalha nas instituições bancárias corresponde a 0,008% do ativo total do período. Destaca-se que a maior média da remuneração dos executivos compreende a 0,03% do ativo total. Esse resultado corresponde ao Banco Mercantil Financiamentos S.A. no ano de 2015. A menor remuneração dos executivos em comparação do ativo total é de 6,92E-08 que compreende ao do Banco Banrisul no ano de 2014.

Ao considerar o crescimento da receita, verifica-se que houve, em média, aumento de 9,57% neste índice ao considerar todo o intervalo analisado. Evidência que revela que mesmo com a instabilidade econômica e queda do Produto Interno Bruto (PIB) nos anos de 2015 e 2016, (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2018) os bancos apresentaram crescimento da receita de 9,57% em média ao longo do período analisado. Vale ressaltar que o crescimento médio da receita compreende a um crescimento real e, não apenas, em uma atualização dos valores devido a alta generalizada dos preços. Isso, porque, ao considerar o período de análise, a média da inflação do período, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, foi de 6,03%. Desse modo, entende-se que, em média, os bancos obtiveram crescimento real de 3,54% durante o período. Além disso, nota-se que a rentabilidade do ativo, em média, foi positiva, a qual teve resultado de 1,29%. Com isso, compreende-se que, em média, os bancos tiveram lucro durante o período analisado.

De modo complementar à análise descritiva dos dados, investigou-se o comportamento dos accruals discricionários e da remuneração dos executivos ao longo do tempo, em que os respectivos resultados são apresentados por meio da Figura 1.


Figura 1
Comportamento dos accruals discricionários e da remuneração dos executivos ao longo do tempo
Fonte: elaboração própria.

Os resultados apresentados na Figura 1 demonstram que os accruals discricionários e a remuneração dos executivos não apresentaram grande variação ao longo dos períodos analisados, até mesmo em períodos em que houve decréscimo do PIB. De forma complementar, os dados da primeira variável (accruals discricionários) foram segmentados de acordo com os períodos anuais e submetidos ao teste de Skewness e Kurtosis (ao nível de 5% de significância) com a finalidade de verificar se apresentam normalidade. Os achados demonstraram que todos os períodos apresentam normalidade e, por sua vez, os dados podem ser testados por meio do teste T de Student.

Ao considerar as médias dos accruals discricionários do período atual em comparação com o período anterior o teste T de Student demonstrou que não existe diferença significativa ao nível de 5%. Esse resultado diverge das evidências que constam nos trabalhos de Silva et al. (2014), uma vez que os autores encontraram que há diferenças entre os accruals discricionários em períodos de crise econômica e em períodos em que não há crise econômica. Com isso, destaca-se que os accruals discricionários não tiveram diferença nas empresas bancárias mesmo em um ambiente econômico incerto.

Os dados referentes a remuneração dos executivos também foram submetidos ao teste de normalidade de Skewness e Kurtosis (de acordo com cada período anual), em que nenhum dos períodos apresentaram normalidade ao nível de 5% de significância. Dessa forma, realizou-se o teste de Wilcoxon com objetivo de verificar se houve diferença da remuneração dos executivos do ano atual em comparação com o ano anterior. Os resultados demonstraram que, em média, não houve diferença significativa, ao nível de 5%. Com isso, esses resultados demonstram que mesmo em um ambiente macroeconômico incerto, não houve mudanças significativas na remuneração dos executivos.

Em seguida, todas as variáveis foram submetidas ao teste de correlação de Pearson, em que os resultados são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3
Matriz de correlação de Pearson

Fonte: elaboração própria.Legenda */**/*** denotam significância estatística nos níveis bi-caudais de 10%, 5% e 1% respectivamente.

A partir dos resultados, percebe-se que os accruals discricionários apresentam a maior correlação com a remuneração dos executivos, com coeficiente de correlação de -0,272. Esse achado demonstra que o incentivo por meio da remuneração dos executivos pode mitigar o uso de accruals discricionários que são passíveis de serem gerenciados pelos gestores.

Embora, de acordo com Greene (2000), para a análise da regressão quantílica não é necessário verificar a multicolinearidade, realizou-se a análise da correlação entre as variáveis independentes com o propósito de demonstrar que estas não têm relação entre si e, dessa forma, são complementares como fatores de controle na análise multivariada da presente pesquisa. Os resultados obtidos por meio da análise destas variáveis no teste de correlação de Pearson elucidam que nenhum dos coeficientes de correlação foi maior do que 0,700 (correlação forte), ou seja, que contenha indício de multicolinearidade.

Nesse sentido, destaca-se que o maior coeficiente foi entre a remuneração dos executivos e do tamanho da empresa, com -0,588. Com o mesmo objetivo, os dados referentes às variáveis independentes também foram submetidos ao teste de Variance Inflation Factor (VIF). De modo semelhante, os resultados deste teste evidenciaram que o maior valor foi de 2,21. Dessa forma, todos os valores foram inferiores a 5 e, de acordo com Wooldridge (2015) e Fávero e Belfiore (2017), isso compreende a inexistência de multicolinearidade entre as variáveis independentes.

A partir disso, realizou-se a análise multivariada da influência da remuneração dos executivos nos accruals discricionários que são passíveis de serem gerenciados, por meio da regressão quantílica. Na Tabela 4, apresentam-se os achados acerca dos fatores relacionados com os accruals discricionários dos bancos.

Tabela 4
Modelo multivariado dos accruals discricionários

Fonte: elaboração própria.Legenda *significância ao nível de 10%; ** significância ao nível de 5%, e; ***significância ao nível de 1%. As regressões foram estimadas a partir da regressão quantílica nos quantis (10,25, 50, 75 e 90). Realizou-se o controle por ano (por meio de variáveis dummy), ao considerar o ano de 2010 como referência. O modelo foi fundamentado a partir da seguinte equação: ADit = β0 + β1REMUNit + β2CRESCit+ β3ROAit+ β4TAMit+ β5ANOit + εit.

As evidências que constam na Tabela 4 revelam que os accruals discricionários estão negativamente relacionados com a remuneração dos executivos nos quantis 0,50; 0,75 e 0,90. Não obstante, nos quantis 0,10 e 0,25 os accruals discricionários não estão relacionados com a remuneração dos executivos. Com isso, pode-se comprovar H1 (apenas para as empresas com níveis de accruals discricionários medianos e altos, ou seja, para as companhias alocadas nos quantis 0,50; 0,75 e 0,90). Esta evidência está de acordo com as discussões estabelecidas nos trabalhos de Baker et al. (2003) e Almadi e Lazic (2016), uma vez que encontraram que o incentivo por meio da remuneração dos executivos pode mitigar o uso dos accruals discricionários.

A partir desse resultado, pode-se compreender que as empresas com níveis de accruals discricionários, que são passíveis de serem gerenciados, medianos e altos, são sensíveis a diminuírem o nível de gerenciamento de resultados quando ocorre aumento do incentivo por meio da remuneração dos executivos. Dessa forma, esta evidência demonstra que nas empresas bancárias brasileiras, diferentemente de empresas de outros setores, como apurado por Shuto (2007), o aumento do incentivo por meio da remuneração pode ser benéfico para a qualidade dos relatórios financeiros, exceto para os bancos com os menores níveis de gerenciamento de resultados. Isso pode ser em decorrência da governança forte e do alto nível de regulação, este, por sua vez, estipulado pelo Bacen, que compõe o ambiente institucional do setor bancário brasileiro e, a partir disto, pode complementar as discussões apresentadas por Acharya e Volpin (2009) e Burgstahler e Philippon (2006), dado que esses autores destacam que o incentivo por meio da remuneração dos gestores, nestes ambientes institucionais, estão relacionados a diminuição da volatilidade dos lucros e, por sua vez, o gerenciamento de resultados.

Por outro lado, as empresas com baixos níveis de accruals discricionários que são passíveis de serem gerenciados, alocadas nos quantis 0,10 e 0,25, não tem influência no nível de gerenciamento de resultados quando ocorre o aumento da remuneração dos gestores. Esse resultado complementa a discussão, ao demonstrar que a diminuição do gerenciamento de resultados ocorre, apenas, no momento em que os bancos apresentam níveis mediano e alto de gerenciamento de resultados. Uma justificativa para o resultado das empresas alocadas nos quantis 0,10 e 0,25, consiste em que o alto nível de governança e do alto nível regulatório em que as instituições bancárias estão inseridas. Com isso, essa evidência, também, pode contribuir, com as discussões das investigações de Acharya e Volpin (2009) e Burgstahler e Philippon (2006), a respeito da relação entre o incentivo por meio da remuneração dos executivos e o gerenciamento de resultados.

Quanto ao comportamento das variáveis de controle, nota-se que o crescimento da receita não está relacionado com os accruals discricionários. Com isso, as empresas que gerenciam em maior ou em menor magnitude não são sensíveis ao crescimento ou diminuição da receita entre os períodos. Resultado que diverge da literatura, como apontado por Hochberg (2012) e Sincerre et al. (2016). De outra forma, a rentabilidade do ativo não apresentou relação com os accruals discricionários (exceto no quantil 0,75, ao nível de 10%). Desse modo, entende-se que a rentabilidade dos ativos não tem reflexo no nível de gerenciamento de resultados dos bancos brasileiros, o que está em contraponto com as evidências de Dechow et al. (1995), Sincerre et al. (2016), Consoni, Colauto e Lima (2017).

Ressalta-se, ainda, a relação entre o tamanho das empresas e os accruals discricionários apenas nos quantis 0,75 e 0,90. Desse modo, as empresas que mais gerenciam os resultados são sensíveis a diminuição dessa manipulação quanto maior o seu porte. Isso pode ser justificado a partir da lógica de que com o aumento do porte dos bancos de capital aberto faz com que essas empresas estejam em maior evidência para os usuários externos. Com isso, a diminuição do gerenciamento de resultados pode ser necessária para não prejudicar a reputação da empresa em relação a esses usuários. Esses achados complementam os trabalhos de Watts e Zimmerman (1986) e Doyle, Ge e MacVay (2007), haja vista que esses autores destacam relação entre o tamanho e a qualidade da informação contábil.

Para fechar, destaca-se que o coeficiente de determinação dos modelos que compreende aos quantis 0,10; 0,25 e 0,50 foi de 0,082; 0,076 e 0,104. Esses resultados demonstram que as variáveis independentes dos quantis 0,10; 0,25 e 0,50 explicam a variação de 8,2%, 7,6% e 10,4%, respectivamente. Destaca-se, ainda, que o coeficiente de determinação dos quantis 0,75 e 0,90 foram de 0,205 e 0,251, de forma respectiva. Desse modo, as variáveis independentes desses modelos (quantis 0,75 e 0,90) explicam a variação dos accruals discricionários em 20,5% e 25,1%.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As companhias realizam diferentes estratégias para alcançar as suas metas, dentre essas, destaca-se o aumento do desempenho econômico-financeiro do período. Uma dessas estratégias para atingir este desempenho consiste em incentivar os colaboradores por meio do aumento no valor da remuneração, em especial, dos gestores que compõe o alto escalão da empresa. Com esse tipo de incentivo, os gestores podem optar por operações associadas a maiores níveis de risco para atingir essa meta estabelecida de desempenho econômico-financeiro para o período. Contudo, para obter maior valor de remuneração, os gestores podem utilizar de estratégias de gerenciamento de resultados com o propósito de atingirem estas metas de desempenho. Entretanto, em setores altamente regulados e com forte governança corporativa pode induzir os gestores a diminuírem estas práticas de gerenciamento de resultados quando ocorre o aumento da remuneração do período. Diante disso, o objetivo desta pesquisa se pautou em analisar a influência da remuneração dos executivos no gerenciamento de resultados nos bancos brasileiros de capital aberto.

Os achados revelam que os maiores níveis, assim como, os níveis medianos de accruals discricionários, que são passíveis de serem gerenciados, diminuem quando ocorre o aumento do incentivo por meio da remuneração dos executivos. Esta evidência contribui com as discussões de Baker, Collins e Reitenga (2003) e Almadi e Lazic (2016), dado que o aumento da remuneração dos executivos é uma forma que pode ser utilizada pelas empresas para mitigar o uso dos accruals discricionários em empresas que estão em ambientes institucionais de alta regulação e forte governança corporativa. Por outro lado, destaca-se que para as empresas com baixos níveis de accruals discricionários, a remuneração dos executivos não exerce influência. Dessa forma, essa evidência pode contribuir para as discussões sobre o tema, pois, o aumento/diminuição do incentivo por meio da remuneração dos executivos em setores com forte governança corporativa e alto nível de regulação não tem potencial de alterar o nível de gerenciamento de resultados quando as empresas apresentam baixo nível de accruals discricionários que são passíveis de serem gerenciados.

Além disso, destaca-se que essas evidências, também, contêm contribuições práticas, sobretudo, para os investidores e analistas do mercado financeiro. Isso, porque, as empresas que mais gerenciam diminuem o nível de manipulação dos resultados a partir da maior proporção da remuneração em relação ao ativo total. Com isso, os investidores podem prever o comportamento das empresas bancárias que apresentam maiores níveis de accruals discricionários que são passíveis de serem gerenciados quando há aumento ou diminuição na remuneração dos executivos e, dessa forma, os possíveis reflexos na qualidade dos relatórios financeiros. Por esse motivo, essa evidência pode contribuir para os investidores no que tange ao nível de qualidade dos relatórios apresentados pelas instituições bancárias, dado que as informações contidas nesses relatórios são utilizadas para a tomada de decisão, em particular, na escolha entre diferentes alternativas de investimento.

Outra evidência complementar encontrada compreende, apenas, as empresas que apresentam os maiores níveis de accruals discricionários, porque, quanto maior o porte destas empresas, nota-se diminuição no nível desses accruals. Com isso, demonstra-se uma implicação a investigações acerca do tema, como os de Watts e Zimmerman (1986) e Doyle, Ge e McVay. (2007). Essa contribuição ocorre, pois, estes trabalhos demonstram que o tamanho está relacionado com o gerenciamento de resultados. Ainda, destaca-se uma implicação prática, haja vista que os bancos que têm os maiores portes (tamanhos) estão em maior evidência para os investidores e credores, além dos órgãos reguladores. Dessa forma, quando estão com maiores níveis de accruals discricionários que são passíveis de serem gerenciados, tendem a diminuírem o uso destes níveis de accruals. Destaca-se, ainda, que isso pode ser devido ao fato da empresa não prejudicar a reputação perante ao mercado.

Esta pesquisa não foi isenta de limitações, dado que a amostra é não probabilística, o que impede a generalização dos resultados, haja vista que o setor bancário brasileiro apresenta características específicas quanto às suas atividades operacionais, além de características institucionais. Outra limitação consiste em não separar os tipos de remuneração dos executivos. Com isso, sugerem-se investigações que possam contemplar o impacto, desses tipos de remuneração dos executivos, em outras formas de manipulação de resultados ao considerar não apenas as de curto prazo, mas as que possam ser prejudiciais no longo prazo nos relatórios financeiros apresentados pelas empresas.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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