UMA ÉTICA PARA O ANTROPOCENO: ALBERT CAMUS COMO PENSADOR DA NATUREZA
DOI:
https://doi.org/10.30611/2022n27id83209Palavras-chave:
Antropoceno, crise ambiental, antropocentrismo, Albert Camus, relação homem-naturezaResumo
o presente trabalho deseja mobilizar o pensamento de Albert Camus como forma de contribuir para o debate contemporâneo sobre o Antropoceno. Popularizado nas últimas décadas, o termo, além de significar a proposta de uma nova época geológica da Terra em razão da ação humana no planeta, costuma também ser utilizado para se referir à crise ambiental em curso. Será mirando mais neste segundo sentido do Antropoceno que mobilizaremos o pensamento camusiano aqui. Apesar de o tema da crise ambiental não ocupar uma posição central no debate público da época de Camus (no tempo do autor, o termo Antropoceno sequer havia sido ventilado), o filósofo demonstra uma notável sensibilidade sobre, por exemplo, a relação homem-natureza. Trata-se de uma sensibilidade que não se prende ao contexto de vida do autor, mas que, segundo acreditamos, é capaz de contribuir para o debate contemporâneo sobre o Antropoceno. Pensador de contextos extremos e crítico da racionalidade antropocêntrica (bem como de suas consequências deletérias para a natureza), Camus oferece uma perspectiva alternativa para pensarmos a relação homem-natureza. Nesse sentido, ao invés de posicionar os humanos acima e/ou separados da natureza, ao invés da tradicional separação dualista natureza/cultura, o autor propõe, conforme argumentamos, participação. Disso decorre uma ética, que, ao mesmo tempo, reconhece e valoriza o elo indissociável entre os humanos e a natureza; um tipo de ética, segundo pensamos, precisamente valiosa para um tempo de incertezas ambientais.
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