DO “PURO ROMANCE” À “OBRA SUPINAMENTE FILOSÓFICA”: O PAPEL DE SÍLVIO ROMERO NA VIRADA DO ROMANCE MACHADIANO
DOI:
https://doi.org/10.30611/33n33id94045Palavras-chave:
Machado de Assis, Sílvio Romero, evolucionismo, cientificismo, pessimismo, ceticismoResumo
O artigo distingue duas relações diferentes entre filosofia e literatura na obra ficcional de Machado de Assis. Em uma primeira, presente ao longo da maior parte da produção literária de Machado, os personagens e enredos ficcionais exemplificam doutrinas e perspectivas filosóficas. Em uma segunda, característica da produção de Machado nos anos 1880-1891, a filosofia e a ciência passam a ser objeto central dos dois romances que publica neste período e da maioria dos seus contos. O artigo propõe que uma polêmica em parte oculta com Sílvio Romero foi decisiva para que a filosofia se tornasse central e explícita neste período da ficção machadiana, especialmente nas Memórias Póstumas de Brás Cubas.
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