A ABSURDA INCONSISTÊNCIA DA ESCRITA: RELAÇÕES ENTRE A NARRATIVA FANTÁSTICA, A MULHER, A MORTE E O MAL.

Autores

  • Francisco Marcelino da Silva
  • Ana Marcia Alves Siqueira

Resumo

O projeto buscou ampliar os estudos do grupo Vertentes do Mal na Literatura. A partir da leitura de contos fantásticos de diferentes autores portugueses, observou-se a presença recorrente de narrativas construídas de forma a entrelaçar a mulher, seu poder de sedução e o mal, ocasionando consequências terríveis, geralmente ligadas à morte. Assim, a pesquisa rediscutiu características da literatura fantástica, em duas baladas e quatro contos portugueses românticos e quatro contos modernos, buscando explorar os recursos estéticos estruturantes do gênero, bem como analisar de que forma estas narrativas apresentam aspectos do imaginário religioso que relaciona o mal à figura feminina e à morte. E ainda, a pesquisa discutiu como a linguagem contribuiu para a organização do gênero, além de verificar como a temática do Mal está relacionada à figura feminina, que recebeu grandes influências da tradição clássica grega e do imaginário religioso cristão aproveitados de diferentes maneiras pelo Romantismo e pela Modernidade, que compartilham valores culturais comuns há muito enraizados no imaginário ocidental. A análise do corpus selecionado ocorreu a partir de pressupostos estéticos e narrativos que permitiram verificar informações substanciais sobre o modo de aproveitamento dos recursos estilísticos próprios do fantástico e do simbolismo ligado às temáticas utilizadas. Assim, nos textos românticos, percebe-se a mulher mais como vítima do Mal advindo de várias instâncias: traição, estupro, assassinato praticados por homens; quando surge o sobrenatural, este representa um castigo para aquele que em vida lhes causou tanta dor e sofrimento. Nas narrativas modernistas (XX), a mulher é aproximada da figura da bruxa medieval, além de relacioná-la à sedução, ao encanto por meio dos seus atributos físicos. Apesar de outras influências estas ainda resguardam muito dos traços da cultura ocidental cristã que criou uma imagem muito negativa e pejorativa da mulher.

Publicado

2017-05-31

Edição

Seção

XXXV Encontro de Iniciação Científica