"HONESTOS" E "VICIADOS": GILBERTO FREYRE, VIAJANTES ESTRANGEIROS E SUAS "INTERPRETAÇÕES"
Resumo
Gilberto Freyre elenca como fonte de informação das mais seguras para o conhecimento da história social do Brasil os livros de viagem de estrangeiros. Textos como os dos franceses Saint-Hilaire e Jean de Léry foram utilizados largamente como referência na consecução de suas obras, inclusive e principalmente na que o alçou a categoria de um intelectual dos mais importantes do país já na década de 1930 - Casa Grande & Senzala. Em maio de 1936, Freyre aceita o convite de José Olympio para dirigir a nova Coleção "Documentos Brasileiros", que pretendia renovar o conhecimento acerca do país com a publicação de trabalhos comprometidos com o conhecimento "verdadeiro" sobre o Brasil. Assim, Freyre, que contava com muita liberdade de escolha, publicou as obras que julgava condizerem com a pretensão de verdade sobre a realidade brasileira, entre elas as obras de viajantes estrangeiros. Viciados foi o adjetivo usado pelo próprio Freyre para designar aqueles viajantes que julgava preconceituosos ou superficiais, logo, não merecedores de credibilidade, muito menos de publicações. Neste artigo estudo o modo como Freyre se apropriou dos livros de viagem para construir a sua tese sobre a formação da sociedade brasileira; discuto o modo como o autor justifica (ou não) a não relevância dos relatos de alguns destes viajantes em suas obras; e convido a se pensar como o prestígio e a autoridade de Freyre, e sua posição frente à Documentos Brasileiros, ajudou na consagração de uns e no "esquecimento" de outros.Publicado
2017-05-31
Edição
Seção
XXXV Encontro de Iniciação Científica
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