VIAGENS E AVENTURAS, MATRIZES TRANSATLÂNTICAS DO LUSO E FRANCO-TROPICALISMO

Autores

  • Ana Cintia Moreira Sales
  • Thiago Krubniki
  • Andrea Borges Leao

Resumo

O projeto intitulado “Viagens e aventuras, matrizes transatlânticas do luso e franco-tropicalismo” teve como objetivo identificar as matrizes do luso-tropicalismo nos livros franceses de viagens ao Brasil que foram comercializados durante o século XIX. Observando a circulação cultural como problema sociológico, a hipótese formulada foi a de que a leitura e apropriação que Gilberto Freyre fez das obras de viagens não é a única possível, uma vez que os temas das narrativas possibilita a identificação de outros modelos de interpretação da dinâmica social oitocentista - estes livros estavam inscritos na circulação transatlântica da cultura entre a Europa e o Brasil. A produção intelectual que se caracteriza no Brasil a partir de meados do século XIX deve-se muito ao comércio de exportação de impressos e livros europeus e, consequentemente, a um fluxo intenso e rápido de circulação internacional de ideias. Gilberto Freyre elaborou em sua obra o conceito de luso-tropicalismo como princípio de interpretação da formação social brasileira. Já os modelos europeus transmitidos por uma rede de produção ficcional cujas tramas abordavam a suposta humanidade selvagem de índios e negros - ou sobre os colonos portugueses e a inevitável mestiçagem -, definem o franco-tropicalismo. A pesquisa selecionou e classificou um corpus de livros publicados nos diversos gêneros das viagens, como as missões científicas e artísticas e as de aventuras, interpretando as obras a partir da leitura também selecionada dos livros de Gilberto Freyre. Para esclarecer o argumento proposto na pesquisa foram eleitos os conceitos de circulação e apropriação cultural. (Chartier, 2008; Mollier, 2003). As narrativas de viagens, se lidas sob a perspectiva da conexão entre os dois conceitos citados, elucidam um dos princípios de formação da cultura brasileira: as travessias e contatos para além dos oceanos entre indivíduos, objetos e ideias (Chartier, 2011).

Publicado

2017-05-31

Edição

Seção

XXXV Encontro de Iniciação Científica