A AFETIVIDADE COGNITIVA: O EXERCÍCIO DA VIOLÊNCIA E SUAS IMPLICAÇÕES ESTÉSICAS EM PULP FICTION

Autores

  • Zeno Queiroz Costa
  • Gabriela dos Santos e Silva
  • Jose Americo Bezerra Saraiva

Resumo

Vencedor de diversos prêmios, Quentin Tarantino vem despertando o interesse da crítica especializada e do público leigo desde sua primeira obra cinematográfica não independente. Contudo, apesar de as produções do cineasta já terem sido examinadas por pesquisadores de diversas áreas de estudo, não encontramos um trabalho em semiótica discursiva que se proponha a realizar uma apreciação de caráter científico da filmografia do diretor americano. Diante disso, com base principalmente na teoria tensiva desenvolvida por Claude Zilberberg, este trabalho tem como principal meta averiguar quais procedimentos cinematográficos são adotados no filme Pulp Fiction (1993) para modular os efeitos de sentido causados pela violência, a fim de examinar os modos como extensidade e intensidade se articulam na construção do espaço tensivo do enunciado fílmico e como isso repercute na experiência estética do enunciatário. Inicialmente, percebe-se que a violência se insere em um regime fundado na regularidade, de forma que as variações intensivas são controladas pela dimensão da extensidade, dificilmente havendo uma saturação de intensidade e, portanto, jamais sendo atribuído à violência um estatuto de acontecimento. Valendo-se, assim, de alguns mecanismos fílmicos, que pretendemos descrever, Tarantino parece investir em andamentos, tonicidades, temporalidades e espacialidades adequados para o exercício da inteligibilidade, isto é, lança mão de procedimentos que promovem mais a apreensão cognitiva das cenas de violência do que a sua experiência afetiva, que permitiria ao enunciatário fruir a obra preponderantemente na dimensão racional. Dessa maneira, a partir de estudos semióticos bastante recentes e, a nosso ver, extremamente adequados aos nossos propósitos, intencionamos ampliar o campo de discussão acerca de um aspecto muito peculiar do trabalho de Quentin Tarantino e lançar luz sobre questões que podem – e devem – ser desenvolvidas em pesquisas futuras.

Publicado

2017-11-08

Edição

Seção

XXXVI Encontro de Iniciação Científica