UM OLHAR SOCIOLÓGICO SOBRE PRÁTICAS EDITORIAIS: A PRODUÇÃO LITERÁRIA PARA O PÚBLICO DE JOVENS-ADULTOS NO BRASIL

Resumo

Esta apresentação surge de um diálogo da pesquisa desenvolvida no Programa de Iniciação Científica, a partir do semestre de 2017.2, intitulada “Atlas do livro infantil e juvenil. Circulação, espaços e mediações” e minha monografia de conclusão de curso sobre a produção, circulação e apropriação de revistas femininas. O estudo da produção literária nos tem permitido compreender dinâmicas do meio social como as trocas e diálogos entre a cultura nacional e a transnacional, as estratégias utilizadas para a consolidação do campo de produção literária infantil e juvenil no Brasil, o antagonismo que separa a literatura erudita – regida pela lógica intelectual – dos best-sellers, regidos pela lógica da produção ampliada e também as funções da literatura, pensadas através do entretenimento e da educação. Isso nos leva a pensar os usos que são feitos pelos leitores dos materiais produzidos, entendendo que esse processo como fundamental para a construção do sentido da obra. Para pensar essas lógicas na atualidade, elejo como espaço de investigação um periódico feminino publicado online e gratuitamente, a Revista Capitolina. Considerando a inserção dos jovens na cultura digital e como isso tem afetado suas práticas culturais, pode-se problematizar as mudanças que a inserção da leitura e da literatura nesse suporte tem causado nas dinâmicas de produção. Os resultados parciais da pesquisa apontam como as esferas de consagração das obras estão passando por processos de desinstitucionalização e como a ideia de autoria tem sido reinventada devido ao intenso diálogo entre escritores e seus leitores. Algumas continuidades são notadas, entretanto, como as permanências de certas fórmulas editoriais, temáticas e estilos de escrita que foram importados ou se tratam de releituras de fórmulas mais antigas, como é o caso dos contos de fadas e suas adaptações pros novos best-sellers. A observação dessas configurações nos permite explorar as intenções de uso por detrás das novas publicações.