O FANTÁSTICO-MARAVILHOSO EM O DEFUNTO, DE EÇA DE QUEIROZ
Resumo
O objetivo deste estudo consiste em delinear de que forma o fantástico-maravilhoso (TODOROV, 1992) se apresenta no conto "O defunto", de Eça de Queiroz, atentando-se, principalmente, -ara o modo como gênero fantástico se manifesta na Literatura Portuguesa (CASTRO, 1974) e os aspectos do Maravilhoso do período medieval (LE GOFF, 1983). O Defunto conta a história de D. Rui de Cárdenas, um jovem cavaleiro, devoto de Nossa Senhora do Pilar, que, em uma de suas idas à igreja, acaba conhecendo e se apaixonando por D. Leonor, esposa de D. Alonso de Lara. Descobrindo as pretensões do jovem Rui, D. Alonso decide vingar-se, tramando uma emboscada para matá-lo. No entanto, no caminho à armadilha, D. Rui se depara com um enforcado de volta à vida, com o intuito de livrá-lo da morte. Esse episódio, no entanto,em vez levá-lo à hesitação, é tratado com muita naturalidade. Dessa maneira, O conto "O defunto" coaduna com o que Todorov (1992) define como fantástico-maravilhoso, uma vez que, ao incorporar concepções do medievo, trata o sobrenatural como algo cotidiano. Observa-se, portanto, que a crença do maravilhoso medieval cristã é confirmada na narrativa, na qual os elementos sobrenaturais são inseridos no universo racional sem terem sua existência questionado pelo simples fato de serem oriundas do poder divino. O sobrenatural, portanto, passa a integrar a realidade como componente natural e inquestionável. Eça cria, à sua maneira, uma narrativa fantástica de cunho histórico e cultural que, de modo geral, reafirma o caráter multifacetado da sua produção literária.Publicado
2017-11-08
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Seção
X Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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