A (MULTI)FUNCIONALIDADE DO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO NO PORTUGUÊS CULTO DE FORTALEZA

Autores

  • Ester Vieira de Lima
  • Marluce Coan

Resumo

O presente estudo faz parte de uma ampla investigação a respeito do pretérito mais-que-perfeito no português cearense. Em outras etapas da pesquisa, buscou-se descrever sua ocorrência diacronicamente, evidenciando a escrita. No projeto atual, buscou-se investigar a ocorrência desse tempo verbal em dados de fala, em um corpus cearense, O PORCUFORT. Os resultados aqui apresentados correspondem ao português culto de Fortaleza com o objetivo principal de comprovar se o pretérito mais-que-perfeito ainda é utilizado na fala, especificamente em sua modalidade culta, e analisar qual forma, simples ou composta, é a mais recorrente. Também se buscou evidenciar a multifuncionalidade desse tempo verbal. A pesquisa baseia-se em pressupostos sociofuncionalistas e obedece à seguinte metodologia: coleta de dados, mapeamento funcional, codificação e análise estatística no programa Goldvarb X. A coleta rendeu um total de 103 dados de pretérito mais-que-perfeito (19 da forma simples e 84 da forma composta) distribuídos em três das seis funções investigadas: passado do passado, passado metafórico e conjuntiva. Ao correlacionarmos essas funções às variáveis independentes formalidade e faixa etária, chegamos às seguintes constatações: a função prototípica do pretérito mais-que-perfeito, a de passado do passado, é predominante na fala culta, sendo a forma composta a mais presente. Com relação à faixa etária, tanto a forma simples quanto a composta são mais usadas por falantes mais jovens. No que diz respeito ao grau de formalidade, a análise dos dados demonstrou que esse tempo verbal, predominantemente via forma composta, é utilizado com mais frequência nos tipos de inquérito diálogo entre dois informantes (D2) e entrevista (DID), que se configuram como menos formais diante das elocuções. A realização desta pesquisa, que traz significativas contribuições para estudos linguísticos regionais, foi viável devido ao suporte financeiro do CNPq.

Publicado

2019-01-14

Edição

Seção

XXXVII Encontro de Iniciação Científica