A (MULTI)FUNCIONALIDADE DO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO NO PORTUGUÊS POPULAR DE FORTALEZA

Autores

  • Mariana Freire Sampaio
  • Marluce Coan

Resumo

A presente pesquisa representa a continuidade de um largo estudo que visa a investigar a ocorrência do pretérito mais-que-perfeito no português do Ceará, correlacionando formas e funções. Em anos anteriores, investigou-se esse tempo verbal em perspectiva diacrônica, nas revistas históricas do Instituto do Ceará. Durante o último ano, a pesquisa voltou-se para o estudo do pretérito mais-que-perfeito no falar cearense, com o objetivo de averiguar, de modo geral, se seu uso ainda é recorrente, sob a premissa de que há certo conservadorismo na fala cearense. Este trabalho dedica-se à análise do mais-que-perfeito no português popular de Fortaleza, por meio do banco de dados NORPOFOR. O trabalho tem como base pressupostos sociofuncionalistas e segue metodologia específica, a qual consiste em coleta, mapeamento e codificação de dados e análise estatística no programa Goldvarb X. O mapeamento funcional detectou 175 dados de pretérito mais-que-perfeito (54 da forma simples e 121 da forma composta) em 36 inquéritos codificando cinco das seis funções esperadas, quais sejam: passado do passado, desiderativa, passado metafórico, conjuntiva e condicional. A pesquisa também considerou fatores sociais, os quais seguiram a estratificação do próprio banco de dados: faixa etária, escolaridade e tipo de inquérito. Os resultados mostram que o pretérito mais-que-perfeito continua presente na fala cearense, sendo predominante a forma composta na função prototípica de passado do passado, mais utilizada por falantes jovens, do Ensino Fundamental e em grau médio de formalidade, ou seja, nos diálogos entre informante e documentador. A forma simples, por outro lado, é exclusiva da função desiderativa, mas ainda compete com a forma composta na função de passado do passado. A continuidade do mapeamento linguístico do português cearense, especificamente do sistema verbal, foi viabilizada graças ao suporte financeiro proveniente do CNPq.

Publicado

2019-01-14

Edição

Seção

XXXVII Encontro de Iniciação Científica