A POLÊMICA DOS PARDAIS: O DEBATE EM TORNO DA INTRODUÇÃO DE UM PÁSSARO EXÓTICO NO BRASIL (1904-1941)

Autores

  • Vinicius Franzoni Delmiro
  • Almir Leal de Oliveira

Resumo

O objetivo desta comunicação de pesquisa é analisar como a introdução dos pardais para o Brasil, dentro do contexto das reformas urbanas no começo do século XX. A introdução do pássaro exótico gerou uma polêmica na imprensa entre os que apoiavam a vinda da ave como Garcia Redondo (1854-1916), e os que a rejeitavam, como Rodolpho von Ihering (1883-1939), com posteriores desdobramentos do debate ao longo das primeiras décadas do século passado. As reformas urbanas na então Capital Federal, foram iniciativas da administração municipal de Pereira Passos, que com o regime republicano consolidado, queria apagar as marcas dos períodos colonial e imperial na cidade. As ruas estreitas e lotadas de pessoas, vendedores ambulantes dos mais variados produtos, com casebres e cortiços de arquitetura colonial ditos insalubres e com grande quantidade de epidemias, deixavam a elite brasileira preocupada, principalmente com a interrupção do comércio realizado no porto. A abertura de uma grande avenida (boulevard), a destruição de cortiços, proibição de pequenos hábitos de comportamento característicos da população, bem como vacinação obrigatória foram alguns dos pontos principais da reforma urbanística e sanitarista, sempre no intuito de passar uma borracha no visual da cidade e “limpar” as ruas e a população mais pobre. O porto do Rio, sobrecarregado por conta do excesso de exportações do café e com as importações de artigos de luxo da burguesia brasileira, passou por grande reforma, dentro e no seu entorno. Estas reformas foram claramente inspiradas na reforma do barão Haussmann em Paris, que ocorreu em meados do século XIX, quando a capital parisiense passou por transformações semelhantes. O pardal, pássaro muito comum nos parques parisienses, foi então trazido para o Brasil, para completar a questão do embelezamento da cidade, com o típico pássaro estrangeiro adornando os jardins (europeizados) do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Publicado

2019-01-14

Edição

Seção

XXXVII Encontro de Iniciação Científica