A RELAÇÃO SER HUMANO-NATUREZA DENTRO DAS PRÁTICAS AFRO-RELIGIOSAS

Autores

  • Ana Melissa Morais Ribeiro
  • ANGÉLICA MARIA DA SILVA
  • Flavio Rodrigues do Nascimento

Resumo

No Brasil a violência histórica e a segregação praticadas contra o povo negro se refletem em diferentes níveis de racismo. O preconceito contra religiões afro brasileiras tem sido invisibilizador de relações e práticas que muito têm a contribuir na compreensão e na construção do espaço geográfico. O Candomblé é uma religião afro-brasileira trazida pelos Iorubás, um dos maiores grupos etno-linguísticos da África Ocidental. Tem suas raízes no sincretismo religioso entre a cosmovisão africana e as vivências atravessadas por gerações do povo negro repassadas através da oralidade. A cosmovisão africana baseia-se em um pensamento circular onde tudo está em constante movimento e há uma multiplicidade de significâncias nos elementos materiais e imateriais. Essa consciência constitui uma visão sobre a relação ser humano-natureza na qual ambos compõem uma simbiose rica de fluxos, multiplicidades e possibilidades. Ela se evidencia fortemente no aspecto religioso e se materializa nos terreiros, espaços onde esta relação alcança seu auge nas práticas religiosas diretamente ligadas à natureza. Tais espaços são, ao mesmo tempo, lugares de acolhimento, portanto, de identidade e territórios de resistência. Esta pesquisa busca compreender o espaço afro-religioso do terreiro de Candomblé enquanto território de resistência e investigar a relação ser humano-natureza, utilizando-se de leituras bibliográficas, vivências, memórias e oralidades como metodologias. Os resultados preliminares são perceber que a relação sociedade natureza, tão estudada dentro da Ciência, é ainda vista predominantemente sob uma perspectiva europeia que limita a compreensão do espaço como um todo, e apesar da diversidade presente nos terreiros ainda são parcos os caminhos abertos dentro da universidade sobre esse tipo de pesquisa. Desta forma, conclui-se que este tema deve ser mais valorizado sob óticas acadêmicas para que se possa abrir novos caminhos para outras formas de compreender e transformar o mundo.

Publicado

2019-01-14

Edição

Seção

XXXVII Encontro de Iniciação Científica