AS RELAÇÕES ENTRE ANATOMIA E LINGUAGEM NAS ORIGENS DA PSICANÁLISE

Autores

  • Nicolas Goncalves de Queiroz
  • Maria Aparecida de Paiva Montenegro

Resumo

O presente estudo pretende uma discussão epistemológica do período inicial do pensamento de Freud a fim de demonstrar a importância desse momento para a constituição da psicanálise. Foram selecionados os textos do período de 1886-1889 e elencou-se aqueles que mais contribuem para a discussão acerca da relação entre Anatomia e Linguagem. Essa problemática pode ser analisada do ponto de vista de dois fenômenos: Afasia e Histeria. Na ''Concepção das Afasias'' Freud propõe uma teoria funcional dos distúrbios de linguagem, opondo-se à teoria de Broca-Wernicke, a qual estabelece que para cada afasia há uma lesão correlata em uma área cerebral. Deste modo, possibilita-se uma certa dissociação da linguagem com a dimensão anatomofisiológica. Na ''Comunicação Preliminar'' a histeria é entendida como uma neurose suscitada por um trauma psíquico não ab-reagido que é convertido em um sintoma corporal, sendo este uma reminiscência do trauma. Diante disto, surge a necessidade de compreender em que se fundamenta o sintoma, especificamente, as paralisias. Para tanto, compara-se as paralisias histéricas com as orgânicas e observa-se que a histeria se comporta como se a anatomia não existisse, pois toma o corpo não em termos anatômicos, mas em termos da linguagem vulgar. Portanto, os sintomas da histeria concernem ao plano simbólico, ou seja, ao significado que o paciente atribui ao evento traumático. Sob o prisma dessas constatações, conclui-se que uma das características deste período do pensamento freudiano é o esforço de legitimar um saber sobre o psiquismo independente da neuroanatomia, aproximando a sua teoria do psíquico do âmbito das questões da linguagem.

Publicado

2019-01-14

Edição

Seção

XXXVII Encontro de Iniciação Científica