CARANGUEJOS-ERMITÕES DE ESTUÁRIOS TROPICAIS ESCOLHEM AS CONCHAS DE MOLUSCOS PARA OCUPAREM?

Resumo

Os caranguejos ermitões, possuem esse nome por utilizarem as conchas como abrigo. Essa associação é bastante específica, de modo que esses crustáceos sofreram várias adaptações morfológicas, sendo essa relação vital para a sua sobrevivência. Nesse sentido, o trabalho objetiva identificar e quantificar a diversidade de conchas usadas pelas espécies Clibanarius sclopetarius e C. symmetricus em três estuários cearenses. Para isso, foram realizadas 4 coletas entre 2017 a 2018, nos estuários do rio Acaraú, rio Pacoti e complexo estuarino dos rios Timonha-Ubatuba no Estado do Ceará. Ambas as espécies foram coletados em região de entremaré pelo método de captura por unidade esforço - CPUE, com o tempo de 30 minutos. No laboratório de Ecologia de Organismos Aquáticos – LEA, do Depto de Biologia da Universidade Federal do Ceará, os animais foram sacrificados. Utilizando a literatura especializado, foram identificadas as espécies dos caranguejos e das conchas. Para a avaliação quantitativa dos dados foi utilizado o programa Microsoft Excel. Os indivíduos foram analisados 1844 C. sclopetarius e 2130 C. symmetricus, distribuídos em 18 espécies de gastrópode identificados. No estuário dos rios Timonha e Ubatuba 488 C. sclopetarius e 560 C. symmetricus fizeram uso de Pugilina tupiniquim Abbate & Simone, 2015. Nos rios Pacoti e no Acaraú, 598 e 96 C. sclopetarius e 36 e 1104 C. symmetricus respectivamente se abrigavam em conchas de P. tupiniquim. As espécies P. tupiniquim, Thaisella coronata (Lamarck, 1816) e Stramonita brasiliensis Claremont & D. G. Reid, 2011 foram as mais utilizadas por esses caranguejos. As conchas mais raras encontradas foram Bulla occidentalis A. Adams, 1850 e Monoplex pilearis (Linnaeus, 1758). Assim, foi possível notar preferência dos ermitões por uma espécie, o que pode estar relacionado com a disponibilidade deste recurso ou caracteres estruturais da concha selecionados na evolução desses crustáceos.