DIAGNÓSTICO FISIOPSICOLÓGICO DA DÉCADENCE ARTÍSTICA EM “O CASO WAGNER” E “ECCE HOMO”

Resumo

Friedrich Nietzsche escreveu, em 1888, seus últimos escritos: O Caso Wagner, Crepúsculo dos Ídolos, O Anticristo e Ecce homo. Esse período, além de designar um momento de grande produtividade e criação para o filósofo alemão, revela o quanto refletiu acerca da questão da décadence. Em sua autobiografia intelectual, Ecce homo, termina por dedicar um capítulo especial para O Caso Wagner, redimensionando retrospectivamente o que foi tratado no livro em questão. Tendo vista esse horizonte hermenêutico, este trabalho teve como objetivo central verificar se, na prática, aquilo que Nietzsche diz ter feito em O Caso Wagner, no capítulo destinado a tal escrito em Ecce homo, corresponde ao que ele realmente torna operatório no livro. Ou seja, em que medida aquilo que ele diz sobre o livro O Caso Wagner em sua autobiografia corresponde realmente ao que ele nele escreveu. Para tanto, foram realizadas leituras dos dois livros e levantamentos bibliográficos e leituras complementares no intuito de aprofundar a análise da relação entre os dois textos. À primeira vista, O Caso Wagner parece conter diagnósticos apenas estéticos, porém, as críticas aparentemente estéticas mascaram uma sintomatologia visceral da cultura, fazendo intervir, não por acaso, a ideia de décadence artística como decadência fisiopsicológica. Relacionando as duas obras do filósofo, Wagner parece ter sido situado ironicamente como operador teórico em uma espécie de jogo de escalas, do qual Nietzsche se utiliza para tratar de um problema que diagnosticou desde O Nascimento da Tragédia - a decadência de uma cultura, precisamente, a alemã - em que a arte da décadence constitui o exame da psicologia da época. Agradecimentos ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) pela concessão da bolsa PIBIC/IC-Voluntária através da qual foi possível a realização deste trabalho relacionado aos resultados do projeto “Modernidade artística e décadence fisiopsicológica: ‘O Caso Wagner’ de Nietzsche”.