DO QUE NÃO SE FEZ ESPELHO NA POESIA DE LEANDRO GOMES DE BARROS

Autores

  • Arusha Kelly Carvalho de Oliveira
  • Stelio Torquato Lima

Resumo

Este estudo discorre sobre aspectos da poesia de Leandro Gomes de Barros (1865-1918) que não foram reproduzidos pelas gerações de poetas populares que tinham no bardo de Pombal uma referência de criação literária. A análise tem seu foco em questões relacionadas com a estrutura poética do cordel (rima, estrofe, metro, etc.), embora também se ocupe de outros mecanismos utilizados por Leandro no processo de composição de seus folhetos. Vivendo em uma época em que a literatura de folhetos dava seus primeiros passos no Brasil, Leandro Gomes de Barros praticamente não contou, no plano do cordel nordestino, com referências que pudesse seguir para escrever suas obras. Para suprir essa lacuna, o autor talvez tenha tomado contato com a obra de autores estrangeiros, principalmente portugueses, que tinham suas obras editadas no Brasil. Havia ainda as cópias manuscritas e as que circulavam em sua forma oral. Havia ainda a poesia erudita, que foi lida por Leandro. Certo mesmo como modelo era a cantoria, de onde saíram vários gêneros que o cordel incorporou. Se a ausência de modelos poderia ser um obstáculo para a sua produção literária, Leandro soube se aproveitar da inexistência de regras para fazer experimentações, deixando que os leitores fossem apontando os gêneros, temas e fórmulas narrativas que mais os agradavam. Nesse processo, o autor foi, aos poucos, sedimentando padrões que formariam uma tradição, definindo tacitamente as regras que iriam ser seguidas pelos poetas populares que o sucederam. Se alguns aspectos de sua poesia passaram a ser vistos como uma regra de criação literária – incluindo-se aí os quatro tipos de estrofes, a preferência pela sextilha e pela redondilha maior, os gêneros, etc. –, outros terminaram caindo no esquecimento, não sendo reproduzidos pela maioria dos novos poetas populares. Leandro Gomes de Barros tornou-se o modelo maior, a referência principal para a legião de cordelistas que, até hoje, reproduzindo o legado deixado pelo bardo pombalense.

Publicado

2019-01-14

Edição

Seção

XXXVII Encontro de Iniciação Científica