ESTUDO FITOQUÍMICO DE PLANTAS MEDICINAIS DO NORDESTE: CROTON BLANCHETIANUS E SIDEROXYLON OBTUSIFOLIUM

Resumo

A caatinga, vegetação típica do Nordeste do Brasil, é rica em plantas que têm algum uso etnobotânico como medicinal. Entre estas estão incluídas o marmeleiro-preto (Croton blanchetianus Baill.), cuja casca, na forma de macerado, é usada contra problemas intestinais, e a quixaba, ou quixabeira (Sideroxylon obtusifolium Roem. & Schult.), cuja decocção é empregada como anti-inflamatório. Ambas já foram submetidas a estudo integrado químico-farmacológico no nosso grupo de pesquisa. No entanto, em estudo recente, as folhas de 6, dos 19 espécimes individuais de marmeleiro-preto coletados nos municípios de Bixopá e São Miguel, no Ceará, forneceram óleos essenciais, obtidos por arraste com vapor dágua, com uma coloração azul intensa, revelando uma variedade diferente para a referida espécie. Cromatografia gravitacional, sobre gel de sílica, desses óleos, permitiu o isolamento e caracterização de guaiazuleno (1,4-dimetil-7-isopropil-azuleno) que revelou um comportamento anômalo ao ser analisado por RMN 1H. Com relação à quixabeira, o decocto liofilizado, obtido a partir das folhas secas, foi submetido à extração sólido-liquido gerando a fração metanólica, farmacologicamente ativa como anti-inflamatório. Processos cromatográficos, sobre gel de sílica, foram utilizados para determinar estimativamente o teor de trans-4-hidroxi-(2S,4R)-N-metil-L-prolina (THNMP), a substância majoritária da referida fração, provavelmente responsável pela atividade farmacológica. A THNMP obtida foi submetida a testes como anti-inflamatório, no Departamento de Farmacologia da UFC, visando comprovar esta hipótese, além da determinação da atividade cicatrizante da mesma.