EXISTE DUPLA DESVANTAGEM SALARIAL PARA MULHERES MIGRANTES? ANÁLISE PARA O MUNICÍPIO DE FORTALEZA

Resumo

No trabalho é realizada a análise, a partir de dados do Censo 2010, fornecidos pelo IBGE, da existência, ou não, de dupla desvantagem salarial para as mulheres migrantes de Fortaleza vindas de outros municípios do Ceará, em relação a homens e mulheres não migrantes e em relação a homens migrantes. Para realizar a análise é feito o seguinte procedimento: primeiro, estima-se o efeito de atributos pessoais, familiares e características do trabalho dos diferentes grupos (homens migrantes, mulheres não migrantes e mulheres migrantes) sobre o logarítmo da renda por hora trabalhada, através do método de regressão por mínimos quadrados. Segundo, é utilizado o modelo de Decomposição de Blinder-Oaxaca(1973), utilizado para análise da diferença de salários, separando a composição da diferença de salários por características observáveis, que derivaram de diferenças nos níveis de atributos dos indivíduos, e de características não observáveis, que indicam uma diferença salarial para indivíduos com mesmos níveis de atributos. Para isso, estima-se a equação de salário mincerianas para os dois grupos que serão analisados e subtrai uma equação da outra. Reescrevendo a diferenciação dos dois salários através de decomposição two-folds, encontra- se os dois componentes que explicam o diferencial de salários entre os dois grupos. Para primeira análise, onde foram comparadas as mulheres não migrantes em relação às migrantes, verificou-se que o segundo grupo sofre desvantagem salarial praticamente devido a características observáveis, sendo pouco explicado por características não observáveis. Já para a segunda análise, em que foi comparado o grupo de homens migrantes em relação às mulheres migrantes, foi verificado que o primeiro grupo possui vantagem salarial exclusivamente por características não observáveis, de modo que as características observáveis são irrelevantes estatisticamente.