"MUNDO DO CRIME" E FORMAS DE SOBREVIVÊNCIA: UM ESTUDO SOBRE JOVENS INSERIDOS EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE NA PERIFERIA DE FORTALEZA.

Resumo

Esta pesquisa apresenta um estudo sobre as formas estratégicas de sobrevivência de jovens inseridos em contexto de criminalidade e violência na periferia de Fortaleza. No universo das práticas criminosas ou “mundo do crime”, os sujeitos sociais praticantes de assaltos, roubos ou que realizam atividades decorrentes da comercialização ilegal de drogas são comumente reconhecidos como “envolvidos”. Este trabalho busca realizar uma análise sobre histórias de vida de “ex-envolvidos”, ou seja, pessoas que passaram pelo “mundo do crime”. Pretende-se compreender e explicar os processos de construção dos modos de subjetividade de jovens que possuem histórias de vivências marcadas pela presença ativa nas práticas de criminalidade e violência. A análise conceitual tem como base os estudos de Goffman (1989) sobre a construção sociológica do Eu. O processo de construção de subjetividades à luz da teoria do autor permite a compreensão de categorias nativas como “bandido”, “marginal”, “envolvido” que formam a identidade dos agentes sociais estudados. Para a compreensão dos modos de estruturação social que influenciam e constituem o meio que os sujeitos “ex-envolvidos” ocupam, utilizamos o trabalho de Bourdieu (2007). A pesquisa, ainda em processo de construção, realiza-se no Bom Jardim, bairro periférico reconhecido como um dos territórios mais perigosos de Fortaleza. A metodologia utilizada se constitui de uma inserção no campo que resultou, a partir de uma intensa observação, em diários de campo, relatórios e uma análise descritiva das práticas interativas de jovens “envolvidos” e “ex-envolvidos” com o “mundo do crime”. Utiliza-se como meio de análise de histórias de vida, entrevistas em profundidade com os sujeitos sociais estudados. Os primeiros resultados obtidos permitem observar que após a recente intensificação da violência na cidade de Fortaleza alguns jovens abandonaram suas “carreiras criminais”, enquanto outros reforçaram e fortaleceram suas práticas delituosas.