A FORMA E A NORMA: CONSIDERAÇÕES DISCURSIVAS SOBRE OS PROCESSOS DE NORMATIZAÇÃO CIENTÍFICA
Resumo
Esta pesquisa é fruto das discussões sobre as práticas e os letramentos acadêmicos desenvolvidos na monitoria da disciplina Leitura e Produção de Textos Acadêmicos, no Curso de Letras da Universidade Federal do Ceará. Objetivamos apresentar, de um ponto de vista da Análise do Discurso, como compreendemos a formatação dos textos científicos enquanto reflexo e refração das práticas desse discurso, em oposição ao caráter prescritivo muitas vezes transposto para didáticas de ensino de metodologia científica. Para tanto, embasamo-nos nos conceitos de Maingueneau (2001, 2006, 2008), nos apontamentos de Costa (2011) e nas considerações de Sousa (1987). A princípio, não negamos o caráter normativo estabilizado pelas instituições científicas, principalmente, movidas pela autoafirmação de um posicionamento moderno em oposição ao senso comum e à linguagem rotineira. Contudo, com a ascensão de um posicionamento pós-moderno contestador do paradigma anterior, além de outros ressurgidos agrupamentos discursivos avessos à ciência moderna, um dos principais aspectos criticados é a barreira linguística entre a sociedade e esse discurso. Os investimentos que caracterizam, em termos de cenografia e ethos, o texto acadêmico são postos em xeque sob diversas críticas de base social, e, segundo percebemos, essa atitude é (re) produzida também nos espaços científicos, principalmente, no ensino de metodologia científica. Acreditamos que os aspectos ditos formais são também índices do tratamento conteudístico, afinal, sendo a ciência um discurso constituinte, essa requer um investimento em um código de linguagem, uma cenografia e um ethos específicos. Portanto, faz-se necessário redescobrir a ciência enquanto discurso e compreender as estratégias linguageiras como uma parte integrante desse campo.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XXVIII Encontro de Iniciação à Docência
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