A DISCIPLINA FORMAÇÃO INTERCULTURAL E A ABORDAGEM DAS QUESTÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NA FORMAÇÃO INICIAL DE DOCENTES

Resumo

Este estudo tem por objetivo refletir sobre a importância da disciplina de Formação Intercultural no curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (FACED/UFC) para o enfrentamento do pânico moral vigente na sociedade brasileira atual sobre as questões de gênero e sexualidade, com foco em seus desdobramentos na educação. Para tanto, a análise é qualitativa e de base documental. A metodologia consistiu na investigação de fatos históricos ocorridos entre os anos de 2010 e 2020 que colaboraram na propagação do pânico moral sobre as questões de gênero e sexualidade no país; o Kit Gay (vetado em 2011 pela então presidente Dilma Rousseff), a exposição Queermuseu ocorrida em duas grandes cidades brasileiras nos anos de 2017 e 2018, a vinda da filósofa estadunidense Judith Butler ao Brasil no mesmo período e o avanço do conservadorismo retrógrado que, entre outras coisas, apoiava-se (e ainda o faz) no espantalho moral da “ideologia de gênero”, discurso esse que impulsionou a campanha presidencial de Jair Bolsonaro em 2018. O referencial teórico apoia-se nas contribuições de Miskolci (2017; 2018), Louro (2013) e Candau (2000). De acordo com as análises, tais acontecimentos foram de grande importância para a propagação do pânico moral sobre as questões de gênero e sexualidade no país dificultando uma abordagem crítica dessas temáticas em sala de aula, seja pela ausência de formação e instrução de docentes e/ou pelo medo de sofrerem represálias pelas instituições de ensino, por familiares e estudantes. Nesse sentido, as discussões promovidas pela disciplina de Formação Intercultural podem colaborar na formação docente envolvendo as questões de gênero e sexualidade na educação, ao passo em que colabora para o fim desse pânico moral entre estudantes dos cursos de Pedagogia da FACED/UFC.