A VARIAÇÃO DAS VOGAIS MÉDIAS POSTÔNICAS NÃO-FINAIS NO FALAR FORTALEZENSE EM COMPARAÇÃO COM O MESMO PROCESSO NO FALAR DE ALGUMAS LOCALIDADES DO INTERIOR DO CEARÁ: A PARTIR DOS DADOS DO PROJETO ALIB

Autores

  • Dominick Maia Alexandre
  • Maria Silvana Militao de Alencar

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo investigar a variação no vocalismo das vogais médias postônicas não-finais em palavras proparoxítonas no português brasileiro falado em doze cidades cearenses, a partir dos dados do Questionário Fonético-Fonológico (QFF) do Projeto Atlas Linguístico do Brasil - ALiB. À luz de teóricos como Câmara Jr. (1970), Bisol (2003, 2010), Labov (1972), Macambira (1985) e Silva (1999), o mesmo processo fonológico foi comparado entre Fortaleza e onze localidades do interior do Estado. Foram identificadas regularidades e variações num contexto de tonicidade estruturalmente instável e peculiar, visto que as proparoxítonas representam o padrão acentual menos produtivo da língua portuguesa. Para tanto, catalogamos todos os itens lexicais proparoxítonos de 48 questionários do ALiB, isto é, de 4 informantes de cada cidade. Em seguida, listamos as palavras que continham vogais médias junto à sua transcrição fonética, bem como apontamos suas diferenças de vocalismo, levando em conta a ocorrência de levantamento, abaixamento ou apagamento de tais vogais, ou ainda, apagamento de toda a sílaba. Os resultados da pesquisa permitiram verificarmos que o apagamento da sílaba postônica não-final foi mínimo, simbolizando que todos os falantes percebem a presença da vogal. Contudo, observou-se, ainda, grande variação na pronúncia de tais vogais, mesmo entre os falantes da mesma cidade. As vogais média postônicas não-finais foram pronunciadas como vogais postônicas átonas [ɪ] e [ʊ], vogais média-altas [e] e [o], e até mesmo como vogais média-baixas [ɛ] e [ɔ], processo mais comum entre os cearenses com a pronúncia de vogais médias pretônicas. Este trabalho permitiu, a priori, uma comparação em maior escala que os trabalhos anteriores com a mesma temática, mas também traz dados que questionam a produtividade do apagamento da vogal postônica não-final entre os falantes carentes, havendo até mesmo a invenção de novas palavras proparoxítonas pelos informantes.

Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

XXIX Encontro de Iniciação à Docência