ANÁLISE DOS EFEITOS FINANCEIROS DAS POLÍTICAS CONTÁBEIS APLICÁVEIS À MENSURAÇÃO DE ESTOQUES NAS EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO EM FUNÇÃO DO ENFRENTAMENTO AO COVID-19.

Resumo

No Brasil, as empresas de capital aberto são orientadas a refletir em suas demonstrações financeiras os impactos ocasionados pelo Covid-19 (CVM, Ofícios Circulares nº 02/20 e nº 03/20). O estudo foi desenvolvido no intuito de apresentar evidências nas políticas contábeis aplicáveis à mensuração do Ativo Estoques, apresentado nos relatórios financeiros das empresas de sociedade por ações, os efeitos proporcionados pela pandemia. Através de análise qualitativa de pesquisa documental, foram analisados os três primeiros relatórios trimestrais do ano de 2020 de sete empresas do setor de varejo em vestuário registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Dos resultados, em relação ao primeiro trimestre, devido ao lockdown, além da Avaliação do Valor Realizável Líquido dos estoques, 42,9% das empresas buscaram outras estratégias gerenciais com intuito de realização de seus estoques e, consequentemente, influenciar para que não se reconhecesse essas perdas estimadas na realização. O restante apenas seguiu as orientações dadas pela CVM em relação às suas divulgações. No segundo semestre, todas as empresas apresentaram em suas notas explicativas um foco no provisionamento de perdas de estoques, embora seja apenas como procedimento padrão e não como resultado dos efeitos da pandemia. Três empresas tiveram seu direcionamento para escoamento dos estoques. Por fim, no terceiro trimestre, todas as empresas estavam adequadas ao contexto da pandemia, resultando apenas na divulgação das informações de acordo com as orientações da entidade autárquica fiscalizadora. Em síntese, todas as empresas seguiram as orientações dadas pelos ofícios circulares da CVM. Com base nos resultados apresentados, verifica-se que não houve efeito significativo de políticas contábeis aplicáveis à mensuração de estoque em decorrência do novo coronavírus. Ademais, verifica-se que as empresas varejistas estudadas não perderam valor recuperável nesses itens principais de suas atividades operacionais.