É POSSÍVEL EDUCAR SEM CORPOS? A EXPERIÊNCIA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NA PANDEMIA

Resumo

Este trabalho mostra como a educação é constituída pela passagem de corpos que se atravessam, por meio da relação de sujeitos que se (de)marcam. Em outras palavras, a alteridade educativa se refere à passagem singular de corpos que se atravessam na experiência de educar, de uma educação como alteridade e desta como corpo educativo. Desta forma, cabe a seguinte indagação: é possível educar sem corpos? Para respondê-la, traremos nossa experiência de iniciação à docência na pandemia, através de um relato/reflexão oportunizado pela experiência de monitoria nas disciplinas de Psicologia Escolar/Educacional I e II vinculadas ao curso de Psicologia, com fomento do Programa de Iniciação à Docência da Universidade Federal do Ceará (PID/UFC). Nesse ínterim, se percebeu como a presença nas salas virtuais esteve relacionada com a impermanência de corpos que não eram vistos, tampouco sentidos, dada a opção de desligamento de câmeras/vídeos, microfones e pelo distanciamento físico. Mas que se moviam cotidianamente na invenção de outras formas de presença, posto que o presente ao molde presencial já não era mais possível nas plataformas virtuais. Nisto, ressalta-se o aparecimento nas aulas das diversas mensagens de texto, via chat, que se multiplicavam em número e conteúdo, assim, presentificando corpos. Também movidos pela impermanência da presença refletimos sobre a práxis docente, cuja implicação nos direcionou ao reposicionamento de questões tão importantes para a experiência de educar, dentre estas: à atitude pedagógica de pensar a educação; às diferenças entre participação, presentificação e intervenção em sala de aula; ao resgate da infância e de suas potências educativas através da abertura às perguntas, ao ato de perguntar.  Ensaiamos, por fim, apresentando que a alteridade educativa tem relação com corpos que perguntam, com presenças impermanentes e com o movimento inventivo de educar.