Gripe espanhola: impactos socioeconômicos e lições para 2020

Autores

  • Francisco Lucas Pereira Mota
  • Felipe de Sousa Bastos

Resumo

Diante de uma pandemia que em alguma medida afeta o bem-estar de todos, é importante entender seus possíveis impactos na sociedade, seja do ponto de vista econômico ou sanitário. Apesar dos níveis de conhecimento e tecnologia existentes atualmente serem maiores do que aqueles de um século atrás, os impactos provocados pela pandemia de gripe espanhola podem fornecer lições importantes para o presente. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é apresentar um panorama histórico dos efeitos da epidemia de influenza de 1918, conhecida como gripe espanhola, e seus impactos na saúde e economia global. Para tal, utilizam-se como referência os resultados de artigos científicos relacionados ao tema. A estimativa é que o número de infectados de influenza entre 1918 e 1919 girem em torno de 500 milhões de pessoas (cerca de um terço da população) distribuídos entre os combatentes da 1° Guerra Mundial e os civis ao redor do globo. Estudos mostram que a influenza atingiu a saúde da população não apenas no período de pandemia, alcançando também a próxima geração, sendo comprovado a partir da teoria das origens fetais (defende que a exposição fetal ao ambiente materno intrauterino pode causar impacto na saúde subsequente). Os resultados mostram que para o coorte de nascimento em 1919, a probabilidade de nascer com deficiência e de adquirir ao passar dos anos doenças cardíacas, diabetes e hipertensão eram altas. O estudo também mostra que para esse mesmo coorte o desempenho acadêmico era menor em comparação os demais coortes, o mesmo acontecendo em relação ao desempenho no mercado de trabalho. Do ponto de vista estritamente econômico e no curto e médio prazo, os resultados mostram que alguns países da Europa sofreram com desastres macroeconômicos devido à queda do PIB, enquanto outros países europeus tiveram graves problemas devido à queda do consumo. Na economia americana, por exemplo, houve queda no PIB em 1919 e estagnação em 1920, apresentando sinais de recuperação em 1921.

Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

XXIX Encontro de Iniciação à Docência