SAÚDE COLETIVA E PSICANÁLISE: POSSIBILIDADES PARA AS PRÁTICAS EM SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Autores

  • Jomábia Cristina Gonçalves dos Santos
  • Camilla Araujo Lopes Vieira

Resumo

Este trabalho objetiva refletir sobre as possibilidades de atuação fundamentada em uma compreensão psicanalítica no contexto da Atenção Primária a Saúde (APS). Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica realizada a partir da inserção de uma psicóloga em um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade. Para atuação do psicanalista em instituições, retomam-se as recomendações de Freud sobre as técnicas fundamentais de sua teoria. Na APS, o psicanalista poderá oferecer a escuta de questões inconscientes, de modo que o sujeito possa se implicar em seu adoecimento e elaborar suas angústias. Além de atendimentos individuais, propõem-se a realização de interconsultas e atividades de promoção e prevenção em saúde mental. Nesses espaços, pode-se disparar a compreensão de que nem sempre os sintomas correspondem a disfunções orgânicas, sendo indispensável promover o acolhimento da fala do usuário. A prática psicanalítica na APS resgata a discussão da complexidade do sofrimento psíquico, estimulando o entendimento de que este é multideterminado e possui aspectos relacionais e sociais, conscientes e inconscientes, com demandas que podem ser dirimidas no campo da saúde e outras que precisam ser apropriadas pelos usuários, deslocando a implicação deles aos seus processos de cuidado. Através do acolhimento das demandas, de suas interrogações, via espaços de escuta mobilizados no cotidiano da Unidade Básica de Saúde, juntamente com o estabelecimento do vínculo transferencial, a equipe é capaz de favorecer um cuidado pautado nas bases da Reforma Psiquiátrica e da Clínica Ampliada, rompendo com estereótipos que não contribuem para a melhoria das condições de vida dos usuários.

Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

XIII Encontro de Pesquisa de Pós-Graduação