COMPOSIÇÃO DA MICROBIOTA ORAL NA CÁRIE NA PRIMEIRA INFÂNCIA: REVISÃO DE LITERATURA

Resumo

A cárie na primeira infância (CPI) é considerada um grave problema de saúde pública em todo o mundo. Contudo, muitos aspectos ainda devem ser explorados acerca da microbiota oral associada à CPI. Os avanços em biologia molecular permitem uma maior compreensão das contribuições microbianas para a etiologia e patogênese da CPI. O presente trabalho objetivou realizar uma revisão de literatura sobre os microorganismos presentes em amostras de crianças com CPI através de sequenciamento do gene 16S rRNA. Para isso, uma busca na base de dados PubMed foi realizada usando os seguintes termos: “biofilms”, “dental plaque”, “early childhood caries” e “Sequence Analysis, DNA”. Foram obtidos 45 artigos e 10 foram selecionados, excluindo-se revisões de literatura e estudos com saliva. Os estudos revelam uma complexa composição da microbiota envolvida na patogênese da CPI, incluindo os gêneros Streptococcus, Bifidobacterium, Veillonella, Lactobacillus, Olsenella, Actinomyces, Prevotella, Propionibacterium. Os artigos selecionados apontaram uma abundância significativamente maior de Streptococcus mutans, Lactobacillus fermentum, Neisseria sica e Veilonella dispar em crianças com CPI, em comparação àquelas livres de cárie. Observou-se em um dos estudos selecionados que a espécie bacteriana Scardovia wiggsiae apresentou níveis em média 7 vezes maiores em crianças com CPI severa quando comparada com crianças livres de cárie. Além desses microrganismos, também foram detectadas concentrações significativamente maiores de Alloprevotella, Granulicatella elegans, Prevotella melaninogenica e uma espécie de Haemophilus em pacientes com CPI severa. Estudos de perfis microbianos a partir do gene 16S rRNA demonstram a complexidade e diversidade de bactérias na composição do biofilme oral de crianças com CPI, sendo importantes para entender a patogênese da cárie dentária e para o desenvolvimento de novas abordagens para o tratamento desta doença. .