O papel da indústria cinematográfica brasileira na replicação de estereótipos atribuídos a mulheres negras no Brasil: À luz das discussões de empoderamento e desempoderamento

Autores

  • Larissa Ferreira Rodrigues
  • Natália Santos Marques

Resumo

O presente trabalho avaliou a replicação de estereótipos de empoderamento e desempoderamento de mulheres negras nos 10 filmes de maior bilheteria do cinema brasileiro listados pela Agência Nacional do Cinema (ANCINE) em sua plataforma digital. Ao todo, foram analisados 80 filmes. Nesses, foi investigada a presença dos estereótipos de mulheres negras discutidos por Gonzalez (2018): mãe preta, doméstica e mulata. Os resultados foram discutidos à luz das proposições sobre empoderamento e desempoderamento de Baquero (2012). Para identificar a presença dos estereótipos, foi realizado o acordo entre dois observadores, em que foi utilizado um formulário online, que contou com 239 personagens do núcleo central dos filmes. Já na segunda etapa da pesquisa, realizou-se a aplicação de outro formulário online contendo os estereótipos de mulheres negras formulados por Gonzalez (2018), mencionados acima. Os resultados evidenciaram que em relação a amostra de 239 atores e atrizes apenas 2,51% foram categorizadas como mulheres negras (n=6), em comparação com 48,96% de homens de outra etnia (n=117), 41% de mulheres de outra etnia (n=98) e 7,53% de homens negros (n=18). No segundo formulário, constatou-se que oito das nove personagens se enquadraram em um dos estereótipos, sendo o de doméstica o mais recorrente. Nove personagens porque duas das atrizes performaram outras personagens e se repetiram entre os filmes. Corroborando com o pensamento de Hooks (1981/2019), em que a autora discorre que desde a escravatura, o povo branco estabeleceu uma hierarquia social amparado na raça e no sexo, onde homens brancos ocupavam o primeiro lugar, mulheres brancas em segundo, homens negros em terceiro lugar e as mulheres negras em último. Em suma, nota-se a necessidade de inserir e incentivar a participação de mulheres negras no cinema brasileiro, mas não relacionada apenas a uma questão numérica, mas como estão sendo representadas.

Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

XIV Encontro de Experiências Estudantis