COMPLICAÇÕES E ABORDAGEM DA INJEÇÃO DE SILICONE INDUSTRIAL EM REGIÃO GLÚTEA POR PACIENTE TRANSSEXUAL

Autores

  • Kaio Júlio César de Sousa Nogueira
  • Joannah Hübner, Douglas Marques Feijó, Mariângela Ellen Lima Ferreira, Brenda Meneses Santos
  • Júlio César Chagas e Cavalcante

Resumo

INTRODUÇÃO: A injeção de silicone líquido industrial (SLI) para modificação estética corporal é uma prática realizada de forma clandestina há cerca de 60 anos. A maioria dos casos provém de países da Ásia e América Latina, sendo que as principais vítimas são mulheres e transexuais. RELATO DE CASO: Um paciente de 23 anos, masculino (transexual), pardo, deu entrada com extenso processo infeccioso na região glútea, após injeção de 500 mililitros de SLI, evoluindo com abscesso e necrose. Na admissão no pronto-socorro, iniciou-se antibioticoterapia empírica com Cefalotina e Metronidazol e foi solicitada avaliação da Cirurgia Plástica (CP). Após avaliação pela CP, foi realizado desbridamento cirúrgico e ressecção do siliconoma. Devido ao extenso processo infeccioso, a CP viu necessidade de colostomia, para derivação do trânsito intestinal e realização de enxertia cutânea. O esquema antimicrobiano foi alterado para Ciprofloxacino e Metronidazol . O paciente foi submetido à colostomia em alça, evoluindo bem e recebendo alta no segundo dia pós-operatório. Duas semanas depois, foi readmitido na unidade hospitalar para realização de enxertia de pele parcial. Alta no terceiro dia pós-operatório. Após três meses, apresentando excelente resultado, com importante retração secundária, e, com isso, diminuição do espaço traumatizado, com tratamento e fixação o mais próximo do anatômico da musculatura glútea, preservando a região anal, foi internado para fechamento da colostomia, recebendo alta no segundo dia pós-operatório após evolução da dieta. Depois da alta, não foi mais realizado acompanhamento CONCLUSÃO: O uso de silicone industrial em procedimentos estéticos causa graves complicações, sendo contraindicado. A remoção completa do silicone líquido é difícil ou, até mesmo, impossível, não havendo tratamento padronizado. Este caso alerta para a vulnerabilidade de transexuais a este tipo de procedimento e suas complicações, havendo necessidade de acompanhamento multidisciplinar.

Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

XXX Encontro de Extensão