Ansiedade, depressão e estresse em professores do interior cearense na pandemia de Covid-19

Resumo

A pandemia de Covid-19 provocou uma nova organização do trabalho docente. Os professores foram submetidos a processos de intensificação e flexibilização de suas atividades. Adicionalmente, o isolamento social, o medo de contaminação com o coronavírus e a insegurança econômica provocaram repercussões na saúde mental, como o surgimento de transtornos. Dessa forma, o objetivo desse estudo é determinar a prevalência de ansiedade, depressão e estresse em professores do interior cearense, bem como investigar variáveis associadas. Participaram do estudo 115 professores da rede pública municipal de um município do interior do estado do Ceará. O questionário utilizado era composto por questões sociodemográficas, laborais e de comportamentos na pandemia de Covid-19. Além disso, continha instrumentos que mensuravam a saúde mental. Foram realizadas análises descritivas e de correlação por meio do software IBM SPSS (versão 22). A ansiedade esteve presente de forma grave ou muito grave em 33,9% dos professores e correlacionou-se fraca e positivamente com o assédio moral (r= 0,36; p= 0,001), sentir-se nervoso ou com medo de contrair Covid-19 (r= 0,26; p= 0,005) e com sentir medo ou nervosismo de familiares e amigos contraírem Covid-19 (r= 0,23; p= 0,015). A depressão, em sua forma grave ou muito grave, teve prevalência de 18,3% e correlacionou-se fraca e positivamente com o assédio moral (r= 0,31; p= 0,001). O estresse, por sua vez, foi grave ou muito grave em 28,7% dos docentes e correlacionou-se moderada e positivamente com o assédio moral (r= 0,40; p= 0,001) e fraca e positivamente com sentir-se nervoso ou com medo de contrair Covid-19 (r= 0,22; p= 0,017). Depreende-se que prejuízos na saúde mental dos professores podem estar associados ao assédio moral e ao medo de contaminação com o coronavírus. Assim, melhorias no contexto de trabalho precisam ser efetivadas.