O desejo do analista e o trabalho com crianças em grave sofrimento no interior do Ceará-Brasil
Resumo
A partir da experiência de atendimento de crianças autistas em uma extensão universitária no interior do estado do Ceará, Brasil, questionamos a função do desejo do analista na experiência clínico-institucional. Este trabalho objetiva debater até que ponto o operador do tratamento é convocado em sua subjetividade ou o fator determinante é uma separação entre o que lhe é próprio e o que se presentifica em suas intervenções. Para desenvolver essa pesquisa, financiada pela FUNCAP, nos referimos ao testemunho clínico de Rosine Lefort (1920-2007) na fundação Parent-de-Rosan, em Paris, como exemplo paradigmático em que o desenvolvimento objetivo do trabalho e a dimensão subjetiva do analista mantém íntima relação. Para isso realizamos uma revisão teórico-clínica na obra “O nascimento do Outro”, assim como nas obras de Freud e Lacan. Assim, o conceito de desejo do analista, neste sentido, torna-se fundamental em nossas reflexões, especialmente no sentido de um "desejo advertido", que pode dar o substrato necessário para que haja análise. Todavia, ainda que existam semelhanças, na clínica da psicose este operador não se apresenta da mesma forma que na clínica da neurose, assumindo na primeira uma posição de "deixar o sujeito a delirar", na posição de secretariar o sujeito psicótico, para que o mesmo possa produzir uma amarração própria de sua estrutura subjetiva. Conclui-se que, ainda de forma parcial, nestas iniciativas clínico-institucionais, verifica-se que o trabalho se entrelaça diretamente com a formação do analista no que tange à sua própria análise, permitindo que não haja uma simetria entre a posição do analista e a dos sujeitos em jogo no tratamento.Publicado
2021-01-01
Edição
Seção
XL Encontro de Iniciação Científica
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