PARTO E VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: NARRATIVA SOBRE A EXPERIÊNCIA DE MULHERES NO MUNICÍPIO DE SOBRAL/CE

Resumo

A violência obstétrica, entendida como uma violência de gênero contra a mulher, está presente no contexto da assistência à saúde, das mais diversas formas, desde quando a autonomia da mulher sobre seus processos reprodutivos e sexuais não é respeitada, quando observa-se a ocorrência de práticas incompatíveis com o modelo de Medicina Baseada em Evidências e/ou por meio de situações que prejudiquem o seu acesso aos serviços. Por esse motivo, este estudo pretende compreender a experiência do parto e da violência obstétrica a partir da experiência de mulheres. Foram entrevistadas 11 mulheres vinculadas a três unidades de saúde do município de Sobral, que tiveram seus partos realizados em hospitais da rede pública. Através de planejamento flexível, a coleta de dados ocorreu no período de julho a agosto de 2021, por meio de entrevistas semiestruturadas. Para a sistematização dos resultados, os dados foram categorizados e submetidos à análise do conteúdo das experiências captadas. As participantes apontaram para a presença de práticas como a negligência e a peregrinação, facilmente naturalizadas frente a uma expectativa de parto restrita a tecnologias exclusivas ao saber médico. A assistência pré-natal revelou seu potencial para o acolhimento da mulher além do indicador mãe, de modo que o cuidado humanizado, associado ao fortalecimento dos direitos da mulher, evidenciam medidas eficazes ao enfrentamento da violência obstétrica.