Mineração, Quilombos e Engenhos: Análise da Paisagem em Vila Boa, Goiás, Brasil

Resumo

A mineração no estado de Goiás no século XVIII, especialmente na região da antiga Vila Boa, atualmente Cidade de Goiás, é objeto desta investigação que aborda a mineração, os quilombos e os engenhos, a partir de elementos da paisagem ou do ambiente, como geologia, geomorfologia e classes de solos. Utiliza-se da Arqueologia histórica e da Geoarqueologia, que permitem reflexões, considerações e hipóteses, por exemplo, em relação à descoberta das áreas de exploração e aos procedimentos adotados nas escolhas dos espaços das comunidades quilombolas. A metodologia utilizada fundamentou-se na análise dos mapas temáticos mencionados e das informações resultantes das pesquisas de Arqueologia histórica na região. A compartimentação da paisagem, singularmente a Serra Dourada, as terras baixas que a delimita ao sul, os afloramentos de rochas mineralizadas e os depósitos aluvionares resultam de um contexto profícuo em relação à extração mineral, uma vez que envolve área fonte, depósitos secundários, processos erosivos e deposicionais e dinâmica superficial. No que tange aos quilombos, cuja existência pôde ser notada por meio de indícios toponímicos e arqueológicos, a secessão da paisagem também é relevante, uma vez que se encontra em relevo dissecado com vales encaixados, mais adequados à proteção. As localizações dos engenhos são estratégicas, principalmente quanto às proximidades dos cursos d`água e aos deslocamentos. Os resultados obtidos indicam intencionalidades estratégicas e conhecimentos técnicos, procedimentos relacionados às alterações na dinâmica da paisagem capazes de produzir consequências negativas para a atividade mineradora ou para a disponibilidade de recursos hídricos. Esse contraste reflete na forma predominante de práticas da mineração brasileira que exploram os meios naturais, afetando o cenário paisagístico.