O Corpo (Rochoso e Humano) na Composição Gráfica: Arte Rupestre no Sítio Casa de Pedra em Ibiapina Estado do Ceará, Brasil
Palavras-chave:
arte rupestre, geoarqueologia, composição gráfica, sentidos corporaisResumo
Os estudos de arte rupestre no Brasil, quando da definição de tradições, tem se pautado, sobretudo, nos componentes estéticos composicionais dos grafismos, sobre a técnica de realização e, ainda na localização regional dos mesmos. Nesse trabalho, tendo como estudo o sítio de arte rupestre Casa de Pedra, propomos a ampliação de perspectiva ao se incluir a plasticidade do corpo rochoso, o suporte, a tela rupestre, onde elementos da rocha foram agenciados na elaboração dos grafismos. No ato de pintar e gravar, os autores gráficos recorreram às marcas geológicas visibilizadas nos painéis e as incluíram em seus atos criativos. Ainda no plano da elaboração pictórica, na extensão do contato com a rocha e com as substâncias geoambientais, quando da confecção e utilização de pigmentos, os artistas vivenciaram experiências sensoriais também dimensionadas no universo da arte e do estar na paisagem. A equivalência entre os traços elaborados pelos artistas pré-coloniais e o conjunto das estratificações geradas durante a deposição dos arenitos paleozóicos, assim como as marcas de percolação de água rica em ferro subatuais, sugerem a composição das pinturas a partir das sensações desses artistas sobre os elementos geológicos e físicos da paisagem em seus agenciamentos sígnicos.