ANÁLISE DE FÁCIES DA FORMAÇÃO ANTENOR NAVARRO NA SEÇÃO-TIPO: CONTRIBUIÇÕES À HISTÓRIA DEPOSICIONAL DA BACIA SEDIMENTAR DO RIO DO PEIXE (PARAÍBA/CEARÁ – BRASIL)

Autores/as

  • Lawrence Barreto Sa Pós-graduação em Geologia - Universidade Federal do Ceará
  • Daniel Rodrigues do Nascimento Junior Departamento de Geologia - Universidade Federal do Ceará
  • Francisco Dallyson Gomes Ribeiro Graduação em Geologia - Universidade Federal do Ceará
  • Francisco Cézar Costa Nogueira

Palabras clave:

Análise de Fácies, Bacia Sedimentar do Rio do Peixe, Formação Antenor Navarro, Sistema Fluvial, Planície de Marés

Resumen

A Bacia Sedimentar do Rio do Peixe (Cretáceo Inferior) faz parte do conjunto de bacias interiores do nordeste brasileiro, sendo importante tanto pelo seu conteúdo fossilífero singular como pela sua complexidade estrutural e estratigráfica. Nela, a Formação Antenor Navarro (FAN) é a principal unidade portadora de rochas atuantes como reservatório para sistemas petrolíferos e hidrológicos. Ainda há algumas controvérsias e poucos estudos publicados sobre os sistemas deposicionais da formação. Tendo em vista ainda a intensa ação das zonas de falhas nas suas litologias, torna-se importante uma análise da formação em suas porções indeformadas. Com essas premissas, o presente trabalho visa melhorar a compreensão dos sistemas deposicionais da FAN na sua seção-tipo localizada no afloramento Sítio Saco. Uma seção de 790 m no sentido WNW-ESE foi levantada neste trabalho, com uma espessura total coberta de 7,04 m e abrangendo uma significativa variação lateral de fácies deposicionais. A formação consiste numa sucessão dominada por arenitos, tendo folhelhos e siltitos subordinados, onde 11 fácies foram reconhecidas. A análise das paleocorrentes medidas atestou um sentido de fluxo SSE com intensidade de mergulho médio de 21,3º, corroborando o caráter subaquoso do fluxo e coincidindo com dados de direção do fluxo mais frequente obtido em todas as unidades fluviais eocretáceas da Bacia do Araripe a SW. Estruturas sedimentares comuns nos arenitos incluem estratificações cruzadas retas, tangenciais, festonadas e plano-paralelas, além de intraclastos de siltito, e extraclastos de rochas ígneas e metamórficas. Foram descritos e interpretados nas litologias arenosas elementos arquiteturais de preenchimento de canal, acresção frontal, lateral, barras e corte e preenchimento. Estruturas nas rochas finas incluíram gretas de ressecamento e laminações plano-paralelas, cimentadas por carbonato. A presença de cimentação carbonática sugere um contexto de hipersalinidade e saturação sob clima árido. A ocorrência de estruturas heterolíticas tipo wavy e feixes de maré com sentido de paleocorrente coincidente com sentido dos canais principais sugere que o sistema deposicional era sujeito a alguma influência de marés. Este estudo culminou com a interpretação deposicional para a FAN de um sistema fluvial entrelaçado do tipo flúvio-estuarino ou flúvio-lagunar, tendo a interdigitada Formação Sousa como bacia receptora.

Citas

Albuquerque, J. P. T. Inventário Hidrogeológico Básico do Nordeste: Folha n° 15 – Jaguaribe – Ceará. SUDENE, Recife, Ser. Hidrogeologia 32: 187p. 1970.
Almeida F.F.M., Hasui Y., Brito Neves B.B. & Fuck H.A. Províncias Estruturais Brasileiras. In: SBG-Núcleo Nordeste, Simpósio de Geologia do Nordeste, 8o, Campina Grande, Atas, Boletim 6, p. 363-391. 1977.
Araújo, Renata Emily Brito de. O papel das falhas na evolução de bandas de deformação na bacia do Rio do Peixe / Renata Emily Brito de Araújo. 76f.: il. 2018.
Araújo, Renata E.B., Francisco H.R. Bezerra, Francisco C.C. Nogueira, Fabrizio Bálsamo, Bruno R.B.M. Carvalho, Jorge A.B. Souza, Julio C.D. Sanglard, David L. de Castro, Alanny C.C. Melo, Basement control on fault formation and deformation band damage zone evolution in the Rio do Peixe Basin, Brazil. Tectonophysics, v.745, p.117-131, 2018.
Araújo, R.E.B. O papel das falhas na evolução de bandas de deformação na bacia do Rio do Peixe. Dissertação de Mestrado. 2008.
Assine, M. L. Paleocorrentes e paleogeografia na Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 24, n. 4, p. 1- 10. 1994.

Assine, M. L. Bacia do Araripe. Boletim de Geociências da Petrobrás, 15(2), 371-389. 2007.

Aydin A, Johnson AM. Development of faults as zones of deformation bands and as slip surfaces in sandstone. Pure Appl Geophys. 1978.

Braun. O.P.G. Geologia da Bacia do Rio do Peixe, Nordeste do Brasil. Recife, DNPM/NGM. 23p. (Relatório Interno). 1969.

Bridge, J.S. Fluvial facies models: recent developments. In: Posamentier, H.W.; Walker, R.G. Facies models revisited. SEPM, Tulsa (EUA), 532p., 2006.

Brito Neves B.B., Santos E.J., Van Schmus W.R.
Tectonic history of the Borborema Province. In: Cordani U.G. Milani. E.J., Thomaz Filho A., Campos D.A. (eds.) Tectonic evolution of the South America. 3st International Geological Congress, p.151-182. 2000.

Carvalho, I. S. Huellas de Saurópodos Eocretácicas de la cuenca de Sousa (Serrote do Letreiro, Estado da Paraíba, Brasil). Ameghiniana, Argentina, v. 37, p. 353-362. 2000.

Castro, D. L., Oliveira, D. C., & Castelo Branco, R. M. G. On the tectonics of the Neocomian Rio do Peixe Rift Basin, NE Brazil: Lessons from gravity, magnetic and radiometric data. Journal of South American Earth Sciences, 24, 184–202. 2007.
Collinson, J.D.; Mountney, N.P.; Thompson, D.B. Sedimentary structures (3rd ed.). Terra Publishing, 359p., 2006.
Córdoba V.C., Antunes A.F., Jardim de Sá E.F., Nunes da Silva A., Sousa D.C., Lins F.A.P.L. Análise estratigráfica e estrutural da Bacia do Rio do Peixe Nordeste do Brasil: integração de dados a partir do levantamento sísmico pioneiro 0295 rio_do_peixe_2d. Boletim de Geociências da Petrobras, 16(1):53-68. 2008.
Goldberg, P. Micromorphology, soils and archaeological sites. In: Holliday, V.T. (Ed.), Soils in archaeology, landscape evolution and human occupation. Smithsonian Institution Press, Washington DC. 272 p., 1992.
Lima Filho, M. L. Evolução tectono-sedimentar da Bacia do Rio do Peixe - PB. Dissertação de Mestrado. UFPE. Recife. 1991.

Matos, R.M.D., The Northeast Brazilian Rift System. 1992.

Matos, R. M. D. History of the Northeast Brazilian rift system: kinematic implications for the break-up between Brazil and West Africa. In: Cameron, N. R.; Bate, R. H.; Clure, V. S. (eds.), The Oil and Gas Habitats of the South Atlantic. Geol. Soc., London, Spec. Publ., 153: 55-73. 1999.
Miall, A.D. Architectural-element analysis: a new method of facies analysis applied to fluvial deposits. Earth-Sci. Rev., 22: 261-308. 1985.
Miall, Andrew D. The Geology of Fluvial Deposits: Sedimentary Facies, Basin Analysis and Petroleum Geology. Berlin. Springer- Verlag. 852p., 1996.

Miall, A.D. The Geology of Fluvial Deposists: Sedimentary Facies, Analysis and Petroleum Geology. Spring-Verlag, New York, 582. 2006.

Miall, A.D. Fluvial depositional systems. Springer, 316p. 2014.
Neves, S. P., Bruguier, O., Bosh, D., Silva, J. M. R., Mariano, G. U-Pb ages of plutonic and metaplutonic rocks in southern Borborema Province (NE Brazil): timing of Brasiliano deformation and magmatism. Journal of South American Earth Sciences, 25(3), 285-297. 2008.
Nicchio, M.A., Nogueira, F.C.C., Balsamo, F., Souza, J.A.B., Carvalho, B.R.B.M., Bezerra, F.H.R., Development of cataclastic foliation in deformation bands in feldspar-rich conglomerates of the Rio do Peixe Basin, NE Brazil. Journal of Structural Geology, v.107, p.132-141, 2018.
Nogueira F.C.C., Marques F.O, Bezerra F.H.R, de Castro D.L, Fuck R.A. Cretaceous intracontinental rifting and post-rift inversion in NE Brazil: Insights from the Rio do Peixe Basin. Tectonophysics. 2015.
Ponte, F. C.; Hashimoto, A. T.; Dino, R., coords. Geologia das bacias sedimentares mesozóicas do interior do Nordeste do Brasil. PETROBRAS/CENPES/DIVEX/SEBIPE, relat. Inédito. 1991.
Pontes et al. Petrophysical properties of deformation bands in high porous sandstones across fault zones in the Rio do Peixe Basin, Brazil. 2018.
Posamentier, H. W. & Walker, R. G. Facies Models Revisited. Society for Sedimentary Geology. Tulsa, Oklahoma, U.S.A. 2006.
Rapozo, B. F. - Evolução tectono-estratigráfica da porção central da Bacia do Rio do Peixe, NE do Brasil. 2020.
Rocha, D.; Amaral C. Hidrogeologia da Bacia do Rio do Peixe - Geologia da Bacia do Rio do Peixe. Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Recife-PE, 2006.

Santos E.J. Contexto Tectônico Regional. In: Medeiros, V.C. (ed.) Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil. Aracaju NE, Folha SC.24-X. Escala 1:500.000. Brasília: CPRM. 2, CD-ROM. 2000.

Seilacher, A. Trace fóssil analysis. Springer (Berlim, Heidelberg, New York), 238p., 2007.

Selley, Raymond C. Ancient Sedimentary Environments. Chapman & Hall, London. 237 p., 1970.

Silva, Ajosenildo Nunes da. Arquitetura, Litofácies e Evolução Tectono-Estratigráfica da Bacia do Rio do Peixe, Nordeste do Brasil. Dissertação de Mestrado, 2009.

Silva, I.T. da. Evolução diagenética e caracterização da seção Devoniana na Bacia do Rio do Peixe - Nordeste do Brasil. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2014.
Sousa, A.d.J., Carvalho, I.d.S., Ferreira, Elizabete.Pedrão., Non-marine ostracod biostratigraphy of cretaceous rift lake deposits (Sousa Basin, Brazil): Paleogeographical implications and correlation With Gondwanic Basins, Journal of South American Earth Sciences. 2019..
Walker, R. G. (ed.) - Facies Models. Geosci. CanadaReprint Series, 1 (first edition), 305 p. 1979.
Walker, R.G., and POSAMENTIER, H., eds., Facies Models Revisited: SEPM, Special Publication 84. 2006.
Yáñez-Arancibia, A. Ecología de La Zona Costera. AGT editor S.A., México, 1ª. Ed., 189 p. 1986.

Publicado

2024-06-20

Número

Sección

Artigos