ANÁLISE DE FÁCIES DA FORMAÇÃO ANTENOR NAVARRO NA SEÇÃO-TIPO: CONTRIBUIÇÕES À HISTÓRIA DEPOSICIONAL DA BACIA SEDIMENTAR DO RIO DO PEIXE (PARAÍBA/CEARÁ – BRASIL)
Palabras clave:
Análise de Fácies, Bacia Sedimentar do Rio do Peixe, Formação Antenor Navarro, Sistema Fluvial, Planície de MarésResumen
A Bacia Sedimentar do Rio do Peixe (Cretáceo Inferior) faz parte do conjunto de bacias interiores do nordeste brasileiro, sendo importante tanto pelo seu conteúdo fossilífero singular como pela sua complexidade estrutural e estratigráfica. Nela, a Formação Antenor Navarro (FAN) é a principal unidade portadora de rochas atuantes como reservatório para sistemas petrolíferos e hidrológicos. Ainda há algumas controvérsias e poucos estudos publicados sobre os sistemas deposicionais da formação. Tendo em vista ainda a intensa ação das zonas de falhas nas suas litologias, torna-se importante uma análise da formação em suas porções indeformadas. Com essas premissas, o presente trabalho visa melhorar a compreensão dos sistemas deposicionais da FAN na sua seção-tipo localizada no afloramento Sítio Saco. Uma seção de 790 m no sentido WNW-ESE foi levantada neste trabalho, com uma espessura total coberta de 7,04 m e abrangendo uma significativa variação lateral de fácies deposicionais. A formação consiste numa sucessão dominada por arenitos, tendo folhelhos e siltitos subordinados, onde 11 fácies foram reconhecidas. A análise das paleocorrentes medidas atestou um sentido de fluxo SSE com intensidade de mergulho médio de 21,3º, corroborando o caráter subaquoso do fluxo e coincidindo com dados de direção do fluxo mais frequente obtido em todas as unidades fluviais eocretáceas da Bacia do Araripe a SW. Estruturas sedimentares comuns nos arenitos incluem estratificações cruzadas retas, tangenciais, festonadas e plano-paralelas, além de intraclastos de siltito, e extraclastos de rochas ígneas e metamórficas. Foram descritos e interpretados nas litologias arenosas elementos arquiteturais de preenchimento de canal, acresção frontal, lateral, barras e corte e preenchimento. Estruturas nas rochas finas incluíram gretas de ressecamento e laminações plano-paralelas, cimentadas por carbonato. A presença de cimentação carbonática sugere um contexto de hipersalinidade e saturação sob clima árido. A ocorrência de estruturas heterolíticas tipo wavy e feixes de maré com sentido de paleocorrente coincidente com sentido dos canais principais sugere que o sistema deposicional era sujeito a alguma influência de marés. Este estudo culminou com a interpretação deposicional para a FAN de um sistema fluvial entrelaçado do tipo flúvio-estuarino ou flúvio-lagunar, tendo a interdigitada Formação Sousa como bacia receptora.
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