O SISTEMA DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS DA CONVENÇÃO DE NOVA IORQUE DE 1997

Autores

  • José Augusto Fontoura Costa Faculdade de Direito de São Paulo (USP)
  • Fernanda Sola Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
  • Solange Teles da Silva Universidade Presbiteriana MacKenzie

Palavras-chave:

Cursos d’água internacionais, rios, bacias, solução de controvérsias.

Resumo

O artigo descreve o sistema de solução de controvérsias da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito dos Usos Não-Navegacionais dos Cursos d’Água Internacionais, de modo a apresentar uma interpretação detalhada e avaliar sua capacidade de promover maior legitimidade e certeza jurídica. Portanto, realiza-se a interpretação dos dispositivos convencionais para verificar quais funções tal sistema pode cumprir, mediante a compreensão da delegação a terceiros a competência de opinar e decidir em suas controvérsias, criando um direito mais duro (hard law) e tendente ao cumprimento voluntário. Decerto, o sistema limita a adjudicação à CIJ ou à arbitragem (terceiros com poder decisório final) a situações em que há consentimento das partes para um caso determinado, ou mediante cláusula facultativa de jurisdição obrigatória. São obrigatórias em seu texto as negociações e as comissões de inquérito. Isso, porém, não impede que se cumpram as principais funções de sistemas de solução de controvérsias: é apenas uma opção normativa possível e adequada para incrementar o número de possíveis signatários e aderentes. Dada a recente entrada em vigor da Convenção, o presente artigo não traz evidências empíricas que corroborem, ou não, a hipótese de que o sistema de solução de controvérsias adotado tem condições de gerar maior cumprimento do Direito e compromisso com a governança dos rios internacionais. Dada a ausência de interpretações e análise dos instrumentos adotados pela Convenção, o artigo contribui para avaliar sua possível adoção pelos Estados ribeirinhos de bacias como a do Rio da Prata e do Rio Amazonas.

Biografia do Autor

José Augusto Fontoura Costa, Faculdade de Direito de São Paulo (USP)

Professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito de São Paulo (USP)

Pesquisador do CNPq (produtividade)

Fernanda Sola, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Pós-Doutoranda em Engenharia de Produção

Professora do Mestrado em Sustentabilidade

Solange Teles da Silva, Universidade Presbiteriana MacKenzie

Professora da Universidade Presbiteriana MacKenzie

Pesquisadora (produtividade) do CNPq

Referências

ABBOTT, Kenneth; SNIDAL, Duncan. Hard and Soft Law in International Governance. In International Organization, v. 54, n. 3. Cambridge, Ma: IO Foundation and the MIT, summer 2000.

ACCIOLY, Hildebrando; NASCIMENTO E SILVA, G. E.; CASELLA, Paulo B. Manual de Direito Internacional Público. 19a Ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

ASCENCIO, Hervé. L’Amicus curiae devant les jurisdictions internationales. Revue générale de droit international public, T. 105, v. 4. 2001.

BARBOZA, Julio. Derecho Internacional Público. Buenos Aires: Zavalía, 2001.

BRIERLY, J. L. Direito internacional, 4a Ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1979.

BROWNLIE, Ian. Principles of Public International Law, 6a Ed. Oxford: Oxford University Press, 2003.

BUSCH, Marc L., REINHARDT, Eric. Baragaining in the shadow of the law: early settlement in GATT/WTO disputes. Fordham International Law Journal, v. 24. 2000.

CAUBET, Christian G. As grandes manobras de Itaipu. São Paulo: Acadêmica, 1991.

CHURCHILL, Winston. The river war: na account of the reconquest of Sudan. Londres, edição abreviada. Londres: Longman: Green & Co, 1902. Cópia livre disponível em http://www.gutenberg.org/ebooks/4943, consultado em 9 de fevereiro de 2015.

COLLIER, John; LOWE, Vaughan. The settlement of disputes in international law: institutions and procedures. Oxford: Oxford University Press, 1999.

COSTA, José A. F. Direito internacional do investimento estrangeiro. Curitiba: Juruá, 2011.

FACHIRI, Alexander P. Repudiation of the optional clause. British Yearbook of International Law, n. 20. 1939.

GONÇALVES, Alcindo; COSTA, José A. F. Governança global e regimes internacionais. São Paulo: Almedina, 2011.

HOWSE, Robert. Membership and its privileges: the WTO, civil society, and the amicus brief controversy. European Law Journal, v. 9, n. 4. 2003.

KINGSBURY, Benedict. International courts: uneven judicialization in global order. The Cambridge companion to International Law. CRAWFORD, James; KOSKENNIEMI, Martti (Orgs.). Cambridge: Cambridge University Press, 2012.

KRACHTOWIL, Friedrich. “Sociological approaches”. In: REUS-SMIT, Christian; SNIDAL, Duncan (Orgs.). The Oxford handbook of international relations. Oxford: Oxford University Press, 2008.

LEVINE, Eugenia. Amicus curiae in international investment arbitration: the implications of an increase in third-party participation. Berkley Journal of International Law, V. 29. 2011.

LUHMANN, Niklas. Legitimation durch Verfahren, 2nd ed. Frankfurt: Suhrkamp Verlag, 1983.

MIDDLETON, Nick. Rivers: a very short introduction. Oxford: Oxford University Press, 2012.

MNOOKIN, Robert H.; KORNHAUSER, Lewis. Bargaining in the shadow of law: the case of divorce. The Yale Law Journal, v. 88, n. 5. 1979.

MURTY, B. S. Solucción de controversias. In SORENSEN, Max (Org.) Manual de Derecho Internacional Público. Cidade do México: Fondo de Cultura Económica, 1973.

OPETIT, Bruno. Théorie de l’arbitrage. Paris: PUF, 1998.

RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, 2a Ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

______. Processo internacional de Direitos Humanos, 3a Ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

RAZZAQUE, Jona. Changing role of friends of the court in the international courts and tribunals. Non-State Actors and International Law, v. 1. 2002.

SCOTT, Gary L.; CARR, Craig L. The ICJ and compulsory jurisdiction: tje case for closing the clause. American Journal of International Law, v. 81. 1987.

SHAW, Malcolm N. International law, 6a Ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

SOLA, Fernanda. Direito das águas na Amazônia. Curitiba: Juruá, 2015.

VARELLA, Marcelo D. Direito Internacional Público, 3a Ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

VERDROSS, Alfred. Derecho Internacional Público. Madri: Biblioteca Jurídica Aguilar, 1978. P. 390-414.

Downloads

Publicado

2015-11-13

Edição

Seção

Doutrina Nacional