Nunes | Homenagem ao Professor Capurro
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, n. 1, jan./jun. 2017
RESENHA
um perigo à esfera pública (HABERMAS, 2003). Portanto, a partir da ideia de que o
“meio é a mensagem”, é possível questionar até que ponto as tecnologias de informação
e comunicação disponíveis à sociedade são capazes de provocar “novas sinergias de
mensagens e mensageiros assim como de seus emissores e receptores [...]” (CAPURRO,
2000, online).
Através da angelética, Rafael Capurro defende a necessidade de se investigar
sobre a “ética da informação”, cuja tarefa é “explicar as possíveis estruturas teóricas e
práticas” (CAPURRO, 2000, online) da sociedade contemporânea e de sua relação
ambivalente com a mídia e com a técnica através da informação; sobretudo, no modo
como a sociedade lida com as mensagens e os conteúdos dos meios, produzindo-os,
consumindo-os e mediando-os. Segundo o autor, a partir disso é possível realizar
aproximações entre a hermenêutica e a angelética, já que a interpretação pressupõe um
processo de transmissão de mensagens. Contudo, a angelética, ao contrário da
hermenêutica, é dotada de um caráter prático; por conta disso, “a relação entre o
remetente e o destinatário pode ser concebida em analogia com o círculo hermenêutico
como círculo angelical. Todo receptor é um potencial emissor e, portanto, também um
mensageiro e vice-versa” (CAPURRO, 2000, online).
Desse modo, a angelética se traduz como uma teoria da mensagem, cujo
propósito é compreender a
[...] origem, finalidade e conteúdo das mensagens, estruturas de poder, técnicas
e meios, modos de vida, história(s) de mensagens e mensageiros, codificação e
interpretação, sociológica, psicológica, política, econômica, estética, ética e
religiosa. (CAPURRO, 2000, online).
As ideias de Rafael Capurro possibilitam perceber como valores, linguagens e
práticas afetam as maneiras por meio das quais as sociedades concebem seus
documentos, desenvolvendo diferentes processos informativos e comunicacionais.
A coletânea Information cultures in the digital age: a Festschrift in the honor of
Rafael Capurro está dividida em seis partes, que se intitulam: Culture and Philosophy of
Information; Information Ethics; From Information to Message; Historic and Semiotic
Themes; Resisting Information Hegemony; e Futures: Information Education.
Na primeira parte, constam set e artigos que tratam de temas que vão desde as
fundações da Ciência da Informação até debates acerca de seus paradigmas, abordando
a perspectiva da he rmenêutica, da fenomenologia, da ética e da filosofia da informação