TEORIAS E TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO
CONTEMPORARY THEORIES AND TRENDS OF INFORMATION SCIENCE
Carlos Alberto Ávila Araújo
UFMG
RESUMO
Este texto apresenta os resultados de uma pesquisa que buscou mapear as abordagens e
perspectivas contemporâneas de pesquisa no campo da ciência da informação. A partir de extensa
pesquisa bibliográfica, chegou-se a um quadro em que se destacam treze diferentes teorias que
representam novas propostas de estudo da informação. A seguir, buscou-se analisar se, no conjunto
dessas teorias, seria possível perceber algum tipo de tendência ou pontos comuns. A análise
evidenciou cinco aspectos do conceito de informação: sua natureza como dado ou construção; como
algo individual ou coletivo; como acúmulo de dados ou interferência e apropriação; como algo
técnico ou inserido na vida cotidiana; como fenômeno isolado ou inserido em uma dinâmica mais
ampla. A seguir, foi utilizado como quadro analítico o esquema de Capurro, construído a partir da
sistematização de três paradigmas ou formas de estudo da informação. Concluiu-se que é possível
perceber que as treze teorias trabalham com o conceito de informação dentro de aspectos que
podem ser identificados com o “paradigma social” identificado por Capurro.
Palavras-chave: Teorias da ciência da informação. Conceito de informação. Paradigmas da ciência
da informação. Tendências contemporâneas da ciência da informação.
ABSTRACT
In this article we present the results of a research that sought to map the contemporary approaches
and perspectives of research in information science. From an extensive bibliographical research, we
reached a framework in which thirteen different theories stand out that represent new proposals of
information study. Next, we tried to analyze if, in the set of these theories, it would be possible to
perceive some type of tendency or common points. The analysis revealed five aspects of the
concept of information: its nature as data or construction; as something individual or collective;
such as accumulation of data or interference and appropriation; as something technical or inserted
in everyday life; as an isolated phenomenon or inserted in a broader dynamic. Next, the Capurro
scheme was used as an analytical framework. It was concluded that it is possible to perceive that
the thirteen theories work with the concept of information within aspects that can be identified
with the "social paradigm" identified by Capurro.
Keywords: Theories of information science. Concept of information. Paradigms in information
science. Contemporary trends in information science.
Inf. Pauta
Fortaleza, CE
v. 2
n. 2
jul./dez. 2017
Araújo | Teorias e tendências contemporâneas da CI
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1 INTRODUÇÃO
Neste texto são apresentados os resultados de uma pesquisa que teve dois
objetivos. O primeiro foi identificar e mapear as perspectivas, teorias e conceitos
contemporâneos da ciência da informação. Para tanto, foi realizada uma extensa
pesquisa bibliográfica nacional e internacional, em periódicos, livros e anais de eventos.
Buscou-se separar o que eram pesquisas dentro de linhas e propostas existentes e
consolidadas no campo daquelas que representavam de fato propostas recentes e
inovadoras. Também houve a preocupação de identificar perspectivas que fossem
partilhadas por distintos pesquisadores, de diferentes contextos, de forma a não se
concentrar em abordagens individuais, mas sim detectar movimentos teóricos coletivos,
que possuem um número significativo de praticantes e seguidores, e que pudessem
representar, então, uma efetiva “corrente teórica” do campo. Após esse trabalho, foram
identificadas treze teorias recentes do campo. Nesse sentido, o primeiro objetivo deste
texto é fazer uma apresentação panorâmica dessas treze teorias, identificando sua
proposta básica de pesquisa.
O segundo objetivo da pesquisa foi questionar se seria possível encontrar uma
tendência nestas treze teorias, isto é, se haveria pontos comuns entre elas que pudessem
sugerir uma certa direção para a qual a ciência da informação estaria caminhando. Para
a realização dessa análise, foi utilizado como quadro de referência a sistematização
promovida por Capurro (2003), que identifica três paradigmas” ou modelos de estudo
da ciência da informação: o físico, o cognitivo e o social. Essa ideia, que está presente no
trabalho de outros autores, tem conduzido e servido de referência para atividades de
pesquisa e ensino no Brasil o que justificou a sua escolha como parâmetro de análise.
O artigo se estrutura, portanto, a partir destes dois objetivos. Inicialmente, são
apresentadas as treze teorias encontradas. A seguir, realiza-se uma apresentação dos
paradigmas de Capurro. Por fim, é realizado o confronto entre os dois quadros de forma
a se verificar a possibilidade de uma tendência geral na ciência da informação, a partir
da análise do conceito de informação presente nas treze teorias.
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ARTIGO
2 TEORIAS CONTEMPORÂNEAS NO CAMPO DA CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO
É uma tarefa difícil identificar “teorias contemporâneas” no campo da ciência da
informação. Naturalmente, a revisão de literatura é o melhor caminho para identificá-
las. Contudo, muitas vezes, as revisões envolvem trabalhos demorados de
sistematização e análise e, por isso, acabam pouco sensíveis a tendências muito recentes.
Por isso, para uma identificação das tendências recentes da área, além de extensa
revisão e busca na literatura, buscou-se também analisar nomes e temas de congressos
da área, temáticas de edições especiais de periódicos, nomes de grupos de pesquisa e
definições de áreas de concentração e linhas de pesquisa de programas de pós-
graduação.
Foram consideradas como teorias ou “perspectivas” iniciativas muito distintas.
Algumas delas são teorias de fato, outras são propostas de subáreas ou campos
interdisciplinares, e outras são ações práticas que implicam desdobramentos ou
consequências teóricas. Não se fez distinção entre elas no levantamento realizado.
O resultado dessa busca levou à elaboração de uma lista muito extensa. Algumas
teorias presentes nessa lista, contudo, mostraram-se muito específicas (desenvolvidas
por um único autor, ou uma única instituição, por exemplo). Como forma de se ter uma
lista mais sucinta, e mais representativa da área, optou-se por considerar aquelas mais
significativas por sua presença em diferentes países, por seu caráter efetivamente
inovador e por sua consistência conceitual (ainda que algumas vezes não explícita).
Neste texto, não se tem por objetivo fazer uma apresentação extensa destas treze
teorias, mas sim apresentar um panorama delas, de forma a se compor um quadro das
perspectivas contemporâneas da ciência da informação que permita a identificação de
uma ou mais tendências. As treze teorias são apresentadas a seguir.
2.1 ANÁLISE DE DOMÍNIO
A análise de domínio é uma área de pesquisa surgida, no campo da ciência da
informação, a partir da publicação de um primeiro artigo de Hjorland e Albrechtsen
(1995). Essa área tem como antecedente a ideia de “garantia literária” trabalhada na
biblioteconomia, e se desenvolve a partir de um conceito central: “comunidades
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discursivas”. Este conceito designa coletivos ou grupos sociais que possuem
determinadas formas (compartilhadas) de pensar, de se expressar e de conhecer a
realidade. Aplicada ao campo da ciência da informação, a análise de domínio “permite
identificar as condições pelas quais o conhecimento científico se constrói e se socializa”
(GUIMARÃES, 2014, p. 15) e, com isso, ver o que é importante em um dado campo,
refletindo uma construção social (um acordo intersubjetivo) (GUIMARÃES, 2014, p.
16).
Tennis (2012) aponta que existem dois tipos de análise de domínio: a descritiva
(utilizada pelos pesquisadores para desenvolverem suas pesquisas em seus respectivos
campos) e a instrumental (utilizada pelos desenvolvedores de sistemas de informação e
sistemas de recuperação da informação), sendo que os domínios se caracterizam por ter
determinado escopo e alcance, além de um contexto próprio.
A contribuição fundamental da perspectiva da análise de domínio é a
compreensão de que não é um sujeito, isolado, que tem necessidades, modos de buscar e
usar a informação. “Necessidade de informação” é algo que surge coletivamente. É um
grupo de pessoas que desenvolve determinados padrões de que tipo de situação ou
atividade gera necessidade de informação, ou de que tipo se deve necessitar em cada
contexto, e assim sucessivamente. É, enfim, um coletivo (e, no caso desta abordagem, um
domínio, isto é, uma determinada área do conhecimento científico com objeto próprio,
métodos próprios) que possui uma maneira de lidar com informação. Cabe ao
pesquisador que desenvolve a análise de domínio detectar essas maneiras coletivas, que
são públicas porque socialmente compartilhadas e vivenciadas pelos membros - isto é,
porque os significados que atribuem aos processos são públicos. E ao profissional do
campo da informação, cabe desenvolver serviços e sistemas de informação adaptados a
esses padrões coletivos.
2.2 ALTMETRIA
Tradicionalmente, desde seus anos iniciais, a ciência da informação desenvolveu
diversos estudos a partir da perspectiva das métricas, em uma área que recebeu
diferentes designações (informetria, cientometria) e que tem como antecedente a
bibliometria. No campo da ciência da informação, os estudos métricos privilegiaram a
produção científica e sempre desenvolveram pesquisas buscando medir índices,
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principalmente a partir de citações, com objetivo de avaliação - de instituições, de
produtividade de autores e para ranqueamento de revistas, entre outros. Como aponta
Gouveia (2013), tais estudos apresentaram, ao longo do tempo, algumas limitações,
como a lentidão (própria da comunicação científica formal), o fato de haver textos
influentes que ficam à margem dos estudos, a impossibilidade de medir o impacto da
produção fora do ambiente acadêmico e o uso incorreto de determinados indicadores.
Assim, no contexto da web 2.0 e do consequente desenvolvimento da chamada
cientometria 2.0, o campo dos estudos métricos buscou aproveitar a oportunidade e
aprimorar o estudo das dinâmicas de citação, passando a considerar o contexto e o papel
dos diferentes tipos de publicações e, principalmente, as diversas maneiras como pode
se expressar o impacto da produção científica por meio de medição de acessos,
comentários, links e citações em redes sociais, que compõem “indicadores de interação
social” (GOUVEIA, 2016).
A origem deste campo de aplicações se deu a partir de um manifesto (PRIEM;
GROTH; TARABORELLI, 2000) em que a área é definida como o estudo da comunicação
científica na web social, por meio da criação e do uso de indicadores de visualização,
download, citações, reutilização, compartilhamento, etiquetagem e comentários (SOUZA,
2014). Há, em seu desenvolvimento, uma clara influência da proposta de estudo da
“ciência em ação” de Latour, aliada a algumas ideias básicas da web social, como a
autopublicação, a colaboração, a existência de dados em larga escala, a arquitetura da
participação, a ideia de rede e a gica de abertura (open source). A importância de seu
desenvolvimento é o direcionamento da pesquisa no campo da informação não só para o
ambiente formal da ciência, mas o estudo da ciência imersa na vida social, na
dinamicidade da vida humana. O “impacto”, portanto, é algo socialmente construído e se
realiza efetivamente em contextos concretos de uso e da experiência humana.
2.3 CULTURA ORGANIZACIONAL
Na ciência da informação desenvolveu-se uma tradição de pesquisas voltadas
para o ambiente das organizações, sobretudo as empresariais. Inicialmente, tais estudos
receberam designações como gestão de recursos informacionais e gestão da informação,
passando, nos anos 1990, a vigorar a denominação gestão da informação e do
conhecimento. Mais recentemente, e em sintonia com os avanços verificados na área de
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administração, começou a se destacar uma abordagem ligada à ideia de cultura
organizacional. Essa noção designa o estudo do desenvolvimento dos fenômenos
informacionais (necessidade, busca, compartilhamento, uso) nos níveis individual e
coletivo nas organizações, buscando a articulação entre ambos por meio da identificação
e análise da cultura que os permeiam (MELO; PRESSER; SANTOS, 2013). A origem deste
campo na ciência da informação está vinculada ao trabalho de Davenport e Prusak em
torno do estudo do aprendizado contínuo, do ambiente e do clima organizacionais
enquanto proporcionadores de formas comuns de pensar e agir ou, em outros termos,
padrões de valores instituídos quanto ao tipo de comportamento, à ação e à
necessidade de buscar a informação” (ALVES; DUARTE, 2014, p. 8).
Outras vezes, tal ideia desenvolve-se por meio da noção de cultura informacional,
mantendo-se o mesmo significado: um conjunto de princípios, valores, crenças e ritos
relacionados com a “construção, socialização, compartilhamento e uso de dados,
informação e conhecimento no âmbito corporativo” (WOIDA; VALENTIM, 2006, p. 40).
Trata-se, assim, do estudo da informação tendo como foco a cultura das organizações.
Nessa mesma linha, uma perspectiva mais específica se desenvolveu, a de orientação
informacional (MARCHAND; KETTINGER; ROLLINS, 2001), que, a partir do estudo da
cultura organizacional, busca criar instrumentos para medir e otimizar a capacidade de
uso da informação por parte das empresas.
A contribuição mais importante dessa abordagem, em relação ao conceito de
informação, é a ideia de que, no ambiente organizacional e empresarial, o que existe não
são apenas indivíduos isoladamente tomados, totalmente singulares e idiossincráticos
em sua relação com os recursos informacionais, mas sim indivíduos que agem de
maneira reciprocamente referenciada, que desenvolvem, em comum e nas atividades
cotidianas, uma forma própria de lidar com a informação que é partilhada. Essa forma
própria acaba por se constituir em algo do grupo, constitui uma cultura”. Tal
contribuição, em grande medida, aproxima-se daquela da análise de domínio, embora
esta esteja voltada para um domínio, isto é, uma disciplina científica, e aquela para os
ambientes organizacionais.
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2.4 CURADORIA DIGITAL
A curadoria digital é mais um campo de atividade profissional e institucional do
que, propriamente, uma proposta teórica. Tem se desenvolvido, portanto, mais como um
conjunto de práticas e recomendações do que como campo reflexivo. Contudo, a
preocupação em estabelecer alguns princípios norteadores das ações de curadoria
digital (mais do que apenas um conjunto de normas e procedimentos a serem seguidos)
acabou por provocar também uma importante atividade reflexiva.
Pode-se definir a curadoria digital como a prática e o estudo dos processos de
seleção, preservação, manutenção, coleção e arquivamento de dados digitais, com a
consequente criação de repositórios e/ou plataformas digitais participativas. Sua origem
está ligada à percepção da importância da certificação de confiabilidade, da
obsolescência e da evolução dos formatos (com o risco de perda pelo desenvolvimento
tecnológico e pela fragilidade das mídias digitais).
Uma aplicação mais específica deste campo tem se dado, na ciência da
informação, em relação à atividade científica, buscando cobrir todo o espectro de
atividades, da captura à validação e arquivamento, descoberta e reuso dos dados
(SAYÃO; SALES, 2012). Dessa forma, pode ser compreendida como o “gerenciamento do
objeto digital e inclui atividades que abrangem todo o ciclo de vida desse objeto
(SIEBRA et al., 2015, p. 2), tendo sido desenvolvidos, para isto, alguns modelos de ciclo
de vida dos dados digitais, como os de Yomaoka e Higgins. Outra definição de curadoria
digital é aquela que se articula com todas as “ações de uso e preservação em relação ao
meio digital que visam à reutilização de dados digitais autênticos e outros ativos
digitais (MACHADO; VIANNA, 2016, p. 2).
A contribuição mais relevante desta área é a sua preocupação com o todo, isto é,
com a ligação e interdependência entre os vários aspectos, momentos e instâncias
relacionados com a informação. Uma determinada ação relativa ao armazenamento
impacta a coleta, a organização e as formas de acesso e disseminação, e assim
sucessivamente. Há, na curadoria digital, e o próprio termo aponta para isso, uma
preocupação especial, um “cuidado” (com a fragilidade dos dados, com a possibilidade
de um melhor uso e reuso, etc.) que conduz a uma consideração mais sensível à
globalidade dos processos e fenômenos.
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2.5 FOLKSONOMIAS E INDEXAÇÃO SOCIAL
Folksonomias representam um novo conceito para a organização de recursos
digitais na web (CATARINO; BAPTISTA, 2009). Trata-se da consideração da indexação
livre, realizada pelos próprios usuários, no trabalho dos profissionais da informação,
com o objetivo de proporcionar melhor recuperação da informação trabalho este
desenvolvido em ambiente aberto e de compartilhamento; portanto, de construção
conjunta.
O termo folksonomia foi criado em 2005 por Vander Val para designar a
etiquetagem dos recursos da web em ambiente social, feita pelos próprios usuários. Ele
surgiu com a web 2.0 e sua proposta de uma arquitetura da participação e, no campo da
ciência da informação, articulada a uma dinâmica descentralizada das ações de
representação da informação.
Uma designação alternativa é a expressão indexação social, que se refere à
dinâmica por meio da qual os próprios usuários fazem a descrição de um mesmo
recurso, resultando numa descrição intersubjetiva, realizada por meio de contratos
semânticos (GUEDES; MOURA; DIAS, 2011). Também aqui, busca-se considerar tal
dinâmica para a construção de linguagens de interface para organizar e recuperar
conteúdos em plataformas virtuais interativas, partindo das “ações de uso social da
linguagem para representar conteúdos” (GRACIOSO, 2010, p. 140).
Tal abordagem, partindo de uma postura pragmaticista, compreende que o ato de
classificar (ou etiquetar, classificar, representar etc.) não é apenas um ato cnico ou
profissional, passível de ser automatizado por estar sujeito a leis e padrões universais.
Tal como a altmetria, a indexação social constitui uma abordagem alternativa às
perspectivas tradicionais da ciência da informação. No caso da altmetria, relativa às
medições de citações e produção científica; no caso da indexação social, relativa aos
processos de organização da informação. De certa forma, a própria designação mais
recente do campo da representação, organização do conhecimento, já sinaliza para
essa ampliação de perspectiva. Com as folksonomias, passa-se a estudar como sujeitos
comuns, em suas atividades cotidianas, chegam a consensos. Representação é algo
socialmente construído; e é o uso feito pelas pessoas que cria os significados dos
documentos.
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2.6 ÉTICA INTERCULTURAL DA INFORMAÇÃO
Existem várias propostas e linhas de reflexão no âmbito das discussões sobre
ética e informação e a busca de uma possível ética informacional. Uma delas é a ética
intercultural da informação, cujo foco está na “interseção entre os princípios globais e as
particularidades locais” (SILVA, 2015, p. 6). Tal abordagem tem origem com a criação do
International Center for Information Ethics, na Alemanha, em 2004, em torno de um
questionamento fundamental: “informação para quem?”, e buscou também discutir e
problematizar questões informacionais debatidas no âmbito da World Summit on the
Information Society, em suas distintas edições (CAPURRO, 2010).
Os eventos desta cúpula buscam promover debates entre países, governos,
empresas e organizações diversas a respeito do vínculo entre informação e tecnologias
digitais, verificando o impacto das tecnologias nas normas, nos princípios, nas
estruturas e na própria conformação do ethos das sociedades contemporâneas. Nas
edições de 2003 e de 2005, buscou-se o estabelecimento de valores comuns, tal como se
procede em outras instâncias da Organização das Nações Unidas (ONU), mas também
analisar como as demandas informacionais em contexto digital são entendidas dentro
das diferentes tradições culturais do planeta.
É nessa linha que se desenvolveu a ética intercultural da informação, voltada,
conforme Capurro (2010), para o estudo de desafios como a questão da privacidade, da
propriedade intelectual, do acesso livre, do direito à expressão e da identidade digital.
Em parte, tal abordagem fundamenta-se no conceito de esfera pública de Habermas, em
torno da ideia de que existem atores sociais distintos, com interesses manifestos e
conduzidos por meio de argumentações racionais, que se encontram e negociam numa
arena pública em disputa (IULIANELLI, 2016).
O impacto de tal abordagem no campo da ciência da informação aprofunda
aquele trazido pelas reflexões de Wersig, ainda nos anos 1970, em torno da ideia de uma
responsabilidade social da ciência da informação. Sua especificidade em torno da noção
do “intercultural”, contudo, avança na ideia de que a ética não é algo “universal”,
existente independente das épocas, dos lugares, das experiências concretas. É preciso
discuti-la e analisá-la em cada lugar onde os fenômenos informacionais se manifestam, e
a prática ética constitui, portanto, não apenas o cumprimento de determinados
procedimentos profissionais, institucionais ou tecnológicos, mas também o constante
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tensionamento entre esses procedimentos e as expectativas, mentalidades e valores dos
diferentes povos e saberes.
2.7 NEODOCUMENTAÇÃO
O movimento intelectual conhecido como neodocumentação, como o próprio
nome indica, busca revitalizar um outro movimento, que se deu nas dimensões
institucional, profissional, técnica e teórica o da documentação , originado com Paul
Otlet no começo do século XX e continuado por, entre outros, Suzanne Briet na França,
López Yepes na Espanha e Bradford no mundo anglo-saxão.
A proposta da neodocumentação, desenvolvida no campo da ciência da
informação por autores como Rayward e Frohmann, propõe a substituição do termo
“informação”, tal como usado na ciência da informação, para o termo documento”. Tal
ideia é entendida não como um desvio, mas como um reenvio informação é entendida,
para tais autores, como o efeito ou derivação dos documentos (GONZÁLEZ DE GÓMEZ,
2011). Para os autores vinculados a essa abordagem, ao abandonar o documento e
centrar-se na informação, entendida como o “conteúdo objetivo” dos documentos, a
ciência da informação divorciou-se das práticas sociais, políticas, econômicas e culturais
nas quais a informação é produzida. O “documento” traz as marcas de seu contexto, de
quem o produziu, do suporte em que está inscrito, de suas dimensões e tamanho, de
seus aspectos estéticos, entre outros. Ao se desconsiderar tudo isso, buscando apenas os
“dados” ali contidos, a ciência da informação perdeu dimensões importantíssimas dos
fenômenos informacionais. A neodocumentação busca, assim, uma certa reconciliação
entre o estudo da informação e a vida social. aqui, como na altmetria e na
folksonomia, uma clara dimensão pragmaticista, por meio, neste caso, da influência de
Wittgenstein, para quem o significado existe e emerge a partir do uso feito pelos
sujeitos em suas ações concretas. Há, pois, um reencontro com as dimensões contextuais
às quais o documento encontra-se vinculado e seu uso. Um documento possui as
“marcas” de sua origem, e é a noção de “materialidade” que permite identificar essa
ligação.
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2.8 HUMANIDADES DIGITAIS
Humanidades digitais representa um amplo movimento, realizado em vários
países em anos recentes, e que tem produzido impactos diferenciados nas disciplinas
científicas. Em linhas gerais, ela tem por objetivo romper com a separação verificada,
nas últimas décadas, entre as tecnologias digitais e as humanidades, buscando,
justamente, conciliar os métodos das ciências humanas e sociais com as características,
potencialidades e procedimentos do mundo digital. Recentemente, tem tido presença no
campo da ciência da informação (PIMENTA, 2016).
Na ciência da informação, o principal diálogo com as humanidades digitais tem se
dado no campo das discussões sobre preservação de patrimônios culturais nas
sociedades contemporâneas, a promoção do acesso universal de forma democrática e o
embasamento crítico para a elaboração de políticas públicas de desenvolvimento
tecnológico (ALMEIDA; DAMIAN, 2015). Consiste, pois, no planejamento, proposição e
perspectivas de uso das tecnologias digitais a partir das preocupações típicas das
humanidades.
Essa abordagem compreende o ciberespaço como um espaço de mediação de um
conjunto de atividades e construção coletiva de repertórios culturais. Ao fazer isso,
permite e potencializa uma compreensão das tecnologias não apenas nelas mesmas, em
seus elementos componentes, recursos e operacionalizações, mas como dispositivos
sociotécnicos, isto é, elementos articulados aos demais fazeres humanos. Por isso, é
fundamental compreender seu impacto e as distintas possibilidades de seu uso.
2.9 ARQUEOLOGIA DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
A temática da “sociedade da informação” tornou-se uma constante nas décadas
de 1960 e 1970 e consistiu, em certa medida, a fundamentação para o surgimento e o
desenvolvimento da ciência da informação. Os autores que promoviam a noção
buscaram, com seu uso, destacar um novo momento na história da humanidade, em que
a informação (ou o conhecimento, ou a inovação, as ideias) desempenharia um papel
fundamental como modo de produção, tornando-se mais importante ou central do que a
indústria e a agricultura. Tal ideia legitimou a construção da ciência da informação, uma
ciência voltada para o estudo dessa nova era e desse recurso tão importante, bem como
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a elaboração de distintos projetos de “entrada” na sociedade da informação em distintos
países, inclusive no Brasil.
Alguns pesquisadores, contudo, começaram a levantar questionamentos sobre o
caráter de “novidade” desse fenômeno, bem como do discurso promocional envolvido
em torno da noção. Tais autores desenvolveram uma verdadeira arqueologia da ideia de
sociedade da informação. Um destes autores, Burke (2012), buscou demonstrar como,
ao longo de sua história, a humanidade desenvolveu distintas formas de coletar,
analisar, disseminar e usar a informação, relativizando parte do discurso em torno da
sociedade da informação, que apresentava muitos processos como originais ou inéditos
na história.
Outro autor, Mattelart (2002), realizou um trabalho de estudo da vinculação
entre o discurso eufórico da sociedade da informação e processos e projetos de
dominação na geopolítica planetária, de consolidação de hegemonias, por meio do
conceito de ideologia. Nessa mesma linha, Day (2001) buscou analisar criticamente
como se desenvolveu e que interesses se articularam no desenvolvimento da noção de
sociedade da informação.
Tal abordagem intentou desmistificar o caráter deslumbrado do discurso da
sociedade da informação, de inevitabilidade e universalidade, por meio do estudo da
complexidade de fenômenos e desdobramentos em diferentes contextos, conforme a
geopolítica internacional
2.10 PRÁTICAS INFORMACIONAIS
Uma das subáreas que sempre se desenvolveu com relativa autonomia na ciência
da informação foi a dos estudos de usuários. Originários dos estudos de usuários de
bibliotecas, tal perspectiva desenvolveu-se, inicialmente, como estudos de uso da
informação (estabelecimento de perfis de públicos, levantamento de padrões de busca e
uso para diagnóstico e avaliação de sistemas de informação), passando, a partir dos anos
1980, a ter como central a perspectiva do comportamento informacional. Diversos
modelos foram elaborados nesta perspectiva. Em meados da década de 1990, a partir da
iniciativa de um grupo de finlandeses (TUOMINEN; TALJA; SAVOLAINEN, 2002), uma
outra abordagem começou a ser desenvolvida: os estudos em práticas informacionais.
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, nesta abordagem, uma fundamentação na etnometodologia, a partir do
conceito de “prática” em Garfinkel, isto é, o movimento por meio do qual os indivíduos
agem no mundo, conformados pela cultura, e, ao mesmo tempo, constituem essa cultura
que os influencia e a realidade em que atuam. Outra fundamentação vem de Bourdieu e
seu conceito de habitus, o conjunto de predisposições que são interiorizadas pelos
indivíduos no decorrer de suas ações e posicionamentos nos distintos campos de
atividade humana. Inicialmente, tal abordagem focava-se em estudos de usuários na vida
cotidiana, em oposição aos estudos tradicionais focados no ambiente científico,
governamental e empresarial (SAVOLAINEN, 1995), mas depois passaram a se constituir
numa perspectiva para todos os tipos de realidade empírica.
Estudos como o de McKenzie (2003), nessa linha, têm evidenciado a existência de
uma comunidade de praticantes: a busca e a recuperação de informação são dimensões
das práticas sociais que fazem parte das rotinas, sejam elas da vida cotidiana ou do
mundo do trabalho. A pesquisadora também argumenta que as práticas informacionais
são singulares e situacionais, não sendo regidas por leis e bastante sujeitas ao acaso.
Entre as contribuições dessa linha de investigação está a ideia de que não existe
um mundo exterior, “lá fora”, independente dos sujeitos e das suas ações. São os sujeitos
que, em suas ações, criam e atualizam as regras e normas sociais. Além disso, tais
estudos, na crítica à proposta do comportamento informacional, avançaram na
compreensão da informação não como o preenchimento de uma lacuna cognitiva, nem
um processo exclusivamente vivido da perspectiva individual. Os processos envolvidos
com o uso da informação envolvem imaginação, apropriação, questionamentos,
tensionamentos, e tais processos são vividos a partir de categorias construídas
socialmente. Os sujeitos agem diante de outros, em ações correferenciadas, e tais ações
se dão em ligação com os contextos concretos em que acontecem. Em certa medida,
verifica-se algo parecido com o que foi desenvolvido na análise de domínio e nos estudos
em cultura organizacional, mas aqui voltados para os mais distintos ambientes e
circunstâncias.
2.11 REGIMES DE INFORMAÇÃO
Uma das perspectivas mais disseminadas no cenário contemporâneo da ciência
da informação é a abordagem conhecida como regimes de informação. Tal abordagem
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baseia-se na noção de “modo de produção” de Marx, aplicada ao campo da ciência da
informação. Um regime de informação designa, assim, um modo informacional
dominante em uma sociedade, isto é, quem são os sujeitos, as organizações, as regras, as
autoridades, os recursos e as hierarquias que conformam um determinado regime, isto
é, determinadas condições de existência de discursos e enunciações (GONZÁLEZ DE
GÓMEZ, 2012).
Tal ideia vem sendo desenvolvida por, entre outros, Braman (2004) por meio da
noção de cadeias de produção da informação na análise da circulação da informação em
diferentes países e a formulação de políticas públicas no setor. Outro fundamento para a
abordagem vem do conceito de “dispositivo” em Foucault, autor resgatado por
Frohmann (2008) para a análise de por que determinados documentos existem e
ganham “força e massa”, inscrevendo-se em institucionalidades e gerando determinados
efeitos e fatos na vida social.
Os autores ligados a essa linha de estudos analisaram, principalmente, as
políticas de informação, não apenas em seus aspectos normativos ou operacionais, mas
em sua imersão e inter-relação com as várias dimensões da vida humana a social, a
cultural, a econômica, a política, a regulatória, entre outras (FROHMANN, 1995).
Conhecer a informação por meio do conceito de regimes de informação significa que não
se deve estudá-la nela mesma, em seus componentes e elementos internos, mas sim
compreendê-la como produto da interação entre os vários fatores que a tornam possível
e que condicionam a sua existência.
2.12 MEMÓRIA
Memória é um tema ou conceito que sempre esteve presente, de alguma forma,
no campo da ciência da informação. Nas últimas duas décadas, contudo, tem tido maior
destaque, passando a designar áreas de investigação, linhas de pesquisa em programas
de pós-graduação e grupos de trabalho em associações científicas. Esse movimento deu-
se também com o progressivo abandono de uma perspectiva tecnicista da ideia de
memória (ligada a processamento e recuperação da informação, a capacidades e
potencialidades de computadores e redes) e sua problematização a partir de
contribuições dos campos da história e da antropologia, entre outros (MURGUIA, 2010).
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Nesse sentido, os fundamentos dessa nova aproximação entre os conceitos de
informação e memória se encontram nos trabalhos de Nora (1993), que entende a
memória como fenômeno vivido individualmente, mas articulado a suportes externos
materiais (o conhecimento registrado), e Halbwachs (2003), para quem a memória
individual está situada na encruzilhada das redes de solidariedade diversas nas quais
todos estamos envolvidos.
De uma perspectiva individualista, ligada a uma capacidade humana, o
entendimento da memória passou a ser visto dentro de um quadro da sua construção
social, do seu papel na constituição da cultura e da própria realidade. Mais ainda, a
maneira como os distintos indivíduos e grupos participam desse processo conduziu a
uma compreensão da memória como um “campo de batalha”, no qual os atores lutam
pelo estabelecimento dos critérios a partir dos quais será decidido o que será,
coletivamente, lembrado e esquecido, valorizado e desprezado. Estudos recentes têm se
debruçado sobre as condições de produção (e o direito de participação nesta produção),
de circulação (e a importância da pluralidade e da diversidade nesse processo) e de
acesso (garantia de que seja o mais democrático possível) da informação na constituição
da memória. Uma referência nessa linha é García Gutiérrez (2008) com sua proposta de
criação de dois tipos de dispositivos: o operador complexo e o operador transcultural.
Aqui, também, vê-se uma crítica à ideia de informação como o preenchimento de
uma lacuna dos indivíduos. Informação é entendida como o processo a partir do qual
indivíduos valorizam determinados registros e, nesse processo, participam do processo
de construção da memória, portanto da cultura e do real. Os serviços, produtos e
sistemas de informação são estudados como atores na conformação de determinados
quadros de sentido, modos de apreensão, interferências na valorização de determinadas
fontes, documentos ou registros.
2.13 APROXIMAÇÕES COM ARQUIVOLOGIA, BIBLIOTECONOMIA E MUSEOLOGIA
Uma tendência que vem sendo desenvolvida na ciência da informação em anos
recentes diz respeito ao argumento de que ela deveria fortalecer seu diálogo com as
áreas de arquivologia, de biblioteconomia e de museologia. Não se trata, como as outras,
de uma teoria ou um conjunto de ações e práticas, nem mesmo de um movimento
intelectual unificado. Encontram-se aqui distintas iniciativas, sobretudo de âmbito
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institucional. Uma delas é a de Bates (2012), que aproxima a ciência da informação dos
conceitos de conhecimento, memória e patrimônio, a partir de uma ligação com,
respectivamente, biblioteconomia, arquivologia e museologia. Silva e Ribeiro (2002)
defendem, numa linha diferente, um outro tipo de aproximação a partir das categorias
de “custodial” e pós-custodial”. Vivarelli (2015) propõe que arquivos, bibliotecas e
museus devem ser parceiros por terem as mesmas finalidades em relação ao seu uso
público e papel de promotores da cultura e espaço de construção da identidade.
Conforme Araújo (2014), é possível perceber uma sintonia entre as perspectivas
teóricas mais recentes nas três áreas. A nova biblioteconomia, o conceito de mediação
bibliotecária e a competência informacional na biblioteconomia; os conceitos de
archivalia e archivalization, a arquivística integrada e a arquivística pós-moderna na
arquivologia; a ideia do museal, a nova museologia e a museologia crítica na museologia
possuem, todas, uma ideia comum: o estudo das maneiras pelas quais uma sociedade
lida com o conhecimento que ela própria produz. Arquivos, bibliotecas e museus, seus
fazeres e seus profissionais, são entendidos como mediações, interferências específicas
realizadas no âmbito da dinâmica informacional mais ampla de uma sociedade.
Aproximar a ciência da informação destas três áreas é, assim, tentar
compreender como uma cultura é produzida, reproduzida e modificada por meio das
interferências destas instituições; é analisar a dinâmica dessas várias interferências,
promovidas por atores institucionais ou não, nos distintos processos de criação, seleção,
circulação e apropriação dos registros de conhecimento.
3 A DISCUSSÃO SOBRE OS PARADIGMAS
As treze teorias apresentadas acima vinculam-se a tradições de pesquisa muito
distintas (os estudos em organização da informação, pesquisas métricas, estudos de
usuários, gestão da informação, comunicação científica, entre outros). Elas também
evidenciam o caráter dinâmico e plural da ciência da informação, que se dedica ao
estudo de diferentes realidades empíricas (os fluxos de informação no planeta; os
contextos organizacionais; a organização de documentos em bibliotecas, arquivos, bases
de dados; a apropriação da informação no cotidiano; entre muitas outras) e, para tanto,
aciona conceitos e métodos também distintos.
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Seria possível, contudo, encontrar pontos comuns entre elas? Haveria uma ou
mais tendências gerais verificáveis na ciência da informação? Para desenvolver essa
análise, foi utilizado como quadro de referência a proposta de “paradigmas” da ciência
da informação apresentada por Capurro.
Em 2003, durante o Enancib, o Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da
Informação, houve uma conferência de abertura promovida por Rafael Capurro, então
professor da Universidade de Stuttgart. Nela, ele apresentou aqueles que seriam os três
principais modelos de estudo da informação desenvolvidos pela ciência da informação
(CAPURRO, 2003). Essa ideia, seja pela sua importância institucional (foi a conferência
magna do principal evento da área no país), pela sua qualidade intelectual (a
fundamentação consistente da argumentação) ou pela sua clareza didática e
esquemática, tornou-se uma referência importante para os pesquisadores brasileiros.
Gerou-se, a partir dali, certo consenso sobre o que é a área, sobre sua evolução, que
passou a refletir-se na produção científica e, também, no ensino (trata-se de um artigo
presente em programas de disciplinas de fundamentos da ciência da informação em
cursos de graduação e pós-graduação e em editais de seleção para mestrados em ciência
da informação).
Na verdade, a sistematização proposta por Capurro não era exatamente nova ou
totalmente original. Antes e depois dele, outros apresentaram sistematizações
razoavelmente semelhantes. O próprio Capurro apresentou uma em 1991, e depois disso
autores de proveniências institucionais distintas, como Rendón Rojas (México),
Saracevic (Estados Unidos), Ørom (Dinamarca), Fernández Molina e Moya Anegón
(Espanha), Silva e Ribeiro (Portugal) e Salaün e Arsenault (Canadá), apresentaram
outras sistematizações (ARAÚJO, 2014). Todos estes autores, embora usando termos
diferentes, identificaram três grandes conceitos ou modelos de estudo da informação.
Na obra de todos eles, ressalta-se a ideia de que houve uma primeira forma de
estudo da informação (“física”, como fenômeno “objetivo”, como “sinal”, como algo no
nível “sintático”), em que ela era entendida como algo existente em si mesmo,
independente dos sujeitos e dos contextos, como um “dado”, dotado de propriedades e
características passíveis de serem medidos e explicados a partir da formulação de leis.
Em suas argumentações sobre esse primeiro modelo, os autores vinculam “informação”
a noções como sinal, emissor, receptor, transporte, transferência, sistema, recuperação,
probabilidade, precisão, revocação, mensagem. Esse modelo, conforme os autores, teria
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“origem” naquele que é o evento também identificado, muitas vezes, como originário do
próprio campo: as Conferences on Training Science Information Specialists, ocorridas no
Georgia Institute of Technology, em 1961 e 1962. Seus fundamentos teóricos básicos
estão expressos no artigo As We May Thing, de Vannevar Bush, publicado em 1945; no
livro The mathematical theory of communication, de Shannon e Weaver, publicado em
1949; e no artigo Information Science: what is it?, de Borko, publicado em 1968. Quadros
de referência fundamentais em sua construção foram as teorias do comportamentalismo
e da teoria sistêmica, hegemônicos no período da gestação do projeto da ciência da
informação.
Também em todos os autores mencionados acima a ideia de que surgiu uma
segunda maneira de se estudar a informação (como algo “cognitivo”, “semântico”,
“subjetivo”), em que passou a se considerar a articulação entre os dados (os elementos
presentes da realidade independente dos sujeitos) e o conhecimento (aquilo que os
indivíduos sabem ou conhecem), sendo a informação a medida da alteração deste estado
de conhecimento, ou, em outros termos, o produto da interação entre os dados e o
conhecimento, no âmbito do indivíduo. Ao apresentarem essa perspectiva de estudos, os
autores aproximam o conceito de “informação” ao de dado, conhecimento,
processamento, indivíduo, pessoa, lacuna, preenchimento, modificação, alteração,
significado. Esse modelo tem como marco de referência a The Copenhagen Conference
Theory and Application of Information Research, ocorrida em 1977, e se expressou
teoricamente em quatro artigos sobre Foundations of Information Science, publicados
por Brookes no início dos anos 1980, nos quais o autor apresenta a sua “equação
fundamental” da ciência da informação e no qual a informação é compreendida como a
medida da alteração da estrutura de conhecimento de um indivíduo. A inspiração
filosófica dessa abordagem é a teoria do conhecimento objetivo de Popper.
Mais uma vez, em todos os autores mencionados a ideia de um terceiro
modelo, que em alguns aparece como uma tendência ainda em construção, em outros
se encontra mais estabelecida. Termos como “pragmática”, “intersubjetivo”,
“sociocultural” são usados para descrevê-la, apontando que informação é algo da ordem
não apenas do objetivo ou do subjetivo, mas também do coletivo, de uma construção
social. Nessas descrições, “informação” aparece ligada a termos como documento,
saberes, ação, contexto, cultura, memória, coletivo, sociedade, histórico. O marco de
referência da construção dessa perspectiva é o I CoLIS International Conference on
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Conceptions of Library and Information Science, que ocorreu na Finlândia, em 1991, e
teria marcado uma “virada sociológica” na ciência da informação (CRONIN, 2008).
Antecedentes desse modelo são, no campo da ciência da informação, a epistemologia
social proposta por Shera nos anos 1960 e, de fora da área, as teorias da construção
social da realidade de Berger e Luckmann e o movimento da viragem linguística,
promovido por pragmaticistas como Wittgenstein.
Essas sistematizações da ciência da informação a partir de três modelos ou
formas de estudo podem ser utilizadas como parâmetro para a caracterização das
teorias e perspectivas que compõem a ciência da informação. Assim, decidiu-se realizar,
como trabalho de pesquisa, a busca, nas treze teorias identificas, de como se
manifesta(m) o(s) conceito(s) de informação a partir do quadro de referência dos três
modelos.
4 O CONCEITO DE INFORMAÇÃO NAS TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
Após a breve apresentação das treze teorias e dos três paradigmas, pode-se
perceber que existem certas tensões em relação à maneira como a informação é
compreendida. Algumas dessas teorias são construídas justamente na oposição a outras
teorias ou modelos, consolidados no campo, apresentando-se como formas
alternativas de compreensão dos fenômenos informacionais.
A análise dos conceitos mobilizados pelas treze teorias, dos temas propostos e
formas de estudo, permite evidenciar pelo menos cinco dimensões dos fenômenos
informacionais: sua natureza como dado ou construção; como algo individual ou
coletivo; como acúmulo de dados ou interferência e apropriação; como algo técnico ou
inserido na vida cotidiana; como fenômeno isolado ou inserido em um dinâmica mais
ampla. Cada um deles é analisado a seguir:
a) Em alguns casos, a informação é entendida como algo objetivo, físico, fixo,
pronto, um “dado” da realidade. Em outros, ela é vista como algo construído,
um fenômeno dependente de um sujeito, relacionado a dinâmicas de
significação e valoração. Nas treze teorias analisadas, predomina o segundo
entendimento, o que as aproxima do paradigma social.
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b) Em certos casos, a informação é vista como algo individual, ligado a pessoas
tomadas como entes isolados (e somente em sua dimensão de seres
cognoscentes), enquanto em outras é tomada como fenômeno cultural, de
natureza intersubjetiva, isto é, como construção por meio da ação
reciprocamente referenciada dos atores sociais. Nas treze teorias analisadas,
também se destaca a segunda ideia e que está ligada ao paradigma social.
c) Além disso, a relação das pessoas com os registros de conhecimento é vista,
em alguns casos, como um acúmulo, um somatório de conhecimentos,
envolvido com o processamento da informação. Em outros casos, analisa-se a
interferência dos sujeitos, os processos de acomodação e assimilação que se
instauram em sua relação com o real, o uso da imaginação, os processos de
apropriação. Também aqui é possível perceber que a segunda explicação,
ligada ao paradigma social, predomina nas teorias analisadas.
d) Ainda, em alguns casos, a informação é estudada como algo técnico, formal,
inscrito na dinâmica da ciência, do ambiente empresarial ou laboral, tomados
isoladamente, sendo o processamento da informação passível de ser
automatizado, estando os fenômenos informacionais sujeitos a leis. Em outros
casos, a informação é vista como algo presente na vida cotidiana, ligado à ação
dos sujeitos, fenômeno singular, portanto da ordem da contingência, e com
caráter pragmático. Mais uma vez, percebe-se o predomínio do segundo
entendimento, também este ligado ao paradigma social.
e) Por fim, a informação é vista, em certos estudos, como um sistema isolado,
analisada em seus elementos internos, suas partes constitutivas, sem
referência ao contexto em que se inscreve. Em outras, como um fenômeno que
não existe em si mesmo, mas sim um aspecto de relações mais amplas,
inscrito numa dinâmica maior (numa lógica, portanto, de maior complexidade
em busca da globalidade do fenômeno). É essa segunda forma de
compreensão que predomina nas treze teorias, e ela também está vinculada
ao paradigma social.
Analisando, pois, as treze perspectivas contemporâneas, é possível identificar
claramente aspectos dos modelos físico e cognitivo que são questionados, isto é,
construções conceituais que evidenciam que o poder explicativo dos modelos físico e
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cognitivo mostra-se limitado. A informação tem claramente uma dimensão objetiva, que
pode ser identificada, e envolve sim um transporte, uma transferência de algo de um
sujeito para outro (e, portanto, informação tem sim a ver com sinal, emissor, receptor,
sistema, recuperação). A informação envolve também uma alteração do estado cognitivo
de uma pessoa, a transformação de dados em conhecimento (e então informação tem
relação com conceitos como dado, conhecimento, lacuna, pessoa, preenchimento,
necessidade, busca, uso).
Embora as teorias atuais enxerguem esses elementos, elas não os priorizam. Pelo
contrário, constroem-se na crítica à limitação que consiste em estudar apenas essas
dimensões. Nesse sentido, as treze teorias demonstram que informação também é algo
mais amplo e complexo do que o que é expresso em suas dimensões física e cognitiva
ela existe em dimensões que estão além da dimensão propriamente operacional e
mecânica. Trata-se, como vem sendo apontado e de fato exercido pelas treze tendências
apresentadas, de um processo no qual as identidades dos sujeitos são construídas, e a
cultura é constituída a partir de ações de criação e apropriação dos registros de
conhecimento (documentos) pelos sujeitos agindo de forma reciprocamente
referenciada na construção dos saberes. Informação se relaciona, portanto, com
conceitos como cultura, memória, apropriação, mediação, documento, saberes. As treze
teorias atuais demonstram que uma clara tendência intelectual no campo da ciência
da informação, sem que as dimensões física e cognitiva, priorizadas em outras maneiras
de se pensar a informação (os dois primeiros paradigmas), tenham deixado de existir.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em um texto muito conhecido sobre o conceito de informação, Capurro e
Hjorland (2007) perguntam que diferença faz se usamos um ou outro conceito de
informação. Sabemos que os conceitos são criações do pesquisador, eles não existem
“ali, na realidade”. O que temos diante de nós são fatos, fenômenos como, por exemplo,
pessoas indo à biblioteca, políticas de preservação de documentos sendo formuladas,
processos de digitalização ocorrendo, comunidades interagindo por redes sociais,
públicos visitando museus, audiências acompanhando a televisão, aulas ocorrendo por
videoconferência, pessoas acessando motores de busca etc. O empírico está o que
muda é nossa forma de compreendê-lo. Cada um desses processos pode ser analisado
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em termos de transferência de dados, de alteração de estados de conhecimento ou de
construção coletiva de saberes e identidades.
A análise das treze teorias realizada neste texto demonstrou que a ciência da
informação tem caminhado para a consolidação de perspectivas calcadas em aspectos
do chamado paradigma social. Isso evidencia uma tendência, que é também um olhar
mais atento à complexidade dos fenômenos, ao inter-relacionamento de seus elementos
e dimensões, bem como aos novos aspectos das realidades empíricas que demandam
novos modelos explicativos.
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SOBRE O AUTOR
Carlos Alberto Ávila Araújo
Professor associado da Escola de Ciência da Informação da UFMG. Pós-doutor pela Universidade do Porto.
E-mail: casalavila@yahoo.com.br
Recebido em: 01/09/2017; Revisado em: 04/11/2017; Aceito em: 16/11/2017.
Como citar este artigo
ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Teorias e tendências contemporâneas da ciência da informação.
Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, n. 2, p. 9-34, jul./dez. 2017.