USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO: a produção científica no periódico ‘Perspectivas
em Gestão & Conhecimento’
INFORMATION USERS: scientific production in the journal Perspectivas em
Gestão & Conhecimento
Eliane Bezerra Paiva
UFPB
Francisca Arruda Ramalho
UFPB
RESUMO
O estudo da produção científica é um importante indicador das tendências de qualquer área do
conhecimento. Para entender como se configura a produção sobre Usuários da Informação no
periódico, Perspectivas em Gestão & Conhecimento, realizou-se uma pesquisa exploratória e
descritiva, com o objetivo de mapear e analisar a produção científica sobre Usuários da Informação
publicada no referido periódico, no período de 2011 a 2016. Justifica-se a realização da pesquisa
por se tratar de uma temática ainda pouco explorada na literatura da área e porque não se conhece
estudo semelhante apresentado no referido periódico. A metodologia pauta-se numa abordagem
quanti-qualitativa, utilizando-se a Análise de Conteúdo de Bardin para a análise qualitativa. Os
resultados da pesquisa apontam que, no período estudado, o periódico publicou 12 produções que
enfocam aspectos como Uso da Informação, Usabilidade, Comportamento Informacional e Usuários
da Informação. Conclui-se que, em termos quantitativos, o montante da produção sobre Usuários da
Informação ainda é pequeno, comparado com o da produção publicada no periódico no período
estudado. Entretanto, a produção é de qualidade relevante, principalmente para a temática
Comportamento Informacional.
Palavras-chave: Usuário da informação. Estudos de usuário. Produção científica. Periódico.
ABSTRACT
The study of scientific production is an important indicator of trends in any area of knowledge.
Seeking to understand how sets up the production on "Information Users" in the journal
"Perspectivas em Gestão & Conhecimento, an exploratory and descriptive research was carried out
with the objective to map and analyze the scientific production on Information Users published in
the aforementioned journal, in the period from 2011 to 2016. This research is justified because it is
a few explored theme in literature and, also, because it not known a similar study carried out in the
said journal. The methodology is guided in a quantitative and qualitative approach using Bardins
content analysis, for qualitative analysis. The results indicate that, in the period studied, the paper
published 12 productions that focus on the use of Information Use, Usability, Informational
Behavior and Information Users. It is concluded that, in quantitative terms, the level of production
on the Information Users is still small compared with the totality of production published in the
journal during the studied period. However, the production quality is relevant, especially to the
Informational Behavior theme.
Keywords: Information user. User studies. Scientific production. Periodical.
Inf. Pauta
Fortaleza, CE
v. 2
número especial
out. 2017
ARTIGO
Paiva; Ramalho | Usuários da informação
45
1 INTRODUÇÃO
O estudo da produção científica é um importante indicador das tendências de
qualquer área do conhecimento. E, no âmbito da Ciência da Informação, um estudo dessa
natureza pode revelar as tendências e os rumos dessa área do conhecimento. Assim,
visando encontrar resposta para este questionamento: Como se configura a produção
sobre Usuários da Informação no periódico Perspectivas em Gestão & Conhecimento?,
realizou-se uma pesquisa com o objetivo de mapear e analisar a produção científica
sobre Usuários da Informação publicada no referido periódico, no período de 2011 a
2016, a fim de verificar o interesse de pesquisadores sobre a temática e as tendências
das pesquisas realizadas nessa área do conhecimento. Este texto é um relato da referida
pesquisa.
A pesquisa se justifica porque o tema ainda é pouco explorado na literatura da
área e por não se conhecer estudo semelhante realizado no periódico "Perspectivas em
Gestão & Conhecimento".
Depois de feito o levantamento em periódicos Qualis A1, A2 e B1, da área de
Ciência da Informação, para uma pesquisa mais abrangente sobre Estudos de Usuários,
foram identificados catorze títulos de periódicos, dentre eles, "Perspectivas em Gestão &
Conhecimento". Com base em tais informações, elegeu-se o referido periódico para esta
comunicação destinada ao I Encontro Internacional em Estudos de Uso e Usuários da
Informação, tendo em vista a oportunidade de estudar todos os fascículos do referido
periódico e porque a produção desse periódico é compartilhada com o Departamento de
Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba, desde a criação até os dias
atuais, ao qual estamos vinculados.
2 USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO
múltiplas formas de estudar a relação entre o usuário e a informação, razão
por que é difícil entender os Usuários da Informação. Cunha, Amaral e Dantas (2015)
percebem que o usuário pode estar vinculado a vários contextos: àquele em que busca a
informação; o do receptor dos serviços de informação; o em que usa a informação etc.
Por isso é complexo categorizar os usuários, porquanto isso envolve aspectos relativos a
mudanças no próprio contexto e à diversidade das características pessoais de cada
indivíduo.
46
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ARTIGO
Sanz Casado (1994) define o usuário da informação como o indivíduo que
necessita de informação para fazer suas atividades. Nos sistemas de informação, o
usuário é o ator principal, sua razão de ser. É ele quem demanda, recebe e utiliza a
informação. Assim, visando atender às suas necessidades informacionais, as unidades de
informação realizam os processos de seleção, organização, gerenciamento e
disseminação da informação.
Para se conhecer o comportamento dos usuários em suas buscas por informação
ou averiguar como se processa o uso das unidades de informação, visando implantar
melhorias nessas organizações, é que se fazem as pesquisas denominadas de Estudos de
Usuários, cujos antecessores foram os "levantamentos bibliotecários" (library surveys) e
as enquetes sobre leitura (reading surveys) que, conforme Cunha, Amaral e Dantas
(2015), começaram nos séculos passados, no exterior. No Brasil, os Estudos de Usuários
originaram-se em meados do Século XX.
Tanus (2014) aponta que os Estudos de Usuários podem ser vistos conforme os
três paradigmas da Ciência da Informação defendidos por Capurro (2003). No
paradigma físico, a informação é vista como algo tangível, o que conduz à figura do
usuário como um sujeito passivo, um mero usuário dos sistemas de informação. Em
consonância com esse paradigma, os Estudos de Usuários desse período são
classificados como "estudos de uso" (system approach), centrados nas unidades de
informação, que correspondem à Abordagem Tradicional. No paradigma cognitivo, a
informação desloca-se do mundo externo à volta do usuário para a sua mente, o que
corresponde à visão cognitiva do conceito de informação. No paradigma cognitivo,
prevalece a Abordagem Alternativa dos Estudos de Usuários. No paradigma social, a
informação se desloca do usuário e passa a ser vista como uma construção social. Nesse
terceiro paradigma, iniciam-se os Estudos de Usuários da Abordagem Sociocultural, que
se configuram como "estudos das práticas informacionais".
Os Estudos de Usuários vêm despertando o interesse dos pesquisadores da
Ciência da Informação e de outras áreas do conhecimento, o que se reflete em um
crescimento exponencial da literatura referente a essa temática. Nos últimos anos, a
literatura mundial sobre Estudos de Usuários se ampliou e se transformou em um
fenômeno internacional, o que pode ser demonstrado em pesquisas realizadas no
Library and Information Science Abstracts (LISA) e no Annual Review of Information
Science and Technology (ARIST). No cenário brasileiro, a literatura sobre Estudos de
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Usuários tende a acompanhar as tendências das pesquisas realizadas em outros países,
principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra (BAPTISTA; CUNHA, 2007).
A tipologia dos Estudos de Usuários é vasta. Esses estudos podem ser
classificados conforme várias vertentes, como, por exemplo: o assunto abordado
(estudos gerais e estudos específicos); o tipo de abordagem adotada (estudos centrados
na unidade de informação e no usuário); e a abrangência geográfica (internacional,
nacional, estadual e municipal).
Os Estudos sobre Uso objetivam medir os indicadores e a efetiva utilização e o
grau de satisfação do uso de fontes, serviços ou sistemas de informação para avaliar os
sistemas de informação e dar feedback sobre eles (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). Os
estudos sobre Usabilidade são os que tratam do uso de produtos e/ou sistemas
tecnológicos utilizados nas mais diversas atividades humanas, visando, entre outros
fatores, satisfazer ao usuário. O fato de o usuário achar agradável a interação com um
sistema e de se sentir particularmente satisfeito ao usá-lo é denominado por Nielsen
(1993) de satisfação subjetiva.
O comportamento informacional é a totalidade do comportamento humano em
relação às fontes e aos canais de informação, incluindo a busca de informação ativa e
passiva além do uso da informação WILSON,  apud CUNHA; AMARAL; DANTAS,
2015, p. 8). Essa assertiva conduz ao entendimento de que os Estudos de
Comportamento Informacional são os que abrangem as fontes e os canais de informação,
busca e uso da informação.
Os Estudos de Usuários, conforme Amaral (2013), também podem ser
reconhecidos como instrumentos de planejamento e gestão no ambiente das
organizações e auxiliar os gestores responsáveis a proverem produtos e serviços de
informação para seus usuários no ambiente das organizações.
No contexto organizacional, os Estudos sobre Usuários "[...] crescem em
importância, considerando que as organizações funcionam por meio das ações de
pessoas a elas relacionadas, tanto no ambiente interno como no externo à organização"
(CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 147).
A realização de Estudos sobre Usuários é essencial para o funcionamento de
qualquer unidade de informação, organização ou para se conhecerem o comportamento
e/ou as práticas informacionais dos usuários, afinal, eles estão presentes em todo o fluxo
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da informação e para eles é que se destinam todos os produtos e serviços
informacionais.
3 PERSPECTIVAS EM GESTÃO & CONHECIMENTO: uma revista científica
O periódico Perspectivas em Gestão & Conhecimento PG&C
1
é uma iniciativa
da Coordenação do Curso de Administração (Gestão 2009-2011) do Centro de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Surgiu,
institucionalmente, através da colaboração de docentes pesquisadores vinculados a três
departamentos: Administração, Ciência da Informação e Filosofia, todos da UFPB,
contando com a cooperação técnico-científica do Instituto Brasileiro em Informação
Ciência e Tecnologia (IBICT). É publicado semestralmente, registrado sob ISSN: 2236-
417X e está avaliado no Qualis Capes como B1.
As submissões ao periódico podem ocorrer nas línguas portuguesa, inglesa ou
espanhola. O periódico PG&C está indexado em 23 bases de dados, entre elas:
LATINDEX, LISA, Portal de Periódicos da CAPES, Dialnet, NewJour, SFX KnowledgeBase,
TULIPS, CCUC, CB-UdG e UNIVERSIA.NET.
O objetivo desse periódico é de publicar trabalhos originais e inéditos
relacionados às temáticas gestão e conhecimento com abordagens que priorizem
diálogos inter/pluri/multi/transdisciplinares e contribuam para a aquisição de novos
conhecimentos e/ou para ser aplicados nos diversos setores e organizações da
sociedade. Utiliza o sistema LOCKSS para criar um sistema de arquivo distribuído entre
as bibliotecas participantes, para que elas possam criar arquivos permanentes da revista
para preservá-los e restaurá-los.
Os editoriais do primeiro e do último meros do PG&C (2011 e 2016) mostram
seu surgimento fortalecido e sua brilhante trajetória. Os estudos publicados no
primeiro número [...] demonstram a bem-aventurança da multiplicidade de olhares
sobre as temáticas Gestão e Conhecimento GOMES; COSTA, , p. . Esses olhares
emergem de artigos de revisão, relatos de pesquisa e relatos de experiência. Como
afirmam seus editores, nesse contexto, o PG&C "[...] caracteriza-se como um espaço
1
Informação extraída de Perspectivas em Gestão & Conhecimento < http://
http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/pgc > , no menu SOBRE.
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virtual de encontro de múltiplo saberes sobre Gestão e Conhecimento [...] entre autores
e equipe editorial [...]" (GOMES; COSTA, 2011, p. 3).
No Editorial do último número de 2016, os editores de PG&C são enfáticos, ao
afirmar que, ao longo de sua existência, esse periódico vem "[...] trabalhando
incansavelmente para cumprir o objetivo a que se propôs, desde a sua idealização, e
para manter sua qualidade [...]" (GOMES; COSTA, 2016, p. 1).
Finalmente, vale registrar que, além das três seções iniciais (artigo de revisão,
relato de pesquisa e relato de experiência), no decorrer da sua trajetória, o PG&C
ampliou seu número de seções para oito
2
e firmou-se como um canal informacional no
âmbito da comunicação científica.
4 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva. "As pesquisas exploratórias
são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo,
acerca de determinado fato" (GIL, 1999, p. 43), e as pesquisas descritivas objetivam
descrever as características de determinada população ou fenômeno ou estabelecer
relações entre variáveis. Assim, realizou-se um levantamento da produção científica
sobre a temática Usuários da Informação, na revista "Perspectivas em Gestão &
Conhecimento", desde o primeiro fascículo, publicado em 2011, até o último, de 2016, o
que corresponde a seis volumes e 18 números, dentre esses, seis especiais.
Adotou-se uma abordagem quanti-qualitativa, por entender que as duas
abordagens são complementares e servem para clarificar os resultados da pesquisa.
Inicialmente, levantou-se a produção publicada em PG&C, período de 2011 a 2016, e,
posteriormente, identificou-se a produção sobre a temática "Usuários da Informação", o
que totaliza doze publicações. A seguir, procedeu-se à sua coleta e, depois, a sua leitura,
para extrair as informações pertinentes às categorias de análise:
a) Tipologia da produção científica: identificação dos tipos de produção
publicados no período de 2011 a 2016;
b) Autores e coautores da produção: identificação dos autores e dos coautores
visando verificar os mais produtivos no período estudado;
2
As oito seções de PG&C estão dispostas na Tabela 1, coluna Tipo de Produção.
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ARTIGO
c) Origem geográfica e institucional: identificação da origem geográfica e
institucional da produção;
d) Idioma da produção científica: identificação dos idiomas das produções,
visando estabelecer os grupos linguísticos da produção publicada.
Para analisar os dados, adotou-se a Análise de Conteúdo, por ser uma técnica de
análise das comunicações por meio da qual se visa obter, através de procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores
quantitativos e qualitativos que permitem inferir conhecimentos relativos às condições
de produção dessas mensagens (BARDIN, 2006).
5 MAPEAMENTO E ALISE DA PRODUÇÃO SOBRE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO
Neste item, apresentam-se as informações sobre a produção publicada no PG&C, no
período de 2011 a 2016, e sobre a tipologia da produção, os estudos sobre usuários da
informação, a autoria, a coautoria, a origem geográfica e institucional e o idioma da
prodão.
5.1 PRODUÇÃO PUBLICADA NO PG&C NO PERÍODO DE 2011 A 2016
Tabela 1 -Produção publicada no periódico Perspectivas em Gestão & Conhecimento -2016)
TIPO DE PRODUÇÃO
TOTAL
N %
USUÁRIO DA INFORMAÇÃO
N %
Relato de pesquisa
141
51,5
4
2,8
Artigo de revisão
73
26,6
3
4,1
Memória científica
22
8,0
3
13,6
Editorial
18
6,6
0
0
Relato de experiência
09
3,3
1
11,1
Resenha
05
1,8
1
20,0
Ponto de vista
04
1,4
0
0
Carta ao leitor
02
0,7
0
0
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
TOTAL
274
100
12
4,4
Fonte: Dados da pesquisa 2017.
Dentre os oito tipos de produção publicada em PG&C, destacam-se os relatos de
pesquisa (51,5%), os artigos de revisão (26,6%) e as memórias científicas (8,0%). Do
total da produção, somente ,% são sobre a temática Usuário da Informação Tabela
1).
5.2 TIPOLOGIA DA PRODUÇÃO PUBLICADA NO PG&C SOBRE USUÁRIOS DA
INFORMAÇÃO
A Tabela 2 apresenta a tipologia da produção sobre Usuários da Informação,
publicada em PG&C no período de 2011 a 2016.
Como se pode observar na Tabela 2, a tipologia da produção sobre Estudo de
Usuários está representada por cinco das seções de PG&C: Relato de pesquisa (33,3%),
Artigo de revisão (25%), Memória de Evento Científico-Profissional (25%), Relato de
Experiência (8,3%) e Resenha (8,3%). Para PG&C, os tipos de produção da Tabela 2
devem ser entendidos como segue:
Os Artigos de Revisão fazem análise crítica consistente, capaz de suscitar e/ou
subsidiar pesquisas e novas perspectivas teóricas na relação das temáticas Gestão e
Conhecimento. As Memórias de Evento Científico-profissional são comunicações
que correspondem à coletânea de conferências, palestras e artigos, que são
apresentados em eventos técnicos, científicos e/ou profissionais de contributo das áreas
de interesse da revista. Os Relatos de Experiência emanam de experiências
profissionais ou descrevem atividades de interesse para os leitores da revista e
contribuem para o conhecimento do tema explorado. Os Relatos de Pesquisa
correspondem a artigos oriundos de relatórios de pesquisas científicas e descrevem seus
procedimentos metodológicos, resultados e conclusões. As Resenhas configuram-se
como apreciação e análise crítica e interpretativa de obras lançadas recentemente.
Devem ser individuais, e o texto abranger de três a cinco laudas.
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Paiva; Ramalho | Usuários da informação
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
5.3 OS ESTUDOS SOBRE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO
A tipologia dos Estudos de Usuários identificados em PG&C está representada na
tabela 3.
Tabela 3 - Tipologia dos estudos relacionados aos Usuários da Informação
TIPOS DE ESTUDO
NÚMERO
%
Uso da informação
4
33,3
Usabilidade
4
33,3
Comportamento informacional
3
25
Usuário da informação
1
8,3
TOTAL
12
100%
Fonte: Dados da pesquisa 2017.
Os quatro tipos de estudo sobre Usuários da Informação correspondem às 12
produções (Apêndice A) identificadas em PG&C e serão expostos a seguir.
5.3.1 Estudos sobre o uso da informação
A produção sobre uso da informação consta de quatro trabalhos (Quadro 1): um
artigo de revisão(AR), um relato de experiência (RE) e duas memórias de eventos
científicos profissionais (MECP), publicadas em números especiais de PG&C.
Quadro 1 - Produção sobre o uso da informação
N
o
ESTUDOS SOBRE USO
V/N
ANO
TIPO
1
Estudo da utilização da informação de custos como
ferramenta de gestão em organização pública: o estudo do
sighcustos
3/1
2013
RE
2
Uso da informação sobre a concorrência e tomada de
decisão: estudo e análise das características do processo de
sense making organizacional
2/esp.
2012.
MECP
Silva; Ramalho | Usuários da informação
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
3
Dimensões simbólicas e afetivas do uso da informação: uma
análise das comunicações entre professores do
Departamento de Psicologia de uma instituição de ensino
superior pública brasileira
2/esp.
2012.
MECP
4
Uso das fontes de informação para a geração de
conhecimento organizacional
1/2
2011
AR
Fonte: Dados da pesquisa 2017.
Legenda: V/N - Volume/Número. RE- Relato de Experiência. MECP- Memória de Evento Científico-
profissional. AR- Artigo de Revisão.
O Relato de Experiência 1 (Q1) trata de uma pesquisa descritiva e de
abordagem quantitativa, em que se analisou o processo de geração e agregação de valor
à informação de custos na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. É um estudo
de caso, com observação participante, e cujas técnicas de coleta de dados empregadas
foram entrevistas e grupo focal. Os grupos de foco, em número de três por Unidade
Assistencial (UA), são formados de oito participantes - os gestores de custos e os
diretores das UAs.
O estudo mostra que o uso da informação de custos, como meta da informação,
agrega valor a essa informação e contribui para que haja mais diálogos entre os setores
da organização, para o conhecimento dos processos de trabalho e a diminuição na
resistência em compartilhamento.
As Memórias de Eventos Científico-profissionais 2 e 3 são produções
semelhantes, porquanto se originaram em comunicações apresentadas no XII Encontro
Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB) em 2011.
A Memória 2 (Q1) analisou as características do processo de sensemaking
organizacional, por meio do uso da informação sobre concorrência para tomada de
decisão em quatro instituições de ensino superior (IES) privadas do estado de Minas
Gerais.
A pesquisa visou [...] entender como a informação sobre concorrência se
transforma em decisão, nas organizações, através do processo de significados
(Q1/MECP Nº2, p.138). A coleta dos dados foi feita através de dois roteiros de
entrevistas: um, para os dirigentes educacionais das instituições, e o outro, para os
funcionários das IES que participaram do processo decisório.
54
Paiva; Ramalho | Usuários da informação
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
Os dados foram coletados e analisados com base no sensemaking organizacional,
considerando-se uma situação vivida pelos informantes, relacionada a uma informação
sobre o concorrente, e a consequente tomada de decisão. A partir da identificação das
sete características do processo de sensemaking organizacional, empreendeu-se uma
comparação a fim de responder à seguinte pergunta de pesquisa: [...] em uma situação
de uso da informação sobre concorrência para tomada de decisão, é possível identificar
e avaliar as características do processo de sensemaking organizacional descritas por
Weick 99? Q/MECP Nº, p. 135).
A pesquisa evidenciou a aplicabilidade da teoria, mas, como dizem os próprios
autores da memória, devem ser feitas outras pesquisas utilizando-se a mesma
metodologia, para possibilitar a comparação de resultados e o aprimoramento da
proposta metodológica em questão.
A Memória 3 (Q1) se refere a um estudo feito com professores de Psicologia
de uma instituição do ensino superior brasileira, visando analisar as dimensões
simbólicas e afetivas subjacentes ao uso da informação e as perturbações em seu
compartilhamento entre esses professores. O caso acontece em um Departamento
criado nos anos sessenta e que, na época em que foi feita a pesquisa, contava com 50
docentes, dos quais somente seis participaram do experimento, devido à sua
complexidade. Os critérios adotados para selecionar os sujeitos foram: que deveriam
pertencer a um dos seis grupos significantes ou divergentes do departamento, o tempo
em que atuavam no departamento e os dados referentes ao status do docente na
Instituição.
O autor utiliza como instrumentos de coleta de dados roteiros de entrevista
semiestruturado e semidiretivo e um formulário para apresentar palavras estímulo e
registro de tempo e associações de palavras. As associações produzidas pelos sujeitos
foram submetidas a dois tipos de análise: uma individual e outra comparativa. Na
discussão final, compararam-se os resultados dos dois tipos de análise, a fim de
identificar as relações descritas.
Os resultados da pesquisa indicaram que os Estudos de Usuários ainda podem ser
aperfeiçoados, em especial, no que se refere às relações entre motivações individuais e
coletivas, busca e uso da informação e fatores como personalidade, criatividade e
produtividade Q/MECP Nº2, p.130).
Silva; Ramalho | Usuários da informação
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
A última produção do Quadro 1, Artigo de Revisão 4, enfoca o uso das fontes
de informação como um elemento constituinte das estratégias gerenciais. Trata-se de
um estudo descritivo e analítico, que compreende um levantamento bibliográfico e uma
fundamentação conceitual sobre gestão, fluxos e fontes de informação e o uso dessas
fontes para gerar o conhecimento organizacional.
Quando abordam o uso das fontes de informação para gerar conhecimento
organizacional, os autores do artigo enfatizam que esse uso envolve a "[...] seleção e o
processamento (tratamento técnico) das fontes de informação, para dar resposta a uma
pergunta, dar solução a um problema, para tomada de decisão, para negociação ou
entendimento de uma situação [...] Q/AR Nº 4, p.51).
As considerações finais do artigo registram, entre outras questões relevantes, a
necessidade de aperfeiçoar os [...] processos que envolvem o uso das fontes de
informação como uma ferramenta gerencial, não para tomada de decisão, mas
também como ativo que contribua para geração de conhecimento organizacional [...] e,
consequentemente, contribua para melhorar a competitividade das organizações.
(Q1/AR Nº4, p. 54).
5.3.2 Estudos sobre usabilidade
Quadro 2 - Produção sobre usabilidade
N
o
ESTUDOS SOBRE USABILIDADE
V/N
ANO
TIPO
1
Um estudo de redes de usabilidade de produtos:
aprendizados para a cooperação empresarial
4/esp.
2014
RP
2
Avaliação da satisfação do usuário dos sistemas ERP
como instrumento para gestão: uma abordagem
multivariada de dados em uma indústria farmacêutica
4/2
2014
RP
3
Como fazer um bom trabalho em experiência do usuário
apesar das limitações
1/esp.
2011
MECP
4
Para quem a informação? Uma questão de usabilidade
1/esp.
2011
R
Fonte: Dados da pesquisa 2017.
Legenda: V/N - Volume/Número. RP- Relato de Pesquisa. MECP- Memória de Evento Científico-
Profissional. R-Resenha.
56
Paiva; Ramalho | Usuários da informação
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
O Quadro 2 (Q2) apresenta quatro tipos de produção sobre usabilidade: dois
relatos de pesquisa (RP), uma memória de evento científico-profisssional e uma resenha
(R). Excetuando-se o relato de pesquisa 2, as demais produções foram publicadas em
números especiais do periódico.
O Relato de Pesquisa 1 (Q2) é um estudo de caso que avalia a percepção, a
prática e os interesses de profissionais que atuam na área de pesquisa de usabilidade de
produtos, ao participarem de uma rede colaborativa composta de sete empresas para a
troca de experiências.
Os resultados da pesquisa indicam que a rede colaborativa estudada pode ser
classificada como uma rede social simétrica e tem uma estrutura em que os atores
trocam informações, por meio de relações de confiança e por terem objetivos
semelhantes. Os resultados também revelam "[...] a percepção dos envolvidos quanto
aos benefícios das informações que a rede fornece aos participantes, que passam a
utilizá-las nas suas atividades regulares nas organizações, o que reforça o interesse e as
expectativas de troca de novas experiências." (Q2/RP Nº 1, p. 83).
O Relato de Pesquisa 2 (Q2) descreve uma pesquisa que avalia a satisfação
do usuário em relação ao sistema Enterprise Resource Planning (ERP), implantado em
uma indústria farmacêutica, situada em São Paulo. Os resultados da pesquisa
evidenciam que a satisfação dos usuários com sistemas ERP relaciona-se "[...] a diversos
fatores que vão desde o sistema em si, passando pela forma como as atividades estão
estruturadas e envolvendo até os conhecimentos básicos de informática que as pessoas
possuem." (Q2/RP Nº 2, p. 189).
A Memória de Evento Científico-profissional 3 (Q2) apresenta
metodologias adotadas por equipes de designers de experiência do usuário para atingir
bons resultados em sua prática profissional. Os autores, que trabalham em uma empresa
de infraestrutura de Internet, usam casos reais do cotidiano de trabalho para ilustrar
problemas e soluções, mostrando exemplos de interfaces de contratação de domínio e
hospedagem, plataforma de loja virtual, ferramenta de help desk e websites. O objetivo do
trabalho é de "[...] explicar metodologias para atingir bons resultados, apesar da
limitações; exemplificando situações em que foi possível desenvolver projetos de
qualidade nessas condições [...]" (Q2/MECP Nº 3, p. 182). Os autores visam "[...] enxergar
maneiras de melhorar a prática da profissão em vista da realidade do mercado de
trabalho brasileiro atual." (Q2/MECP Nº 3, p. 183).
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ARTIGO
A Resenha 4 (Q2) refere-se ao livro "Usabilidade na web: projetando websites
com qualidade", de autoria de Nielsen e Loranger (2007), que resulta de anos de
pesquisas que abrangem milhares de usuários, analisando a usabilidade de sites de
diversas áreas. O autor da resenha destaca a importância da obra para o
desenvolvimento da relação entre os sites e seus clientes e que o diferencial reside na
preocupação da experiência do usuário com o ambiente virtual. Depois de descrever o
conteúdo de cada um dos 12 capítulos da obra, emitindo juízos de valor sobre os seus
conteúdos, o resenhista elenca as características mais importantes para um site e afirma
que a aplicação da usabilidade nos espaços virtuais gerados pelas empresas na Internet
proporcionará benefícios em curto, médio e longo prazos.
5.3.3 Estudos sobre Comportamento Informacional
Quadro 3 - Produção sobre Comportamento Informacional
N
o
ESTUDOS SOBRE COMPORTAMENTO INFORMACIONAL
V/N
ANO
TIPO
1
A investigação do comportamento de busca informacional
e do processo de tomada de decisão dos líderes nas
organizações: introduzindo a abordagem clínica da
informação como proposta metodológica
3/esp.
2013
AR
2
O comportamento de usuários cegos durante o acesso
mediado por leitores de tela: um estudo sob o enfoque da
cognição situada
3/esp.
2013
RP
3
O comportamento de procura de informação no processo
de decisão de compra na web
1/esp.
2011
AR
Fonte: Dados da pesquisa 2017.
Legenda: V/N - Volume/Número. AR- Artigo de revisão. RP- Relato de pesquisa.
O Quadro 3 (Q3) é composto de três produções de dois tipos: um relato de
pesquisa (RP) e dois artigos de revisão (AR), todos publicados em volumes especiais de
PG&C.
O Artigo de Revisão 1 (Q3) propõe uma metodologia para o estudo de
comportamento de busca de informação relacionada ao processo de tomada de decisão.
Fundamenta-se na abordagem alternativa dos estudos de usuários da informação e toma
como referencial adicional os estudos da Psicologia.
58
Paiva; Ramalho | Usuários da informação
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
O autor faz uma revisão profunda da literatura e navega por modelos de estudos
sobre o comportamento de usuários e a contribuição da Psicologia para esse campo.
Afirma que a pesquisa se desenha como uma Abordagem Clínica da Informação ACI
3
e que traz contribuições para os estudos de usuários.
Para coletar os dados, utilizou dois tipos de entrevista: uma semiestruturada, que
se baseia na técnica do incidente crítico, em que os líderes pesquisados apontam
situações críticas/complexas que envolvem a tomada de decisão; e uma livre, sobre o
desenho produzido pelo pesquisador com as informações da entrevista semiestruturada.
Depois de apresentar os roteiros de entrevistas e as bases para produzir o desenho
elaborado pelo pesquisador, o teste AT-9
4
, o autor da proposta metodológica sugere
para a análise dos dados a técnica de triangulação e a de Bardin (1977). Para o material
reunido, o autor sugere que se utilize como chave hermenêutica o modelo de
classificação de estruturas do imaginário desenvolvido por Gilbert Durand (1997).
O autor concluiu sua proposta metodológica com um item que denominou de
Uma prospecção a novos paradigmas, em que deseja que os resultados da aplicação
dessa metodologia contribuam [...] para lançar alguma luz sobre um dos aspectos de
mais difícil acesso das situações de uso da informação: a subjetividade e a
emocionalidade envolvidas nos processos de tomada de decisão. Q/AR Nº, p..
O Artigo de Revisão nº 3 (Q3) tem como foco a elaboração de uma revisão de
literatura sobre o comportamento do consumidor na busca por informação, no contexto
da Internet, onde, logo de início, o autor deixa claro que se trata de uma literatura muito
vasta, que se encontra em muitas disciplinas do Marketing à Economia, da Psicologia à
Sociologia, entre outras, e que não pretende elaborar um compêndio exaustivo sobre o
comportamento do consumidor em suas buscas de informação. Com esse intuito, o autor
navega por uma vasta literatura, exclusivamente em inglês, sobre o comportamento do
consumidor na fase de busca de informação.
A revisão em pauta apresenta-se em sete tópicos gerais, entre eles: os modelos
dos processos de compra do consumidor, a abordagem sobre a busca de informação na
web e as estratégias de busca de informação. Nas afirmações finais sobre a revisão, tem-
3
A ACI, segundo Paula (2012)
, é uma proposta metodológica que tem o objetivo de estudar as dimensões
simbólicas e afetivas relacionadas à busca e ao uso da informação por parte dos decisores. Nesse trabalho
é que o autor introduz sua proposta da ACI.
4
O teste projetivo de nove elementos arquétipos/ AT-9, projetado pelo psicólogo francês Yves Durand,
possibilita que se chegue, de forma profunda, ao entendimento e à descrição do comportamento humano.
Silva; Ramalho | Usuários da informação
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
se que o comportamento do consumidor, ao buscar informações, é conduzido por dois
fatores - custo e benefício - e que as pessoas tendem a aceitar a informação como se
apresenta, portanto não fazem nenhum esforço cognitivo para transformá-la (Q3/AR 3,
p. 19-20).
O Relato de Pesquisa 2 (Q3) é um estudo que visa compreender como os
usuários cegos se comportam durante o acesso à web, utilizando leitor de telas, e quais
os elementos que influenciam e determinam suas ações. O estudo fundamenta-se na
abordagem social para estudos usuários da informação e na Cognição Situada, portanto,
trata-se de um estudo de cunho qualitativo.
Participaram da pesquisa oito sujeitos cegos (cegueira congênita e adquirida),
usuários de leitores de tela, selecionados através da técnica da bola de neve (snowball
sampling). Para coletar os dados, os pesquisadores utilizaram a entrevista
semiestruturada e o ensaio de interação, considerando os referenciais da Cognição
Situada. Os dados foram coletados na casa ou no trabalho dos participantes. Para
analisá-los, os autores os classificaram em categorias. Isso sugeriu
o modelo de grade mista, conforme Laville e Dionne (1999). Definidas as categorias
iniciais de análise, identificaram-se novas categorias (subcategorias) a partir da grade de
leitura dos dados coletados.
As cinco categorias de análise iniciais geraram 17 subcategorias, por meio das
quais os pesquisadores conduziram a análise dos dados. O comportamento dos usuários
estudados durante o acesso à Internet/Web, mediado pelo leitor de telas, é influenciado
por elementos internos e externos a eles. Os resultados da pesquisa contribuem para o
desenvolvimento de Websites mais inclusivos e democráticos para pessoas com
deficiência visual. Por outro lado, tem-se que o uso da Cognição Situada na pesquisa traz
contribuições para os estudos de usuários da abordagem social, porquanto possibilita
que se observe o sujeito interagindo no ambiente onde transita.
5.3.4. Estudo sobre usuários da informação
Quadro 4 - Produção sobre usuários da informação
N
o
ESTUDO SOBRE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO
V/N
ANO
TIPO
1
O decisor como usuário da informação: relações entre a
gestão da informação e do conhecimento, a cognição e
3/esp.
2013
RP
60
Paiva; Ramalho | Usuários da informação
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
perspectivas futuras
Fonte: Dados da pesquisa 2017.
Legenda: V/N - Volume/Número. RP- Relato de pesquisa.
O Quadro 4 (Q4) apresenta um relato de pesquisa (RP) publicado em volume
especial de PG&C.
O Relato de Pesquisa 1 (Q4) apresenta estudos sobre o comportamento de
decisores como usuários da informação, no âmbito da gestão e do conhecimento. Trata-
se de três pesquisas - duas teses de Doutorado e uma dissertação de Mestrado, cujas
abordagens teóricas metodológicas apresentam experiências em que se estudou o
comportamento dos decisores, considerando os aspectos cognitivos contemporâneos.
A tese de Doutorado (BORGES, 2002) analisa os conceitos de informação e
conhecimento, na perspectiva da visão dos gestores proprietários de pequenas e médias
empresas mineiras, com base na abordagem cognitiva da Biologia do Conhecer, de
Maturana e Varela (1964), da qual participaram seis sujeitos que falaram sobre as
próprias histórias e a de suas empresas através de entrevista.
Assim, o autor pôde [...] analisar questões específicas sobre a inteligência
empresarial, a conduta dos empresários como condutores de seu negócio e outros
aspectos cognitivos [...]" (Q4/RP 1, p.168) e constatar que, no âmbito da gestão da
informação, deve-se considerar o estilo como cada empresário gerencia suas empresas e
que a Biologia do Conhecer é uma abordagem cognitiva que viabiliza considerar
aspectos importantes do comportamento de decisores, como usuários da informação.
A dissertação de Mestrado (VENÂNCIO, 2007) investiga o comportamento de
busca de informação por decisores, do ponto de vista da Cognição Situada. Para tanto, o
autor investigou várias situações de decisões frequentes no cotidiano organizacional que
influem no desempenho da organização.
Participaram dessa pesquisa quatro empresas de pequeno porte - duas do setor
industrial e duas do setor de serviços - selecionadas através da listagem da Federação
das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), obedecendo aos seguintes critérios:
empresas com mais de dez anos no mercado e atuantes nos setores mais representativos
da amostra.
A pesquisa desenvolveu-se em duas fases: na primeira, apresenta as entrevistas
com diretores, presidentes e sócios proprietários das empresas, utilizando-se da técnica
do incidente crítico, para que o entrevistado pudesse descrever uma situação
Silva; Ramalho | Usuários da informação
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
importante em que tomou uma decisão importante para a organização. Para a segunda
fase, o pesquisador escolheu uma situação em que o entrevistado participou ativamente,
para que a descrevesse com detalhes. O roteiro de entrevista versou sobre questões
relacionadas ao entrevistado e ao seu processo de busca da informação.
Os resultados da pesquisa mostraram que, ao contrário das abordagens
tradicionais de busca de informação, que consideram somente o indivíduo, a cognição
situada amplia esse contexto para onde o usuário faz a busca, para seu comportamento
nessa situação e para as relações que estabelece e os seus motivos.
A terceira pesquisa (LEITÃO, 2010) - também uma tese de Doutorado -
desenvolveu-se a partir do trabalho de Venâncio (2007), que analisou a relação entre o
uso da informação sobre o concorrente e o processo decisório, utilizando a abordagem
do sensemaking organizacional, proposta por Weick (1995). O objetivo que o autor
estabeleceu para a pesquisa foi o de [...] investigar como o uso da informação sobre
concorrência se transforma em decisão e ação nas organizações a partir do processo de
sensemaking organizacional [...] Q/RP Nº, p.9.
Participaram da pesquisa quatro instituições de ensino superior privado de
Minas Gerais. Em cada uma delas, [...] levantou-se uma situação vivida por dirigentes e
membros da instituição em que uma situação sobre concorrente tenha gerado uma
decisão organizacional. Q/RP Nº, p.9. Para tanto, foram empregadas a
abordagem de estudo de casos múltiplos e a técnica do incidente crítico. Por meio desse
estudo, foi possível identificar as características do processo de sensemaking
organizacional em cada instituição, o que confirmou a eficácia dessa abordagem para a
análise do comportamento de decisores em relação a informações que denunciam
possíveis ameaças da concorrência.
Para encerrar a apresentação dos 12 estudos sobre Usuários da Informação,
recorre-se às palavras de Nassif, por serem oportunas para se concluir tudo o que foi
dito sobre a produção publicada em PG&C e o que se vier a produzir sobre usuários da
informação, o que a referida autora concentra em três aspectos que ela considera
importantes ao se estudar sobre os usuários da informação: [...] a história de vida, as
necessidades de informação, considerando-se o contexto e a tarefa em que as
necessidades se dão, e os aspectos ligados às emoções pré-disposições, interesses,
posições a respeito de determinado assunto, sentimentos e crenças. (Q4/RP Nº1, p.
167).
62
Paiva; Ramalho | Usuários da informação
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
5.3.5 Autoria e coautoria
Tabela 4 - Tipologia dos autores
TIPO
N
%
Professor universitário
6
50,0
Estudante de pós-graduação
4
33,3
Bibliotecário
1
8,3
Gerente de experiência do usuário
1
8,3
TOTAL
12
100%
Fonte: Dados da pesquisa 2017.
De acordo com a Tabela 4, metade dos autores é de professores universitários
(50%) de universidades brasileiras, e um, da Universidade da Madeira Portugal. Todos
são doutores. Quando divulgaram suas produções, os professores brasileiros estavam
vinculados à Universidade Federal de Minas Gerais, à Universidade de São Paulo e à
Universidade Federal da Paraíba. O bibliotecário era mestrando em Ciência da
Informação, pela Universidade Federal de Santa Catarina, e trabalhava no Centro de
Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul (CEPSUL)/Santa
Catarina/Brasil.
Dos estudantes de pós-graduação, dois eram mestrandos um, em Comunicação,
e outro, em Ciência da Informação, e dois doutorandos um, em Administração, e outro,
em Engenharia de Produção em universidades brasileiras.
Tabela 5 - Tipologia dos coautores
TIPO
N
%
Professor universitário
4
50
Designer de Experiência do Usuário
3
37,5
Estudante de pós-graduação
1
12,5
TOTAL
8
100%
Fonte: Dados da pesquisa 2017.
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
Conforme demonstrado na Tabela 5, metade dos coautores (50%) são
professores de universidades brasileiras, 37,5%, designers de experiência do usuário, e
12,5%, estudantes de pós-graduação.
Quase toda a produção (91,6%) procede de instituições de estados brasileiros, e apenas
uma, de Portugal (8,3%). O estado de Minas Gerais registra a procedência de metade da
produção (50%), seguida de São Paulo (25%), da Paraíba e de Santa Catarina com 8,3%,
respectivamente (Tabela 6). Esse panorama revela uma produção diversificada no que
se refere à sua abrangência.
5.3.7 Idioma da produção
Quanto ao idioma, toda a produção é escrita em língua portuguesa, embora o
PG&C aceite submissões em três idiomas: português, espanhol e inglês.
6 CONCLUSÃO
Os resultados das análises da produção científica sobre Usuários da Informação
publicada no periódico Perspectivas em Gestão & Conhecimento apontam que os
conhecimentos produzidos foram comunicados através de 12 produções que enfocam o
Uso da Informação, Usabilidade, Comportamento Informacional e Usuários da
Informação. Essa produção centra-se em estudos que vão desde os sobre o uso da
informação até a Usabilidade.
A maioria desses estudos foi produzida por professores doutores de
universidades brasileiras e uma portuguesa e por alunos de pós-graduação, mestrandos
e doutorandos. Isso resulta do fazer e das exigências que emanam no cotidiano dessas
pessoas que necessitam de capacitação e atualização constante. A qualificação de
autores e coautores é um dos indicadores de uma produção de boa qualidade. Nesse
sentido, pode-se afirmar que a produção estudada apresenta essa correlação. Os estudos
utilizaram metodologias com o auxílio de autores de outras áreas do conhecimento,
como a Psicologia, que só veio fortalecer e colaborar com pesquisas cujo objeto de
estudo é o usuário da informação.
64
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
A maioria dos estudos foi feita em organizações que enfocam gestão e
conhecimento. Isso é justificável, em razão do objetivo do PG&C, que prioriza trabalhos
relacionados às temáticas Gestão e Conhecimento. Por outro lado, os estudos revelam
uma tendência de pesquisas com o foco nos aspectos cognitivos contemporâneos.
Conclui-se que, em termos quantitativos, o montante da produção sobre os
usuários da informação ainda é pequeno, comparado com a totalidade da produção
publicada no periódico no período estudado. Entretanto, a produção é de qualidade
relevante, principalmente para a temática Comportamento Informacional.
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
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WEICK, K. Sensemaking in organizations. London: Sage Publicaions, 1995.
66
Paiva; Ramalho | Usuários da informação
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
APÊNDICE A
PRODUÇÃO ANALISADA
1
ALEMÃO, Márcia Mascarenhas; GONÇALVES, Márcio Augusto; DRUMOND,
Heloísa Azevedo. Estudo da utilização da informação de custos como ferramenta
de gestão em organização pública: o estudo do sighcustos. Perspectivas em
Gestão & Conhecimento, v. 3, n.1, p. 210-226, 2013. (Relato de experiência)
2
FERREIRA, Fernando Colmenero. O comportamento de procura de informação
no processo de decisão de compra na web. Perspectivas em Gestão &
Conhecimento, v. 1, n. esp., p. 3-26, 2011. (Artigo de revisão).
3
LEITÃO, Pedro Cláudio Coutinho; NASSIF, Mônica Erichsen. Uso da informação
sobre a concorrência e tomada de decisão: estudo e análise das características do
processo de sense making organizacional. Perspectivas em Gestão &
Conhecimento, v. 2, n. esp. p. 133-148, 2012. (Memória de evento científico-
profissional)
4
MARINHO, Thiago de Andrade. Para quem a informação? Uma questão de
usabilidade. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 1, n. esp. p 16, 2011.
(Resenha).
5
NASSIF, Mônica Erichsen. O decisor como usuário da informação: relações entre
a gestão da informação e do conhecimento, a cognição e perspectivas futuras.
Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 3, n.esp., p. 163-172, 2013.
(Relato de pesquisa).
6
OLIVEIRA NETO, Jose Dutra. Avaliação da satisfação do usuário dos sistemas ERP
como instrumento para gestão: uma abordagem multivariada de dados em uma
indústria farmacêutica. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 4, n. 2, p.
171-194, 2014. (Relato de pesquisa).
7
PAULA, Cláudio Paixão Anastácio de. Dimensões simbólicas e afetivas do uso da
informação: uma análise das comunicações entre professores do Departamento
de Psicologia de uma instituição de ensino superior pública brasileira.
Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 2, n. esp. p.118-132,
2012.(Memória de evento científico-profissional).
8
PAULA, Cláudio Paixão Anastácio de. A investigação do comportamento de busca
informacional e do processo de tomada de decisão dos líderes nas organizações:
introduzindo a abordagem clínica da informação como proposta metodológica.
Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 3, n. esp. p.30-43, 2013. (Artigo de
revisão).
Silva; Ramalho | Usuários da informação
67
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
9
ROCHA, Janicy Aparecida Pereira; DUARTE, Adriana Bogliolo Sirihal. O
comportamento de usuários cegos durante o acesso mediado por leitores de tela:
um estudo sob o enfoque da cognição situada. Perspectivas em Gestão &
Conhecimento, v. 3, n. esp., p. 173-196, 2013. (Relato de pesquisa).
10
RODRIGUES, Charles; BLATTMANN, Ursula. Uso das fontes de informação para a
geração de conhecimento organizacional. Perspectivas em Gestão &
Conhecimento, v. 1, n. 2, p. 43-58, 2011. (Artigo de revisão)
11
VIEIRA, Andressa; OLIVEIRA, Marcos Eduardo Vigorito de; MÜHLBACH, Gabriela;
SATO, Paula. Como fazer um bom trabalho em experiência do usuário apesar das
limitações. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 1, n. esp., p. 182-200,
2011. (Memória de evento científico-profissional).
12
ZABOTTO, Cristina Nardin; SILVA, Sérgio Luís; TORKOMIAN, Ana Lúcia Vitale.
Um estudo de redes de usabilidade de produtos: aprendizados para a cooperação
empresarial. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 4, n. esp., p. 83-95,
2014. (Relato de pesquisa)
68
Paiva; Ramalho | Usuários da informação
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
SOBRE AS AUTORAS
Eliane Bezerra Paiva
Doutora em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
E-mail: paivaeb@gmail.com
Francisca Arruda Ramalho
Doutora em Ciências da Informação pela Universidad Complutense de Madrid (UCM).
E-mail: arfrancisca@hotmail.com
Recebido em: 09/03/2017; Revisado em: 06/04/2017; Aceito em: 11/05/2017.
Como citar este artigo
PAIVA, E. B.; RAMALHO, F. A. Usuários da informação: a produção científica no periódico perspectivas em
gestão & conhecimento. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, número especial, p. 45-68, out. 2017.