O FIM DO CONSUMISMO: uma reflexão sobre o consumo compartilhado na era digital
THE END OF CONSUMMISM: a reflection on consumption shared in the digital age
José Wellithon Batista Zacarias
UECE
José Adailson de Albuquerque Pereira
URCA
Isabel Cristina Gonçalves Santos Batista
UECE
RESUMO
No decorrer dos anos, novas tecnologias de comunicação de massa foram criadas e passaram a usufruir
de grande destaque, mudando até mesmo a forma de interação social e possibilitando algo; como o
retorno de práticas como a do consumo colaborativo, desta vez mais forte e difuso. O presente artigo
tem como temática principal “O fim do consumismo: uma reflexão sobre o consumo compartilhado na
era digital”, onde através do estudo da literatura existente e da análise dos principais meios e
ferramentas que proporcionam esse comportamento, por parte dos usuários presentes na internet,
evidenciando quais impactos são refletidos no mercado e o perfil dos internautas que usufruem de tais
práticas. Será mostrada de forma contextualizada exemplos de ideias, empresas e ações que apoiam a
evolução e disseminação do tema acima citado. Por fim, descrever os benefícios que o consumo
compartilhado pode trazer para nossa sociedade cada vez mais conectada e participativa. Como também
demonstrar como podemos ser mais sustentáveis na produção e reprodução de nosso cotidiano,
objetivando também a formação de um consumidor consciente das armadilhas do consumismo.
Palavras-chave: Consumismo. Consumo Compartilhado. Era Digital. Redes Sociais. Economia
Compartilhada.
ABSTRACT
Over the years, new mass communication technologies were created and began to enjoy great
prominence, changing even in the form of social interaction and enabling something like the
return of practices such as collaborative consumption, stronger and more diffused. This article
has as main theme "The end of consumerism: a reflection on shared consumption in the digital
age", where through literature study and analysis of the main means and tools that provide this
behavior by the users present on the internet, showing What impacts are reflected in the
market and of Internet users who enjoy such practices. Examples of ideas, companies and
actions that support the evolution and dissemination of the above mentioned theme will be
shown in a contextualized way. Finally, I will describe in a direct and succinct way the benefits
that shared consumption can bring to our increasingly connected and participative society on
the Internet, as well as show if we can make the production form more self-sustaining, also
aiming at a considerable reduction of impulses Based on consumerism.
Keywords: Consumerism. Shared Consumption. Digital age. Social networks. Shared Economy.
Inf. Pauta
Fortaleza, CE
v. 2
número especial
out. 2017
ARTIGO
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Zacarias; Pereira; Batista; O fim do consumismo
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
1 INTRODUÇÃO
Seguindo a mesma tendência dos demais veículos de comunicação de massa; que
na definição de (ROBERT BRYM et. al., 2006). Esses veículos são: a imprensa escrita, o
rádio, a televisão e outras tecnologias de comunicação. A internet foi conquistando seu
espaço no cotidiano da sociedade, tornando-se cada vez mais presente nos meios
corporativos e nos lares. E seguindo o papel das demais mídias, moldando as formas
como nos comunicamos e mantemos nossos vínculos sociais. Novas formas de
interações sociais são criadas cotidianamente, onde percebemos que recentemente
uma tendência de declínio das interações físicas “face a face”.
É comum aos internautas à interação com pessoas estranhas, que pouco se sabe a
seu respeito como seus valores, crenças e etc., requisitos necessários em outros tempos
antes de se iniciar uma aproximação; criando por sua vez um cenário em que o perfil do
outro é sempre analisado, visando averiguar o comportamento e os contatos em comum,
refletindo assim se irá ou não ter uma interação com o mesmo. que pode ter
interesses semelhantes com esses internautas, uma análise de sua reputação é sempre
feita, mesmo que de modo inconsciente.
A internet vem rompendo com algo que até o momento nenhuma outra
tecnologia de mídia tinha proporcionado em tão grande escala, possibilitar aos seus
usuários o poder de interagir, decidindo o que acessar, compartilhar, e até mesmo
produzirem conteúdo.
Essa proatividade traz consigo outras características, onde o egocentrismo vem
sendo deixado de lado, para que simplesmente possamos fazer parte do todo, nos
valendo de nossa posição para contribuir com o conhecimento, como também
compartilhar os materiais que possuímos.
Essa foi a ideia principal do sistema Operacional Linux; e é essa à ideia do
consumo colaborativo, onde fazemos o que podemos para o bem coletivo, seja
diminuindo o valor de um produto comprando-o de alguém que não o queira mais; como
também diminuindo o valor de um bem ou serviço ao compartilhá-lo com outra(s)
pessoa(s) que fazem parte dos vínculos de amigos na rede; como também empréstimos
de bens que não estão em uso para pessoas que estejam necessitando de tal ferramenta
no momento.
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Com a possibilidade de interação entre pessoas que comumente não se
conheceriam, a internet quebra a barreira de tempo e da localidade geográfica,
possibilitando que tenhamos mais contato com outras pessoas, próximas ou não, mas
que em boa parte dos casos tem os mesmos interesses, que os mecanismos de busca
das redes sociais possuem ferramentas que identificam pessoas e as colocam em um
mesmo grupo, fazendo com que pessoas com gostos semelhantes possivelmente
interajam. Possibilitando que as mesmas consigam ajudar e serem ajudadas neste
vínculo social.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 INTERNET: A PROATIVIDADE DOS INTERNAUTAS
A Internet, surgiu em plena Guerra Fria, a princípio com objetivos restritamente
militar, sendo uma forma encontrada para que mesmo quando uma base fosse atacada, a
comunicação entre as outras demais não seriam interrompidas. Mas com o fim da
Guerra, sua função foi ampliada e gradativamente disseminada, iniciando por
universidade, indústrias e por fim e não menos importante, nos lares. A utilização da
internet no mundo vem em um colossal crescimento desde a década de 90. Vejamos o
exemplo brasileiro no gráfico 1.
Gráfico 1. Pela primeira vez no Brasil, o número de lares com internet é superior aos sem
Fonte: Dados obtidos do Site do IBGE
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A internet foi a primeira mídia de massa que possibilitou aos seus usuários a
alternativa de uma eventual interação não apenas unidirecional, onde não somos apenas
meros expectadores, agora podemos interagir e amesmo produzirmos nosso próprio
conteúdo, tornando cada vez mais importante a participação e a proatividade de seus
usuários. De acordo com a autora (RECUERO, 2009):
Essas ferramentas proporcionaram, assim, que atores pudessem construir-se,
interagir e comunicar com outros atores, deixando, na rede de computadores,
rastros que permitem o reconhecimento dos padrões de suas conexões e a
visualização de suas redes sociais através desses rastros (RECUERO, 2009, p.
24).
Dispomos da escolha do conteúdo a ser consumido, como também do tipo de
mídia a serem reproduzidos, além de que podemos contatar os produtores e darmos
nossas considerações sobre determinada obra que nos interessa. Tornando os
consumidores da internet ativos e colaborativos, onde sempre deixamos nossa
impressão sobre as coisas, ajudando a quem se interessa por tal produto ou serviço e
ainda não tem contato.
Essa participação mais efetiva é atribuída a visibilidade que a internet
proporciona, como também ao alcance e repercussão sobre o que é considerado
importante aos usuários. O que não seria do conhecimento de muitos em uma visita à
empresa, na internet pode ser visto por diversos internautas que tem interesse sobre
algo, as impressões deixadas, são impressões reais e que formam opiniões mesmo que
não sejam especializas no assunto.
2.2 A BOLHA: O CÍRCULO DE INTERAÇÃO
Como constantemente entramos em contato com vários outros internautas que
em sua maioria não temos conhecimento algum sobre eles, as redes sociais desenvolvem
algoritmos que verificam os perfis que temos na internet e classifica como semelhante,
assim passando esse perfil a uma sugestão para uma nova futura interação. De acordo
com pensamento de (MILLER, 2009) quando queremos conhecer outras pessoas e
termos experiências ainda não vivenciadas, pois “(...) nossa obsessão atual é pela
necessidade de forjar, manter e conduzir relacionamentos, especialmente entre pessoas
que, de outra forma, não tem relação alguma”.
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Como em vários casos não sabemos nada sobre as outras pessoas com estamos
prestes a interagir, formamos um conceito sobre os mesmos, baseados em suas
postagens e sobre sua vida virtual. Segundo Sennett (2012, p.19) “a sociedade moderna
está ‘desabilitando’ as pessoas da prática da cooperação”, pois isso fazendo uma análise
da reputação dos outros usuários, que essas interações virtuais podem serem
transcendidas para contatos presenciais; que por sua vez poderá tornar-se uma relação
de amizade, pois a mudança de práticas consolidadas é de modo gradativo, e ainda é
necessário que uma parte maior dos internautas sintam que o coletivo é viver por si
mesmo, mas objetivando o longo prazo e os benefícios agregados.
Estas relações podem servir como base para proporcionar a realização de
projetos diversos entre grupos com objetivos comuns. Como acontece em comunidades
de atletismo, várias pessoas com os mesmos objetivos, compartilhando experiências,
conhecimento ou até mesmo materiais, tornando estes fatos uma das principais
conquistas da internet; a colaboração. “Para vincular-se, é preciso que cada um perca a si
mesmo, que lhe falte o absoluto domínio da subjetividade e da identidade em função da
abertura para o outro” (SODRÉ, 2007). De acordo com Lévy:
Quanto melhor os grupos humanos conseguem se constituir em coletivos
inteligentes, em sujeitos cognitivos, abertos, capazes de iniciativa, de
imaginação e de reação rápidas, melhor asseguram seu sucesso no ambiente
altamente competitivo que é o nosso (LÉVY, 2007, p. 19).
Hoje vivemos em uma bolha social, onde queremos adicionar cada vez mais
pessoas para nossa bolha, mas não pode ser qualquer pessoa, na internet sentimos que
precisamos de pessoas capazes de realizar melhorias em nosso grupo. Nesse sentido,
vemos que a cooperação mutua é de grande valia para todos os participantes, cada um
ajudando de uma forma, seja com um objeto, recursos financeiros, ou até mesmo com
seu intelecto, pois o primordial é a experiência. Nesse sentido Pierre Lévy afirma:
É uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada,
coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das
competências. Acrescentemos à nossa definição este complemento
indispensável: a base e o objetivo da inteligência coletiva são o reconhecimento
e o enriquecimento mútuos das pessoas (LÉVY, 2007, p. 28-29).
Possuímos conhecimentos particulares e cada vez mais a internet vez
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aproximando pessoas que tem o conhecimento de outros que tem pretensão de
aprender técnicas ou métodos para realização de determinadas funções, assim tornando
o conhecimento outra forma de consumo compartilhado, que consumismo não
somente o material, mas também o abstrato.
2.3 ENTRE O CONSUMISMO E O CONSUMO CONSCIENTE
Diariamente ocupamos nossa posição de consumidores ativos na sociedade, pois
segundo (FERRARI, 2012) “A forma mais conhecida de consumo é o comprar, mas
podemos dizer que estamos consumindo também quando vemos, ouvimos e sentimos
quaisquer tipos de informações e produtos que passam a fazer parte da nossa vida.” Mas
algumas vezes adquirimos produtos ou serviços mesmo sem a necessidade de os -los.
“O motivo da pressa é, em parte, o impulso de adquirir e juntar. Porém o motivo mais
premente que torna a pressa de fato imperativa é a necessidade de descartar e
substituir” (BAUMAN, 2007). Como também ocasionalmente precisamos de algo que não
possuímos, nos vendo obrigados a adquirirmos mesmo que seu uso seja restrito a
pouquíssimas repetições.
O consumismo traz com sua prática alguns malefícios, como uma maior pressão
sobre os recursos naturais, a produção massiva e a escassez de determinadas matérias
primas, como também a instauração de um alto percentual inflacionário nas nossas
compras.
A pressão sobre os recursos naturais fica cada vez mais eminente, quando
levamos em consideração o crescimento vegetativo da população global, como alerta o
pensamento Malthusiano, mesmo havendo controvérsias na sua formulação, não
podemos desconsiderar o fato que uma superpopulação representa uma demanda de
tamanha proporção. Atualmente a população global conta com uma estimativa de 7,2
bilhões pessoas e com previsão para que chegue aos 9,6 mil milhões em 2050, segundo
(UNRIC, 2017).
Esse crescimento populacional, aliado ao consumo voraz que é estimulado pelas
propagandas e pelas ações políticas, que visam estimular o crescimento econômico, são
inconcebíveis do ponto de vista ambiental. Hoje grande parte do consumo de bens
industriais e de serviços estão restritos em larga escala apenas aos países desenvolvidos
que fazem parte do G 7 e nos últimos tempos há crescimento considerável do consumo
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nos países emergentes (BRICS), sendo que a maior parte da população global estar à
margem do consumismo.
Provavelmente não recursos para inserir toda as pessoas do planeta em um
circuito do consumo similar ao atual. Onde a obsolescência programada é uma marca
deste modelo de consumo. Este mecanismo retira dos produtos a longevidade de seu
uso, sendo que os mesmos não apresentam problemas funcionais de hardware;
resumido, seu desuso reflete apenas a desatualização de seu sistema ou o aparecimento
de novas versões.
O colapso do meio ambiente fica cada vez mais evidente, o aquecimento global
antrópico desencadeado pelo processo de industrialização e pelo uso de combustíveis
fosseis, principal fonte de energia global, é fruto do consumismo desenfreado e da lógica
individualista, onde o conceito de felicidade está ligado ao consumo e acumulo de bens.
“Hoje quase todos os cientistas concordam que devemos parar e inverter este processo
agora ou enfrentar uma devastadora onda de catástrofes naturais que vai mudar a vida
na Terra como a conhecemos” (ONU BRASIL, 2016.)
Em contrapartida o consumo consciente tem sido alvo de muita discussão um
longo período, que aflige diretamente o meio ambiente, como também na situação
econômica da população em geral.
A forma de como os consumidores vem atuando está em constante mudança, hoje
compramos nem sempre baseando em necessidades reais, mas as vezes com base nas
opiniões que observamos sobre determinados produtos, assim gradativamente
deixamos de comprar produtos que pessoas do seu ciclo social não tenham se agradado,
o que de certa forma melhora a forma de se produzir e até mesmo de interagir com os
cliente, esses que hoje são ouvidos e que suas opiniões têm grande valia para as
produtoras que moldam seus produtos seguindo a corrente do mercado e necessidades
de seus cliente.
Para Botsman e Rogers (2011) o público consumidor está gradativamente se
conscientizando para temas como consumismo e os problemas ambientais gerados por
tais práticas, mudando assim seus posicionamentos e forma de consumir produtos ou
serviços, aprendendo assim que consumir não é necessariamente possuir, mas sim
dividir e compartilhar, como é deixado em evidencia no título de seu livro "O que é meu
é seu".
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2.4 O CONSUMO COLABORATIVO NO SÉCULO XXI
Desde a antiguidade o consumo colaborativo foi algo de discussão, Na Grécia
antiga as civilizações tinham em sua detenção, ferramentas que eram bastante utilizadas
pela sociedade, tornando o uso desses apetrechos algo público, que estaria ali para
suprir as necessidades do público em geral. Com a difusão da ideia de indivíduo, iniciada
com a Reforma Protestante; atitudes assim foram desaparecendo, levando as pessoas a
adquirirem seus próprios utensílios, ou contratarem quem os tivessem para realizar tais
atividades.
alguns anos o consumo colaborativo tem ganhado força em todo o mundo
novamente, a internet proporcionou contatos de pessoas com interesses em comum,
tornando atualmente amplamente disseminadas tais práticas. Desse modo o mercado
aderiu a algumas práticas nesse formato, trazendo seus produtos e serviços agora de
forma compartilhada e colaborativa, onde o coletivo tem mais força e benefícios do que
o individualismo.
Alguns consumidores de colaboração são otimistas que pensam adiante e que
são voltados para aspectos sociais, mas outros o indivíduos motivados por
uma urgência prática a fim de encontrar um jeito novo e melhor de fazer as
coisas. Essa urgência prática pode ser economizar dinheiro ou tempo, acessar
um serviço melhor, ser mais sustentável ou permitir relacionamentos mais
estreitos com pessoas, e não com marcas. A maioria das pessoas que participa
do consumo colaborativo o é composta de benfeitores do tipo Pollyanna e
ainda acredita muito nos princípios de mercados capitalistas e do interesse
próprio. (BOTSMAN; ROGERS, 2011, p. 60).
Um seguimento que vem ganhando grande popularidade é o de Streaming, que é
uma tecnologia que envia informações multimídia. Empresas como Netflix e Spotfy
entenderam as tendências no consumo compartilhado e criaram planos alternativos,
onde poderá dividir a conta com outras pessoas, deixando a critério dos assinantes a
escolha do melhor plano a ser contratado, ficando mais acessível e beneficiando os dois
lados, a empresa por conseguir mais clientes e os cliente que tem um abatimento no
valor de adesão. Além disso, outro ponto é que classificamos os filmes e músicas,
compartilhando com os outros usuários, criando assim um catálogo com as melhores
escolhas de conteúdo a serem consumidos, fazendo com que as experiências sejam
sentidas por outras pessoas.
Iniciativas como a do site Estante virtual possibilita que depois que tenhamos
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retirado a experiência que os livros podem nos proporcionar, possamos vendê-los,
possibilitando que outras pessoas tenham a experiência que tivemos com essas leituras,
de forma mais barata e assim diminuindo a impressão de livros, mas não destruindo a
experiência que a leitura pode proporcionar.
Aplicativos e sites que a ideia principal é aproximar pessoas com interesses
semelhantes tem ganhado muitos adeptos, tornando aplicativos como o Nike Run +
excelentes escolhas para quem procura pessoas que possam ajuda-los a conquistar seus
objetivos como atletas. O aplicativo em questão tenta aproximar corredores,
proporcionando a troca de material, as melhores rotas avaliadas, elaboração de eventos,
tornando mais fácil a interação entre os interessados.
Atualmente a Nike é considerada uma das empresas mais importantes e valiosas,
com suas ações bem valorizadas, mas todo essa valorização é referente a forma que a
empresa tem se comportando, com o lançamento do Nike Run +, a empresa mostrou está
sinalizada as novas tendências, definido de "comunidades ideológicas" por Chevalier e
Mazzalovo (2007).
Finalizando o ano 2009, o aplicativo Nike Run + tinha aproximadamente 1,2
milhões de atletas cadastrados, onde os mesmos haviam encaminhados de modo
coletivo cerca de 130 milhões de milhas em trajetos realizados (BOTSMAN; ROGERS,
2011).
Enfim o financiamento coletivo pode ser um exemplo de economia
compartilhada. Muitos projetos são retirados do papel e postos em prática a partir de
sites como o Cartase, que é um site de financiamento coletivo, onde se pode criar um
projeto, explicando seus principais objetivos e onde será investido o recurso, muitos
artistas, atletas, e outros entusiastas veem no site possibilidades de encontrar pessoas
com interesses semelhantes e que estejam dispostos a investir na ideia, ganhando assim
os idealizadores, como também os investidores que poderão ver o que tem interesse
sendo realizado de fato. Um exemplo bem-sucedido de projeto que arrecadou recursos
no Catarse, foi um filme sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no estado do Pará,
projeto esse que arrecadou aproximadamente 140 mil reais.
Projetos que utilizam de financiamento coletivo funcionam na premissa que
existem pessoas interessadas em investir em uma ideia, onde conseguirá seu retorno
pelo fato de verem essa ideia em prática, várias bandas independentes utilizam dessa
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prática como forma de arrecadar fundos para produção de material, onde sairá
beneficiado os músicos que terão recursos financeiros para arcar com as despesas de
produção, como também os investidores, que poderão ouvir o som que é apropriado.
3 RESULTADOS
Os dados demostram como é benéfico a utilização de tecnologias, como elas tem
mudado as formas de se fazer negócios, como também a forma de conviver em um
planeta com recursos limitados. Não quer possuir os produtos em si, o que se deseja é
somente as experiências que tais produtos ou serviços podem oferecer. Segundo
Botsman e Rogers:
Não queremos o CD, mas sim, a música que ele toca. Não queremos o disco, mas
sim, sua capacidade de armazenamento. Não queremos a secretária eletrônica,
mas sim, as mensagens que ela grava. Não queremos o DVD, mas sim, o filme
que está gravado nele. Em outras palavras, não queremos as coisas em si, mas
as necessidades ou as experiências que elas satisfazem. (BOTSMAN; ROGERS,
2011, p.81).
Iniciaremos falando dos serviços de Streaming de vídeo, serviço esse que tem
crescido bastante no Brasil e no mundo. Em um comparativo entre Netflix e Tv’s por
assinatura, é notório que cada uma das prestadoras de serviço tem suas características
particulares, mas a Netflix tem se destacado em diversos fatores, inclusive pelo fato da
reutilização dos produtos e serviços que comumente temos em nossa residência, pois
não compramos televisor, smartphone ou computadores exclusivamente para uso da
Netflix, como também, não assinamos um plano de acesso à internet propriamente para
uso de tal serviço, sua serventia vai além do uso de Streaming.
Em contrapartida para a utilização de Tvs por assinatura são necessárias as
compras de kits com antena e receptor digital, se por ventura se deseja incluir em outro
cômodo é necessário adicionar no pacote um ponto adicional. Sempre que quiser ter
acesso ao conteúdo é necessário se dirigir a um ponto especifico onde à aparelhagem
está montada, perdendo o benefício da praticidade em deslocar-se com o mesmo. Com a
Netflix por exemplo, podemos acessar os conteúdos que ela dispõe em qualquer lugar
que possua conexão com a internet, trazendo consigo a praticidade de reprodução de
múltiplas plataformas, com smartphone, tablets, notebook, computadores desktops, ou
em smart tvs que já oferece esse serviço incluso no seu sistema. A tabela a baixo ressalta
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algumas características procuradas pelo público interessado em tais serviços.
Tabela 1. Comparativo entre Netflix e empresas de TV por assinatura
CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS
NETFLIX
TV
Personalização do conteúdo
Sim
Não
Conteúdo exclusivo para assinantes
Sim
Sim
Tempo destinado a propaganda
Não
Sim
Alta definição em imagens
Sim
Sim
Acessibilidade do conteúdo fora de sua residência
Sim
Não
Filmes lançamentos
Não
Sim
Preço Acessível
Sim
Não
Fonte: dados da pesquisa.
Os dados elencados na tabela foram selecionados segundo os critérios que seriam
mais importantes na atualidade, como preço, já que o pais passa por uma recessão
econômica; acessibilidade, assim permitindo o acesso ao conteúdo em lugares que
possivelmente seriam tempos ociosos; e o fato que podemos escolher quando e o quê
assistir, deixando sempre o controle em posse do cliente. O compartilhamento de
experiências com os filmes que está no catalogo é outro ponto a destacar como forma de
compartilhar nosso modo de consumo e até mesmo as informações que temos a respeito
de algo. A Netflix, “Hoje, existem mais de 2 bilhões de classificações de membros e o
membro médio avaliou aproximadamente 200 filmes. O resultado é uma sabedoria
coletiva inestimável impossível de ser reproduzida em outro lugar.” (BOTSMAN;
ROGERS, 2010, p.104).
Empresas de streaming como Netflix e Spotify vem ganhando muito notoriedade
pela possibilidade de: diminuir a pirataria; valorizar os produtores de conteúdo, seja ele
vídeo ou áudio; beneficiar os usuários com vários planos, deixando o cliente livre para
escolher o que melhor se encaixa com sua necessidade, pois nem sempre precisamos do
melhor, mas sim, o que resolve nossos problemas.
Em segundo analisaremos a empresa Spotify, outra empresa de streaming, mas
essa voltada para o setor musical. Desde o seu lançamento tem conquistado cada vez
mais assinantes, que compartilham das ideia e metodologias adotadas pela empresa.
Desde benefícios como compartilhar suas playlists com amigos e colegas, conhecer
novos artistas.
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Gráfico 2. Crescimento massivo do número de assinantes do aplicativo Spotify.
Fonte: Dados obtidos do Site do Spotify.
Além trazerem inúmeras facilidades essas empresas de Streaming trazem planos
de assinatura que incentivam a economia compartilhada ou consumo compartilhado,
visto que é possível a adesão de um plano que poderá ser acessado por mais de um
usuário simultaneamente ou de modo alternado.
Planos como o Família ou Premium, deixam de lado o individualismo e é visto o
lado que vivemos em grupos, favorecendo assim, aos usuários que encontram planos
econômicos, como também são beneficiadas as empresas que têm essa visão esse tipo de
visão, aumentando assim o número em assinantes, como exposto no gráfico 2. Os dados
foram obtidos seguindo uma pesquisa por cada ano, objetivando mostrar como o público
tem reagido aos métodos encontrados pela empresa para atrair cada vez mais público
para seu serviço.
Além do recurso financeiro que investimos em assinaturas de serviços como os
citados acima, aplicamos também nosso intelecto, nossas opiniões e sugestões de
conteúdo que consideramos proveitoso. Dessa forma criamos classificações para
baseado nas experiências vividas com os produtos ou serviços que são ofertados, seja
um filme que assistimos ou como também um playlist de músicas que consideramos
bem planejada para tal atividade que iremos realizar.
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Por fim e não menos importante, será exposto um gráfico que mostra de forma
clara e objetiva um comparativo de preços entre três empresas de livrarias, com o
destaque na estante virtual, pioneira no consumo compartilhado no Brasil, com seu foco
principal em negociação de livros sejam eles, novos ou usados.
Gráfico 3. Pesquisa de preço no catálogo online das três empresas
Fonte: Dados obtidos dos Sites Estante Virtual, Livraria Saraiva, Livraria Cultura.
Como visto no gráfico 3, em pesquisa por cinco livros da mesma edição, ano e
editora, foi constatado em forma de unanime em todos os casos a economia poderá ser
maior que 50% do preço encontrado em outros sites especializados. Claro que o preço
de bens usados quase que por unanimidade é menor, mas a experiência que poderá ser
proporcionada, nesse caso será a mesma, já que as obras são classificadas por seu estado
de conservação e experiência sentida por seus leitores, deixando assim uma ideia de que
poderá ser encontrado com a leitura.
4 CONCLUSÃO
A cada dia a tecnologia está mais presente em nossa vida, mudando a forma que
vivemos e interagimos com as pessoas ao nosso redor, aumentando o círculo, retirando
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as limitações geográficas. Hoje podemos interagir com pessoas de todo parte do globo
terrestre, interações que proporcionam conhecer pessoas que compartilham de
interesses e perspectivas a que possuímos, como também, conhecermos nossas
perspectivas e olhares distintos nós que temos a respeito de determinados assuntos,
como o que precisamos e o que apenas queremos possuir.
É notório que a internet trouxe uma vertente mais colaborativa, tais práticas
disseminadas pelos primeiros internautas que foram os mesmo que construíram e a
tornaram viável, tornando-a um lugar de ajuda e proatividade de seus membros. Assim o
consumo compartilhado vem ganhando espaço e cada vez mais pessoas que acreditam
nos benefícios que esse posicionamento pode oferecer, pois na internet não
restrições que possam impedir a sua disseminação.
Quando compartilhamos, trocamos ou vendemos algo os dois lados se beneficiam,
quem está com o produto sem utilização, ou simplesmente já consegui a experiência que
ele poderia te proporcionar, como quem compra, que reduz os custos de compra por
comprar um produto usado, ou por dividir os custos de um serviço com algum amigo ou
colega. Mas essa experiência não proporciona benefícios apenas aos participantes
diretos, surte efeitos onde todos de forma indiretas somos beneficiados, seja com a
diminuição na produção, servindo para a natureza, como também nos índices
inflacionários que tendem a cair quando o consumo é reduzido. Também é um modo de
diminuição na produção de forma desacerbada e sem preocupação nos impactos
ambientais e financeiros que o consumismo pode trazer.
Empresas e corporações que tenham visão para entender as tendências, devem
apostar e investir em políticas que incentivem práticas como a do consumo
compartilhado, até mesmo pela premissa que com o passar do tempo as indústrias não
suportariam o consumismo desenfreado e a demanda de matéria prima para produção
de alguns tipos de produtos, como até mesmo os serviços ofertados pelos menos. Para
utilizarmos os recursos naturais de forma adequada, devemos imaginar que não
precisamos possuirmos tudo, as vezes podemos alugar, emprestar o que o estamos
utilizando, assim ajudamos e somos ajudados, economizando e mantendo o papel de
consumidor consciente.
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REFERÊNCIAS
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Zacarias; Pereira; Batista; O fim do consumismo
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
ARTIGO
SOBRE OS AUTORES
José Wellithon Batista Zacarias
Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas
Faculdade Leão Sampaio
E-mail: wellithon.batista@aluno.uece.br
Isabel Cristina Gonçalves Santos Batista
Graduando em Administração Pública
Universidade Estadual do Ceará
E-mail: isabel.goncalves@aluno.uece.br
José Adailson de Albuquerque Pereira
Graduado em Licenciatura em Geografia
Universidade Regional do Cariri
E-mail: adailsonalbuquerqueprof@gmail.com
Recebido em: 17/03/2017; Revisado em: 16/04/2017; Aceito em: 18/05/2017.
Como citar este artigo
ZACARIAS, José; PEREIRA, josé; BATISTA, Isabel. O fim do consumismo: uma reflexão sobre o consumo
compartilhado na era digital. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, número especial, 181-196, out. 2017.