Araújo | O que são “Práticas Informacionais”?
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, número especial, out. 2017
em instituições de informação, como elementos de feedback para o sistema, por meio da
determinação de taxas de uso de materiais (elemento orientador de políticas de
desenvolvimento de coleções, determinando necessidades de aquisição e descartes).
Outro marco significativo se deu na Royal Society Scientific Information Conference, em
1948, quando Bernal apresentou um estudo de como cientistas buscam e obtém
informações (o que liam, os motivos da leitura, o uso) e Urquhart apresentou outro
sobre distribuição e uso da informação científica e tecnológica. Inaugurou-se aí um novo
campo voltado para o estudo de usuários no ambiente de ciência e tecnologia.
Embora diferentes em alguns de seus objetivos e na empiria, as duas tradições
compartilham de um mesmo modelo teórico, em torno da ideia de “uso” da informação,
isto é, do acesso físico a itens e serviços informacionais, da caraterização desse uso (por
frequência, por partes ou setores, por urgência, por grau de satisfação) e de sua
decomposição por aspectos sociodemográficos dos usuários (por atributos “objetivos”
tais como sexo, idade, profissão, renda, escolaridade, entre outros). A base conceitual se
situa entre as noções de demanda, desejo, necessidade, uso e requisito, de um lado, e de
fontes, serviços, sistemas e unidades de informação, de outro (LINE, 1974). Reunindo
todas essas questões, e subjacente a elas, encontra-se a inspiração fundamental desta
abordagem: o positivismo.
O modelo positivista consiste na aplicação dos mesmos métodos das ciências
naturais (exatas e biológicas) aos fenômenos humanos e sociais. Como consequência de
sua aplicação nos estudos de usuários, verificou-se uma preocupação, central, com o
estabelecimento de leis do comportamento do usuário da informação, como, por
exemplo, o princípio do menor esforço. O objetivo destas leis é estabelecer padrões de
comportamentos invariáveis, isto é, válidos para diferentes contextos, em diferentes
locais e épocas. Além disso, tais estudos procuraram “medir” o comportamento dos
usuários. A maior parte dos estudos realizados na abordagem tradicional de estudos de
usuários utiliza como técnica de coleta de dados o questionário, normalmente composto
por perguntas com o objetivo de quantificar hábitos de comportamento de busca e uso
da informação e verificar frequências de acesso e graus de satisfação. Assim, quase todo
estudo de uso apresenta uma série de tabelas em que são analisados quantitativamente
os resultados encontrados.
O usuário, nessa perspectiva, é quase que completamente destituído da condição
de “sujeito”, assemelhando-se a um “processador de dados”. Isso porque é entendido em