Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO NO WEBSITE GELEDÉS: a mulher
negra em foco
INFORMATION ARCHITECTURE AT THE GELEDÉS WEBSITE: the black
woman in focus
Ana Rafaela Sales de Araújo
UFC
Midinai Gomes Bezerra
UEPB
Henry Poncio Cruz de Oliveira
UFPB
RESUMO
Este artigo aborda a Arquitetura da Informação como elemento potencializador de acesso, uso e
recuperação da informação em ambientes digitais, que visa atender a todos os tipos de público.
Diante do exposto, tem-se como objetivo examinar o website da organização social Geledés de acordo
com os princípios propostos por Rosenfeld, Morville e Arango (2015). Como metodologia, adota-se a
pesquisa bibliográfica sobre arquitetura da informação digital e seus pressupostos e, recorre-se à
netnografia como forma de descrever profundamente o website da organização Geledés, campo
empírico escolhido. Como resultados obtidos, aponta-se que a arquitetura do sítio geledes.org.br
apresenta deficiências, sobretudo no sistema de rotulagem e busca. Como conclusão, considera-se
substancial a aplicação das recomendações propostas nesta pesquisa para ampliar, facilitar e
promover o acesso às informações de equidade de gênero, étnico-racial.
Palavras-chave: Arquitetura da Informação. Geledés (Organização). Sítios web.
ABSTRACT
This article discusses information architecture as a catalyzing element for access, use and retrieval
of information in digital environments, which aims to cater to all kinds of public. On the exposed, has
an objective to examine the website of the Geledés social organization according to the principles
proposed by Rosenfeld, Morville and Arango (2015). As a methodology, the bibliographical research
on digital information architecture and its assumptions are adopted, and netnography is used as a
way of describing deeply the website of the Geledés organization, chosen empirical field. As results
obtained, it is pointed out that the architecture of the site geledes.org.br presents deficiencies, mainly
in the system of labeling and search. In conclusion, the application of the recommendations proposed
in this research to broaden, facilitate and promote access to gender, ethnic and racial equity
information is considered substantial.
Keywords: Information Architecture. Geledés (Organization). Web site.
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ARTIGO
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, na sociedade pós-moderna
1
, os crescentes avanços da técnica e da
tecnologia desencadeiam mudanças na produção, comunicação, acesso, uso, busca e
recuperação da informação, bem como provocam demandas na produção de artefatos
tecnológicos cada vez mais sofisticados e integrados ao dia a dia das pessoas.
Dentre os artefatos tecnológicos, os ambientes digitais, especificamente, os sítios
web
2
, possuem uma quantidade demasiada de informação, tornando os processos de
busca, recuperação e o uso da informação, em muitas vezes, de difícil acesso.
A arquitetura da informação surge nesse cenário, fornecendo elementos que
potencializam o acesso, o uso, a busca e a recuperação da informação em ambientes
digitais, visando atender todos os tipos de público.
Sendo assim, este artigo analisa o ambiente informacional digital da organização
Geledés Instituto da Mulher Negra. Essa organização disponibiliza conteúdos que se
posicionam em defesa das mulheres negras em particular e da comunidade negra em
geral “por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e
discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo
vigentes na sociedade brasileira.” (GELEDÉS, 2016, não paginado).
Desse modo, a pesquisa apoia-se na seguinte questão: Como está disposto o
ambiente virtual da organização social Geledés (Instituto da Mulher Negra) em relação a
arquitetura da informação, para melhor recuperação da informação? Essa pergunta
desencadeou a busca pelo seguinte objetivo: examinar o website da organização social
Geledés de acordo com os princípios propostos por Rosenfeld, Morville e Arango (2015).
Convém destacar que este estudo aborda brevemente acerca de alguns processos
de busca realizados no site Geledés, consequentemente, representa apenas uma parte da
área de recuperação da informação, que é bem mais ampla.
Dessa forma, concebe-se os processos de busca e recuperação da informação como
interdependentes e intimamente ligados. Sendo a busca, entendida como uma atividade
empreendida pelo usuário para o alcance da informação e, a recuperação, compreendida
como resultado do processo de busca.
1
Terminologia utilizada para denominar a sociedade contemporânea, proposta por Lyotard (1993).
2
Neste trabalho adota-se como sinônimos os termos: sítio web, website, portal, ambiente digital, ambiente
informacional digital, site, ao abordar a organização social Geledés, campo online empírico descrito ao longo
da pesquisa.
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ARTIGO
2 ARQUITETURA E RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Escrever uma seção sobre arquitetura e recuperação da informação é
imprescindível para o embasamento teórico-prático desta pesquisa.
Wurman (1997) discorre sobre uma das evidências históricas da Arquitetura da
Informação (AI), termo cunhado no artigo: “Beyond Graphics: The Architecture of
Information”, escrito pelo arquiteto e desenhista gráfico, Richard Saul Wurman e,
coautoria de Joel Katz, em outubro 1975, na Conferência American Institute of
Architecture (AIA), sob a perspectiva dialógica entre a Arquitetura e a Informação.
A AI, desenhada para o contexto web, tornou-se amplamente difundida e
popularizada pelos bibliotecários Louis Rosenfeld, Peter Morville, por meio da obra:
“Information architecture for the World Wide Web” (1ª edição 1998; 2ª edição 2002;
edição 2006; 4ª edição 2015, esta última, sob o título: “Information architecture for
the Web and Beyond” e, com a participação do arquiteto Jorge Arango).
Oliveira, Vidotti e Bentes Pinto (2015, p. 52) relacionam a Arquitetura como
“campo devotado à racionalização dos espaços em função do uso que a sociedade ou os
sujeitos lhe atribuem [...] uma práxis projetiva que racionaliza o espaço, o território, o
tempo, o belo, o bem-estar e as necessidades dos sujeitos.”
Duarte (1999) sinaliza a arquitetura como algo maior que uma proteção dos
sujeitos das intempéries, é uma espécie de forma de organização de referências culturais
dos sujeitos e de seu posicionamento crítico junto ao ambiente natural, “[...] é um meio de
transmissão de informações com o qual o homem vem dando sua medida aos territórios
que ocupa [...]” (DUARTE, 1999, p. 13).
Em sua obra mais recente, Rosenfeld, Morville e Arango (2015) conceituam a
Arquitetura da Informação como uma disciplina de design que evidencia a informação,
visando torná-la compreensível e acessível ao usuário.
Ainda conforme Rosenfeld, Morville e Arango (2015) os princípios que propiciam
uma adequada Arquitetura da Informação compõem sistemas de organização, navegação,
rotulagem e busca. Os sistemas supramencionados, apoiam-se nos sistemas de
representação da informação: tesauros, vocabulários controlados e metadados.
No entendimento de Vidotti, Cusin, Corradi (2008, p. 182) a Arquitetura da
Informação se constitui de:
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[...] um conjunto de procedimentos metodológicos que visa estruturar ambientes
hipermídia digitais flexíveis e customizáveis de modo a possibilitar ao usuário a
busca, seleção, produção e interligação de documentos digitais, tendo no próprio
usuário o elemento ativo e capaz de representar e interrelacionar as informações
segundo seus caminhos de exploração e de descoberta.
Conforme ainda Vidotti, Cusin, Corradi (2008) a Arquitetura da Informação baseia-
se nas relações entre usuários, necessidades, sistema e à luz dos processos de navegação,
organização, rotulagem e busca.
Por conseguinte, tratando-se da recuperação da informação, estima-se que o termo
surgiu em meados da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), considerado um serviço de
informação especial, uma possível solução diante do problema do crescimento
vertiginoso da literatura científica, ocorrido na época supracitada. Considera-se também
que a recuperação da informação emana da relação dialógica e interdisciplinar entre a
Ciência da Informação e a Ciência da Computação (SARACEVIC, 1992).
Calvin Northrup Mooers, cientista da computação, cunhou o termo recuperação da
informação, em tese escrita para o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Mooers (1951, p. 25, tradução nossa) apresenta ainda o célebre conceito de recuperação
da informação: “[...] processo onde um potencial usuário da informação pode converter a
sua necessidade de informação em uma lista real de citações de documentos
armazenados, que contenham informações úteis a ele [...]”
Nesse viés, recuperar informação num sistema, consiste em reconhecer, de forma
seletiva, em um conjunto de documentos, aquele que responda a necessidade do usuário.
Em suma, pondera-se que a AI, em prol da recuperação da informação nas páginas
web, facilite “a interação entre o usuário e a informação com o maior nível de simplicidade
possível, admitindo o resgate do conteúdo informacional, que o mesmo procura no
processo de recuperação da informação.” (SALES; BENTES PINTO; SOUSA, 2016, p. 4).
3 METODOLOGIA
A priori, quanto aos objetivos, esta pesquisa possui caráter exploratório, inserida
na abordagem qualitativa, sendo que no entendimento de Gil (2010, p. 27) “As pesquisas
exploratórias têm como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses”.
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O delineamento desta pesquisa ocorre mediante a pesquisa bibliográfica sobre
arquitetura e recuperação da informação: princípios, conceitos, evidência histórica. Nesse
viés, procede-se a busca compreensiva na literatura científica nacional e internacional em
livros eletrônicos e impressos, dissertações, artigos de periódicos. Em um segundo
momento, depreende-se a pesquisa documental no site Geledés.
Em linhas gerais, a pesquisa bibliográfica e documental permite “a construção de
um aporte teórico reflexivo e crítico sobre o ‘estado da arte’ de uma determinada área
temática, desde as suas concepções históricas, culturais e ideológicas até o que há de mais
atual sobre o estudo” (BENTES PINTO; CAVALCANTE, 2015, p. 32).
Por conseguinte, recorre-se também à etnografia aplicada à web (netnografia)
como forma de descrever em profundidade o website da organização Geledés, campo
empírico escolhido. A netnografia caracteriza-se por uma descrição consistente (GEERTZ,
2008) que tenta “compreender a relação entre indivíduos e informação, tomando como
base os espaços sócio-interativos engendrados pelas tecnologias de informação.”
(NUNES; ALMEIDA JÚNIOR, 2015, p. 52).
Neste trabalho, a netnografia concebe-se a partir das relações sociais
empreendidas na comunicação mediada por computador, bem como da observação,
análise e participação dos pesquisadores nesta interação social com o website, sob o
desiderato de examinar o portal da organização social Geledés, conforme os princípios da
Arquitetura da Informação, propostos por Rosenfeld, Morville e Arango (2015).
Ao encontro do exposto acima, realiza-se a análise crítica e descritiva do website
“Geledés”, a partir de seus sistemas de organização, navegação, rotulagem e busca, com o
intuito de promover a recuperação da informação.
Para tanto, a pesquisa empírica foi realizada no período de 21 a 25 de agosto de
2017. Utilizou-se o recurso de extensão para Google Chrome e Mozilla Firefox: Nimbus
Screenshot, para captura de telas, edição de imagens e análise descritiva do sítio web
supramencionado.
Vale ressaltar que, a escolha da organização em questão, fundamenta-se sob o seu
olhar social e humano, em prol da militância da mulher negra, umas das minorias
brasileiras, bem como para propalar, facilitar e promover o acesso às informações de
equidade de gênero, étnico-racial.
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4 ANÁLISE DO WEBSITE GELEDÉS
A organização social Geledés Instituto da Mulher Negra atua desde 1988 no
desenvolvimento de projetos ou em parcerias com outras organizações que operam na
causa da defesa de direitos dos cidadãos, priorizando os temas voltados para os campos
de ação política e social como a questão racial e de gênero e a relação desses temas com
os direitos humanos, a educação, a saúde, a comunicação, o mercado de trabalho, a
pesquisa acadêmica e as políticas públicas.
No sítio web Geledés, se instiga o debate público sobre os obstáculos que
continuam a existir para a concretização da justiça social, a igualdade de direitos e
oportunidades em nossa sociedade como também no mundo. Mostra como característica
principal o seu posicionamento contra todas as formas de discriminação que limitam a
realidade plena da cidadania.
O referido portal dissemina e produz informações étnico-raciais e de gênero,
especificamente à mulher negra. Oliveira (2010, p. 54) conceitua a informação étnico-
racial como sendo:
[...] todo elemento inscrito num suporte físico, (tradicional ou digital), passivas
de significação linguística por parte dos sujeitos que a usam, e tem o potencial de
produzir conhecimento sobre os elementos históricos e culturais de um grupo
étnico na perspectiva da afirmação desse grupo étnico e considerando a
diversidade humana.
Sob o olhar da Geledés Instituto da Mulher Negra, acrescenta-se ao conceito
supramencionado, a perspectiva do empoderamento de mulheres negras, colocando-as
como sujeitos ativos de mudança, tornando-as cientes de seus direitos, posicionando-as
em todos os campos sociais, políticos e econômicos.
Por conseguinte, nas próximas seções (4.1; 4.2; 4.3; 4.4) analisa-se de forma
descritiva os princípios que regem as boas práticas no âmbito da arquitetura da
informação: organização, navegação, rotulagem e busca no ambiente digital
geledes.org.br.
4.1 ORGANIZAÇÃO
No que diz respeito ao princípio de organização, o website possui estruturas que
utilizam hiperlinks imagéticos, ou seja, pontos com imagens que direcionam o usuário
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para artigos e matérias jornalísticas. também textos, vídeos, animações e nenhuma
utilização de som.
Quanto à estrutura hierárquica, o ambiente informacional digital é organizado de
forma incompreensível, não apresenta simplicidade e clareza, há um excesso de
informações e de menus, no entanto, como aspecto positivo, observa-se que os itens dos
menus possuem um agrupamento lógico, ordenados por assunto.
No campo de busca emprega-se o esquema de organização exato em ordem
cronológica, com base na figura 1.
Figura 1 - Esquema de organização exata (cronológica)
Fonte: Adaptado de Geledés (2017).
Porém, cabe destacar, a predominância do esquema de organização ambíguo em
tópicos, de acordo com a figura 2.
Figura 2 - Esquema de organização ambíguo (tópicos)
Fonte: Adaptado de Geledés (2017).
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Concernente a sua taxonomia, constata-se o tipo larga e rasa, o que dificulta a
navegação do usuário pela presença de inúmeros itens, causando confusão no momento
da navegação.
A classificação social acontece via facebook, twitter, googleplus. Há também o
recurso de assinatura do feed notícias, em que o usuário pode receber as notificações do
portal.
A seguir, sistematiza-se a partir da figura 3 os elementos norteadores da
arquitetura Top-Down, adotado pelo referido sítio web, de acordo com as 10 perguntas
elaboradas por Rosenfeld, Morville, Arango (2015).
Figura 3 - Arquitetura da Informação Top-Down
Fonte: Adaptado de Geledés (2017).
Diante do exposto, quanto a pergunta 3, o portal dificulta a navegação com
inúmeros itens, causando confusão e perda de tempo no momento da navegação, bem
como na encontrabilidade da informação.
Sabe-se também que a interface deve prezar pela eficiência, minimizando o esforço
gasto para executar uma tarefa, por meio da redução de movimentos dos olhos e mãos,
conforme Tedd e Large (2005).
Onde estou? (1)
Eu sei o que estou
procurando? Como faço
para buscá-lo (2)
Como faço para
percorrer este site? (3)
O que é importante e
exclusivo sobre essa
organização? (4)
O que há neste site? (5)
ausente
O que está acontecendo
aí? (6)
Como faço para me
envolver com vários
outros canais digitais
populares? (7)
Como posso contatar um
humano? (8)
Qual é o endereço deles?
(9) ausente
Como posso acessar
minha conta? (10)
ausente
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As perguntas 5, 9 e 10 estão ausentes na interface do sítio web supracitado,
desencadeando falhas no princípio de organização.
Com relação a pergunta 8, o portal possui somente endereço e formulário para
envio de dúvidas, não disponibiliza o contato telefônico direto.
4.2 NAVEGAÇÃO
Observa-se que o sistema de navegação integra a navegação global e local em sua
interface, possuindo também a navegação contextual, dispostas conforme Figura 4.
Identifica-se a barra de navegação predominantemente textual, bem como menu do tipo
Pull-down (clicar no item).
Figura 4 - Sistema de navegação
Fonte: Adaptado de Geledés (2017).
Não possui sistemas de navegação suplementares: sitemaps, índices, guias. Em se
tratando da navegação social, somente inúmeros links de redes sociais, que
predominantemente, não remetem à página da organização social.
O ambiente informacional digital possui condições de localização, com o máximo
de 3 camadas, por meio do recurso breadcrumb, popularmente conhecido como “migalhas
de pão”, que consiste em permitir que o usuário percorra inúmeros caminhos sem se
perder dentro do sistema.
Integram a
navegação
global,
local
Navegação
contextual
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4.3 ROTULAGEM
A atividade de atribuir rótulos é inerente ao ser humano. O objetivo da rotulagem
é comunicar conceitos ou representar informações de forma eficiente e significativa para
o usuário (ROSENFELD, MORVILLE E ARANGO, 2015).
Percebe-se que o princípio de rotulagem é o mais complexo, pois uma grande
possibilidade de erros linguísticos passarem desapercebidos pelo olhar dos atores
envolvidos na construção do website.
Face ao exposto, quanto ao princípio de rotulagem, o ambiente digital analisado
possui links contextuais, utiliza tags ou hashtags em seus respectivos perfis e/ou páginas
do facebook, twitter e google plus, indexando os assuntos e facilitando a sua recuperação.
Apresenta-se também como aspecto positivo, o rótulo da logomarca Geledés e
“Gęlędę na tradição yorubá”, permitindo uma maior aproximação e experiência do
usuário com as línguas africanas, valorizando certamente a cultura afrodescendente.
No entanto, um erro de rotulagem nos ícones das redes sociais, confundindo o
usuário, pois um mesmo ícone do facebook direciona tanto para a página do Geledés
quanto para a página inicial de login do facebook.
O sistema de rotulagem do portal possui informações acessíveis, tanto por meio de
rótulos textuais, localizados no início da gina, quanto por rótulos iconográficos,
identificados no cabeçalho e na navegação.
Constata-se uma ambiguidade, embora considerada consistente pelos
especialistas, no rótulo textual “home” e no rótulo icônico “casinha”, que direcionam à
página inicial. Percebe-se um outro erro no banner incrementado “guest post” (post
convidado) e no item “PLP 2.0” do menu, provocando ambiguidades em termos visual,
conceitual e linguístico. Recomenda-se também evitar o uso de siglas nos itens para uma
melhor compreensão linguística.
Concernente ao estilo, observa-se que não é padronizado, pois alguns itens são em
caixa alta e outros em caixa baixa. No que tange à apresentação, o tamanho de letras e
aplicação de cores também não seguem um padrão, porém utilizam termos pontuais nos
itens. Denota-se que a aplicação de cores faz alusão à bandeira da África, em alguns pontos
do site.
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4.4 BUSCA
Por conseguinte, tratando-se do processo de busca informacional, o usuário
basicamente procura identificar no conjunto de apontamentos sobre o tema selecionado,
aquele que lhe atenda, de acordo com sua necessidade de informação.
Pondera-se que, quanto ao princípio de busca, o ambiente informacional digital
não utiliza o algoritmo do google, frequentemente utilizado em vários websites. Apresenta
sistema de busca por linguagem artificial, frases, tipos específicos de itens, porém
superficial e limitado.
Ao digitar a palavra-chave “racismo” no mecanismo de busca, obtêm-se como
resultado, ocorrências correspondentes ao assunto. No entanto, baseado em testes
executados, o portal não propicia o uso de ferramentas e estratégias de busca, por
exemplo: buscadores booleanos (and, or e not), recuperação da informação por
truncagem, proximidade (asterisco, aspas e cifrão), conforme à concepção de Rowley
(2002), dificultando o acesso eficaz dos conteúdos, assim como as necessidades de seus
usuários.
No entendimento de Sales, Bentes Pinto e Sousa (2016, p. 4) o sistema de busca é
considerado o mais importante, pois é, provavelmente, a partir da busca que o usuário
consegue satisfazer a sua necessidade informacional para realização de suas tarefas.”
5 RESULTADOS
Como resultado, depreende-se no quadro 1 a análise não exaustiva dos elementos
da Arquitetura da Informação: organização, navegação, rotulagem e busca no portal
Geledés, descritos ao longo das seções 4.1; 4.2; 4.3; 4.4.
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Quadro 1 - Análise dos elementos da Arquitetura da Informação no portal Geledés.
ELEMENTOS DA
ARQUITETURA DA
INFORMAÇÃO
DIAGNÓSTICO DO SITE
PESQUISADO
ASPECTOS
POSITIVOS
ASPECTOS A
MELHORAR -
RECOMENDAÇÕES
SISTEMA DE
ORGANIZAÇÃO
- Esquema de organização
ambíguo em tópicos e no
campo de busca emprega-
se o esquema de
organização exato em
ordem cronológica
- Taxonomia do tipo larga
e rasa
- Sistema hierárquico Top-
down (geral para o
específico)
- Estruturas que utilizam
hiperlinks imagéticos
- Os itens dos menus
possuem agrupamento
lógico, ordenados por
assunto
- A classificação social
acontece via facebook,
twitter, googleplus
- Incompreensível
(excesso de menus) e
não apresenta clareza
- Não apresenta o
contato telefônico e
informações sobre o site
na página inicial
SISTEMA DE
NAVEGAÇÃO
- Barra de navegação
predominantemente
textual
- Menu do tipo Pull-down
(clicar no item)
- Apresenta o recurso
breadcrum (migalhas
de pão)
- Não possui sistemas de
navegação
suplementares:
sitemaps, índices, guias.
- Para navegação social
há somente inúmeros
links de redes sociais,
dos quais, boa parte, não
remete à página da
instituição.
SISTEMA DE
ROTULAGEM
- Apresenta identificação
iconográfica e textual,
predominando a forma
textual
- Possui links
contextuais, utiliza
tags ou hashtags em
redes sociais
- Utiliza termos
pontuais nos itens
- Alguns rótulos em
língua africana
- Estilo e apresentação
não padronizado
- Equívoco no
direcionamento dos
ícones das redes sociais
- Banner com problemas
de ambiguidade em
termos visual, conceitual
e linguístico
- Uso de siglas
SISTEMA DE BUSCA
- Sistema de busca por
linguagem artificial, frases,
tipos específicos de itens
-
- Processo de busca
superficial e limitado
- Não utiliza o algoritmo
do google
- Não propicia o uso de
ferramentas e
estratégias de busca
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
Em suma, aponta-se que a arquitetura do sítio geledes.org.br apresenta alguns
aspectos a melhorar, sobretudo no sistema de rotulagem e busca.
Quanto à rotulagem, recomenda-se a reparação dos ícones das redes sociais que
remetem tanto para a própria página do Geledés quanto para a página inicial de login da
rede social, de forma a unificar o direcionamento dos links; padronização do estilo e
apresentação (tamanho de letras e aplicação de cores); corrigir as ambiguidades em
termos visual, conceitual e linguístico no banner incrementado “guest post” (post
Araújo; Bezerra; Oliveira | Arquitetura da informação no website Geledés
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convidado); por último, sugere-se evitar o uso de siglas nos itens como “PLP 2.0” do menu,
para uma melhor compreensão linguística.
No que diz respeito à busca, indica-se a utilização do algoritmo do google,
frequentemente utilizado em vários websites; o uso de ferramentas e estratégias de busca,
por exemplo: buscadores booleanos (and, or e not), recuperação da informação por
truncagem, proximidade (asterisco, aspas e cifrão), para facilitar o acesso e a recuperação
eficaz dos conteúdos.
Quanto ao sistema de organização, recomenda-se um menu claro e enxuto;
apresentação do contato telefônico na página inicial.
Tratando-se do sistema de navegação, sugere-se a construção de sistemas de
navegação suplementares: sitemaps, índices, guias; para navegação social, exibir links que
direcionem realmente à página da instituição nas redes sociais.
No que se refere aos elementos adicionais da AI, não foram detectadas opções de
alteração de tamanho de fontes, textos narrados e ajuda, carecendo de atenção no âmbito
da acessibilidade.
Por fim, em relação aos sistemas de representação da informação, os termos
utilizados no website devem ser escolhidos para servir as necessidades da maioria dos
usuários. Para tanto, indica-se o uso de termos específicos, o que resulta em um índice
maior de precisão na recuperação da informação, ao recuperar apenas os documentos que
correspondem exatamente à questão de busca do usuário.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista a comunidade de mulheres negras, observa-se que há uma série de
elementos da Arquitetura da Informação a serem considerados no desenvolvimento de
projetos, planejamento e reestruturação de sítios web que atendam efetivamente à
comunidade supracitada, a fim de propiciar uma interface organizada, de forma
compreensível, de simples navegação, com terminologias claras, buscas rápidas e
satisfatórias, em prol da recuperação da informação.
Considera-se substancial a aplicação dos aspectos a melhorar recomendações
propostas nesta pesquisa, vide seção 5, para facilitar, ampliar e promover o acesso às
informações de equidade de gênero e étnico-racial, sendo necessária também a
apreciação pelo seu público-alvo/comunidade de usuários.
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Vale ressaltar que este estudo não esgota as possibilidades de análise dos
pressupostos da Arquitetura da Informação no ambiente informacional digital da
organização social Geledés.
REFERÊNCIAS
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SOBRE OS AUTORES
Ana Rafaela Sales de Araújo
Mestranda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Bibliotecária da Universidade
Federal do Ceará (UFC).
E-mail: rafaela@ufc.br
Midinai Gomes Bezerra
Mestranda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Bibliotecária da Universidade
Estadual da Paraíba (UEPB).
E-mail: midnaygomes@gmail.com
Henry Poncio Cruz de Oliveira
Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Professor Adjunto do
Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
E-mail: henry.poncio@gmail.com
Recebido em: 17/05/2018; Aceito em: 14/06/2018; Revisado em: 23/06/2018.
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
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Como citar este artigo
ARAÚJO, Ana Rafaela Sales de; BEZERRA, Midinai Gomes; OLIVEIRA, Henry Poncio Cruz de. Arquitetura da
informação no website Geledés: a mulher negra em foco. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 3, n. 1, p. 97-
112, jan./jun. 2018.