A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE PRÁTICAS INFORMACIONAIS PELOS
PESQUISADORES DO EPIC
THE CONSTRUCTION OF THE CONCEPT OF INFORMATION PRACTICES BY EPIC
RESEARCHERS
Emanuelle Geórgia Amaral Ferreira¹
Flávia Ferreira Abreu²
Gracirlei Maria Carvalho de Lima³
Jéssica Patrícia Silva de Sá
4
¹ Mestra em Ciências da Informação pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
E-mail: emanuelle.gaf@gmail.com
2
Mestra em Ciências da Informação pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
E-mail: flaviaabreu2911@gmail.com
3
Mestra em Ciências da Informação pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
E-mail: leleygmc@gmail.com
4
Mestra em Ciências da Informação pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
E-mail: j.jessicadesa@gmail.com
ACESSO ABERTO
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não há conflito de interesses.
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Recebido em: 24/04/2019.
Revisado em: 01/05/2019.
Aceito em: 10/05/2019.
Como citar este artigo:
FERREIRA, Emanuelle Geórgia Amaral; ABREU,
Flávia Ferreira; LIMA, Gracirlei Maria Carvalho
de; SÁ, Jéssica Patrícia Silva de. A construção do
conceito de práticas informacionais pelos
pesquisadores do EPIC. Informação em Pauta,
Fortaleza, v. 4, n. especial, p. 26-43, maio 2019.
DOI:
https://doi.org/10.0000/ip.v4iEspecial.2019.41
077.26-43
RESUMO
O objetivo deste trabalho é investigar como se
deu a construção do conceito de Práticas
Informacionais pelos pesquisadores do Grupo de
Pesquisa Estudos em Práticas Informacionais e
Cultura (EPIC). A pesquisa iniciou-se na
disciplina “Usuários da Informação e Práticas
Informacionais” do Programa de Pós-Graduação
em Ciência da Informação (PPGCI) da UFMG,
ministrada pela Professora Dra. Adriana Bogliolo
Sirihal Duarte, no segundo semestre do ano de
2017. Ressalta-se que foi a última pesquisa
desenvolvida pela docente, líder do Grupo EPIC,
realizada coletivamente com os discentes
durante sua última disciplina no PPGCI. O estudo
foi realizado com pesquisadores do
PPGCI/UFMG que defenderam seus trabalhos
dentro da temática de estudos de Usuários da
Informação e Práticas Informacionais. Como
procedimento metodológico utilizou-se
entrevistas semiestruturadas realizadas com
sete pesquisadores. Nos resultados observou-se
que as primeiras pesquisas sobre Práticas
Informacionais não utilizavam essa
terminologia, apresentando-se como estudos de
usuários vinculados à abordagem social. Dessa
Inf. Pauta
Fortaleza, CE
v. 4
n. especial
maio 2018
ISSN 2525-3468
DOI: https://doi.org/10.32810/2525-3468.ip.v4iEspecial.2019.41077.26-43
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forma, esse conceito foi se desenvolvendo à
medida em que as pesquisas foram sendo
realizadas no PPGCI. Identificou-se a atual
compreensão dos pesquisadores sobre as
Práticas Informacionais, além da diferenciação
entre práticas e comportamento informacional.
Na concepção dos estudos em Práticas
Informacionais no grupo EPIC, evidencia-se a
liderança da Profa. Dra. Adriana Bogliolo com o
desenvolvimento do conceito e metodologias de
pesquisa para investigação das Práticas
Informacionais.
Palavras-chave: Práticas Informacionais.
Usuários e usos da informação. Comportamento
do usuário.
ABSTRACT
The objective of this work is to investigate how
the concept of Informational Practices was
developed by researchers from the Research
Group on Informational Practices and Culture
(EPIC). The research began in the discipline
"Users of Information and Information
Practices" of the Graduate Program in
Information Science (PPGCI) of UFMG, taught by
Doctor Adriana Bogliolo Sirihal Duarte, in the
second half of 2017. It emphasizes it was the last
research developed by the teacher, leader of the
EPIC Group, held collectively with the students
during his last discipline in the PPGCI. The study
was conducted with researchers from the
PPGCI/UFMG who defended their work within
the theme of Information Users and Information
Practices studies. As a methodological procedure
we used semi-structured interviews with seven
researchers. In the results it was observed that
the first researches on Informational Practices
did not use this terminology, being presented as
studies of users linked to the social approach.
Thus, this concept was developed as the
research was carried out in the PPGCI. Identified
the current understanding of the researchers on
Informational Practices, as well as the
differentiation between practices and
informational behavior. In the conception of the
studies in Informative Practices in the EPIC
group, it is evident the leadership of Doctor
Adriana Bogliolo with the development of the
concept and research methodologies to
investigate the Informational Practices.
Keywords: Information Practices. Users and
uses of information. User behavior.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo apresenta uma pesquisa realizada pelos discentes do Programa
de Pós- Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) durante a disciplina nuclear da linha de pesquisa “Usuários, Gestão do
Conhecimento e Práticas Informacionais” ofertada pelo PPGCI/UFMG: a disciplina
“Usuários da Informação e Práticas Informacionais”, ministrada pela Professora Dra.
Adriana Bogliolo Sirihal Duarte, no segundo semestre do ano de 2017.
Tal pesquisa foi desenvolvida coletivamente pelos alunos com orientação efetiva
da professora, com intuito de compreender melhor como estava sendo abordado e
construído o conceito de Práticas Informacionais nas pesquisas de mestrado e
doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI/UFMG) no
âmbito do Grupo de Pesquisa Estudos em Práticas Informacionais e Cultura (EPIC).
Liderado pela Professora Dra. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte e pelo Professor Dr.
Carlos Alberto Ávila Araújo, o grupo EPIC foi criado em 2013 e integrado ao Diretório de
Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) em 2014. As atividades
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desenvolvidas pelo grupo objetivam a consolidação de uma nova perspectiva de estudar
os sujeitos e suas relações com a informação, centrando no contexto social e cultural de
cada indivíduo.
Assim sendo, a Professora Adriana nos apresentou o artigo sobre a
historiografia do grupo EPIC (SIRIHAL DUARTE; ARAÚJO; PAULA, 2017). O artigo
apresenta a relação das pesquisas de mestrado e doutorado sobre Práticas
Informacionais desenvolvidas no âmbito do PPGCI/UFMG pelo grupo de pesquisa.
Posteriormente, a professora orientou a formação de duplas de alunos, de forma que
cada dupla pudesse selecionar uma das dissertações listadas no artigo, com intuito de
que a pesquisa escolhida fosse estudada e apresentada para a turma. Dessa forma, sete
dissertações foram analisadas e apresentadas pelos discentes, de forma que toda a
turma pudesse conhecer os principais aspectos de cada pesquisa: objetivos, referencial
teórico, metodologia adotada e análises de dados.
Após a análise do conceito de práticas informacionais presente nas pesquisas
estudadas, a professora Adriana orientou a construção coletiva, em sala de aula, do
roteiro de perguntas para realização de entrevistas semiestruturadas com os autores
das pesquisas. O roteiro consistiu em onze perguntas para nortear a condução das
entrevistas, que foram realizadas em outubro de 2017. Cada dupla entrevistou o autor
da pesquisa que havia sido apresentada e analisada em sala. Foi elaborado também um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), devidamente assinado pelos
entrevistados.
Em um primeiro momento, as duplas realizaram a análise de suas respectivas
entrevistas, criando categorias que abrangessem as temáticas abordadas pelos
entrevistados. Depois, foi realizada uma segunda análise das entrevistas, dessa vez, com
os alunos reorganizados em grupos pela professora. Dessa forma, cada grupo analisou
três entrevistas diferentes, reavaliando as categorias de análise elencadas. Por fim, após
a recategorização dos grupos, em sala de aula, chegou-se coletivamente às categorias
gerais e definitivas para a análise de todas as entrevistas. A disciplina encerrou-se
nessa etapa, com orientações da professora para a futura escrita de artigos com a
apresentação dos resultados encontrados. Contudo, o adoecimento da professora no
mês seguinte interrompeu os planos de dar prosseguimento à pesquisa.
Diante do exposto, como forma de homenageá-la, apresentaremos os resultados
encontrados na categoria geral “concepção do conceito de Práticas Informacionais”
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desta que foi a última pesquisa conduzida pela Professora Dra. Adriana Bogliolo em sua
última disciplina no PPGCI/UFMG.
Elencamos como objetivo geral deste trabalho: investigar como se deu a
construção do conceito de práticas informacionais pelos pesquisadores do EPIC. Como
objetivos específicos, buscou-se: compreender a visão dos pesquisadores sobre o
conceito durante a pesquisa; entender a visão atual dos pesquisadores sobre o conceito;
avaliar a construção do conceito pelos pesquisadores.
2 CONTEXTUALIZANDO: OS ESTUDOS DE PRÁTICAS INFORMACIONAIS
Embora a perspectiva de Práticas Informacionais se encontre no tradicional
campo de "estudos de usuários da informação", os estudos sob tal ponto de vista vem
com uma proposta de pesquisas voltadas para uma postura sociocultural, fazendo parte
de um momento histórico de valorização do contexto nas investigações. A perspectiva
das Práticas Informacionais, ainda em construção, apresenta novos aspectos para os
estudos dos usuários, agora compreendidos como sujeitos informacionais, termo que
ressalta o seu caráter de ator (SIRIHAL DUARTE; ARAÚJO; PAULA, 2017; SÁ, 2018).
As práticas informacionais consistem nos diversos modos como os sujeitos
lidam com a informação, que nem sempre partem de uma necessidade
específica, considerando-se o encontro ocasional com a informação. A busca e o
uso da informação apresentam-se socialmente inseridos, permeados por
processos comunicativos, que envolvem a interação entre os sujeitos e o
compartilhamento de informações (SÁ, 2018, p. 36).
Dessa forma, essa perspectiva considera as relações dialógicas entre o sujeito e o
contexto. A terminologia Práticas Informacionais denomina “os estudos conduzidos a
fim de investigar como se dão os inter-relacionamentos entre o sujeito e a informação”
(SIRIHAL DUARTE; ARAÚJO; PAULA, 2017, p. 3).
Os estudos de Práticas Informacionais concentram-se em compreender os
indivíduos como membros de vários grupos e comunidades que constituem o contexto
de sua vida e atividades cotidianas. A ênfase é no papel dos fatores contextuais que
permeiam a busca, uso e compartilhamento de informações, o que difere das abordagens
individualistas e descontextualizadas, como é o caso dos estudos de comportamento
informacional. Nos estudos de comportamento informacional a informação é
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determinada por um fator externo e se ajusta às necessidades do indivíduo,
desconsiderando o conjunto de fatores humanos, pessoais, individuais e coletivos que
interferem na relação do sujeito com a informação. Os estudos de Práticas
Informacionais levam em conta às características microssociológicas, propondo-se a
olhar o micro para responder ao macrossocial (BERTI; ARAÚJO, 2017).
Berti e Araújo (2017) consideram que, nas investigações de Práticas
Informacionais, a interação caracteriza a complexidade do sujeito, que pertence a
dimensões individuais, coletivas, sociais, culturais e políticas. Assim, os contextos sociais
também são influenciados a partir dessas relações. As Práticas Informacionais também
podem lidar com elementos da comunicação e não apenas com a busca por informações.
Desse modo, a fronteira entre comunicação e informação é difícil de ser delimitada,
podendo sobrepor-se em muitos casos, como nos estudos de contextos interacionais de
informação (SAVOLAINEN, 2007).
Rocha, Sirihal Duarte e Paula (2017) apresentam uma revisão do que poderíamos
chamar de modelos teóricos de Práticas Informacionais empregados por diversos
autores da Ciência da Informação. Os autores discutem a perspectiva de Savolainen
(1995) que, mesmo o sendo um modelo efetivamente de práticas informacionais, é
apontado como o precursor desses, pois contribui para os atuais estudos de práticas
informacionais com a noção de vida cotidiana e a percepção de que a relação dos
sujeitos com a informação é permeada de fatores sociais, culturais, individuais e
temporais.
Na perspectiva apresentada por Savolainen (1995) há a quebra da sequência pré-
concebida de necessidade, busca e uso de informação dos tradicionais estudos de usos e
usuários da informação. O autor enfatiza que a busca por informação é parte da vida
cotidiana das pessoas. Assim, ele propõe um modelo de busca de informação na vida
cotidiana (Everyday Life Information Seeking, ELIS). Outra perspectiva pontuada é o
modelo bidimensional de práticas informacionais de McKenzie (2003). A autora adota o
conceito de vida cotidiana proposto por Savolainen (1995), criando um modelo que
considera as dimensões casuais envolvidas no processo de busca por informação. Para
ela, o encontro casual com a informação tem a mesma importância de uma busca ativa.
Diante do exposto, a perspectiva das Práticas Informacionais recusa, portanto, a
ideia de que a informação existe como objeto, independente do sujeito, e que estaria
apenas à espera de ser acessada e utilizada. Pelo contrário, conforme esta abordagem é
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necessário que o sujeito social esteja em ação ao (res)significar o mundo fazendo uso do
seu arsenal cultural.
Contudo, críticas à compreensão das Práticas Informacionais através de modelos
são realizadas. Para Berti e Araújo (2017), teorias que embasam modelos valorizam os
processos informacionais numa visão unidimensional do pensar, deixando de lado a
compreensão de como os significados são construídos. Pois é dessa forma que são
realizados os estudos de comportamento informacional, afastando-se as representações
simbólicas presentes na interação social.
Assim sendo, no contexto dos estudos desenvolvidos sob a perspectiva das
Práticas Informacionais, é preciso atentar para as ações, para aquilo que efetivamente se
faz, sobretudo no cotidiano. É na prática, na ação do sujeito na sociedade, que é possível
perceber como ele compreende a informação e como, criando um entendimento que é
baseado tanto em sua experiência particular como em sua experiência coletiva, ele atua
na sociedade na medida em que a expressão de sua interpretação também altera o
cenário no qual está inserido.
3 A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE PRÁTICAS INFORMACIONAIS PELOS
PESQUISADORES DO EPIC: RESULTADOS E DISCUSSÃO
É de fundamental importância ressaltar que a pesquisa apresentou-se como um
estudo em profundidade, cuja relevância está na variedade de dados encontrados, que
abrangem a construção das pesquisas de modo completo, contendo informações sobre:
a construção do conceito de Práticas Informacionais; a compreensão do conceito de
sujeito informacional; a abordagem metodológica das pesquisas; a influência do
orientador; o grau de satisfação com a pesquisa; os traços simbólicos do estudo; dentre
outros aspectos. Como forma de realizar um recorte para o desenvolvimento desse
artigo, optou-se por apresentar somente as categorias pertinentes à construção do
conceito de Práticas Informacionais, visto que essa análise foi completa o suficiente
para promover uma ampla discussão.
Elencou-se três categorias de análise, em conformidade com os objetivos do
presente trabalho: compreensão do conceito de Práticas Informacionais durante a
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pesquisa; concepção atual do conceito de Práticas Informacionais; e, Práticas
Informacionais X Comportamento Informacional.
Destaca-se que o nome dos entrevistados foi mantido em sigilo, de forma a
preservar os participantes da pesquisa, tal como explicitado no Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Dessa forma, os pesquisadores foram
identificados por E1, E2, E3, E4, E5, E6 e E7.
Quadro 1 - Pesquisas analisadas
Temática
Método
Aporte Teórico
Descreve e analisa as práticas informacionais
das profissionais do sexo da zona boêmia de
Belo Horizonte. (SILVA, 2008).
Coleta de dados: relatos,
entrevistas, com gravação em
áudio. Análise de dados: análise
de conteúdo.
Práticas Informacionais; paradigma
social da CI
Busca compreender as práticas
informacionais de ouvintes assíduos de rádio
(PESSOA, 2010)
Coleta de dados: relatos,
entrevistas, com gravação em
áudio. Análise de dados: análise
de conteúdo.
Descrição densa de Geertz;
Dimensão emocional de Maffesoli.
Busca compreender como os idosos
percebem, descrevem e atribuem significado
à experiência da inclusão digital e seus
efeitos na vida diária, perpassando pelo
campo da sociabilidade e do comportamento
informacional. (GANDRA, 2012)
Coleta de dados: entrevistas
semiestruturadas em
profundidade, com gravação
em áudio. Análise de dados:
análise de conteúdo.
Abordagem social dos estudos de
usuários; Fenomenologia social de
Alfred Schutz.
Busca indícios de como a subjetividade
interfere no processo decisório, ou como os
aspectos subjetivos se integram às
competências individuais para influenciar
esse processo. Investigou o processo
decisório de bibliotecários durante a
atividade de indexação em bibliotecas
universitárias. (ARAÚJO, 2013)
Coleta de dados: entrevista,
análise de tarefas, protocolo
verbal, aplicação do AT- 9.
Análise de dados: análise de
conteúdo, análise do AT-9,
análise de símbolos.
Abordagem clínica da informação.
Teste dos 9 arquétipos.
Investiga como pessoas com cegueira
congênita e adquirida interagem com a Web
e como percebem sua (in)acessibilidade,
buscando identificar as carências e
contribuições das Diretrizes de
Acessibilidade para o Conteúdo da Web
WCAG 2.0 para a construção de websites
mais adequados a esse perfil de usuários.
(ROCHA, 2013)
Coleta de dados: entrevistas
semiestruturadas envolvendo
ensaios de interação, com
gravação de áudio e salvamento
das telas. Análise de dados:
análise de conteúdo.
Abordagem social dos estudos de
usuários; Cognição Situada.
Investiga os elementos simbólico-afetivos
envolvidos no compartilhamento do
conhecimento na relação de orientação
estabelecida entre docentes e discentes de
um programa de pós-graduação stricto
sensu. (COELHO DE SÁ, 2015)
Coleta de dados: entrevista,
análise de tarefas, protocolo
verbal, aplicação do AT-9.
Análise de dados: análise de
conteúdo, análise do AT-9,
análise de símbolos
Gestão do conhecimento científico;
Teste dos 9 arquétipos; Abordagem
Clínica da Informação.
Analisa como as práticas informacionais de
mães de crianças com alergias alimentares
influenciam no dia-a-dia desses indivíduos.
(BARROS, 2016).
Coleta de dados: entrevista
semiestruturada em
profundidade. Análise de
dados: codificação livre e
Práticas informacionais (Modelos
de Pâmela McKenzie e Yeoman).
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Temática
Método
Aporte Teórico
análise de conteúdo com grade
de categorias mista: a priori (a
partir do modelo de análise) e
liberdade de criação de novas
categorias.
Fonte: Adaptado de SIRIHAL DUARTE, ARAÚJO e PAULA (2017).
O quadro acima permite visualizar que a partir de 2008, a concepção do conceito
Práticas Informacionais começa a ser introduzido nas pesquisas que buscam a
compreensão da relação do sujeito informacional com as informações que demandam
em seu cotidiano, por mais que o termo não se apresente diretamente nos títulos. Essa
perspectiva é influenciada, sobretudo, pelo direcionamento que os orientadores passam
para seus orientandos conforme podemos observar com as entrevistas.
3.1 A Compreensão do conceito de práticas informacionais durante a pesquisa
A presente categoria compreende o entendimento que os pesquisadores tinham
do termo práticas informacionais à época de suas pesquisas de mestrado. Apresenta-se o
conhecimento e/ou desconhecimento do conceito de práticas informacionais e
apontamentos gerais dos entrevistados sobre o termo.
Quatro entrevistados definem suas pesquisas de mestrado como vinculadas à
abordagem social dos estudos de usuários da informação. Observou-se que, no grupo
EPIC, as primeiras pesquisas não utilizavam o termo práticas informacionais, que o
conceito ainda estava começando a ser estudado, de forma que as pesquisas se
afirmavam pertencentes à abordagem social, promovendo uma ampliação da agenda do
campo dos estudos de usuários da informação. Para os entrevistados, um estudo de
Práticas Informacionais seria considerado mais profundo, uma vez que a utilização do
termo abordagem social sugere um estudo mais amplo e menos específico.
E1: [...] eu não conhecia o conceito de práticas, e mesmo hoje conhecendo, eu
penso que o conceito de práticas faz parte da abordagem social. Então era
abordagem social, era o nome amplo da coisa, que eu tinha conhecimento
naquele momento.
[...] Não, não chega a ser um estudo de práticas. [...] Eu acho que não chega.
Eu acho que… Na análise que eu fiz assim eu não fui tão, tão profunda a ponto
de chegar a ser práticas (grifo nosso).
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E2: Eu não conhecia o conceito com essa denominação de práticas
informacionais. A gente falava da ampliação da agenda de estudos de usuários,
fazia a relação com paradigma social naquela visão que Capurro falou sobre os
paradigmas na Ciência da Informação e tinha a proposta de estudos dentro do
paradigma social e de ampliar a agenda do campo de estudos de usuários, com
abordagem compreensiva, mas não era usada essa denominação de práticas
informacionais. Quando eu fiz a pesquisa a gente não falava, eu não tinha esse
conhecimento com essa denominação de práticas informacionais.
E3: [...] na época a gente conversava muito sobre isso: olha e estou querendo
pegar uma abordagem… Nós vamos pegar uma abordagem, então a gente
trabalhou uma abordagem que seja mais de acordo com o paradigma social do
Rafael Capurro. Que tem a abordagem tradicional que ela está muito ligada ao
paradigma físico, as abordagens alternativas e da Brenda Dervin sensi-cognitivo,
e o [orientador] foi construindo o conceito [...] que era uma tentativa de
ultrapassar essa ideia de comportamento.
O entrevistado E5, na ocasião da realização de sua pesquisa, a caracterizou como
um estudo segundo a abordagem social, conforme os entrevistados acima mencionaram.
No entanto, o entrevistado esclarece ainda que na ocasião da realização de sua pesquisa
de mestrado, não havia discussão a respeito da concepção de Práticas Informacionais,
embora ela fosse trabalhada, mas utilizando ainda o nome de abordagem social. Na fala
abaixo, o entrevistado explicita que havia a concepção de que a abordagem social que
trabalhavam no âmbito da pesquisa era diferente, mas ainda não havia sido denominada
como Práticas Informacionais.
E5: Práticas mesmo, que eu me lembre, não tinha uma discussão, mais
aprofundada não. Estava começando a se aprofundar numa discussão sobre a
abordagem social dos estudos de usuários. E de alguma forma, também, aqui na
Escola, com os meus professores que trabalham com essa abordagem aqui na
Escola, eu percebia que era uma perspectiva, uma abordagem social diferente
de como ela é trabalhada no cenário internacional. Mas, ainda assim era
tentando fortalecer essa abordagem social. E assim, eu ouvia falar de práticas,
mas não se sustentava, não fazia nenhuma construção em relação a isso. Eu
defendi em 2012, então era assim em 2010 e 2011. Falava-se de abordagem
social, práticas em algum momento, mas só de ouvir falar mesmo.
Contudo, a noção do conceito se ampliou e, hoje, o entrevistado E5 entende que a
pesquisa desenvolvida sob a abordagem social dos estudos de usuários foi o nascedouro
conceitual da perspectiva de Práticas Informacionais adotada atualmente.
E5: Eu me propus a fazer uma pesquisa conforme a abordagem social, mas hoje
eu vejo que foi dali que começou a minha construção do que eu entendo do que é a
perspectiva de práticas informacionais.
Assim como o E5, um dos entrevistados relatou que não conhecia o termo em
profundidade à época de sua pesquisa. Ele afirma que, ao final da pesquisa, sugeriu-se
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que seu trabalho estaria relacionado aos estudos de usuários e ao conceito de Práticas
Informacionais.
E7: Na época eu não conhecia o conceito em profundidade. Eu tinha visto um
conceito sobre o conceito de práticas informacionais durante a disciplina da
Adriana de estudo de usuários que eu fiz no mestrado, e eu não lembro se eu
estava no grupo de práticas, mas ele não tinha esse nome antes. [...] Eu sabia o
que era, de certa forma sim, mas eu não consegui talvez na época, pensar na
relação com minha pesquisa. [...] Depois não me lembro se foi no final, alguém leu
minha pesquisa falou: “Olha isso aqui tem alguma coisa de estudo de usuários,
que poderia ser, que poderia colocar.”
O E3 também apontou pouco conhecimento sobre o conceito de Práticas
Informacionais na época, mas que foi apresentada pelo seu orientador. O entrevistado
também citou algumas referências que deram base para ele ir a campo e compreender
como se dava a busca de informação no cotidiano do seu universo de pesquisa. Além
disso, ele pontuou que o conceito estava sendo construído e citou a obra de Regina
Marteleto (MARTELETO, 1995) como base para o seu referencial teórico.
E3: Foi tudo indicação do [orientador] mesmo. Foi um livro que eu li na época,
uma pesquisa do Hermano Vianna sobre o funk carioca. Olha! Essa pesquisa do
Hermano você não precisa compreender o conteúdo da antropologia. Ele me disse
“capítulo muito técnico, mas eu quero que você entenda o trabalho de campo dele,
a descrição a narrativa, de como ele entendeu o campo, como ele escreveu a
abordagem do objeto”. Então assim é muito bom, não foi usado na minha
dissertação, mas foi um livro que foi importante porque o Hermano fez uma
profunda análise do espaço prático dele, o que ele fazia no Rio na década de 80.
Ele ia aos bailes, ele emergia para depois fazer a descrição do era que ele queria
que era relação daquela pessoas com funks.
E3: É porque assim... Eu tenho que lembrar aqui porque é eu trabalhei com um
conceito que estava presente na obra da Regina Marteleto[...] Na época ela o
tinha um conceito claro. Foi um conceito que estava sendo construído ainda. A
própria obra dela na época não tinha tudo muito claro, ela vinha com a ajuda do
[orientador] que era uma tentativa de ultrapassar essa ideia de comportamento.
Assim como o E3, o E5 pontuou que não tinha conhecimentos suficientes à época
da realização de sua pesquisa. Afirmou que na ocasião, não relacionou Práticas
Informacionais como uma perspectiva que poderia ser considerada como estudos da
abordagem social.
E5: Eu acho que se eu tivesse escutado antes, ou bem no inicinho do mestrado e
atrelasse esse termo à abordagem social dos estudos de usuários, talvez eu tivesse
utilizado. Mas, como foi no meio e realmente, assim, não tinha uma compreensão
do que era, se era exatamente a mesma coisa de uma abordagem social ou não.
Conforme podemos observar, a compreensão da concepção de Práticas
Informacionais se iniciou a partir da vinculação dos estudos de usuários realizados com
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a abordagem social. Os entrevistados, embora não nomeassem as pesquisas como
estudos de Práticas Informacionais, identificaram na ocasião que se tratava de pesquisas
com um viés mais amplo do que concebiam os estudos sob a abordagem social da época.
3.2 Concepção atual do conceito de práticas informacionais
Essa categoria apresenta a concepção atual que os pesquisadores possuem sobre
o conceito de práticas informacionais.
Uma parte dos entrevistados prosseguiu com atividade de pesquisa, realizando o
doutorado. Percebe-se que esse grupo amadureceu as suas concepções sobre práticas
informacionais, elaborando melhor o conceito.
E1: Na tese eu assumi práticas. Apesar de eu ter certeza do que não é práticas. O
que é práticas eu ainda estou descobrindo, mas eu já assumo termos e quero levar
isso até... Inclusive tendo uma discussão teórica um pouco mais aprofundada do
que eu fiz na dissertação (grifo nosso).
E5: Práticas informacionais estaria dentro da abordagem social dos estudos de
usuários, talvez, e que essa abordagem tenta entender o sujeito como um ser
histórico, cognoscente e que ele é conformado, constituído pelos referenciais
sociais. Então, as suas ações, suas ideias, elas são resultados da intersubjetividade
presente na sociedade.
E7: E as práticas, elas para mim são as percepções da pessoa mesmo, do sujeito,
em relação tanto à realidade dele, quanto também as questões culturais e sociais.
Mas eu acho que as práticas, elas entram mais na parte subjetiva do estudo de
usuários. Pensando assim, chamando de estudo de usuários, a questão das
práticas informacionais, mas acho que as práticas elas eram mais na parte
subjetiva dos usuários, mas que também tem um foco nas interações entre os
usuários.
No entanto, é notório que o conceito de práticas informacionais ainda é
incipiente, não havendo um consenso sobre sua definição. Até mesmo o uso da
terminologia é questionado, visto que as Práticas Informacionais podem ser
consideradas um conceito ou uma perspectiva, dependendo do ponto de vista de cada
pesquisador.
E1: É uma coisa um tanto quanto controversa assim, eu acho que o conceito ainda
é incipiente, na verdade eu não… Eu tendo a não ver práticas como conceito, eu
tendo a ver práticas como uma perspectiva, uma forma de olhar. Eu tenho um
pouco de dificuldade assim de definir práticas conceitualmente falando, eu acho
que é uma coisa muito fluida assim pra, pra você criar um conceito,
comportamento é mais… Porque passa aquela ideia de mais visível, práticas me
passa uma coisa mais fluida, então eu prefiro ver como uma perspectiva. E a
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diferença que eu vejo é a forma como voanalisa, a forma como voolha pra
aqueles dados.
Identificou-se nos discursos dos entrevistados que os estudos de Práticas
Informacionais são vinculados à pesquisa de uma coletividade, na análise da interação
de um grupo de pessoas.
E1: Porque eu vejo e práticas mais como o estudo de um coletivo de pessoas que
têm algum vínculo algum tipo de interação em comum. Posso estar equivocada,
mas para mim, prática fica mais, mais visível neste sentido da coletividade. [...] E
para fazer práticas eu acho que o estudo fica mais interessante com um grupo
que interage mais frequentemente, pode ser virtualmente inclusive, não precisa
ser presencialmente, mas que tenha uma construção conjunta; ou desconstrução.
E7: [...] partindo desse meu “pré concebimento” das práticas, tem muito foco nas
interações tanto sociais quanto dessa realidade mesmo entre as pessoas.
Seguindo a concepção de que os estudos de Práticas Informacionais são voltados
a pesquisas com a interação de grupos de pessoas, E6 pontua que nesse sentido, os
sujeitos informacionais da pesquisa são vistos do ponto de vista de atores sociais
realmente ativos em sua interação com a informação.
E6: Eu percebo as práticas informacionais como esse momento de sujeitos mais
ativos, de sujeitos mais complexos ao tratar com a informação, então elesm um
senso crítico, eles têm percepções.
Existe também a concepção de que um estudo de Práticas Informacionais
necessita de outra teoria para ser operacionalizado.
E1: [...] exatamente porque eu falei que eu acho práticas uma coisa muito fluida e
eu preciso de uma teoria já estabelecida para operacionalizar a coisa.
O grupo EPIC apresenta-se como uma referência para o estudo das Práticas
Informacionais, pois direciona leituras e discussões sobre a temática. Entretanto, é
reconhecida a multiplicidade de ideias entre os pesquisadores do grupo, de forma que
não há unanimidade no entendimento do conceito.
E1: Eu acho que muita coisa tem uma influência do grupo. Eu às vezes assim,
apesar do grupo não ter uma, uma unanimidade no que se entende de práticas
(às vezes eu tenho a sensação que cada um entende uma coisa diferente), mas eu
acho que é importante porque direciona um pouco; mesmo não tendo um
consenso, direciona. Apesar de às vezes eu achar que eu tenho um entendimento
de práticas, de práticas informacionais, um pouco mais distinto do grande... do
que o grupo tem [...].
E7: [...] eu lembro que estava no início das discussões, acho que em 2015 mesmo
que talvez eu tenha começado a participar do grupo. Estava sendo uma coisa de
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estudo de usuários, de comportamento informacional, tinha uma discussão sobre
conceitos, então esse conceito ele não estava muito claro para mim ainda [...].
Tanto que o entrevistado E4 não usou o conceito de Práticas Informacionais em
sua dissertação e, atualmente, no doutorado, também não se sente seguro em usar a
conceituação em sua pesquisa.
E4: A complexidade da minha pesquisa não pede que eu entre com um conceito
que pra mim é novo, sem ter o domínio dele. Tanto que eu também não uso no
doutorado. Hoje não me sinto confortável pra usar isto.
No discurso de E1 foi presente a citação de vários autores, principalmente suecos,
que se dedicam a pesquisas sobre Práticas Informacionais.
E1: Tem uma autora da Suécia que ela fala que a prática informacional é meio
que corporificada e eu tendo a concordar com isso sabe. [...] Ela chama Harlan,
tem a Isah e a Harlan. Elas usam esse termo pra falar que é quase que
corporificada assim nas ações do dia-a-dia. Então eu acho que é uma forma de
agir meio que inconsciente e meio que sem uma, um start assim, tipo você tem
essa necessidade vai lá e busca.
[...] Porque acaba que eu vou sendo influenciada pela percepção e eles [autores
da Suécia] falam inclusive [de] um estudo sobre as; pelas lentes das práticas,
então quando eu falo que práticas para mim é uma perspectiva eu acho que é
mais pela influência deles. É porque eles também entendem práticas como uma
forma de ver uma determinada realidade e não como um conceito. Então eu acho
que talvez seja uma influência dessas leituras.
Consonante com o posicionamento de Berti e Araújo (2017), o E6 apontou que os
estudos desenvolvidos sob a perspectiva das Práticas Informacionais não se adéquam a
um modelo específico de pesquisa. Trata-se de estudos com enfoques socioculturais
que não se devem se limitar a modelos ou a uma representação gráfica.
E6: Eu acho interessante para isso, assim, perceber o quanto que, por mais que a
gente tente colocar numa tabela, colocar num gráfico, num quadro, é, essas
questões das práticas, elas são muito, muito mais complexas do que a gente possa
imaginar, é praticamente impossível a gente colocar isso bonitinho, né, num
quadro, aqui, num modelo.
Outra parte do grupo de entrevistados não prosseguiu com a atividade de
pesquisa, voltando-se para o mercado de trabalho. Essas pessoas, que distanciaram-se
da academia, percebem que os conceitos evoluíram, contudo não souberam especificar
como os compreendem atualmente.
E2: Eu acho que as terminologias, os conceitos foram mudando e se ampliando
com o tempo e refletindo essa nova compreensão e abrangência. [...] Eu acabei me
afastando dos estudos e não acompanhando essas novas terminologias. Depois do
mestrado eu no mercado de trabalho não estou tendo tanta oportunidade de
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contato com esses campos que estão se ampliando, mas eu acredito que as novas
terminologias dão mais a real dimensão dessa abrangência, maior do que es
sendo feito na área.
E3: Olha! Como eu disse… como eu estou por fora das mudanças da área, talvez é
só uma evolução do conceito de prática, né? E como eu disse antes também,
quanto à leitura especialmente nessas áreas, assim, mais novas… a literatura está
muito... Tem muita literatura norte-americana, talvez o conceito tivesse bem
trabalhado lá [na época da pesquisa]. Então assim, o que eu talvez... se fosse
aplicar hoje, se fosse mudar... Tivesse algum conhecimento da área hoje é seria
uma evolução desse conceito de prática [...] deve ter incorporado muita coisa
nova. Então assim eu queria ter me aprofundado mais nesse conceito de prática
para deixar a dissertação é… mais forte, eu ter ... sei lá... Eu acho que ela... Mais
força para ir a eventos da área.
A maioria dos pesquisadores continuaram suas pesquisas iniciadas no mestrado
em um doutorado. Entre esses pesquisadores, podemos perceber de um lado, o
aprofundamento do conceito da perspectiva dos estudos em Práticas Informacionais por
alguns doutorandos em suas respectivas pesquisas. Por outro lado, pouca identificação
conceitual e insegurança para usar o conceito por parte de alguns pesquisadores de
doutorado; fato que também ocorreu com aqueles que se afastaram do meio acadêmico
e, por conseguinte, do grupo EPIC, para se dedicarem ao mercado de trabalho.
Nota-se que parte dos pesquisadores adotou o conceito de Práticas
Informacionais em suas pesquisas atuais, devido ao aprofundamento da perspectiva
com relação ao período inicial das pesquisas de mestrado. Há ainda um entendimento de
que as Práticas Informacionais são uma perspectiva de pesquisa, vinculada a abordagem
social de estudos de usuários da informação. Contudo, não um consenso
terminológico por parte do grupo EPIC, uma vez que alguns adotam o termo conceito no
lugar de perspectiva.
Atualmente, é perceptível o consenso dentre os pesquisadores investigados da
concepção de sujeito informacional no âmbito dos estudos de Práticas Informacionais,
abandonando o termo usuários da informação por considerar além dos aspectos
cognitivos, os aspectos históricos e socioculturais nas pesquisas.
3.3 Práticas Informacionais X Comportamento Informacional
Nessa categoria apresentam-se as comparações e diferenciações entre os conceitos de
práticas informacionais e comportamento informacional.
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Nos discursos dos entrevistados identificou-se uma tentativa de fazer uma
distinção entre os dois conceitos, uma vez que ambos estão vinculados aos estudos de
usuários da informação. Contudo, os conceitos vinculam-se a diferentes vertentes dentro
desse campo.
E1: Eu posso equivocada, mas eu penso da seguinte forma, estudos de usuários
é uma subárea da Ciência da Informação… E estudo de práticas e de
comportamento? São vertentes possíveis de se fazer dentro dos estudos de
usuários, então um estudo de práticas ele é um estudo de usuários, só que ele pega
uma vertente, que é a vertente de práticas, da mesma forma o de comportamento
informacional.
E6: [...] o estudo de comportamento informacional, que também é mais antigo,
o estudo de práticas é mais recente do que o de comportamento, né, mas o
estudo de comportamento informacional está mais voltado para um usuário que é
mais estático, é um usuário que não é percebido como um ser tão evoluído quanto
o da prática informacional . No da prática, o usuário é visto como um ser atuante,
que sofre interferência do ambiente, das pessoas, mas também interfere, né,
então, ele é mais para o tipo de estudo que eu tenho a ver, que estou
relacionada, dentro da Comunicação mesmo, que percebe o ser como um ser ativo
[...].
E7: Do comportamento informacional, eu acho que ele pauta mais na cognição do
usuário né? E que seria talvez assim, como que ele se comporta diante da
informação. Para mim eu acho que seria mais ou menos isso essa diferença de
estudo de usuários para comportamento. E as práticas, elas para mim são as
percepções da pessoa mesmo, do sujeito, em relação tanto à realidade dele,
quanto também as questões culturais e sociais. [...] E sendo que os outros, são
muito focados no aprofundamento da melhoria do sistema, talvez os estudos de
usuários, o comportamento acho que não tem muito essa interação entre os
usuários né? Acho que é isso.
O entrevistado E1 mostrou certa resistência ao pensar em fazer um estudo utilizando o
conceito de comportamento informacional.
E1: Olha, a única certeza que eu tinha é que eu não queria fazer estudo da
abordagem cognitiva ou alternativa, sabe, eu já, apesar de pouco tempo na
área, eu já via que não era aquilo que eu queria, eu queria um pouco além.
[...] Eu tendo a achar que eu aproximei mais de práticas. Eu evitei
comportamento conscientemente. Eu não queria fazer um estudo de
comportamento informacional; é um tema que eu tenho uma certa resistência.
Na visão dos pesquisadores, o conceito de Práticas Informacionais mostra-se
mais profundo do que o conceito de comportamento informacional.
E1: E eu acho que práticas ela aprofunda um pouco mais do que comportamento.
Sabe, assim a sensação que eu tenho é... O comportamento ele tem uma motivação
mais sei lá, a lacuna, acho que é até lugar comum ficar repetindo isso, mas o
comportamento ele parte de uma lacuna, a prática ela é mais cotidiana e eu
não tô falando de informação pra vida cotidiana, tô falando de forma geral, é
meio que uma coisa incorporada… Incorporada sei lá, é uma coisa que a pessoa
não tá… Porque o comportamento, eu vejo da seguinte forma, quando se fala de
comportamento informacional, você tem uma necessidade, você se levanta vai
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faz uma busca, planejada, meio que uma sequência de passos. E a prática é como
se ela tivesse diluída no dia-a-dia [...].
E2: Eu acredito que estudos de usuários da informação surgiram muito
relacionados à visão mais positivista, mais pragmática, mais relacionada a
grupos específicos de usuários de sistemas de informação e eu acredito que esses
novos termos tem uma abrangência maior do que é feita agora.
Podemos observar a tentativa dos pesquisadores entrevistados em diferenciar os
estudos de Comportamento Informacional de estudos dedicados a concepção de Práticas
Informacionais. um claro consenso sobre as diferenças e finalidades de cada um dos
estudos. Embora façam parte dos estudos de usuários da informação, Comportamento
Informacional é um estudo conforme a abordagem cognitiva e Práticas Informacionais é
um estudo conforme a abordagem social. Os entrevistados frisaram que os estudos sob a
ótica das Práticas Informacionais são mais abrangentes, além de dar mais ênfase ao
protagonismo do sujeito e sua interação com a sociedade.
4 CONCLUSÃO
Com a realização desta pesquisa, podemos constatar como se deu a constituição
do conceito da perspectiva das Práticas Informacionais no âmbito do grupo EPIC. A
criação do grupo EPIC se deu em 2013, sendo consolidado por meio do cadastro no
CNPq em 2014. Mas muito antes, a maneira de olhar para os sujeitos informacionais por
meio da abordagem social de estudos de usuários realizada em vários trabalhos de
pesquisa de membros do grupo EPIC, já transmitia a diretriz do que viria.
Conforme podemos observar, os estudos realizados no âmbito das Práticas
Informacionais iniciaram vinculados à abordagem social e se mantém até então. Alguns
pesquisadores adotaram o termo inicialmente, outros utilizaram “comportamento
informacional” mesmo compreendendo que o escopo de sua pesquisa havia sido mais
amplo. Contudo, o conceito de Práticas Informacionais foi sendo fundamentado a
medida que as pesquisas de mestrado foram se desenvolvendo e esses pesquisadores
foram dando continuidade no doutorado. Desde o princípio, a perspectiva das Práticas
Informacionais foi concebida de maneira a perceber o sujeito informacional como
protagonista da ação informacional, compreendendo que trata-se de um indivíduo
cognoscente que busca por informação de maneira natural, cotidianamente, que tem sua
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cultura, história, que interage com meio, influencia e é influenciado. Portanto, o sujeito
estudado nos estudos de Práticas Informacionais é visto em conformidade com o seu
contexto sociocultural, não somente em seu aspecto cognitivo como nos estudos de
Comportamento Informacional.
Destaca-se o protagonismo da Profa. Dra. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte na
liderança do grupo e das pesquisas em torno das Práticas Informacionais. Profa. Adriana
é uma das responsáveis pela consolidação do conceito e adoção de algumas das
metodologias utilizadas na perspectiva de Práticas Informacionais desenvolvidas no
âmbito do grupo EPIC. Ela tinha o dom didático para categorizar os dados que permitia
uma compreensão mais efetiva das pesquisas. Uma profissional apaixonada que buscava
sempre inovar e levava consigo generosamente docentes e discentes que ousavam alçar
vôos mais altos. Essa pesquisa foi a última pesquisa desenvolvida coletivamente por ela
e por discentes em sua última disciplina no PPGCI/UFMG. Mais uma contribuição para a
compreensão dos conceitos que o grupo EPIC está construindo.
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