ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO PERVASIVA: contribuições para os ambientes virtuais de
aprendizagem
PERVASIVE INFORMATION ARCHITECTURE: contributions to the learning virtual
environments
Henry Poncio Cruz de Oliveira
1
Ráisa Mendes Fernandes de Souza
2
1.
Doutor em Ciência da Informação pela UNESP-
Marília, Professor do PPGCI/UFPB
E-mail: henry.poncio@gmail.com
2.
Doutoranda em Ciência da Informação
(PPGCI/UFPB),
E-mail: raisamendess@gmail.com
E-mail: raisamendes@yahoo.com.br
ACESSO ABERTO
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Conflito de interesses: Os autores declaram
que não há conflito de interesses.
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neste artigo.
Recebido em: 20/09/2016.
Revisado em: 01/10/2016.
Aceito em: 10/10/2016.
Como citar este artigo:
OLIVEIRA, Henry Poncio Cruz de; SOUZA, Ráisa
Mendes Fernandes de. Arquitetura da
informação pervasiva: contribuições para os
ambientes virtuais de aprendizagem.
Informação em Pauta, Fortaleza, v. 4, n.
especial, p. 65-83, nov. 2019. DOI:
https://doi.org/10.32810/2525-
3468.ip.v4iEspecial.2019.42604.65-83.
RESUMO
A Arquitetura da Informação é uma área do
conhecimento que fornece uma base teórica
para estruturação e organização informacional
dos ambientes digitais. Baseada nos princípios
dessa área, esta investigação tem como objetivo
geral entender como a Arquitetura da
Informação Pervasiva pode contribuir para a
elaboração de ambientes virtuais de
aprendizagem. Após a apresentação dos
conceitos que permeiam o universo dos
ambientes virtuais de aprendizagem e da
Arquitetura da Informação, concluiu-se que a
aprendizagem colaborativa pode ser
potencializada por meio da criação de estruturas
ecológicas intuitivas, práticas e funcionais. É
essencial a preocupação para que o AVA esteja
customizado de acordo com seu público,
garantindo melhor estruturação dos links e o
acesso às informações e ao próprio conteúdo
postado. A principal contribuição desta pesquisa
é a proposta de uma discussão que sirva como
insumo para o posterior desenvolvimento de
ambientes informacionais educacionais e
digitais, levando em conta princípios da
Arquitetura da Informação.
Palavras-chave: Arquitetura da Informação
Pervasiva. Ambientes virtuais de aprendizagem.
Ciência da informação. Ecologias Informacionais
Complexas.
ABSTRACT
Information architecture is a knowledge area
which provides a theoretical basis to structuring
and arranging information in digital
environment. Based on these area principles,
this investigation tries to understand how
information architecture can help in the
elaboration of learning digital environments
Inf. Pauta
Fortaleza, CE
v. 4
n. especial
nov. 2019
ISSN 2525-3468
DOI: https://doi.org/10.32810/2525-3468.ip.v4iEspecial.2019.42604.65-83
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(LDE). After the presentation of concepts
included in the universes of learning virtual
environment and information architecture, then
binding together both worlds, it is concluded
that the collaborative learning can only be
achieved through the creation of a soft, intuitive,
practical and functional environment. The LDE
must be customized considering its users, thus
ensuring a better link structuring, as well as the
access to information and to the published
content. The most relevant contribution of this
research is the proposal of a discussion that will
be useful on the later development of
educational and digital information
environments that consider informational
architecture principles.
Keywords: Information Architecture. Virtual
learning environments. Information Science.
Education in cyberspace.
1 INTRODUÇÃO
É possível perceber uma evolução significativa no campo das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC), com impacto significativo no âmbito acadêmico.
Investigações e pesquisas científicas culminaram na elaboração de tecnologias que
servem de apoio ao professor e auxiliam o aluno na apreensão dos conteúdos.
Nesse contexto surgiram os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA),
plataformas que visam aperfeiçoar o processo de aquisição de informação, trazendo um
novo olhar sobre a relação aluno/professor e aluno/aluno. De acordo com Jacoboski e
Maria (2014, p. 30), os AVA são
softwares que funcionam em servidores web, que podem ser acessados pela
Internet, por usuários distribuídos geograficamente, formando comunidades
virtuais com objetivos definidos, geralmente o de aprendizagem de
determinado conteúdo, onde se interagem com diversas ferramentas
disponibilizadas no próprio ambiente virtual.
Trata-se de uma ferramenta tecnológica que vem sendo adotada tanto na esfera
pública quanto na esfera privada de ensino.
Pereira, Schmitt e Dias (2007) acrescentam que, por meio dos AVA, o processo de
ensino-aprendizagem tem potencial para tornar-se mais ativo, dinâmico e
personalizado. Para as autoras, essas ferramentas do ciberespaço têm o potencial de
promover a interação e a colaboração à distância entre os atores do processo e a
interatividade com o conteúdo a ser aprendido.
A Ciência da Informação, enquanto área que se debruça sobre a organização,
acesso e uso, armazenamento, disseminação e encontrabilidade da informação, se
preocupa também com a Arquitetura da Informação (AI) dos diversos ambientes de
informação, o que inclui os AVA. Lazzarin et al. (2012) reforçam tais dizeres ao
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afirmarem que a CI tem como objeto de estudo a própria informação, estando ela
inserida em uma dimensão social e centrada no usuário. Considerando a abrangência
das pesquisas realizadas na Ciência da Informação, destacamos os estudos sobre
Arquitetura da Informação, aplicados numa perspectiva interdisciplinar, para gerar
benefícios estruturais e navegacionais aos ambientes analógicos, digitais ou híbridos de
informação (OLIVEIRA, 2014).
Com o crescimento do número de dispositivos móveis usados atualmente,
considerando as modificações nos processos de interação constante entre sistemas e
pessoas, criando-se ambientes dinâmicos, surgiu a Arquitetura da Informação Pervasiva
(AIP), considerara por Lacerda (2015) uma subdisciplina e por Oliveira (2014) uma
abordagem da AI.
O presente artigo tem como objetivo geral: dimensionar diretrizes de como a
Arquitetura da Informação Pervasiva pode contribuir para a construção de ambientes
virtuais de aprendizagem.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que explora tanto as conceituações
inseridas na Informática na Educação quanto as definições da Ciência da Informação e
Arquitetura da Informação, construindo assim um lugar comum entre essas disciplinas.
2 OS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem também recebem outras nomenclaturas,
como Ambientes Hipermidiáticos de Aprendizagem (AHA), Ambientes Virtuais de
Ensino e Aprendizagem (AVEA), Ambientes Digitais de Aprendizagem (ADA), Learning
Management System (LMS) ou mesmo Sistemas de Gestão de Aprendizagem (SGA)
(COSTA, 2015; LIMA, 2016).
Quanto à pluralidade terminológica envolvendo os AVA, no que tange ao uso do
termo “gestão”, Lima (2016) esclarece sobre a distinção entre os SGA e AVA,
considerando o primeiro como um sistema construído especificamente para propiciar
processos de educação a distância (EaD) mediados por computadores. O uso corrente do
termo AVA no Brasil passou a ser utilizado como sinônimo para SGA. Trata-se de um
espaço formal importante para a condução de cursos, disponibilizando recursos,
monitorando processos sistemáticos e controlando a ação educativa. Esse mesmo
espaço permite a gestão do processo educacional, possibilitando a interação do discente
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com o conteúdo. Neste trabalho usaremos o termo Ambientes Virtuais de Aprendizagem
(AVA).
Os AVA são sistemas que se fundamentam nas Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC), são recursos que visam a aperfeiçoar a mediação no processo
educativo. A disponibilização dos recursos de interação e de comunicação nos AVA
obedece, em princípio, aos princípios objetivos e orientações definidas nos projetos
pedagógicos dos cursos (ALONSO; SILVA; MACIEL, 2012).
Completando os dizeres acima, Bertini et al. (2015, p. 139) afirmam que os AVA
“são softwares que possibilitam a elaboração de cursos para serem disponibilizados pela
internet e permitem o gerenciamento dos conteúdos para os estudantes, assim como o
acompanhamento constante do seu progresso e a administração do curso”.
Pereira, Schmitt e Dias (2007) apresentam uma conceituação mais sucinta do que
seriam os AVA, assegurando que consistem em mídias entendidas como conjunto de
ferramentas e recursos tecnológicos resultantes da evolução das TIC, que permitem a
emissão e a recepção de mensagens. Tais mídias utilizam o ciberespaço para veicular
conteúdos e permitir interação entre os atores do processo educativo.
Almeida (2003) explica que os recursos que compõe um AVA são basicamente os
mesmos existentes na internet: correio, fórum de discussão, chats ou salas de bate-papo,
recursos de conferência, bancos de dados, etc., com o benefício de proporcionar a gestão
da informação, segundo critérios preestabelecidos de organização, definidos de acordo
com as características de cada software. Essas plataformas normalmente possuem
bancos de dados e informações representadas em diferentes formatos: textos, imagens,
vídeos, animações e áudio, interligadas por meio de links internos ou externos ao
sistema, gerando uma teia hipertextual.
Jacoboski e Maria (2014) discorrem sobre as aplicações práticas dos AVA,
afirmando que, por meio deles, é possível localizar, produzir e disponibilizar
informações de forma otimizada. De acordo com as autoras, essa tecnologia apresenta
alguns aspectos básicos e primordiais:
a) Um AVA possui um objetivo que se baseia nas necessidades comuns do
grupo a ser atendido e que não deve conflitar com os objetivos individuais.
b) A ação de aprender é voluntária.
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c) cooperação ativa entre os professores, alunos, tutores e demais
usuários dos grupos para atingir um objetivo comum que é o
conhecimento e a dinâmica.
d) A plataforma precisa ser utilizada frequentemente para que as discussões
e atividades estejam sempre atualizadas.
e) O AVA é um ambiente que propicia a produção e compartilhamento de
conhecimento.
f) Trata-se de uma plataforma intuitiva e fácil de usar que incentiva a
colaboração entre os colegas, a reflexão sobre os conteúdos e a construção
de saberes. Ela possibilita também o esclarecimento de eventuais dúvidas.
Lima (2016) se alinha à Jacoboski e Maria (2014), afirmando que os AVA também
favorecem:
a) A disponibilização dos conteúdos de aprendizagem.
b) A organização dos estudantes em cursos ou turmas ou grupos.
c) Os processos de comunicação do docente com estudantes e dos estudantes
entre si.
d) O controle do acesso e da utilização de recursos.
e) O acompanhamento e a avaliação acadêmicos, bem como a integração com
outros sistemas de gestão acadêmica.
Menegotto, Becker e Marques (2014) afirmam que os AVA podem ser
considerados como mais uma alternativa para colaborar e dar apoio ao desenvolvimento
dos processos de ensino e de aprendizagem, atendendo às dificuldades de cada sujeito e
contemplando o ritmo individual do aluno. Esses ambientes funcionam na internet,
como forma de mediar as metodologias educacionais, tanto como apoio à educação
tradicional, presencial-física, quanto para o desenvolvimento da EaD.
Ressalta-se que os AVA o são ferramentas exclusivas da educação à distância,
pois trata-se de uma plataforma que tem como objetivo mediar o ensino, seja ele à
distância, semipresencial ou presencial.
De acordo com Felipe (2013, p. 888), “um AVA pode ser utilizado tanto para
ampliar espaços de interação em cursos na modalidade presencial quanto para
gerenciar cursos ofertados na modalidade semipresencial ou totalmente à distância”. O
mesmo autor acrescenta que esses ambientes virtuais promovem a interação e a
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colaboração informacional entre os alunos, tendo como objetivo o compartilhamento de
conhecimentos e de competências intelectuais (FELIPE, 2011).
Almeida (2003, p. 332) afirma que as tecnologias AVA podem ser utilizadas
como suporte para sistemas de educação à distância realizados exclusivamente
on-line, para apoio às atividades presenciais de sala de aula, permitindo
expandir as interações da aula para além do espaço-tempo do encontro face a
face ou para suporte a atividades de formação semipresencial nas quais o
ambiente digital poderá ser utilizado tanto nas ações presenciais como nas
atividades à distância.
Para Pereira, Schmitt e Dias (2007), como a demanda pelo uso dos AVA vem
crescendo vertiginosamente nos âmbitos acadêmico e corporativo, é necessário destacar
a importância de uma reflexão mais aprofundada sobre o conceito que orienta o
desenvolvimento ou o uso dessas plataformas, assim como o tipo de estrutura humana e
tecnológica que oferece suporte ao processo ensino-aprendizagem. É preciso lembrar
que a qualidade do processo educativo depende de fatores, tais como: envolvimento do
aprendiz, proposta pedagógica, materiais instrucionais veiculados, estrutura e qualidade
de professores, tutores, monitores e equipe técnica, bem como das ferramentas e
recursos tecnológicos utilizados no ambiente em termos de Arquitetura da Informação.
Santos (2002) colabora com a presente discussão ao debater as formas de
interação entre os sujeitos envolvidos nesses ambientes. Para o autor, é possível
argumentar que um AVA é um espaço de significação, no qual tanto os participantes
quanto os próprios objetos teóricos interagem, potencializando, assim, a aprendizagem
e a construção de conhecimentos. Além do acesso e das possibilidades variadas de
leituras, o aluno que interage com o conteúdo digital poderá também se comunicar com
outros participantes de forma síncrona e assíncrona em modalidades variadas de
interatividade. Esses tipos de interação seriam: um-um e um-todos, comuns das
mediações estruturadas por suportes como os impressos, vídeo, rádio e TV; e
principalmente todos-todos, própria do ciberespaço e das redes virtuais. As
possibilidades de comunicação todos-todos caracterizam e diferem os AVA das
ferramentas/platafomas tecnológicas de educação e comunicação. Por meio de
interfaces, o ambiente digital possibilita a hibridização e a permutabilidade entre os
sujeitos (emissores e receptores) da comunicação.
Por meio da literatura levantada, é possível perceber benefícios relacionados ao
uso dos AVA no ensino, seja ele à distância ou presencial. Nesse sentido, é necessário
atentar para a construção e customização desses ambientes, visto que tais tecnologias
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possuem atores envolvidos e um público-alvo que precisa ser atendido. Para tanto,
estuda-se sobre as contribuições da Arquitetura da Informação Pervasiva aos ambientes
digitais de aprendizagem.
3 A ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO
O termo Arquitetura da Informação foi destacadamente divulgado pelo arquiteto
Richard Saul Wurman que, de acordo com Ribeiro e Vidotti (2009), foi percebendo que
os conceitos da arquitetura podiam ser aplicados em espaços informacionais como uma
maneira de aperfeiçoar o acesso à informação. Nos dizeres dessas autoras, a AI, ao longo
do tempo, foi ganhando destaque no meio acadêmico e também entre os projetistas de
ambientes web. Essa conquista está relacionada com a aplicabilidade dos conceitos e
recursos que tornam os ambientes informacionais digitais mais compreensíveis e
agradáveis para os usuários. Para as autoras, a AI objetiva o acesso sem obstáculos e
satisfatório em ambientes informacionais pelos seus usuários.
Rosenfeld, Morville e Arango (2015) discorrem sobre o papel do arquiteto da
informação como profissional com a missão de organizar padrões dos dados e de
transformar o que é complexo ou confuso em algo mais claro. Trata-se da pessoa que
organiza informações, disponibilizando assim uma espécie de estrutura, de modo que
todos possam trilhar seus próprios caminhos em direção à informação demandada.
De acordo com Rosenfeld, Morville e Arango (2015), a arquitetura da informação
significa:
1) O design estrutural de ambientes de informação compartilhada.
2) A combinação de organização, rotulagem, busca e sistemas de navegação
em sites e intranets.
3) A arte e a ciência de moldar produtos e experiências de informação para
dar suporte à usabilidade e à capacidade de busca.
4) Uma disciplina emergente e uma comunidade de práticas focada em trazer
princípios de design e arquitetura para a paisagem digital.
Para Dillon e Turnbull (2006), a ideia central seria a de estruturar espaços de
informação para gerenciamento e uso, que podem ser interpretados de várias maneiras,
indo desde a preocupação com a rotulagem, até algo complexo e mais amplo, como uma
preocupação com a facilitação da interação. Os autores prosseguem afirmando que os
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arquitetos da informação normalmente executam, dentre muitas outras, as seguintes
tarefas:
1) Delineamento de conceitos-chave ou passos a serem seguidos por meio de
gráficos.
2) Criação de mapas do ambiente digital.
3) Elaboração de termos para criar conteúdo e promover a navegação.
4) Desenvolvimento de modelos de estilo e formatação para elementos de
informação.
5) Realização de estudos de usuários.
6) Criação de cenários e quadros.
7) Construção de taxonomias e índices.
8) Experimentações de experiências do usuário.
9) Programação e design de banco de dados.
10) Gerenciamento de conteúdo e código-fonte.
Para Burford (2011), um ambiente digital sempre terá, obrigatoriamente, uma
estrutura informacional, independente do fato de a organização criadora ter ciência ou
não da arquitetura da informação e de sua implementação. Logo, as estruturas de
informação de um ambiente digital podem se tornar um espaço ideal de busca e
compartilhamento de informações, ou podem se tornar uma experiência frustrante e
malsucedida para seus usuários.
Barker (2005) afirma que a AI é o termo usado para descrever a estrutura de um
sistema ou ambiente, ou seja, a maneira como a informação é agrupada, os métodos de
navegação existentes e a terminologia utilizada no sistema. Para ele, uma Arquitetura de
Informação eficaz permite que as pessoas avancem logicamente através de um sistema,
se aproximando assim da informação que eles precisam. A maioria das pessoas apenas
percebe a importância da arquitetura da informação quando se depara com dificuldades
para encontrar a informação desejada.
Agner (2009) traz importantes elucidações para a presente discussão,
argumentando que a AI é a profissão do novo milênio, pois abarca o design, a análise e a
implantação de espaços informacionais, bancos de dados, bibliotecas, sites, etc. O autor
diz que a AI pode ser percebida como a junção de três campos tradicionais: o
jornalismo/redação, a tecnologia e o design. Agner (2009) também propõe um modelo
conceitual de arquitetura da informação, mostrando que a AI pode ser considerada
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como um termo “guarda-chuva”, em que coexistem preocupações de diferentes
pesquisadores, com diversas autodenominações. É possível observar que a AI relaciona-
se, segundo Agner (2009), com a Educação, Ciências Sociais, Engenharia de Software,
Psicologia, Ciência da Informação, Ciências Cognitivas, Ergodesign e Ciência da
Computação.
Camargo (2010) afirma que o termo “Arquitetura da Informação” surgiu antes da
Internet, podendo ser utilizado no contexto de ambientes informacionais off-line e
tradicionais como bibliotecas e empresas. A AI deve ser usada para ajudar no tratamento
de conteúdo, independentemente do tipo do ambiente, seja ele analógico, digital ou
híbrido.
Garrett (2011) explica que, no desenvolvimento de conteúdo, estruturar a
experiência do usuário também é uma questão de AI. Este campo baseia-se em uma série
de disciplinas que historicamente têm se preocupado com a organização, reunião,
necessidade e apresentação informacional: biblioteconomia, jornalismo, comunicação,
entre outros.
O autor faz alguns paralelos entre AI e design de interação, explicando que
compartilham uma ênfase em definir padrões e sequências nas quais as opções serão
apresentadas aos usuários. O design de interação diz respeito às opções envolvidas na
realização e execução de tarefas. A AI aborda as opções envolvidas na transmissão de
informações para um usuário. Design de interação e AI são áreas se preocupam com as
pessoas a maneira como elas se comportam e pensam.
A categorização de Morville, Rosenfeld e Arango (2015), utilizando uma
abordagem sistêmica e informacional (OLIVEIRA, 2104), dividem a AI nos seguintes
sistemas:
1) Sistema de Organização define o agrupamento e a categorização de todo
o conteúdo informacional.
2) Sistema de Navegação especifica as maneiras de navegar, de se mover
pelo espaço informacional.
3) Sistema de Rotulagem estabelece as formas de representação e da
apresentação da informação, definindo signos para cada elemento
informativo.
4) Sistema de Busca determina as perguntas que o usuário pode fazer e o
conjunto de respostas que irá obter.
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3.1 A Arquitetura da Informação Pervasiva
Com a evolução das TIC, surgiram tecnologias interligadas e interfaces
sincronizadas, em que a informação é transmitida o tempo inteiro, principalmente via
web. Smartphones que respondem e-mails, TVs que acessam a internet, movimentações
bancárias que são monitoradas pelos celulares são exemplos de situações comuns
atualmente e que formam uma teia de interações. Lacerda (2015) explica que esses
sistemas interligados em diferentes escalas formam um ecossistema, em que a
informação flui em toda parte. Essa comunicação tem sido chamada de Internet das
Coisas, ou Internet Ubíqua.
O extraordinário potencial da Internet das Coisas é o poder que confere aos
objetos de uso cotidiano de capturar, processar, armazenar, transmitir e
apresentar informações. Interligados em rede, os objetos são capazes de
realizar ações de forma independente e gerar dados em quantidade e variedade
exponenciais, como produto das interações. Nesse contexto, a informação passa
a fazer parte do ambiente, e configuram-se novas formas de atuação das
pessoas no mundo (LACERDA, 2015, p. 159).
Esse novo contexto de comunicação em uma rede tecnológica impactou
diretamente os estudos sobre AI, representando uma nova abordagem (OLIVEIRA,
2014). A Arquitetura da Informação Pervasiva (AIP) é considerada por Resmini e Rosati
(2011) como uma resposta aos novos problemas informacionais que ultrapassavam a
web, os quais a AI clássica não conseguia mais solucionar.
De acordo com Sousa e Pádua (2014), diversas áreas do conhecimento,
disciplinas e até práticas profissionais estão convergindo para a região de fronteira em
que o design digital, recursos de rede, interações sociais e acesso aos dispositivos móveis
se combinam, conduzindo a uma abordagem orientada pela informação, sendo
justamente neste ponto que se iniciam as discussões sobre uma AIP.
O que Lacerda (2015), em diálogo com Resmini e Rossati (2011), denomina
ecossistemas de informação, Oliveira (2014) denomina ecologias informacionais
complexas (OLIVEIRA, 2014). Este autor desenvolve uma modelagem conceitual para
AIP, conforme figura 1.
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Figura 1 Modelo conceitual para Arquitetura da Informação Pervasiva
Fonte: Extraído de Oliveira (2014)
A contribuição de Oliveira, no aprofundamento teórico e epistemológico da AIP,
responde sobre:
a) O status científico da AIP;
b) Do que trata a AIP;
c) O que ela deve possibilitar;
d) Como ela se materializa na práxis de pesquisa científica e de projeto de
Arquitetura da Informação.
A AIP tem, de acordo com a literatura científica levantada por Oliveira (2014), um
viés teórico e outro prático, tratando de ecologias informacionais complexas, que
integram e articulam, de forma holística, espaços, ambientes, artefatos tecnológicos e
sujeitos. A AIP também possibilita o desenvolvimento de pesquisas sobre ambientes
informacionais híbridos, colaborando para que o sujeito permaneça orientado dentro da
ecologia, além de contribuir para o funcionamento convergente das partes da ecologia e
de seu todo em relação a outras ecologias. A AIP também considera a adaptabilidade das
partes da ecologia a novos contextos e aos comportamentos dos sujeitos, sem
negligenciar o aspecto da interoperabilidade entre os sistemas; a atenção às questões
semânticas, de acessibilidade, de usabilidade e de encontrabilidade.
Como observam Resmini e Rosati (2011), na ecologia, os usuários tornam-se
também intermediários da informação, o que é estático torna-se dinâmico e o que é
dinâmico torna-se híbrido (na convergência entre espaços físicos e digitais). Interações
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horizontais prevalecem sobre as verticais, o design de produtos passa a ser design de
experiências e, por fim, as experiências passam a acontecer em múltiplos canais.
Após a tessitura das considerações sobre os universos do presente artigo, parte-
se para uma análise de possíveis contribuições da AIP para a elaboração e evolução dos
AVA.
4 A ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO PERVASIVA E AS ECOLOGIAS HÍBRIDAS DE
APRENDIZAGEM: CONTRIBUIÇÕES POSSÍVEIS
A partir das considerações sobre os AVA discutidas anteriormente, optou-se
pelos modelos de Wagner (2001) e McGreall (2004) para demonstrar de forma mais
dinâmica como os materiais podem estar dispostos dentro de um AVA (FIG. 2 e 3).
Figura 2 Modelo de Conteúdo de Aprendizagem
Fonte: Extraído de Wagner (2002)
O Modelo de Conteúdo de Aprendizagem mostrado na FIG. 2 também considera
os tipos, tamanhos de arquivos e a forma como esses conteúdos podem ser pulverizados,
transformando-se em outros menores. Conforme mostrado neste modelo, os menores
dos arquivos são os chamados ativos de conteúdo, constituídos de mídia bruta, como
fotografias, ilustrações, diagramas, arquivos de áudio e vídeo e animações.
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Os objetos de informação compreendem o próximo vel neste modelo, que pode
ser classificado como um conceito, um fato, um processo, um princípio, um exercício ou
um procedimento.
Os Objetos de informação individuais podem ser combinados para formar uma
estrutura de dados mais conceitualmente completa, sendo ela o objeto de aprendizagem.
Os objetos de aprendizagem são formados pela montagem de uma coleção de
objetos de informação reutilizáveis, relevantes para ensinar uma tarefa de trabalho
comum em um único objetivo de aprendizagem.
Em seguida, os objetos de aprendizagem podem ser sequenciados e agrupados
para formar Componentes de Aprendizagem maiores, como "Lições" e "Cursos". Quando
esses Componentes de Aprendizagem estão envolvidos com funcionalidades adicionais,
como ferramentas de comunicação, computação que abarca conversas em tempo real e
outras práticas de comunidade, existe então um ambiente de aprendizagem (WAGNER,
2002).
Figura 3 Disposição de conteúdo em AVA
Fonte: Adaptado de McGreall (2004)
Nota-se que, para McGreall (2004), um conjunto de objetos de informação resulta
em um objeto de aprendizagem e, por sua vez, seu conjunto forma um tópico. Um
conjunto de tópicos forma um componente de aprendizagem, podendo ser ele uma
simulação. Vários componentes formam uma lição, e várias lições um módulo, até
formar um curso completo e, por fim, um programa (FIG. 3).
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Observa-se certa preocupação de alguns autores em definirem os objetos digitais
pertencentes ao acervo do AVA, mostrando a hierarquização de conteúdo e
nomenclaturas para cada um deles, por exemplo: um componente de aprendizagem não
é sinônimo de um objeto de aprendizagem.
Por meio dos modelos de AVA mencionados no presente artigo, é possível
entender um pouco a respeito da dinâmica desses ambientes de aprendizagem e como
se estruturam enquanto Ecologias Informacionais Complexas.
Com a criação de plataformas de compartilhamento de conteúdo, como o
Youtube, e de portais científicos, como o Portal Capes, dos repositórios institucionais,
das redes sociais, assim como aplicativos, cujo objetivo é o ensino de alguma habilidade,
próprios para smartphones e tablets, observa-se que o processo de aprendizagem
mediado pelas tecnologias transcende os AVA.
Nesse sentido, percebemos que a experiência a partir do AVA se estrutura numa
teia de ambientes distintos e interligados pela navegação, sugerindo uma estrutura
semelhante ao que Oliveira (2014) chama de Ecologia Informacional Complexa.
Considera-se também a importância dos ambientes analógicos, não os digitais,
como produtores de conhecimento, podendo ser salas de aula, bibliotecas, cafeterias, etc.
Fazendo um paralelo com os conceitos abordados anteriormente sobre ambientes
informacionais híbridos, é possível afirmar que o usuário navega em uma ecologia
híbrida de aprendizagem, mesclando digital e analógico, humano e o humano, ou seja,
em Ecologias Informacionais Complexas.
Algumas considerações podem ser feitas no que tange o desenvolvimento de um
AVA guiado pelos elementos essenciais da AIP. O que trazemos aqui é, a partir da
triangulação teórica entre os modelos de AVA e o modelo de AIP, um conjunto de
diretrizes para construção de AVA dentro de parâmetros essenciais da AIP:
1) No processo de projeto e/ou customização de um AVA deve-se realizar um
mapeamento de todos os ambientes, softwares, tecnologias e pessoas
envolvidas no contexto de uso, mapeando também os ambientes e ecologias
complementares, externas ao AVA.
2) Os AVA podem ser compreendidos como uma Ecologia Informacional
Complexa, com foco nos processos navegacionais e de aprendizagem.
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3) Uma Ecologia Informacional Complexa agrega e articula ambientes digitais,
analógicos ou híbridos, tecnologias digitais, analógicas e ubíquas, e todos os
sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
4) A experiência de navegação em um AVA deve ser compreendida como uma
navegação ecológica, onde o usuário interage fazendo pontes entre
ambientes intrínsecos e extrínsecos ao AVA.
5) Em vista da multiplicidade de objetos presentes nos AVA, é preciso decidir
com precisão sobre os processos de representação dos objetos digitais,
padrões de metadados e padrões de interoperabilidade, numa perspectiva
sistêmica, que viabilize a encontrabilidade dos objetos digitais, por meio das
ferramentas de busca ou dos processos de navegação.
6) Sugere-se a construção de uma taxonomia de objetos de aprendizagem,
criando assim categorias exclusivas para que não haja nenhuma repetição na
organização dos links/pontes e na criação das categorias mencionadas nos
modelos de McGreall (2004) e Wagner (2002).
7) Deve haver uma comunicação direta entre os alunos e a equipe educacional,
para que assim eventuais demandas sejam supridas, uma vez que, ao longo
da evolução do aluno na plataforma e na interação com os demais colegas,
suas demandas vão também se alterando naturalmente.
8) O arquiteto da informação é ator imprescindível para o êxito no projeto de
AIP de um AVA.
9) Os AVA permitem a postagem de objetos digitais tanto por parte do professor
quanto por parte dos alunos. O bom funcionamento desse recurso depende
dos metadados usados para a descrição dos materiais. Percebe-se, então, a
necessidade de optar por padrões de metadados obrigatórios, a fim de que,
em outro momento, o material possa ser recuperado pelo usuário através do
recurso de busca ou pela própria navegação entre os índices das coleções.
10) Normas de acessibilidade digital para usuários deficientes devem ser
atendidas, transformando a ecologia de AVA em estruturas democráticas e
inclusivas.
11) Repositórios contendo objetos de aprendizagem que podem ser coletados,
transformados pelos professores em outros objetos e depositados novamente
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são também ferramentas a serem integradas aos AVA, pelo seu potencial de
compartilhamento de informação e conhecimento.
12) A AIP deve ser aliada no processo do ensino e aprendizagem, desenvolvendo
conceitos, instrumentos e estratégias que propiciem a manutenção da
navegabilidade.
13) O usuário precisa estar conectado com o conhecimento que o interessa,
evitando-se, por meio da característica de redução na AIP, o excesso de
informações com as quais ele tem contato minuto a minuto, sem filtro.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em termos gerais, este artigo discutiu a relevância da aplicação dos princípios da
AI e da AIP para os AVA, potencializando as experiências navegacionais ecológicas no
contexto dos AVA.
Nota-se uma simbiose interdisciplinar, no contexto dos AVA com AIP, entre
Informática na Educação, a Arquitetura da Informação e a Ciência da Informação.
Observando a literatura levantada, ressalta-se como os AVA se desprenderam do
seu contexto de origem, no caso, a EaD, tornando-se plataformas tecnológicas mais
estruturadas, superando a noção simplificada de ferramenta mediadora da educação à
distância.
É possível afirmar que os AVA estão nos mais diversos e plurais contextos
educacionais, sejam presenciais, semipresenciais ou à distância. Os AVA m o potencial
de favorecer a aprendizagem colaborativa. A simplicidade e a eficiência preconizadas
pela AI devem nortear a construção de AVA, contribuindo para a motivação e interação
dos envolvidos.
Salienta-se a presença do professor como elemento chave para que essa ecologia
Informacional Complexa com foco na aprendizagem contribua para o ensino.
Os AVA e a AIP, integrados ao ensino, seja ele básico, médio, superior ou de
aperfeiçoamento, têm o potencial produzir aprendizagem.
Igualmente, é necessário lembrar que nenhuma ferramenta tecnológica alcança
seu objetivo se é utilizada por sujeitos que não conseguem manuseá-la nem criar
significado a partir das informações ali compartilhadas.
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