REPOSITÓRIOS DIGITAIS COMO ESPAÇOS DE MEMÓRIA E DISSEMINAÇÃO DE
INFORMAÇÃO
DIGITAL REPOSITORIES AS MEMORY AREAS AND DISSEMINATION OF
INFORMATION
Isledna Rodrigues de Almeida
1
Bernardina Maria J. F. de Oliveira
2
Maria Nilza Barbosa Rosa
3
1
Doutorando em Ciência da Informação
(PPGCI/UFPB), Professora da UFRPE
e-mail: isledna@gmail.com
2
Doutora em Letras pela UFPB, Professora do
PPGCI e do PPGOA/UFPB
E-mail: bernardinafreire@gmail.com
3
Doutora em Letras pela UFPB, Pós-doutoranda
em Ciência da Informação (PPGCI/UFPB)
E-mail: nilzasor@yahoo.com.br
ACESSO ABERTO
Copyright: Esta obra está licenciada com uma
Licença Creative Commons Atribuição 4.0
Internacional.
Conflito de interesses: As autoras declaram
que não há conflito de interesses.
Financiamento: Não há.
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neste artigo.
Recebido em: 20/09/2019.
Revisado em: 01/10/2019.
Aceito em: 10/10/2019.
Como citar este artigo:
ALMEIDA, I. R.; OLIVEIRA, B. M. J. F.; ROSA, M. N.
B. Repositórios digitais como espaços de
memória e disseminação de informação.
Informação em Pauta, Fortaleza, v. 4, n.
especial, p. 117-131, nov. 2019.
DOI: https://doi.org/10.32810/2525-
3468.ip.v4iEspecial.2019.42609.117-131.
RESUMO
Os Repositórios Digitais (RD) surgiram no
contexto do movimento do acesso livre à
informação, sendo uma forma de disseminação
da produção do conhecimento. Dentre os tipos
de RD, estão os Repositórios Digitais
  que se tornaram
instrumentos populares no meio acadêmico por
assegurar o acesso rápido e prático às produções
científicas de qualidade associadas à marca
institucional, garantir a memória institucional e
prover dados para os serviços oferecidos pelas
redes sociais acadêmicas, ou seja, são espaços
memorialísticos para preservação da
informação. Este artigo tem como objetivo
realizar uma pesquisa documental para coletar
       
Memória.
Palavras-chave: Informação. Repositório.
Memória Institucional. Espaços de Memória.
ABSTRACT
Digital Repositories (RD) emerged in the context
of the movement of free access to information,
being a form of dissemination of knowledge
production. Among the types of RD, there are the
Institutional Digital Repositories (RDIs) that
have become popular tools in academia for
ensuring fast and practical access to quality
scientific productions, associated with the
institutional brand, ensuring institutional
memory and still providing data for the services
offered by academic social networks, ie, they are
memorial spaces for information preservation.
This article aims to conduct a desk research to
collect information about RD, RDIs and Memory
Space.
Inf. Pauta
Fortaleza, CE
v. 4
n. especial
nov. 2019
ISSN 2525-3468
DOI: https://doi.org/10.32810/2525-3468.ip.v4iEspecial.2019.42609.117-131
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Almeida; Oliveira; Rosa / Repositórios digitais como espaços de memória
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Keywords: Information. Repositories.
Institutional Memory. Memory Space.
1 INTRODUÇÃO
A informação tem se tornado algo importante para a sociedade. Considerada
elemento fundamental da comunicação, ela atinge os diferentes tipos de pessoas, as
diversas classes sociais, faixas etárias, graus de escolaridade e identidades culturais.
Para cada informação, de cunho científico ou não, existe um usuário interessado em
utilizá-la, a fim de realizar alguma tarefa, obter conhecimento e tomar decisões. Porém,
quando o usuário busca essa informação, encontra algumas dificuldades na seleção e
recuperação, devido à grande quantidade de informação disponível, seja virtual ou
impressa, e devido à instantaneidade com que essas informações se modificam. Dessa
forma, se torna primordial, para qualquer usuário, saber quais atendem as suas
necessidades e identificar onde buscá-las, seja para solucionar uma curiosidade,
aprimorar seus conhecimentos ou embasar uma pesquisa.
Existem fontes e recursos informacionais disponíveis de forma oral, impressa,
digital e multimídia, que possuem funções e conteúdos distintos. Dentre as diversas
fontes de informação estão os Repositórios Digitais Institucionais (RDI). Eles surgiram
como uma ferramenta que possibilita o agrupamento de diversos tipos de produção e a
disponibilização democrática dessa produção para a academia e a sociedade em geral,
fazendo jus à responsabilidade social de contribuir com o desenvolvimento científico do
país.
Este artigo propõe analisar o conceito de repositório digital e seus tipos, entre
eles, o RDI, e a sua utilização como espaço memorialístico. Trata-se de um artigo
elaborado utilizando as técnicas da pesquisa exploratória e bibliográfica, além do
método de investigação de análise documental. O levantamento bibliográfico foi
realizado na literatura a respeito dos conceitos de repositórios e memória aqui
apresentados.
No entendimento de Cervo e Bervian 
elaboram hipóteses a serem testadas no trabalho, restringindo-se a definir objetivos e

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As fontes de estudos para elaboração do artigo são vastas. Livros, artigos
          
tanto pode ser um trabalho independente como se constituir no passo inicial de outra

Na compreensão de Gil (2002, p. 44),     
com base em material elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos [...]. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisa

Os repositórios digitais tornaram-se instrumentos populares no meio acadêmico
por garantirem o acesso ágil às produções científicas de qualidade associados à marca
institucional. Trabalham com a preservação da informação em longo prazo, garantem a
memória institucional e são provedores de dados para os serviços oferecidos pelas redes
sociais acadêmicas.
2 REPOSITÓRIOS DIGITAIS
Com o surgimento da Internet na segunda metade do século XX, houve muitas
mudanças significativas no modo de comunicação e no fluxo informacional,
possibilitando a transmissão informacional mais ampla, mais rápida e atingindo uma
maior quantidade de usuários. Essas mudanças atuaram de forma pragmática no âmbito
acadêmico, permitindo o aumento da disseminação da produção científica para todos os
indivíduos.
Para Campello, Cendón e Kremer (2000), as tecnologias de informação e
comunicação causaram mudanças nos canais formais e informais, que se modificaram,
ampliaram e diversificaram, tornando a transmissão da informação mais rápida e
eficiente.
Neste contexto, as fontes de informação aparecem como uma ferramenta de
auxílio para recuperação de informações para usuários inseridos em diferentes

de informação por parte dos usuários, incluindo produtos e serviços de informação,

Brum e Barbosa (2009, p. 60) dividem as fontes de informação na Internet em
diversos setores:
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a) Listas de discussão,
b) Correio eletrônico (e-mail),
c) Informativos via correio eletrônico (newsletter),
d) Informativos comerciais via correio eletrônico (e-mail marketing),
e) Salas de bate-papo virtual (chat),
f) Mensageiros instantâneos (instant messengers),
g) Sítios de busca ou ferramentas de busca,
h) Intranets, extranets, os próprios sítios disponíveis na web.
Essas fontes e recursos informacionais estão disponíveis na forma oral, impressa,
digital e multimídia, que possuem funções diferentes e se diferenciam por meio do seu
conteúdo, que consequentemente se direcionam a usuários específicos. Dentre essas
fontes, têm-se os Repositórios Digitais (RD).
Na visão de Murakami e Fausto (2013), os repositórios digitais representam a
rápida evolução da comunicação científica no ambiente virtual. Essa evolução partiu de
iniciativas como a Iniciativa Arquivos Abertos (Open Archive Initiative - OAI) e o
Movimento de Acesso Aberto (Open Access Movement - OAM  
modelos eficientes de armazenamento, disseminação, visibilidade e acesso aos

Viana e Arellano (2006, p.2) conceituam repositórios digitais como forma de
armazenamento de objetos digitais que têm a capacidade de manter e gerenciar material
por longos períodos de tempo e prover o acesso apropriado. Desse modo, os
repositórios incentivam e gerenciam a publicação pelo pesquisador, utilizam tecnologia
aberta e podem ser acessados por diversos provedores de serviços nacionais e
internacionais.
         
 (FERREIRA, 2006, p. 71).
Para Costa (2008, p. 225) os repositórios representam uma espécie de revolução
de disseminação da pesquisa, pois o
[...] autoarquivamento em repositórios institucionais ou temáticos de trabalhos
publicados ou aceitos para publicação em periódicos ou outros veículos de
comunicação. Isto é, de trabalhos avaliados por pares. [...] maximiza o acesso,
a visibilidade e o progresso da pesquisa. Não se trata de substituir nenhum
outro estágio do processo de comunicação, principalmente, o estágio da
publicação formal, mas de uma instância eficaz de disseminação ampla e
irrestrita, livre de barreiras de preço e de permissão de uso. Desse modo, os
repositórios devem conter uma cópia de todo trabalho publicado ou aceito para
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publicação em periódicos, livros ou outro veículo, em ambiente interoperável e
aberto.
Segundo Leite (2009, p. 22), os repositórios têm como finalidade, além de
gerenciar a informação científica, [...] melhorar a comunicação científica interna e
externa à instituição; maximizar a acessibilidade, o uso, a visibilidade e o impacto da
produção científica da instituição; retroalimentar a atividade de pesquisa científica e
apoiar os processos de ensino e aprendizagem; apoiar as publicações científicas
eletrônicas da instituição; contribuir para a preservação dos conteúdos digitais
científicos ou acadêmicos produzidos pela instituição ou seus membros; contribuir para
o aumento do prestígio da instituição e do pesquisador; oferecer insumo para a
avaliação e monitoramento da produção científica; reunir, armazenar, organizar,
recuperar e disseminar a produção científica da instituição.
Os RDs atendem determinado público alvo, e, de acordo com Sayão e Sales
(2015), existem diferentes tipos de RD para a hospedagem de objetos digitais, como:
a) Repositórios temáticos ou disciplinares: agregam trabalhos de uma área
específica do conhecimento, ou seja, particularizam a produção intelectual em
função das áreas do conhecimento;
b) Repositório de teses e dissertações: lidam exclusivamente com teses e
dissertações defendidas de programas de pós-graduação das diversas áreas
do conhecimento;
c) Repositório Institucional (RI) ou Repositório Digital Institucional (RDI):
voltados à produção intelectual de uma instituição, especialmente
universidades e institutos de pesquisa.
d) Repositórios Governamentais - Repositórios de dados apoiados por agências
governamentais. Por exemplo: DATA.GOV (www.data.gov).
Nesse artigo serão abordados os Repositórios Digitais Institucionais (RDI),
definidos por Leite (2012) c     
preservação, recuperação e, sobretudo, a ampla disseminação da informação cientifica

Em relação aos RDI, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(2012, p. 
ciência e no modo como a informação aquela que alimenta e resulta das atividades
acadêmicas e científicas 
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         igitais de produtos
intelectuais de caráter acadêmico e acessíveis aos usuários, interoperáveis e

Os repositórios digitais surgiram como uma resposta à industrialização da
comunicação científica, que dificulta o progresso científico. Além dos movimentos de
acesso livre, citados por Bomfá et al. (2008 apud Avila et al., 2017), tais como as
Declarações de Budapest e Berlim
i
, Open Archives Initiative (OAI)
ii
e o Manifesto
Brasileiro de apoio ao acesso livre à informação científica
iii
, três outros fatores
contribuíram de forma significativa para o crescimento do número de repositórios
(AVILA et al., 2017):
1. Primeiro, a modificação em relação ao uso de novas formas de direitos
autorais para publicação das obras, pois poderia representar uma ameaça ao
livre acesso. A licença Creative Commons (http://creativecommons.org/), por
exemplo, permite maior flexibilidade para copiar e reusar diferentes tipos de
trabalhos intelectuais sob determinadas condições.
2. Segundo, o desenvolvimento tecnológico é importante para viabilizar novos
repositórios que utilizam softwares de código aberto, de caráter regulatório e
legal, e de sustentabilidade, que impactam a criação, manutenção e uso de
repositórios de objetos de aprendizagem.
3. Terceiro, a adoção por vários países, inclusive pelo Brasil, de políticas para o
depósito, em repositórios institucionais, dos trabalhos científicos produzidos
em instituições de ensino e pesquisa, o que incentiva tanto a criação de
repositórios quanto o depósito de obras neles.
Esses fatores foram verificados na maioria dos repositórios institucionais dos
países ibero-americanos (COCCO; RODRIGUES, 2014).
Entre as características destes arquivos/repositórios de acesso aberto, estão
(Moreno, 2006):
i) Processo automático de comentários;
ii) Geração de versões de um mesmo documento: uma vez que o documento
seja comentado, o autor pode gerar novas versões do mesmo, atualizando
a informação;
iii) Heterogeneidade dos formatos contemplados no sistema: inicialmente
concebido para servir à divulgação de pré-prints1, os arquivos de acesso
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aberto ampliaram sua tipologia de documentos que podem ser
arquivados;
iv) Autoarquivamento, que devolve o direito ao autor de enviar seu texto para
publicação onde este decidir e sem intermediação de terceiros: os
documentos eletrônicos são inteiramente gerenciados pelos cientistas e
são suficientemente flexíveis tanto para coexistir com os sistemas de
publicação tradicional como para auxiliar os editores a se envolverem com
algo mais próximo das necessidades dos pesquisadores, e
interoperabilidade no funcionamento dos arquivos de acesso aberto: os
arquivos/repositórios de acesso aberto envolvem um conjunto mínimo de
metadados, um tipo de arquitetura subjacente ao sistema, com abertura
para a criação de serviços de bibliotecas digitais compartilhados e
medidas de uso e de citação.
Os RDI´s têm como objetivo principal o aumento da divulgação das pesquisas e
produções intelectuais das instituições de ensino e pesquisa, alcanç
oportunidade de se fortalecerem institucionalmente a partir da visibilidade de sua
produção acadêmica organizada e disponível, como um retrato fiel de sua instituição, a
et al., 2009, p. 19).
Conhecer fontes confiáveis, especializadas ou não, e aplicar critérios de seleção,
pode garantir a qualidade da informação a ser recuperada. Tanto no caso da pesquisa
científica, como empresarial ou comercial, as informações recuperadas devem ser de
qualidade, ter confiabilidade e credibilidade, contribuindo para a excelência no repasse
de informação.
3 ESPAÇOS MEMÓRIALÍSTICOS
Espaços ou lugares de memória são definidos por Nora (1997, p. 
a unidade significativa, de ordem material ou ideal, da qual a vontade dos homens ou o
trabalho do tempo fez um elemento simbólico do patrimônio da memória de uma
comunidade qua
Alguns problemas podem ocorrer com esses lugares de memória, dentre eles, a
perda, alteração, dano, destruição e até mesmo esquecimento. Um dos meios mais
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produtivos de evitar alguns desses problemas é a escrita. Ela permanece inalterada por
muito tempo, mesmo depois da morte de seu autor.
A memória existe com os artifícios da linguagem e escrita, pois não é possível
reter ou recuperá-la sem suporte técnico. A memória o pode existir como algo
puramente cerebral, e o passado não pode sobreviver sem os suportes que nos
inscrevem em nossas culturas e tradições (FERREIRA; AMARAL, 2004).
Assmann (2001) propõe quatro estágios evolutivos e, atualmente, simultâneos da
escrita: a escrita iconográfica, a alfabética, a analógica do vestígio e a digital,
confirmando sua importância como suporte da memória.
Os tempos da memória são marcados pela passagem entre a oralidade e a escrita,
e são divididos em cinco períodos (LE GOFF, 1990):
1) a memória étnica nas sociedades sem escrita, consideradas selvagens;
2) o desenvolvimento da memória, da oralidade à escrita, da Pré-história à
Antiguidade;
3) a memória medieval, em equilíbrio entre o oral e o escrito;
4) os progressos da memória escrita, do século XVI aos nossos dias; e
5) os desenvolvimentos atuais da memória.
Com os progressos da memória escrita, os suportes continuaram a se renovar, até
se tornarem acessíveis por meios eletrônicos, impulsionados pelas Tecnologias Digitais
da Informação e Comunicação. O conteúdo informativo, presente em um meio
eletrônico, disponível através do uso de um computador conectado à Internet, pode ser
acessado a qualquer hora, de qualquer lugar.
Com o avanço das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação e a
velocidade com que as informações estão sendo propagadas, o tema memória vem
ganhando destaque. De acordo com Oliveira e Rodrigues (2012):
As limitações da memória humana levaram o homem a buscar em
recursos externos, as chamadas memórias artificiais, a compensação
para o esquecimento. A necessidade de possibilitar o acesso aos
registros por ele produzidos ao decorrer do tempo levou à criação das
chamadas instituições de memória que deveriam preservar os registros
do conhecimento humano nas suas mais diversas formas de
materialização [...] (OLIVEIRA; RODRIGUES, 2012, p. 495).
Na era das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, um dos pontos
fundamentais é saber o que será armazenado e o que será descartado da memória.
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Antes, tudo que se via e se produzia eram fontes de informações. Atualmente, uma
seleção do que deve ser lembrado e o que deve ser esquecido.
O interesse pela propriedade da memória é semelhante à necessidade de ter
acesso à informação. Com a capacidade de reter a memória, uma facilidade na
recuperação da informação nela contida, que também se pode designar como a própria
memória, pois a informação/memória continuará intacta, disponível para uso a
qualquer tempo.
Segundo Monteiro, Carelli,         
associado, especialmente na arquivologia, biblioteconomia e museologia, ao conjunto
das informações registradas, isto é, aos documentos e representações que podem ser
consultados, servindo de memória social 
Conforme citado por Indolfo (2007), a construção da memória pode ser definida
como a estruturação da lembrança através dos documentos.
Lembrar é uma necessidade prática da vida cotidiana de qualquer
pessoa ou instituições, é o resultado da necessária continuidade da vida
dos indivíduos como organismos, isto é, a continuidade de cada uma de
suas ações. Em qualquer época, tanto na administração quanto nas
empresas ou nas profissões liberais, uma sucessão ou uma transferência
de atribuições é acompanhada pela transmissão dos registros e dos
documentos, numa palavra: dos arquivos. (DELMAS, 2006, p. 27 apud
SILVA E GODOY, 2017, p. 9).
A produção científica compõe o acervo da memória social da comunidade
científica, e se verte numa memória própria a esse grupo: a memória científica. Por meio
dessa memória, a ciência se preserva com a possibilidade de ser acessada em espaços de
memória, reproduzidos por suportes e lugares de memória.
Com o surgimento da era da informação e o crescimento das ferramentas
tecnológicas de comunicação e entretenimento - redes sociais, acessibilidade e
portabilidade de informações , se proporcionou ao cidadão a utilização dos meios
eletrônicos de informação, tanto para a busca de informações do dia-a-dia, como para
informações de caráter técnico-científico. Após o evento das publicações eletrônicas, a
comunicação acadêmica passou a contar com os repositórios como novo instrumento
para disseminação da informação científica.
Essa produção científica está voltada para as instituições nas formas de lidarem
com a informação, nas ferramentas utilizadas, em suas práticas de gestão da informação
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e de gestão do conhecimento no âmbito institucional. Essas novas abordagens e formas
de tratar a informação institucional dão ênfase aos novos meios de aplicação e manuseio
das inovações tecnológicas de organizações oriundas da internet. Os RDIs são utilizados
para disseminação democrática, em rede, da produção do conhecimento.
Nora (1993) explica que os lugares da memória surgem como fruto do advento e
do avanço tecnológico, os quais devem ser gerenciados como suportes da memória
coletiva. Nessas condições, tem-se que os repositórios institucionais servem como
auxílio na democratização de acesso às informações na sociedade moderna. Um grande
salto qualitativo para a democratização do acesso ao conhecimento se quando a rede
permite um alcance mundial de trocas de conhecimento científico (NORA, 1993).
Dessa forma, a internet se torna uma ferramenta de guarda da nossa memória,
que possibilita um mecanismo para recuperá-la, construir e conservar, visto que é a
ferramenta principal para o uso dos RI. Por isso, os resultados das pesquisas podem ser
divulgados e consultados, que os RI representam uma forma de preservar a memória
coletiva da instituição e de organização do conhecimento para a memória científica.
Eles também constituem lugares onde se gerencia a memória científica. Assim, as
instituições inseridas na sociedade, como lugares de memória social registrada, agem,
reagem e interagem às tecnologias e à ciência, constituindo a exomemória de diversas
instituições (GARCÍA GUTIÉRREZ, 2001).
Segundo Bosi (2012), os meios eletrônicos de informação foram inventados para
poupar tempo das pessoas, algo sempre muito exigido na era das tecnologias de
informação e comunicação. Os meios eletrônicos aceleram os movimentos de
transmissão de sinais até o limite da instantaneidade.
am de volume, os
registros passaram a precisar de repositórios especiais, os arquivos, com guardiões

Segundo Assmann (2011), a memória não é considerada como vestígio ou
armazenamento, mas como uma massa plástica constantemente reformulada sob as
diferentes perspectivas do presente, pois se pode pensar na coexistência de diversas
formas de se conceber e usar a memória atualmente.
Para Bosi (2012), a memória, saltando sobre a cronologia, recupera o tempo
perdido, enquanto anula o passado-como-passado e o chama para a consciência viva do
presente.
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De acordo com Miranda, Galindo e Vila Nova (2011), a memória institucional tem,
como papel fundamental, contribuir para o resgate e preservação da memória de uma
organização, colaborando para a construção da identidade coletiva, que se forma a partir
da convergência de esforços para realização do interesse comum, onde a história de
cada um se confronta e se enriquece com a história de outros.
A memória institucional tem a possibilidade de ser preservada quando iniciativas
de institucionais buscam projetos de valorização dessa produção como patrimônio da
humanidade, como é o caso singular da Biblioteca Digital Mundial e dos Repositórios
Institucionais (DODEBEI, 2009).
A memória institucional ou o centro de memória possui diversos elementos que
os consolidam e os definem como memórias. Entre eles, se destacam: histórico
institucional/local; identidade da instituição; formação/definição/consolidação da
instituição; geração de informação decisional; suas relações sociais; e a gestão da
informação e do conhecimento.
Dessa forma, as pesquisas relatam que uma das funções da Memória institucional,
quando bem documentada e organizada, é garantir a perpetuação da memória para as
próximas gerações e torná-la mais um instrumento que agregue valor a instituição. Por
isso, proporciona às organizações um melhor entendimento de suas origens e de sua
história e um senso importante de identidade.
Segundo Rueda et al. (2011), a partir de 1970 se valorizou a memória
institucional com uma maior utilização de tecnologias que proporcionam aos usuários

sua trajetória uma vasta quantidade de documentos fundamentais para a preservação da
Memória Institucional (RUEDA et al., 2011, p.78).
Além disso, Ruedas et al. (2001) defendem que a preservação desta memória
garante informações confiáveis sobre a entidade, que podem ser utilizadas nas tomadas
de decisão diariamente, conseguindo, desta maneira, manter uma coerência dos atos
institucionais.
Os repositórios digitais institucionais promovem a valorização, reconstrução e
divulgação da memória institucional das universidades. A cada dia essas ferramentas se
integram no cotidiano dos ambientes acadêmicos, contribuindo para a construção do
conhecimento e satisfação das necessidades informacionais dos usuários.
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Desta forma, os repositórios institucionais estão no caminho de retratar a
trajetória experimentada pela instituição, pois permitem recuperar a informação com
relação ao registro e à busca da informação.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os Repositórios Digitais têm se tornado instrumentos populares no meio
acadêmico por garantirem o acesso rápido às produções científicas de qualidade
associadas à marca institucional, por preservar a informação ao longo prazo, garantir a
memória institucional e por serem provedores de dados para os serviços oferecidos
pelas redes sociais acadêmicas.
          
necessidades dos usuários e disseminar o conhecimento científico produzido pela
comunidade acadêmica.

compor o acervo da memória institucional. Ressalta-se ainda a importância dos
repositórios institucionais pelo potencial que apresentam como ferramenta de acesso
aberto que permite organizar, disseminar e preservar a memória institucional.
Assim, os RDIs podem colaborar com uma das missões da universidade, que é ser um
centro de produção intelectual, devendo, assim, preservar sua memória e contribuir
para o avanço da ciência, tecnologia e humanidade.
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Declarações que tem como objetivo incentivar e compartilhar práticas e discussões a respeito do acesso aberto. Disponvel em:
http://www.budapestopenaccessinitiative.org/read e https://openaccess.mpg.de/Berlin-Declaration
ii
Open Archives Initiative (OAI) iniciativa que estabelece, além de padrões de interoperabilidade, alguns princípios e ideais, como o
uso de software open source e o acesso livre à informação.
iii
Manifesto Brasileiro de apoio ao acesso livre à informação Científica Disponível em: http://livroaberto.ibict.br/Manifesto.pdf