COMUNIDADES DE PRÁTICAS VIRTUAIS DOS TÉCNICOS
ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR
VIRTUAL PRACTICE COMMUNITIES OF THE ADMINISTRATIVE
TECHNICIANS IN EDUCATION OF HIGHER EDUCATION INSTITUTIONS
Jacqueline de Castro Rimá
UFPB
Joana Coeli Ribeiro Garcia
UFPB
Maria das Graças Targino
UFPI
RESUMO
Apresenta-se a comunidade de prática virtual “Gestão Pública dos Técnicos Administrativos em
Educação” (GPTAE) como um grupo que amplia e desenvolve conhecimentos entre os componentes
oriundos de várias regiões e vinculados a diferentes Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras.
Trata-se de estudo de caso, realizado por meio de pesquisa documental, bibliográfica e observação
participante, com abordagem qualitativa e uso de netnografia. Os resultados atestam extrapolação da
comunidade de prática virtual. As ações saem do campo virtual e se materializam como consequência
da união e do engajamento dos envolvidos. Infere-se que a comunidade GPTAE preocupa-se com o
aprendizado coletivo, com a atualização e a gestão dos conteúdos gerados e disseminados entre seus
integrantes, como também incentiva o compartilhamento de conhecimentos através de editais anuais
para publicação de electronic books (e-books).
Palavras-chave: Comunidades de práticas virtuais. Comunidades de práticas. CoP. Gestão pública
dos técnicos administrativos em Educação. Equipe GPTAE.
ABSTRACT
The virtual practice community "Public Management of Administrative Technicians in Education"
(GPTAE) is presented in the light of virtual practice communities as a group that, using this strategy,
broadens and develops knowledge among the components from different regions and linked to
different Brazilian higher education institutions (IES). It is a case study, carried out through
documentary, bibliographic research and participant observation, with qualitative approach and use
of netnography. The results attest to extrapolation of the virtual practice community. The actions
leave the virtual field and they are materialized as consequence of the union and engagement of those
who are involved in them. It is inferred that the GPTAE community is concerned with collective
learning, updating and management of the contents generated and disseminated among its members,
as well as it encourages the sharing of knowledge through annual publications for e-book publishing.
Keywords: Communities of virtual practices. Communities of practices. CoP. Public management of
administrative technicians in Education. GPTAE Team.
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1 INTRODUÇÃO
Segundo Teixeira Filho (2002, p. 67), conhecimento constitui a “integração de ideias,
experiências, intuição, habilidade e lições de vida aprendidas”. No entanto, esse conhecimento
tácito assume pouco valor em si mesmo, salvo se for devidamente aplicado ou, em outras
palavras, socializado para que deixe de ser individual e se converta em conhecimento social e
explícito ou em informação. Na condição de informação, circunda entre as mais diversas áreas
do conhecimento, sendo compreendida como derivado do conhecimento tácito dos
indivíduos.
Dentre os campos do conhecimento, destaca-se a Ciência da Informação (CI), que
interage com os problemas de informação e de conhecimento na busca de explicações
coerentes e concretas para compreendê-los e assimilá-los. Nesse sentido, refletir sobre o
processo de criação e de compartilhamento de conhecimentos entre membros de uma
comunidade de práticas, quando as mais diferentes ferramentas de comunicação são
utilizadas e proporcionam uma via de mão dupla de informação que amplia os conhecimentos
já apreendidos, também se configura como objeto de estudo da CI.
Partindo desse pressuposto, é nosso objetivo tornar pública a experiência sobre a
comunidade de prática virtual “Gestão pública dos técnicos administrativos em Educação
(GPTAE)” de universidades públicas e institutos federais, cujo foco de discussões entre os
participantes versa, em sua essência, sobre gestão pública, recorrendo, para tanto, aos mais
diversificados meios de comunicação.
A escolha pelo estudo da comunidade virtual GPTAE fundamenta-se no desejo de
descrever os passos constitutivos de um modelo de comunidade de prática virtual exercitada
exclusivamente pelo público ora referendado: servidores técnico-administrativos em
Educação. Consideramos avanço observar a discussão da temática da gestão pública nessas
comunidades virtuais, incluindo portais/sites, redes sociais e blogs, levando em conta que se
trata de temática pouco explorada e, além do mais, favorece que conhecimentos,
competências e habilidades individuais e coletivas dos servidores para que sejam
comunicadas, socializadas e ampliadas entre os membros do grupo e, posteriormente,
disseminadas via publicações científicas.
A metodologia empregada se coaduna com a abordagem qualitativa de estudo de caso
realizado por meio de pesquisa documental, bibliográfica e observação participante, uma vez
que uma das autoras integra o GPTAE. Na opinião de Feldman-Bianco (2010), tal condição é
também sinônimo de estudo intensivo de pequenas comunidades, adquirida pela convivência
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entre o olhar crítico do pesquisador (membro organizador) e seu grupo / objeto pesquisado,
no caso, comunidade virtual GPTAE. Enquanto pesquisa empírica, utilizamos a netnografia
empregada para pesquisa no mundo virtual. Para Tafarelo (2014, p. 4), trata-se de “tecnologia
da etnografia [...] [em que] a observação se restringe ao acesso pelo computador no mundo
virtual da internet, em uma determinada comunidade ou em um determinado grupo”.
A estrutura teórica segue um arrazoado sobre criação do conhecimento e uma de suas
estratégias, as comunidades de práticas (CoP), com ênfase nas comunidades virtuais, para
adentrar na comunidade virtual GPTAE, discorrendo sobre sua formação, suas propostas, os
papéis dos integrantes e os resultados conquistados pela CoP com as ações desenvolvidas.
2 CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO
Ao falar sobre criação do conhecimento, é pertinente dialogar com a teoria que a
fundamenta. De acordo com Hessen (2000), a teoria do conhecimento se estabelece no
interior da filosofia entendida como totalidade das coisas em sua condição de “mãe” de
todas as ciências – e se classifica em geral e especial. A primeira investiga a relação do
pensamento com o objeto em geral, ou seja, a teoria geral do conhecimento focaliza os
problemas nele contidos. A segunda, também conhecida como a teoria das categorias, trata de
conceitos primitivos e fundamentais sobre a relação do pensamento humano sobre o objeto,
mantendo relações estreitas com a
metafísica geral ou ontologia.
Ainda segundo o autor supracitado, a verdade está no conhecimento do sujeito sobre o
objeto como elementos construtores do conhecimento humano e de sua elaboração. Sua
origem decorre da dualidade entre objeto e sujeito, relacionados, respectivamente, com a
aproximação da experiência e da razão. Daí, podemos compreender que o conhecimento pode
ser definido como determinação do sujeito (razão) pelo objeto (experiência), o que pressupõe
que o objeto precisa ser questionado em todas as suas facetas. Essa concepção converge para
que as experiências ocorridas nas CoP tornem-se objeto de estudo.
A esse respeito, Polanyi (1966) relaciona três aspectos do conhecimento que
estabelecem diferenciação entre si. São eles: (1) a verdadeira descoberta não pode ser
explicada por um conjunto de regras ou algoritmos articulados; (2) o conhecimento é público,
mas é também, em grande medida, pessoal (ou seja, ele é socialmente construído); (3) o
conhecimento que fundamenta o conhecimento explícito é mais fundamental.
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Essa linha de pensamento infere que todo conhecimento é tácito ou enraizado em
conhecimento tácito. Considera que o conhecimento tácito subjaz aos indivíduos per se e, por
conseguinte, é pessoal e de difícil apreensão, porquanto advém das experiências de cada um,
assume significativo valor. Portanto, como Machado (2004, p. 7) reforça, é “[...] imprescindível
a permanente articulação entre elementos tácitos e explícitos na composição do
conhecimento”. Na verdade, isso não constitui simples dedução ou inferência, mas habilidades
que necessitam do conhecimento tácito para que sejam compreendidas. Saiani (2004)
relaciona alguns exemplos de habilidades que dependem do conhecimento tácito, a exemplo
da leitura de um mapa, da apreensão do significado de uma metáfora, da apreciação de uma
poesia. Todas as aptidões dependem da experiência para que se entenda a linguagem
utilizada, mas para quem possui a experiência, a explicitação pela linguagem de como se faz
algo, pouco ou nenhum significado acrescenta.
Quer dizer, como o próprio Polanyi (1962, 1966) esclarece, regras sobre determinada
arte são importantes e úteis, mas não são determinantes para que alguém, ao conhecê-las,
pratique tal arte. Elas servem, sim, como guias para serem integradas ao conhecimento
prático.
Isso posto, a socialização do conhecimento é preeminente graças à utilização de
estratégias que visem ser experimentadas com o intuito de explicitar e disseminar o
conhecimento tácito adquirido pelos cidadãos em sua vivência cotidiana, seja pessoal,
profissional e/ou acadêmica. Afinal, como Roland (2006) afirma, e é consensual entre os
teóricos em geral, se a ciência não é comunicada, não se torna pública, conhecida, utilizada,
discutida e contradita. Em outras palavras, corre o risco de não se ampliar nem tampouco
circular trazendo avanços à humanidade.
Nonaka e Takeuchi (1997), por sua vez, ao discutirem acerca da criação do
conhecimento, concluem que a principal forma de geração é a dinâmica sistemática,
permanente e contínua entre conhecimento tácito e conhecimento explícito, entendidos como
unidades estruturantes e complementares. Logo, é através da articulação dos elementos tácito
e explícito que as CoP, como estratégias de geração do conhecimento, favorecem a
socialização dos novos e emergentes saberes.
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2.1 COMUNIDADES DE PRÁTICAS
Comunidades de prática podem acontecer dentro ou fora das organizações.
Desenvolvidas tanto na modalidade presencial quanto virtual, visam discutir uma prática que
alguém sabe fazer, objetivando provocar mudanças. Na esfera das CoP, é pensado de que
forma solucionar determinadas situações do dia a dia e, por conseguinte, permite-se avaliar
como o conhecimento pode ser utilizado para a execução de ações e medidas cotidianas.
Teixeira Filho (2002) afirma que as CoP m ligação estreita com o aprendizado
coletivo, haja vista que consistem num dos caminhos para transmissão e compartilhamento
de conhecimento tácito entre os seres humanos. Quanto mais oportunidades e ferramentas
são utilizadas, maior a quantidade de conhecimento que se consegue transmitir. Decerto, os
participantes das CoP mantêm interesses, afinidades e preferências em comum, o que justifica
o afã de intercambiarem informações e compartilharem experiências do que aprenderam
tacitamente e por meio da vivência a respeito de temas em discussão na CoP da qual fazem
parte. Vencido o tema inicial do intercâmbio de informações e, sobretudo, de conhecimento,
este é transformado, ampliado e, inevitavelmente, acrescido de novas facetas ou tópicos
inovadores. Aliás, acrescentamos que uma comunidade pode ser iniciada de maneira informal,
como numa happy hour, por exemplo, o que não impede sua formalização posterior se houver
intenção dos membros iniciais.
Segundo Wenger (1998, 2010), a comunidade de prática pode ser entendida a partir da
perspectiva de que a aprendizagem está na relação entre pessoa e mundo, de tal forma que se
impõe como sistema de aprendizagem social mais amplo, incluindo práticas múltiplas, através
das quais é possível a aprendizagem. Em sua percepção, são três os elementos fundamentais
que uma CoP necessita possuir: domínio (tema de interesse); a própria comunidade (relação e
interação entre os participantes); a prática – como ocorrem os fatos que interessam aos
participantes.
No contexto, Chammé e Umeda (2010), apoiados em Kozinets (1998), Palácios (1996)
e Recuero (2001), exibem, no Quadro 1, compilação dos elementos necessários à existência de
uma comunidade virtual. Observamos, então, que os elementos mencionados podem ser
utilizados como fundamento para identificar / analisar comunidades virtuais, tendo em vista
que consonância dos elementos constitutivos entre os diferentes autores que se dedicam
ao tema.
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Quadro 1 – Elementos necessários para uma comunidade virtual.
CONCEITO AUTOR RESUMO
Familiarização dos participantes entre
si
KOZINETS (1998)
Familiarização
Reconhecimento dos integrantes
Identidades reveladas
Compartilhamento de linguagens,
normas e símbolos específicos
KOZINETS (1998)
Compartilhamento de mensagens e
símbolos específicos
Existência de formas próprias de
comunicação
PALÁCIOS (1996)
Esforço na manutenção e preservação
do grupo pelos participantes
KOZINETS (1998)
Esforço na manutenção e
preservação do grupo
Estabilidade
Estabilidade na frequência de
contatos entre participantes
RECUERO (2001)
Permanência do grupo PALÁCIOS (1996)
Interatividade entre participantes RECUERO (2001) Interatividade
Sensação de pertencimento dos
participantes à comunidade
RECUERO (2001)
Pertencimento e projeto comum
Sentimento de pertencimento
PALÁCIOS (1996)
Ligação entre o sentimento de
comunidade
Caráter corporativo
Emergência de um projeto comum
Fonte: Adaptação de Chammé e Umeda (2010, p. 9).
2.2 COMUNIDADES VIRTUAIS
As redes eletrônicas de informação e de comunicação, ênfase para a internet,
expandem de forma imensurável as oportunidades de contato entre as pessoas. Inexiste a
exigência de dois ou mais indivíduos estarem conectados e online, simultaneamente, para a
troca de informações, discussões, avanço de projetos, dentre outras possibilidades. Agora
estamos mais acessíveis, pois a internet está disponível em quase tudo o que se faz ou se
pensa. Segundo Fiorentini Júnior (2002, p. 9) a internet “é o esperanto que deu certo, a língua
universal que faz com que todos possam interagir”. Por outro lado, exige apenas que se
disponha de um instrumento que, no mais das vezes, é conduzido individualmente.
É assim que, na atualidade, as máquinas conectam pessoas. As tecnologias vieram
somar, aproximar e vincular pessoas geograficamente e socialmente distantes, vencendo, pois,
os limites convencionais geográficos e espaciais. Embora pairem controvérsias sobre essa
condição, em especial quanto à individualidade de cada um, as tecnologias de informação e de
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comunicação (TIC) estão cada vez mais presentes em nossa vida pessoal e profissional,
favorecendo interação online e em tempo real. Como decorrência, tal condição propicia que
grupos se formem muito facilmente na rede, por intermédio de comunidades ou fóruns
virtuais, sejam através de redes sociais, aplicativos de mensagens, correio eletrônico
(electronic mail ou e-mail), entre outros recursos. Todos, em geral, objetivam agregar
membros sociais, mediados por computador e/ou aparelhos telefônicos mais e mais
sofisticados, que permitem aos participantes dos grupos compartilharem ideias, ideais,
pensamentos e opiniões acerca dos mais variados itens.
Para Albuquerque (2010), tais grupos são nomeados de comunidades virtuais, ao se
constituírem a partir de relações entre pessoas de grupos sociais oriundos da internet com a
finalidade de aprofundar debates e discussões, de forma privada ou pública. Rheingold (1996)
acrescenta que a conexão de grupos de pessoas na Grande Rede consiste em fato social
contemporâneo e irreversível, atuando, com frequência, como profícua fonte de aprendizagem
para indivíduos e coletividades. Complementando a ideia, segundo Jones (1997), as
comunidades virtuais são uma espécie de espaço público de comunicação e de conteúdos
gerados pelos membros que interatuam como agentes de interação social.
Na realidade, existem diversos exemplos deste tipo de comunidades: grupos de
consumidores; estudantes; religiosos, profissionais das mais diferentes áreas etc. Algumas são
formadas por relações casuais e interdependentes, enquanto outras se mantêm e se
fortalecem. Dentre o conjunto de participantes, os que adotam comportamento passivo:
limitam-se a observar debates e controvérsias; visitam diferentes portais, sites, blogs; fazem
download de arquivos e assim por diante. Há, porém, os que são participativos: envolvem-se
nos grupos de discussão e contribuem significativamente para a construção de conhecimento.
O exposto reitera Recuero (2001), para quem a comunidade virtual é a expressão que
nomeia agrupamentos humanos que emergem na esfera virtual, graças à comunicação
mediada pelas redes de computadores (CMC). Em linha similar, o citado Teixeira Filho (2002)
designa a comunidade virtual como espaços para diálogos e intercâmbio de opiniões sem
limites de tempo e de espaço. Para sua constituição, é fundamental definir o que os membros
esperam dela, que resultados pretendem obter, além de beneficiar os usuários com cinco
ferramentas básicas: e-mail; página HyperText Markup Language (HTML ou Linguagem de
Marcação de Hipertexto); mensagens instantâneas (instant messengers); chat; e busca (search
engines).
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As CoP presenciais ou virtuais representam, pois, oportunidades para construção de
alianças com pessoas interessadas por um mesmo assunto. Logo, é importante que os
idealizadores delimitem o público-alvo e assumam um tema para as discussões.
3 COMUNIDADE “GESTÃO PÚBLICA DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS EM
EDUCAÇÃO”
A partir da premissa de que as CoP devem demarcar público-alvo e temática, a
comunidade “Gestão pública dos técnicos administrativos em Educação” define como alvo os
técnicos administrativos em Educação (TAE) e como temática a gestão pública. Sob essa ótica,
a GPTAE figura como iniciativa independente que objetiva propiciar à sociedade perspectiva
realista sobre a categoria profissional dos TAE, incutindo nos profissionais a ideia de que são
sujeitos produtores de conhecimento, o que demanda a divulgação de textos por eles
produzidos via diferentes suportes, com ênfase, no caso, em capítulos de livros em formato
digital, os designados electronic books (e-books), incluindo, decerto, a produção intelectual de
TAE oriundos de várias regiões e diferentes instituições de ensino superior (IES) brasileiras.
Portanto, a GPTAE é uma comunidade virtual pluriprofissional e multiterritorial, que
engloba servidores da carreira técnico-administrativa em Educação de diversas IES
brasileiras. Propõe-se a promover o incentivo à produção e à divulgação científico-tecnológica
dos TAE por meio da edição de publicações técnico-científicas ou científicas via e-books,
disponibilizadas no blog da comunidade, https:// taepublicaartigoselivros.wordpress.com.
Materiais literários, informativos, didáticos e de outras naturezas são divulgados nas redes
sociais, no próprio blog ou pelo WhatsApp.
Quer dizer, a GPTAE mantém como valores básicos compartilhar informações pautadas
pela “ética, legalidade, impessoalidade e disciplina que diligenciam a melhoria do serviço
público, estabelecendo a eficiência junto com a eficácia na melhoria do serviço blico.”
(GESTÃO PÚBLICA..., 2016, paginação irregular). Isso significa reiterar que o objetivo amplo
da comunidade “Gestão pública dos técnicos administrativos em Educação” é refletir sobre
práticas, experiências e conhecimentos desenvolvidos em prol dos servidores TAE nas
instituições em que atuam, oportunizando, ao mesmo tempo, espaços para que possam
publicar ações e/ou trabalhos desenvolvidos. Para a consecução do proposto, delimitam-se os
seguintes objetivos específicos:
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a) mostrar a competência e habilidades profissionais em contribuição com a
atividade-fim da instituição na qual exerce suas atribuições;
b) estabelecer comunicação e ampliação entre os projetos executados ou em
execução pela categoria profissional;
c) oportunizar espaço para publicação acadêmica e científica e expansão do projeto
por instituições de ensino;
d) elevar a autoestima e valorizar os projetos criados e desenvolvidos pela categoria,
além de oportunizar uma visibilidade em nível mundial;
e) publicar livros no formato digital, principalmente, e disponibilizar acesso gratuito
para fins de ampla e eficiente divulgação quanto à produção científico-tecnológica
dos técnicos administrativos em Educação no Brasil.
f) propiciar uma visão mais realista com relação à categoria de TAE, buscando dar
enfoque como produtor de conhecimento e colaborador eficaz diante de nossas
instituições;
g) publicar livros impressos quando a oportunidade surgir através das editoras
pertencentes às instituições (GESTÃO PÚBLICA..., 2016, paginação irregular).
A esse respeito, Teixeira Filho (2002) chama a atenção para o fato de que as CoP são
organismos sociais e, como tal, vivos e dinâmicos. Consequentemente, seguem o percurso
inerente a qualquer ciclo de vida – nascimento, desenvolvimento, reprodução e, às vezes,
morte. Cada uma das etapas apresenta traços característicos singulares e, por conseguinte,
exige cuidados únicos. Sob seu ponto de vista, em geral, são sete as fases do ciclo de vida de
uma CoP: (1) concepção e catalisação; (2) conexão entre os sujeitos; (3) compartilhamento;
(4) construção gradativa e incessante de sentimento de confiança; (5) colaboração; (6) criação
do conhecimento; (7) renovação.
3.1 PRELÚDIO E PROPOSTAS DA COMUNIDADE “GESTÃO PÚBLICA DOS TÉCNICOS
ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO”
A princípio, um grupo de colegas TAE de diversas IES do Brasil, por meio de contatos
estabelecidos numa comunidade virtual de remoção e redistribuição para servidores da
carreira técnico-administrativa em Educação, forma uma rede social na Rede. A priori, a
comunidade pretende trocar informações que favorecessem seus integrantes, viabilizando
conquistar o deslocamento desejado. Assim, tudo iniciou em 2013, quando nove integrantes
aceitaram o desafio de se reunir virtualmente para colocar em prática o desejo de muitos TAE
de dar voz aos integrantes da carreira técnico-administrativa em Educação acerca de seu
ambiente profissional, proporcionado pela gestão pública direcionada ao ensino público de
nível superior e de nível básico, técnico e tecnológico.
Para realizar o anseio dos TAE envolvidos, a comunidade de prática recém- constituída
(GPTAE) definiu o formato de e-book para publicizar o que pensam e produzem, ou seja,
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trazer a blico, a voz dos técnico-administrativos e, portanto, dando-lhes vez. A escolha do
livro eletrônico se explica pela facilidade de aquisição e de acesso pela comunidade
universitária e demais interessados, tendo em vista que se trata de suporte capaz de permitir
a difusão das experiências compartilhadas pelos colegas nos artigos a serem selecionados. É
assim, então, que começa a prática por parte dos integrantes sobre como publicar um e-book,
preferencialmente, coletânea de artigos inéditos sobre gestão pública.
Segundo o documento oficial intitulado Gestão pública: a visão dos técnicos
administrativos em Educação das universidades públicas e institutos federais”, as etapas
definidas e seguidas à risca podem ser assim sintetizadas: (a) elaboração e divulgação de
comunicados para submissão de artigos; (b) estabelecimento de normas para seleção dos
artigos; (c) avaliação e consequente seleção dos artigos; (d) seleção de editora para
publicação do e-book; (e) edição, lançamento e divulgação
do livro eletrônico.
3.2 COMPETÊNCIAS DOS INTEGRANTES DA COMUNIDADE “GESTÃO PÚBLICA DOS
TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO”
Os membros GPTAE se comprometem a exercer juntos e voluntariamente as atividades
preestabelecidas, de forma profícua, mediante dedicação e estímulo pessoal e profissional. A
eles cabe o “papel de atuar de forma ética e comprometida com a missão, objetivos e funções
que lhes forem atribuídos durante o período de execução e publicação de um novo volume da
coletânea de e-book da GPTAE.” (GESTÃO PÚBLICA..., 2016, paginação irregular). Portanto,
após definidos os objetivos da CoP, torna-se indispensável, para fins de seu desempenho
efetivo, especificar e delimitar papéis dos integrantes de acordo com afinidade / domínio /
interesse.
A formação atual da GPTAE conta com sete organizadores de IES de Norte a Sul do
Brasil. Entendidos como coorganizadores e iguais hierarquicamente, a eles compete o
gerenciamento de todas as etapas e da produção bibliográfica da comunidade “Gestão pública
dos técnicos administrativos em Educação.” Em síntese, são atribuições da equipe
organizadora:
[...] atuar como auxiliares na formulação da política editorial do ebook (cronograma,
comunicados, quantidade de artigos, revisão final dos artigos para publicação,
decisões conjunta), definir a forma e os critérios de seleção de membros para equipe
organizadora e técnica (quando necessário), realizar contato, avaliação e orientação
aos membros da equipe técnica, o contato com as opiniões dos leitores e autores que
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submetem seus artigos, e de atentos guardiões na qualidade global do ebook. (GESTÃO
PÚBLICA..., 2016, paginação irregular).
A equipe técnica, por sua vez, constituída em 2015, é formada por 15 avaliadores de
texto e 10 revisores das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com
competência para atribuir conceitos / notas aos artigos submetidos à GPTAE sobre conteúdo
e forma.
3.3 COMUNIDADE VIRTUAL: “GESTÃO PÚBLICA DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS EM
EDUCAÇÃO”
Considerando que a GPTAE é uma comunidade de prática virtual formada, como
mencionado, por membros pluriprofissionais e multiterritoriais, é imprescindível criar,
manter e administrar recursos de comunicação e ferramentas básicas para comunidades
virtuais, a fim de que seja possível o estreitamento das relações entre os membros. Segundo
Teixeira Filho (2002), algumas delas são específicas para comunicação entre os membros das
equipes, enquanto outras contemplam interessados em gestão pública.
A princípio, com a finalidade de gerenciar as atividades da GPTAE e dar
prosseguimento às etapas de publicação dos e-books, a comunidade recorre às ferramentas
blog; grupo em rede social Facebook; dois grupos em aplicativo de mensagens WhastApp;
softwares de troca de mensagens instantâneas Skype. Em suma, são recursos que permitem
aos organizadores interagir e socializar o conhecimento, até porque possibilitam responder
questionamentos dos TAE; atualizá-los sobre tópicos pertinentes à categoria,
independentemente de questões político-partidárias; publicação e disseminação de
comunicados entre as IES públicas brasileiras; divulgação de estatísticas (acesso aos e-books,
ao blog, à quantidade de inscritos e outros itens); informações sobre eventos para a categoria
e para a comunidade interessada em participar, seja como convidado ou como autor de
trabalhos desenvolvidos.
As ações e iniciativas da GPTAE são idealizadas e construídas com a plataforma
gratuita WordPress.com, compatível com seu porte e seus objetivos, além de fundamentadas
em blog para edificar e consolidar sua identidade. A plataforma permite acesso a downloads
gratuitos dos e-books, além da comunicação ágil com os demais TAE em território nacional,
independentemente de ser autor ou leitor dos livros, e, ainda, com a população mundial
interessada na temática e nas iniciativas da GPTAE. Do mesmo modo, acontece com o grupo
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mantido no Facebook, que desempenha função semelhante ao blog, como instrumento de
comunicação, interagindo com os seguidores a partir de postagens atraentes ao campo da
gestão pública. Isto é, ao tempo em que contribui para a imagem que se forma sobre esta
CoP
,
as ferramentas utilizadas conciliam a missão da GPTAE de investir e suscitar o interesse na
pesquisa científica, um dos elementos fundamentais de qualquer entidade de ensino superior
dentre os TAE de instituições públicas brasileiras de ensino básico, técnico e tecnológico, em
consonância com o prescrito no documento-base Gestão Pública... (2016).
Há, ainda, a comunidade virtual administrada no WhatsApp. No caso, são mantidos dois
grupos. O primeiro deles reúne os organizadores, responsáveis pela gestão da GPTAE e a
quem compete deliberar questões diversas referentes à edição dos e-books, além de organizar
eventos de interesse dos técnicos administrativos e de outras ações-meio. Ademais, este
segmento se comunica virtualmente via Skype, o qual permite acesso gratuito ao intercâmbio
de mensagens instantâneas e grupo de chamadas via webcam, isto é, chamada de voz e vídeo.
Com frequência, essa ferramenta é adotada para deliberar sobre questões importantes, como
convites ou seleção de novos organizadores.
O segundo grupo congrega a equipe técnica para a troca de informações e de
orientações sobre procedimentos para avaliação dos artigos submetidos, a cada ano, além de
assumir o encargo de dirimir eventuais dúvidas dos membros. Acrescentamos que os dois
segmentos usam, com constância, outra ferramenta básica para as comunidades virtuais, qual
seja, o e-mail. Os membros se comunicam trocando mensagens entre si e com os autores,
como também realizam compartilhamento de arquivos por meio do Google Drive, quando os
arquivos podem ser editados por representantes das equipes.
4 EFEITOS DA COMUNIDADE “GESTÃO PÚBLICA DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS
EM EDUCAÇÃO”
O trabalho desenvolvido pela GPTAE até então, final de 2016, apresenta, como
resultado da socialização do conhecimento, dois volumes de coletâneas publicados em
formato e-book pelas editoras Digital Books e Pontocom, respectivamente, em 2014 e 2015
(Figura 1). São eles intitulados, respectivamente, “A gestão pública na visão dos técnicos
administrativos em Educação das universidades públicas e institutos federais” e “A gestão
pública: visão dos técnicos administrativos em Educação das IFES.”
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Figura 1 – Capa dos volumes um e dois dos e-books da comunidade “Gestão pública dos técnicos administrativos
em Educação”.
Fonte: Chaves et al. (2015); Santos et al. (2014).
Tal edição atende a múltiplos objetivos específicos da equipe apresentados na grande
seção três, intitulada “Comunidade gestão pública dos técnicos administrativos em
Educação”, sobretudo, no que se refere ao teor das alíneas a, b, c, d, e, f, excluindo-se o
somente o item g, alusivo ao material impresso. Retomando-se os demais, estes se referem,
respectivamente, à necessidade de mostrar a competência e habilidades profissionais dos
TAE; assegurar comunicação e expansão de seus projetos; favorecer espaço para sua
produção intelectual; incrementar a autoestima dos técnicos administrativos; editar e-books;
e, por fim, chamar a atenção das potencialidades dos TAE como produtores de novos saberes
e, portanto, como colaboradores vitais das IES. Como adendo, acrescentamos que os custos
para publicação dos volumes são divididos igualitariamente entre todos os membros
(organizadores e equipe técnica) e com os autores dos artigos. Este procedimento se aplica,
porquanto a GPTAE prima pela equidade entre todos os participantes, embora o ônus dos
custos não seja comum em publicações sob a responsabilidade de servidores docentes.
Quando da editoração do primeiro volume dos e-books, não se registra delimitação de
temas para os autores em oposição ao segundo. Após os organizadores deliberarem que,
anualmente, seria lançada nova coletânea, à época, selecionaram-se nove áreas temáticas para
a submissão de artigos, com vistas a fornecer diretrizes aos autores, a saber: (a) gestão
pública; (b) gestão de pessoas nas IES; (c) capacitação e qualificação de servidores; (d)
práticas de ensino, pesquisa e extensão; (e) ética na gestão pública e princípios da
administração pública; (f) realidade das instituições federais de ensino e orçamento público;
(g) técnicos administrativos nas instituições de ensino: aspectos sobre qualidade de vida,
segurança, saúde e cultura organizacional no ambiente laboral das universidades públicas e
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institutos federais; (h) sustentabilidade ambiental nas instituições públicas de ensino
superior; (i) gestão de documentos públicos.
O primeiro volume traz 10 artigos publicados por 16 autores TAE de sete instituições.
Abrange temáticas variadas, a exemplo de extensão universitária à extensão tecnológica;
valores e motivação nas universidades; ampliação do fazer do assistente social; assédio moral
no trabalho; valorização do servidor público e atos discricionários da remoção e
redistribuição; avaliação de desempenho; ciência para todos. Em se tratando do segundo
volume, são 17 artigos escritos por 22 autores TAE de 16 instituições, contemplando também
temas variados, a exemplo de qualidade no serviço público; flexibilização da jornada de
trabalho para os técnicos administrativos; programa de monitoria; auxílio-transporte; gestão
documental; avaliação de desempenho docente; atração, retenção e evasão de talentos; gestão
pública e expansão do ensino superior brasileiro.
A diversidade de tópicos apresentados nos dois volumes evidencia quão ricas e
variadas são as facetas da atuação dos TAE nas IES do Brasil e também demonstra que as
práticas da GPTAE m sido coerentes com os objetivos preconizados. De forma similar,
ocorre com o volume três, publicado em dezembro de 2016, incluindo 18 artigos dos 33
submetidos, sob a responsabilidade de 35 autores TAE de 16 instituições.
A esse respeito, o Gráfico 1 sintetiza o quantitativo de artigos submetidos para
avaliação entre 2014 e 2016, deixando antever o total de papers não aceitos para publicação.
Em síntese, em 2014, foram 16 artigos recebidos, dos quais 10 compõem o primeiro volume.
No ano de 2015, a demanda de papers chega a 36 artigos, com a edição no volume dois de
menos da metade dos artigos submetidos, ou seja, os citados 17. Em 2016, como dito, a GPTAE
compôs o volume três com 18 papers.
Gráfico 1 – Quantitativo de artigos submetidos à avaliação dos e-books da comunidade “Gestão pública dos
técnicos administrativos em Educação”: 2014 a 2016.
Fonte: GESTÃO Pública: a visão dos técnicos administrativos em Educação das universidades públicas e
institutos federais (2016).
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Os números do Gráfico 1 corroboram a pressuposição de que os TAE vêm aderindo à
proposta da GPTAE. O confronto entre os três anos comprova incremento sistemático da
produção. São dados que nos permitem inferir que os TAE estão se sentindo mais motivados a
publicar, reforçando a proposta da GPTAE, direcionada para a produção e a divulgação
técnico-científica dos servidores públicos brasileiros da carreira técnico-administrativa em
Educação (GESTÃO PÚBLICA..., 2016).
A previsibilidade de publicar atos institucionais alusivos, sejam administrativos,
científicos ou acadêmicos, está explícita no Artigo 37 da Constituição Federal vigente (BRASIL,
1988, grifo nosso), que diz: [...] a administração blica direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.” E, de fato, como o
Gráfico 2 sumariza, cresce, gradativamente, o número de IES brasileiras interessadas na
proposta da GPTAE, seja participando na submissão de artigos para os e-books ou na condição
de integrantes da equipe técnica, Gráficos 1 e 2.
Gráfico 2 – Quantitativo de instituições brasileiras com técnicos administrativos em Educação interessados na
publicação de artigos nos e-books: 2014 a 2016.
Fonte: GESTÃO Pública: a visão dos técnicos administrativos em Educação das universidades
públicas e institutos federais (2016).
A divulgação, por parte dos TAE, das práticas diárias, incluindo atos administrativos,
publicações acadêmicas e/ou científicas, respalda que os técnicos administrativos em
Educação socializem conhecimentos sobre procedimentos que exercem diretamente, como
prevê a Carta Magna. Adicionalmente, a ampla disseminação tanto dos conteúdos produzidos
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pela categoria dos TAE nas coletâneas da GPTAE quanto da difusão de obras veiculadas no
meio acadêmico brasileiro, aliados às propostas-base da GPTAE, oportuniza convites para
discussão de temas relacionados ao avanço da carreira técnico-administrativa em Educação e
seu papel para a efetivação da gestão pública das IES no Brasil, a saber:
a) III e IV Seminário de Integração dos Técnicos Administrativos em Educação (SINTAE),
2015 e 2016, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o tema central
“Divulgação do conhecimento em publicações eletrônicas”;
b) I Seminário de Gestão blica da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA),
setembro de 2016, com a temática “A gestão pública sob a visão dos TAE”;
c) montagem de pôster no VI Simpósio de Profissionais (SIMTEC) da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), setembro de 2016, com o trabalho “Gestão Pública:
a visão dos técnicos administrativos em Educação das universidades públicas e
institutos federais.”
Os referidos chamamentos à GPTAE ampliam a chance de atingir vários objetivos
específicos propostos referendados na seção três (alíneas a, b, d, e, especialmente, a alínea
f), que põe em foco a urgência de favorecer visão mais realista com relação à categoria dos
TAE, buscando reforçar sua posição como produtora de conhecimentos e colaboradora efetiva
das instituições, como também antes mencionado.
5 CONCLUSÃO
Retomamos, aqui, o objetivo central do artigo, no sentido de apresentar a comunidade
“Gestão pública dos técnicos administrativos em Educação” (GPTAE) como um grupo que,
lançando mão das estratégias características das CoP, tende a ampliar e desenvolver
conhecimentos consolidados e/ou recém-gerados entre os integrantes advindos de diferentes
regiões e instituições brasileiras de ensino superior. Os dados coletados e analisados via
pesquisa documental, bibliográfica e observação participante, com abordagem qualitativa e
uso de netnografia, fortalecem a inferência de que os resultados apontam para extrapolação
da comunidade de prática virtual.
As ações rompem o campo virtual e se materializam na coesão e no engajamento dos
envolvidos em território nacional, não importa se estão próximos ou distantes
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geograficamente, até porque o que une é a meta comum a todos acreditarem nos objetivos
de socialização dos conhecimentos, o que corresponde a pensarem, escreverem e publicarem
sobre gestão pública em suas instituições. Identificam-se, neste momento, elementos
necessários a qualquer comunidade virtual compendiados por Chammé e Umeda (2010),
Quadro 1. Dentre eles: familiarização, reconhecimento dos integrantes, compartilhamento de
mensagens e de símbolos singulares, esforço na manutenção e na continuidade do grupo,
interatividade, pertencimento e projeto comum, todos estes itens presentes na CoP GPTAE.
Sem dúvida, a comunidade GPTAE preocupa-se com o aprendizado coletivo, com a
atualização e a gestão dos conteúdos gerados e disseminados entre seus integrantes e demais
TAE, como também estimula o compartilhamento sistemático de saberes via editais anuais
para publicação de e-books. Para tanto, a comunidade “Gestão pública dos técnicos
administrativos em Educação” suporte a seus integrantes, por meio do acesso a recursos
comunicacionais e à infraestrutura tecnológica, além do elemento humano capacitado,
contribuindo, pois, para o sucesso do grupo. Na verdade, o investimento, em grande parte,
está relacionado ao fator tempo doado pelos TAE para o deslanchar de atividades profícuas à
categoria, sem contar o pagamento de taxa de publicação junto às editoras, o que, aliás, não se
com docentes-autores, o que deve ser visto como ponto a ser submetido junto à
Administração Superior das IES, porque parece injustificável.
Por fim, esperamos que outros estudos possam ser realizados, contemplando aspectos
de comunidades de práticas virtuais, além do intuito de incutir o desejo de criação de novos
grupos de TAE em instituições e/ou organizações de diferentes naturezas, sempre com a
finalidade de discutir a diversidade de temas relacionados à vivência dos técnicos
administrativos.
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SOBRE AS AUTORAS
Jacqueline de Castro Rimá
Mestranda em Ciência da Informação do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade
Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB). Bibliotecária-Documentalista da UFPB. Atua como Diretora da Biblioteca
Setorial Maria do Socorro Vásquez.
E-mail: jacquelinerima@gmail.com
Joana Coeli Ribeiro Garcia
Professora Titular do Departamento de Ciência da Informação e do PPGCI/UFPB. Professora Colaboradora no
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco.
E-mail: nacoeli@gmail.com
Maria das Graças Targino
Professora do PPGCI/UFPB e coordenadora do curso de Alfabetização e Letramento do Centro de Educação
Aberta a Distância da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
E-mail:
gracatargino@hotmail.com
Recebido em: 13/12/2016; Revisado em: 21/04/2017; Aceito em: 22/04/2017.
Como citar este artigo
RIMÁ, Jaqueline de Castro; GARCIA, Joana Coeli Ribeiro; TARGINO, Maria das Graças. Comunidades de práticas
virtuais dos técnicos administrativos em educação de instituições de ensino superior. Informação em Pauta,
Fortaleza, v. 2, n. 1, p. 8-27, jan./jun. 2017.