INCURSÕES SOBRE O TRATAMENTO TEMÁTICO DA INFORMAÇÃO:
estudo da política de indexação em bibliotecas universitárias goianas
THE THEMATIC DESCRIPTION OF INFORMATION UNDER
DISCUSSION: a study about indexing policy in academic libraries in the city of
Goiânia
Ana Paula da Fonseca Vieira
UFG
Lais Pereira de Oliveira
UFG
Tatielle Marques Cunha
UFG
RESUMO
Analisa o uso da política de indexação nas bibliotecas universitárias da cidade de Goiânia Goiás.
Constitui estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado mediante pesquisa com uso de
questionário online, encaminhado aos bibliotecários do contexto investigado. Os resultados
indicam que a indexação é conduzida na maior parte das unidades de acordo com regras e critérios
específicos, apesar de não existir uma política formalmente estabelecida. Sobressai a forma de
tratamento temático via indexação seletiva, tanto derivativa quanto atributiva, em linguagem
natural e feita manualmente. Conclui-se que a política de indexação vigora informalmente nas
bibliotecas goianas, uma vez que a padronização e a coerência na atribuição de termos são
observadas, mas sem registro e formalização do processo decisório em um documento oficialmente
instituído.
Palavras-chave: Indexação. Política de indexação. Biblioteca universitária.
ABSTRACT
This paper analyses the use of the indexing policy in academic libraries placed in the city of Goiânia,
Goiás, Brazil. It is characterized as a descriptive study with quantitative approach, which was
developed through research online questionnaire that was sent to librarians. The results indicate
that indexing is conducted in most units according to specific rules and criteria, although there is no
formally established policy. It stands out the form thematic description by selective indexing,
derivative and attributive, in natural language and by manual process. It concludes that indexing
policies have existed informally in libraries in Goiânia, from observation of the standardization and
coherency in the attribution of terms, but without registration and formalization of the decision-
making process in officially established document.
Keywords: Indexing. Indexing policy. Academic library.
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ARTIGO
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1 INTRODUÇÃO
A indexação é uma atividade componente do tratamento temático da informação,
que representa, por meio de termos ou palavras-chave, o conteúdo de um documento. A
partir desses termos, previamente definidos, o usuário fará a busca no Sistema de
Recuperação da Informação (SRI).
Pode-se dizer que o processo de indexação é o elo criado entre o bibliotecário e o
usuário, uma vez que busca possibilitar o acesso à informação. Por isso, é necessário que
o profissional esteja inserido no mundo do seu usuário em potencial e tenha em mente
seu perfil e suas necessidades de informação. A atribuição de termos deve ser feita de
acordo com critérios preestabelecidos, considerando a unidade de informação, o acervo
e, especialmente, o público atendido.
A política de indexação é o documento instituído nas unidades de informação
para regular a atividade de análise e tradução do assunto dos itens, assim como
descrever diretrizes e procedimentos para o labor do indexador (RUBI; FUJITA, 2003, p.
70). Indexar de maneira exaustiva ou seletiva, atributiva ou derivativa, com ou sem
linguagem controlada, são algumas das decisões que precisam ser tomadas e estarem
efetivamente estabelecidas na política, refletindo, ainda, na forma de trabalho e no
discernimento dos profissionais acerca do tratamento temático desenvolvido
internamente.
Nessa perspectiva, desenvolveu-se estudo voltado à política de indexação em
bibliotecas universitárias goianas, visando obter dados sobre sua existência e verificar
os aspectos considerados pelas unidades investigadas para análise e atribuição dos
termos. Teve-se como objetivo geral analisar a maneira segundo a qual as bibliotecas em
estudo regulam e padronizam o processo de indexação e em que medida a política é
utilizada para tal fim.
A pesquisa se insere no âmbito do projeto de pesquisa denominado “Política de
indexação em bibliotecas universitárias”, conduzido na Faculdade de Informação e
Comunicação da Universidade Federal de Goiás. Considerou-se, no seu desenvolvimento,
o relevante papel da biblioteca universitária na organização e no tratamento
informacional para fomentar o adequado fluxo dos conteúdos e propiciar a produção de
novos conhecimentos.
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2 TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
O tratamento da informação engloba um conjunto de atividades técnicas
desenvolvidas pelo bibliotecário com a finalidade de representar descritiva e
tematicamente um documento. Conforme Dias e Naves (2013, p. ix) “o tratamento da
informação tem sido considerado uma das funções de grande importância no
desempenho de bibliotecas e sistemas de recuperação da informação.”
Assim, pode-se afirmar que “o tratamento da informação acompanha o fazer
bibliotecário, independente das novas mídias e recursos trazidos com o advento das
tecnologias da informação e comunicação (TIC)” (SANTA ANNA; CALMON; CAMPOS,
2016, p. 62). Por meio dele, dá-se publicidade ao item, uma vez que as informações nele
contidas são evidenciadas em constructos descritivos e temáticos aos quais se terá
acesso na busca.
A produção de informação sobre informação, ou seja, a construção de
representações de um documento, acompanha o expressivo surgimento de conteúdos.
Como esclarecem Dias e Naves (2013, p. 1-2):
Esse aumento da quantidade de informação produzida no mundo e, por
conseguinte, disponível para os interessados, tem se constituído num dos
fatores principais de dificuldade para o trabalho de identificação e acesso a
essas informações [...] Por isso, foi-se desenvolvendo também, paulatinamente,
a necessidade de produzir informação sobre informação, ou seja, informações
cujo objetivo é documentar os registros (livros, etc.) existentes nas várias áreas
do conhecimento, suas características, e onde esses registros podem ser
encontrados [...]
Ao realizar o tratamento ou o processamento técnico da informação, como é mais
comumente caracterizado pelos profissionais, o bibliotecário desenvolve conjuntamente
a catalogação, a classificação e a indexação. Logo, “o ato de catalogar, indexar e
classificar estão atrelados uns aos outros.” (SANTA ANNA; CALMON; CAMPOS, 2016, p.
63).
Por isso, a divisão do tratamento da informação em vertentes, de acordo com a
“natureza da atividade que desenvolve: o tratamento descritivo, que lida com dados
objetivos extraídos do documento, e o tratamento temático, que procura descrever o
conteúdo (o ‘assunto’) do documento.” (DIAS; NAVES, 2013, p. ix). No caso deste artigo,
discute-se mais a fundo a vertente temática e, especificamente, a indexação de assunto.
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2.1 TRATAMENTO TEMÁTICO DA INFORMAÇÃO
O tratamento temático da informação, voltado à compreensão e extração do
assunto dos documentos, resulta nos processos de classificação e indexação. O primeiro
dedica-se à representação mediante notação, que será o localizador do item no acervo. O
segundo explora a composição de palavras-chave, que serão o elo para a busca da
informação no SRI.
Também descrita na literatura como descrição temática, essa dimensão do
tratamento da informação é fundamental por evidenciar os atributos intrínsecos do
documento, relacionados ao seu conteúdo. Sua finalidade é “a recuperação conforme os
objetivos de busca do usuário. Para tanto, podem ser utilizados os processos de
indexação, catalogação de assunto, classificação e elaboração de resumos.” (FUJITA;
RUBI; BOCCATO, 2009, p. 19). Como afirmam Narukawa e Sales (2012, p. 154):
Partindo da ótica de que a Ciência da Informação é o campo científico que
abriga a prática profissional da Biblioteconomia, nota-se que o Tratamento
Temático da Informação (TTI) ocupa posição central, pois é responsável pela
mediação entre a produção e o consumo da informação, exercendo a tarefa
fundamental de dar acesso ao conteúdo documental.
Para conduzir o tratamento temático, o bibliotecário precisa recorrer à análise
documentária, ou análise de assunto. Esta, “como uma atividade intelectual tem como
objetivo responder à pergunta ‘do que trata?’, a respeito de determinado documento”
(LIMA; MACULAN, 2014, p. 25). Propicia, com isso, compreensão e alcance da dimensão
temática presente no mesmo.
O tratamento temático via indexação é fundamental para evidenciar os temas
tratados no documento, concorrendo grandemente para a recuperação deste dentre
uma série de outros de que a unidade também disponha. Para Lima e Maculan (2014, p.
23), “a indexação é um importante processo dentro de um SRI, processo no qual se
espera que o indexador leia o documento e faça a distinção entre informação relevante e
periférica, para melhor representá-lo, para a posterior recuperação.” Essa atividade é
melhor explorada na seção a seguir.
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2.2 O PROCESSO DE INDEXAÇÃO
Nas unidades de informação a indexação, é o processo técnico responsável por
evidenciar o assunto ou assuntos de um documento. O indexador analisa o item,
compreende sua tematicidade e realiza sua representação a partir do estabelecimento
de termos ou descritores. De acordo com Brito e Caribé (2015, não paginado) “no
processo de indexação os conceitos são extraídos do documento por meio da análise,
portanto, em linguagem natural, rica em significados e figuras, como metáforas, licenças
poéticas, entre outros”.
Como observa Lancaster (2004), a indexação perpassa, principalmente, por duas
etapas: análise conceitual e tradução. A primeira implica decidir a temática do
documento, por meio da leitura e compreensão do assunto tratado. Posteriormente,
realiza-se a tradução, que é a conversão destes conceitos em um conjunto de termos
para indexação.
A indexação, portanto, engloba “a extração de conceitos que possam representar
o assunto de um documento e a tradução destes para termos [...]” (DIAS; NAVES, 2013, p.
18). A extração de conceitos ocorre por meio de uma análise conceitual, que implica
determinar o assunto do documento, e a tradução envolve a conversão dessa análise
conceitual em um determinado conjunto de termos para indexação.
O indexador deve ter atinência no processo, ou seja, a preocupação em adequar a
indexação ao usuário que a unidade de informação atende, viabilizando, assim, a
recuperação e o acesso à informação buscada. Segundo Lancaster (2004, p. 14), o tema
da atinência “está relacionado muito de perto com o da relevância isto é, a relação
entre um documento e uma necessidade de informação ou entre um documento e um
enunciado de necessidade de informação (consulta)”.
Na condução da indexação, os termos escolhidos e utilizados na representação de
assunto podem ser exaustivos ou seletivos; sendo estes uma quantidade abrangendo
somente o conteúdo temático principal do documento, e aqueles, termos que abrangem
o documento de forma aprofundada, contemplando, além do assunto principal, os
assuntos secundários. Ademais, o princípio da especificidade, que trata a indexação
do documento com o termo mais específico.
A opção pela realização de uma indexação exaustiva, que possibilita o uso de
diversos termos na representação do assunto, ou mesmo de uma indexação seletiva, que
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restringe a utilização dos termos, impacta diretamente na recuperação. A depender da
escolha feita, pode-se incorrer em precisão, quando o sistema recupera somente
documentos úteis, ou no processo de revocação, em que são retornados inúmeros
registros, relacionados ou não ao tema buscado.
A indexação também pode ser desenvolvida de forma derivativa, com extração de
termos do próprio documento, ou atributiva, no caso do bibliotecário fazer uso de
descritores a partir de um vocabulário ou mesmo conforme sua concepção própria. No
caso de ser conduzida pelo profissional, tem-se a indexação manual. Sendo o
computador a promover a varredura e retirada de palavras, incorre-se na indexação
automática.
A linguagem é outro fator a ser observado na descrição de assunto. A indexação
em linguagem natural emprega palavras do discurso comum na representação do
conteúdo, enquanto a indexação em linguagem controlada emprega termos
documentários que pertençam a um vocabulário com controle de significado, como um
tesauro, por exemplo.
Como destacam Fujita e Gil-Leiva (2014, p. 51), a indexação “como elemento
essencial de uma política de tratamento temático da informação é influenciada pelas
variáveis da recuperação da informação: escolha da linguagem, exaustividade,
especificidade, revocação e precisão”. Tal discussão é aprofundada na sequência.
2.3 POLÍTICA DE INDEXAÇÃO
Ao desenvolver a indexação de assunto, o bibliotecário precisa observar algumas
diretrizes, que permitam padronizar e regular essa atividade de tratamento temático.
Especialmente porque a indexação “é uma operação delicada que lida com ideias a
serem transmitidas por palavras que as representem, e depende de variáveis subjetivas
submetidas à análise de um indexador humano que também possui ideias próprias.”
(FUJITA, 1989, p. 120). Além disso, a atribuição de descritores é fundamental para a
posterior recuperação da informação, o que explica a seriedade com que essa atividade
técnica deve ser conduzida.
A política de indexação é o documento internamente instituído nas unidades de
informação e que irá reunir os parâmetros e a filosofia de indexação destas. Pode ser
definida como um guia ou manual que orienta o processo de indexação na unidade de
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informação, buscando padronização neste processo subjetivo da indexação. Ou, em uma
visão mais ampla, “é o conjunto de procedimentos, materiais, normas e técnicas
orientadas por decisões que refletem a prática e princípios teóricos da cultura
organizacional de um sistema de informação.” (FUJITA, 2012, p. 22). Conforme definem
Rubi e Fujita (2003, p. 70):
O manual de indexação de um sistema de informação constitui também sua
documentação oficial, pelo fato de estar descrito em ordem lógica de etapas a
serem seguidas para a análise de assuntos, por fornecer as regras, diretrizes e
procedimentos para o trabalho do indexador e por conter os elementos
constituintes da política de indexação adotada pelo sistema.
Nota-se, assim, a relevância e o papel da política ao âmbito interno na biblioteca.
Ela trará parâmetros a serem observados, influenciando diretamente no trabalho do
bibliotecário, tendo que refletir, por isso mesmo, na cultura da unidade. E precisa existir
formalmente, como documento. Como destacam Sousa e Fujita (2014, p. 28), “as
diretrizes e normas servem de apoio, de base para dar direcionamento, mas além delas,
é de suma importância que o sistema de informação tenha uma política de indexação
estruturada e registrada.” Fujita e Rubi (2006, p. 53) reforçam que:
Reconhecendo a importância que a política de indexação tem ao permear todo
o processo do ciclo documentário, desde a coleta da informação até sua
recuperação e disseminação, torna-se necessário que ela esteja descrita de
maneira clara e objetiva e ao alcance de todos aqueles que contribuem para o
desenvolvimento desse ciclo dentro do sistema de informação.
A política precisa considerar a unidade de informação, seu acervo e usuários.
Como ressalta Pinto (2001, p. 229),
[...] deve ser definida em função dos objetivos e da missão destes organismos,
em função do perfil dos seus clientes, e deverá estar contida em um manual, de
maneira que os indexadores possam tomar conhecimento das regras
estabelecidas e possam segui-las.
A importância de se estabelecer uma política de indexação é ter um instrumento
que norteie o processo de indexação de acordo com a missão e objetivos da instituição,
garantindo a melhor forma para representação do conteúdo das obras. Para Dias e
Naves (2013, p. 21) “destaca-se, no processo de indexação, a necessidade de se
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estabelecer uma política de indexação, imprescindível na orientação da atividade do
indexador.”
Pela relevância e peso da indexação, essencial para busca e recuperação, é
essencial a dedicação do profissional na formalização e instituição da política, que reflita
princípios em torno desse processo, posto que:
A política decide não sobre a consistência dos procedimentos de indexação
em relação aos efeitos que se necessita obter na recuperação, mas,
principalmente, sobre a delimitação de cobertura temática em níveis
qualitativos e quantitativos, tendo em vista os domínios de assuntos e as
demandas dos usuários. (FUJITA, 2012, p. 17).
A política de indexação estabelece o nível de especificidade, exaustividade,
seletividade e escolha da linguagem conforme as características dos usuários. Assim, “a
política auxilia o SRI, na medida em que possibilita a coincidência entre os termos
indexados e a estratégia de busca.” (DIAS; NAVES, 2013, p. 21). Além do que:
As diretrizes estabelecidas na política tornam-se guias importantes para a
organização e recuperação da informação, aperfeiçoando o serviço de
tratamento e descrição informacional. No entanto, a falta de uma política de
indexação implica na inconsistência da indexação podendo transformar seu
resultado em algo redundante, incompleto e contraditório. (CUNHA; VIEIRA;
OLIVEIRA, 2016, p. 3).
3 METODOLOGIA
O estudo enquadra-se como descritivo, com abordagem quantitativa, isto é,
“quando o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir
neles.” (PRODANOV, 2013, p. 52). O universo de investigação são as bibliotecas
universitárias, com plano amostral nas Instituições de Ensino Superior localizadas no
município de Goiânia, Estado de Goiás.
Para a coleta de dados, foi elaborado um questionário, o qual é uma “técnica de
investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com
o propósito de obter informações sobre conhecimentos.” (GIL, 2008, p. 121). O
questionário foi aplicado através do Google Formulário, contendo 20 questões fechadas
e 1 questão aberta, que permitiu aos bibliotecários expressarem-se de forma mais livre
sobre o uso da política de indexação.
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4 ANÁLISE DOS DADOS
A pesquisa foi desenvolvida junto a bibliotecas universitárias de faculdades e
universidades localizadas em Goiânia (GO). Teve-se, como base para a seleção, todas as
instituições regularmente cadastradas no Ministério da Educação. Ao encaminhar os
questionários, contudo, obteve-se retorno de apenas 20 unidades, sobre as quais a
análise foi construída.
a) Dados de caracterização do profissional
Os dados de caracterização que abrem o questionário trazem informações sobre
faixa etária, sexo, cargo ocupado pelo profissional e tempo em que exerce o mesmo na
biblioteca universitária. Quanto ao primeiro item, tem-se:
Gráfico 1 – Faixa etária
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Como demonstra o gráfico acima, os bibliotecários participantes do estudo são
em sua maioria (55%) pessoas na faixa etária acima de 35 anos de idade. Um pequeno
percentual (35%) tem entre 31 e 35 anos, e apenas 10% dos respondentes estão na faixa
de 26 aos 30 anos. Além disso, 90% são do sexo feminino.
No que diz respeito ao cargo, 95% (19) atuam como bibliotecários, a maioria dos
quais tem entre 5 e 10 anos de atuação no mesmo. O gráfico 2 apresenta resultados
quanto ao tempo de exercício:
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Gráfico 2 – Tempo que exerce o cargo na unidade.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Nota-se que predominam nas bibliotecas universitárias goianas: mulheres, na
faixa dos 30 anos, atuando como bibliotecárias e com até 10 anos de experiência nesse
âmbito. Isso reflete a percepção comum de haver mais pessoas do sexo feminino na área,
reflexo do próprio centro formador, no qual se observam mais mulheres. A vivência
profissional alterna, mas o destaque é para quem tem entre 5 e 10 anos (10) e entre 1 e
4 anos (6) de atividade. duas pessoas com até 15 anos e outras duas com mais de 15
anos de experiência, mas essas são minoria no cenário das 20 respostas.
b) Caracterização da biblioteca
em relação às unidades de informação, constatou-se que 100% delas realiza
processamento técnico do acervo. Destas, 9 bibliotecas (45%) compartilham os registros
construídos no processamento com outras da rede; o mesmo percentual indicou
também receber os registros das outras unidades pertencentes à rede.
A maior parte das bibliotecas (55%) não recebe nem compartilha os registros do
processamento técnico, realizando por si as atividades de classificação, catalogação e
indexação. Isso pode ser um reflexo da própria característica da unidade de pertencer ou
não a uma rede ou sistema de bibliotecas.
O bloco também questionou as unidades sobre os profissionais que fazem parte
da equipe, desde bibliotecário até auxiliar de biblioteca e estagiário. Os resultados
foram:
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Gráfico 3 – Profissionais que fazem parte da equipe de trabalho.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
casos de outros profissionais na equipe, em oito das unidades respondentes.
São eles: administrador, analista de TI, assistente em administração, carregador
terceirizado, encarregado, estagiários de outros cursos da própria faculdade, menor
aprendiz e técnico em assuntos educacionais.
Há, portanto, a figura do bibliotecário em todas as bibliotecas participantes do
estudo. Em grande parte delas (18) também está presente um auxiliar de biblioteca. A
presença do estagiário de nível médio é observada em apenas 8 unidades. Importante
ressaltar a ausência do estagiário de Biblioteconomia em todas as 20 bibliotecas.
c) Tratamento temático da informação
A questão inicial desse bloco indagou sobre o responsável pela indexação de
assunto na biblioteca.
Gráfico 4 – Responsável pela indexação de assunto na biblioteca.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
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Como exposto acima, em 80% dos casos (16) apenas o bibliotecário desenvolve
essa atividade técnica. Em 20% dos locais (4), bibliotecário e auxiliar de biblioteca fazem
indexação dos materiais.
Questionados sobre a existência de campo específico no software de automação
para inserção dos termos de indexação, todos os bibliotecários afirmaram contar com
essa possibilidade. Diante desse resultado, percebe-se importante suporte para que a
atribuição de descritores de assunto seja devidamente conduzida no software que cada
unidade utiliza.
Em termos da política de indexação propriamente dita foram feitos dois
questionamentos. O primeiro, acerca da observação de algumas diretrizes e regras para
a escolha dos termos de indexação. O segundo, sobre a existência formal de uma política,
que normatize a indexação na unidade.
Curiosamente, apenas 15 bibliotecas o que corresponde a 75% do conjunto
pesquisado responderam que observam diretrizes e regras para condução da
indexação de assunto, apesar de todo o conjunto ter respondido e especificado no
questionário os níveis e tipos de indexação que realizam. Entretanto, em apenas 3
unidades (15%) existe uma política formalmente estabelecida, ou seja, em 17 bibliotecas
não um documento em forma de manual ou política que regule a atividade de
indexação.
Esse cenário demonstra a falta de formalização das ações e processos decisórios
em torno do tratamento temático da informação nas bibliotecas universitárias goianas.
Apesar de boa parte demonstrar preocupação com a realização da indexação, seguindo
regras e buscando padronizar o processo, um percentual ainda maior não estabelece
isso internamente, mediante registro e formalização das diretrizes a serem observadas.
d) Política de indexação
O bloco sobre política de indexação buscou compreender a forma com que a
indexação é conduzida nas bibliotecas universitárias investigadas. Uma vez que boa
parte das unidades respondeu observar regras e diretrizes específicas para indexar seus
documentos, foram feitas perguntas específicas a fim de delimitar os padrões que
orientam tal atividade técnica e intelectual dos profissionais.
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O primeiro questionamento foi sobre a forma de indexação, se exaustiva ou
seletiva, no que se observou que:
Gráfico 5 – Forma de condução da indexação.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Em 85%, ou seja, 17 bibliotecas, a opção é por uma indexação seletiva, com
emprego de poucos termos. Somente 15% (3) opta pela indexação exaustiva, com uso de
muitos descritores. Nesse sentido, solicitou-se aos bibliotecários que indicassem a
quantidade de termos utilizados na indexação, obtendo-se como resultado:
Gráfico 6 – Quantidade de termos utilizado na indexação.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
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Em conformidade com a maioria das respostas, que assinalou indexação seletiva,
os respondentes indicaram utilizar poucos descritores. Uma das pessoas afirma que a
biblioteca não possui quantidade fixa de termos. Todas as outras, porém, indicaram. O
padrão está de acordo com o que traz a literatura, uma média de 3 a 5 palavras para
representação de cada documento.
Com relação ao modo como os termos de indexação são atribuídos, tem-se:
Gráfico 7 – Escolha das palavras-chave para representar o assunto.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Como indicam os dados, predomina a utilização conjunta de indexação derivativa
e atributiva, uma vez que 90% das unidades (18) declarou que as palavras-chave são
retiradas do texto e também atribuídas de acordo com a percepção do indexador.
Apenas 10% das bibliotecas faz uso exclusivamente da atribuição.
Quanto à linguagem, predomina o uso da linguagem natural (60%), ou seja, sem
uso de tesauro na indexação, como indica o gráfico abaixo:
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Gráfico 8 – Tipo de linguagem utilizada
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Somente 10% das unidades (2) faz indexação em linguagem controlada, mediante
utilização de um tesauro. Entretanto, em 30% dos casos, o que corresponde a 6
bibliotecas, há uma mescla de linguagem natural e controlada na indexação.
Quanto à maneira segundo a qual a indexação é feita, se manualmente ou
automaticamente, 85% das bibliotecas desenvolve indexação manual, ou seja, em 17
locais o indexador humano é que realiza esse processo técnico dedicando-se à leitura e
extração do assunto dos documentos. Nenhuma unidade de informação declarou
realizar indexação automática. Contudo, 15% afirmou fazer uso de ambas as formas,
manual e automática. Isso pode ser resultado de certa confusão conceitual, já que a
indexação desenvolvida automaticamente é onerosa, requer investimentos em
softwares específicos e se justifica no caso da existência de grande número de
documentos em formato digital.
Buscando compreender o nível de especificidade dos termos de indexação, ou
seja, a profundidade dos mesmos, indagou-se acerca da opção por termos gerais ou
específicos. O gráfico 9 resume as respostas acerca da questão:
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Gráfico 9 – Escolha de termos gerais ou específicos.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
A opção por termos gerais e específicos foi indicada por 15 bibliotecas (75%). As
5 unidades restantes (25%) disseram não haver regra sobre isso, estando a cargo do
indexador definir caso a caso. Nenhum bibliotecário afirmou utilizar-se apenas de
termos gerais ou priorizar somente termos específicos na indexação de assunto. Desse
modo, percebe-se que não um nível de especificidade alto com emprego de termos
específicos ou totalmente baixo com uso de termos gerais. As bibliotecas
universitárias optam pelo meio termo.
Ao questionar os respondentes se o usuário da informação participa de alguma
forma na indexação, as respostas levaram ao seguinte cenário: 19 bibliotecas, o que
corresponde a 95%, não permitem a participação do usuário no processo de atribuição
de termos; uma unidade declarou haver essa possibilidade, podendo o usuário indicar
palavras para os itens.
A penúltima questão do bloco indagou os profissionais sobre o índice de
revocação e precisão do sistema de informação. De acordo com as respostas, ao realizar
uma busca por assunto no catálogo, o software demonstra maior precisão, retornando
exatamente os registros relacionados ao tema buscado. Essa opção foi indicada por 12
bibliotecas (60%). Um percentual de 40% ou 8 unidades afirmou haver mais revocação
durante as buscas, retornando muito “lixo”.
No intuito de melhor compreender os tipos de termos adotados na indexação dos
documentos, as bibliotecas foram questionadas sobre o uso de palavras: no singular e no
plural; simples e compostas; siglas; e termos estrangeiros.
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Gráfico 10 – Indicativo de termos atribuídos na indexação.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Pelo gráfico acima, nota-se que 20 bibliotecas usam termos no singular; apenas
15 empregam descritores no plural. Do mesmo modo, as 20 unidades dizem adotar
termos simples; termos compostos são adotados somente em 16 delas. Ao todo, 16
bibliotecas afirmam aplicar siglas na indexação de assunto. O uso de termos estrangeiros
para tal propósito é maior, sendo observado em 17 unidades de informação.
Diante disso, desponta o uso de palavras simples e no singular pelas bibliotecas
universitárias goianas. O uso de siglas e termos estrangeiros também foi
expressivamente indicado.
e) Comentários gerais
No bloco que encerra o questionário foi destinado um espaço para comentários
gerais. Destacam-se duas respostas:
R1: “Utilizamos para termos autorizados a forma que é indexado pela Biblioteca Nacional
ou a Library of Congress. Não possuímos tesauro próprio. Então no sistema automatizado
usamos o campo 650 para assuntos autorizados pela BN e o 697 para palavras-chave, para
aumentar a busca por parte do usuários. Ao usar o campo 650 utilizamos as remissivas
'ver' e 'ver também' que aumentam a precisão do assunto a ser pesquisado”.
R2: “Procuramos ser exaustivos, mas sempre atentos em colocar termos que realmente
tenha o assunto no livro. Temos o campo de área do conhecimento - de acordo com a
tabela do CNPQ, macrodescritores - seção do livro de acordo com a classificação que
recebeu da CDU, e descritores, que são os termos específicos que buscamos no sumário, e
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nos textos da obra. Para fazer a indexação, realizamos uma busca de termos, se não houver
nenhum correspondente já cadastrado, temos a opção de gerar um novo registro”.
Observa-se, pelas respostas, que a indexação nesses dois contextos tem o amparo
de instrumentos externos, recorrendo-se a termos autorizados, lista de descritores de
outros órgãos e mesmo fazendo uso de outras linguagens documentárias, como é o caso
da Classificação Decimal Universal. Além disso, procedimentos bastante claros
quanto à inserção dos descritores de cada obra.
5 CONCLUSÃO
Evidencia-se, ao final da pesquisa, que a política de indexação não tem existência
formal nas bibliotecas universitárias goianas. Apenas três, em um universo de 20
unidades, declararam possuir um documento oficialmente instituído para regular a
análise e a atribuição de termos, quantitativo esse relativamente pequeno, considerando
a importância de guiar e padronizar a indexação, ainda mais em um universo como o
acadêmico.
Por se tratar de biblioteca universitária, é fundamental envidar esforços para o
adequado tratamento da informação, fazendo a ponte necessária com a recuperação e o
acesso aos itens das mais diversas áreas do conhecimento, o que incita a pesquisa, a
produção de conteúdos e a difusão do saber registrado. Nesse sentido, uma política de
indexação – que exista de fato e não seja apenas fruto do consenso entre os profissionais
em atividade é mais que oportuna, pois regulará e contribuirá com a descrição de
assunto dos documentos, ao mesmo tempo em que trará maior assertividade para o
indexador.
Há que se destacar que a preocupação em registrar e oficializar processos e
atividades nas bibliotecas – como a indexação – não leva em consideração apenas a
padronização e o rigor na observação e condução das mesmas. É uma forma de instituir,
mas também de permitir, o alinhamento do trabalho com a cultura e a filosofia da
unidade de informação. No caso da constituição de uma política de indexação, esta pode
auxiliar, inclusive, no processo de gestão do conhecimento, uma vez que esse manual
será elo fundamental para recém-contratados bibliotecários ou auxiliares de
bibliotecas – que não possuem a visão do SRI por falta de familiaridade com o ambiente.
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Contudo, mesmo sem um documento, manual ou normativa registrada
oficialmente, as unidades pesquisadas seguem diretrizes e estabelecem padrões
internos para o desenvolvimento da indexação de assunto, o que é extremamente válido.
Até uma pequena parcela que a princípio destacou o ter esse tipo de preocupação
durante o tratamento temático da informação respondeu a todas as alternativas
seguintes do questionário relacionadas à forma, tipo de linguagem, modo de atribuição
do descritor etc. Isso por si demonstra atenção e preocupação com o
estabelecimento de critérios básicos para selecionar e empregar termos relevantes para
os documentos.
Quanto à adoção de descritores propriamente ditos, a pesquisa demonstrou que
as unidades utilizam em média de três a cinco termos. Por conseguinte, ocorre a
indexação seletiva que reflete na percepção de maior precisão na busca seja a partir
de termos do próprio documento, seja pela atribuição do indexador. A grande maioria
das bibliotecas universitárias indexa em linguagem natural e de forma manual, tendo
apenas uma delas indicado a possibilidade de indexação colaborativa, com participação
do usuário.
Também não grandes anormalidades na aplicação dos descritores. As
bibliotecas investigadas fazem uso de termos gerais e específicos na indexação, de modo
que não há um nível de especificidade alto ou baixo; usam, ainda, tanto termos no
singular quanto no plural, além de palavras simples e compostas, em proporções muito
parecidas. Siglas e palavras estrangeiras são uma constante na descrição de assunto,
sendo adotadas por quase todas as unidades de informação que compuseram o escopo
da pesquisa.
Observa-se, portanto, a preocupação dos bibliotecários com a regularidade da
indexação dos documentos, uma vez que, havendo ou o política documentada,
prevalece o cuidado com a padronização e a observação da coerência no tratamento de
assunto. Embora as diretrizes que norteiam o tratamento temático nas bibliotecas
precisem ser mais bem reconhecidas em sua relevância, além de enxergados os
benefícios de registrar e instituir oficialmente cada normativa nesse âmbito, evitando
retrabalho e inconsistências no SRI da instituição.
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SOBRE AS AUTORAS
Ana Paula da Fonseca Vieira
Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
E-mail: anapaulafonsecaafv@hotmail.com
Lais Pereira de Oliveira
Mestre em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília (UnB). Docente do curso de
Biblioteconomia da Faculdade de Informação e Comunicão da UFG.
E-mail: laispereira2@yahoo.com.br
Tatielle Marques Cunha
Graduada em Biblioteconomia pela UFG.
E-mail: tatielle.letras@hotmail.com
Recebido em: 26/02/2017; Revisado em: 04/05/2017; Aceito em: 14/05/2017.
Como citar este artigo
VIEIRA, Ana Paula da Fonseca; OLIVEIRA, Lais Pereira de; CUNHA, Tatielle Marques. Incursões sobre o
tratamento temático da informação: estudo da política de indexação em bibliotecas universitárias goianas.
Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, n. 1, p. 28-49, jan/jun. 2017.