Desinfodemia
negacionismo e desinformação no contexto da COVID-19 no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.36517/2525-3468.ip.v8iesp.2023.90662.327-343Palavras-chave:
Desinformação; Pandemia de COVID-19; Desinfodemia; Práticas Desinformacionais.Resumo
Além de evidenciar desafios e limitações inerentes ao sistema de saúde, ciência e tecnologias com foco na contenção de um Vírus, a pandemia de COVID-19 expôs algumas características de uma sociedade que disseminava desinformação com a mesma velocidade com a qual difundia informação factual. Essa realidade, definida como desinfodemia, fez com que o negacionismo científico e algumas nuances de desinformação como as fake sciences, testemunhais falsos, teorias da conspiração, fake news, dentre outras, constituíssem forças que podem ter dificultado a implementação de medidas de contenção à propagação da COVID-19. No âmbito brasileiro, algumas práticas informacionais de agentes do Governo Federal relacionadas à pandemia de COVID-19 podem ter sido desenvolvidas a partir de aspectos desinformacionais intencionalmente e estrategicamente constituídos. Diante disso, nesse estudo utilizamos o conceito de práticas desinformacionais, para contemplar essa relação entre o sujeito e a informação a partir da interação com a desinformação. Assim, desenvolvemos essa pesquisa empírica, descritiva e documental, de abordagem qualitativa, que objetiva analisar a desinformação e o negacionismo científico relacionados à pandemia de COVID-19 e propagados nos discursos e entrevistas do Presidente Jair Bolsonaro no primeiro ano de pandemia. Foram utilizadas para análise, as diversas categorias de desinformação relacionada à pandemia e verificadas pela agência de fact-checking Aos Fatos originadas de discursos públicos, publicações em mídias sociais (Facebook, Twitter e Telegram), lives no YouTube e entrevistas do Presidente Jair Bolsonaro propagadas durante o primeiro ano de pandemia. Essa investigação inicial permite traçar um panorama sobre como a desinformação pode ser utilizada como narrativas da gestão da pandemia realizada pelo Governo Federal no brasileiro.
Downloads
Referências
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições70, 2011.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Tradução Mariza Correia. Campinas, SP: Papirus, 1996.
BRISOLA, Anna Cristina; BEZERRA, Arthur Coelho. Desinformação e circulação de “Fake News”: distinções, diagnóstico e reação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 18., 2017, Marília. Anais Eletrônicos... Marília: Unesp, 2017. Disponível em:
http://enancib.marilia.unesp.br/index.php/XIXENANCIB/xixenancib/paper/view/1219. Acesso em: 10 jul. 2019.
CASARA, Rubens. O estado pós-democrático [recurso eletrônico]: neo obscurantismo e gestão dos indesejáveis. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2017.
D’ANCONA, Matthew. Pós-verdade: a nova guerra contra os fatos em tempos de Fake
News. Barueri: Faro Editorial, 2018.
DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.
LÖWY, Michael. Ideologias e Ciência Social. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã: teses sobre Feuerbach. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
MBEMBE, Achille. Nécropolitique. Raisons politiques, 2006/1 (no 21), p. 29-60. DOI :10.3917/rai.021.0029. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-raisons-politiques-2006-1-page-29.htm. Acesso em: 06/06/2021.
POSETTI, Julie; BONTCHEVA, Kalina. Desinfodemia: decifrar a informação sobre a COVID-19. Paris, França: UNESCO, 2020. Disponível em: https://gcedclearinghouse.org/sites/default/files/resources/210118por.pdf. Acesso em 2 ago 2021.
RECUERO, Raquel. Desinformação, mídia social e COVID-19 no Brasil [livro eletrônico]. Pelotas, RS: MIDIARS – Grupo de Pesquisa em Mídia, Discurso e Análise de Redes Sociais, 2021.
RIEH, Soo Young; DANIELSON, David. Credibility: a multidisciplinary framework. In B. Cronin (Ed.), Annual Review of Information Science and Technology. v. 41, p. 307- 364. Medford, NJ: Information Today. 2007. Disponível em: https://asistdl.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/aris.2007.1440410114. Acesso em: 07 jun. 2022.
ROTHKOPF, David J. When the Buzz Bites Back. Washington Post. May 11, 2003. Page B01. Disponível em: https://moodle2.units.it/pluginfile.php/334512/mod_resource/content/1/Rothkopf%20-%20When%20the%20Buzz%20Bites%20Back.pdf. Acesso em: 04 jun 2021.
SCALES, David; GORMAN, Jack; JAMIESON, Kathleen H. The COVID-19 Infodemic — Applying the Epidemiologic Model to Counter Misinformation. The New England Journal of Medicine. May 12, 2021. DOI: 10.1056/NEJMp2103798. Acesso em: 6 jun 2021.
USCINSKI, Joseph E. Conspiracy Theories: A Primer. Nova Iorque: Rowman & Littlefield, 2020.
ZARACOSTA, John. How to fight infodemic. Lancet, Genebra, v. 395, p. 675, 29 fev. 2020. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140- 6736(20)30461-X/fulltext. Acesso em: 19 jun. 2021.
ZATTAR, M. Competência em informação e desinfodemia no contexto da pandemia de COVID-19. Liinc em revista, v. 16, 2020. Ddisponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/5391. Acesso em: 07 jun. 2022.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.